quarta-feira, 23 de outubro de 2013
A força da graça - Indissolubilidade do matrimónio e debate sobre os divorciados recasados e sacramentos
Depois do anúncio de um Sínodo extraordinário em Outubro de 2014 sobre o tema da família, surgiram muitas intervenções em particular sobre a delicada questão dos fiéis divorciados recasados. A fim de favorecer um sério aprofundamento acerca do acompanhamento pastoral destes fiéis, que naturalmente se deve fundar na sã doutrina, publicamos um amplo contributo do Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
O estudo da problemática dos fiéis que contraíram um novo vínculo civil depois de um divórcio não é novo e foi sempre guiado com grande seriedade pela Igreja com o propósito de ajudar as pessoas concernidas, dado que o matrimónio é um sacramento que abrange de modo particularmente profundo a realidade pessoal, social e histórica do homem. Considerando o número crescente de pessoas concernidas nos países de antiga tradição cristã trata-se de um problema pastoral de vasto alcance. Hoje os crentes questionam-se muito seriamente: não pode a Igreja permitir, em determinadas condições, o acesso aos sacramentos aos fiéis divorciados recasados? Em relação a tal questão tem a Igreja as mãos amarradas para sempre? Os teólogos consideraram deveras todas as implicações e consequências em relação a esta matéria?
Questões como estas devem ser tratadas em conformidade com a doutrina católica sobre o matrimónio. Uma pastoral plenamente responsável pressupõe uma teologia que se abandone a Deus que se revela «prestando-lhe o total obséquio do intelecto e da vontade e assentindo voluntariamente à Revelação que ele faz» (Concílio Vaticano II, Constituição dogmática Dei Verbum, 5). Para tornar compreensível o ensinamento autêntico da Igreja devemos proceder a partir da Palavra de Deus que está contida na Sagrada Escritura, ilustrada na Tradição da Igreja e interpretada de modo vinculador pelo Magistério.
Pais e mães
Por mais megera e severa que seja uma mãe, os filhos têm sempre mais respeitinho pelos pais
Numa época em há mais mulheres do que homens nas universidades, em que os quartéis estão apinhados de mulheres militares, em que os homens cozinham e lavam a loiça e em que toda a gente tem uma opinião sobre o sacerdócio das mulheres, há que dar um esclarecimento no que diz respeito aos pais. É assim: os pais são diferentes das mães. Aqui, meus senhores, não há igualdade de género. Sei que parece absurdo, mas é um facto que um pai e uma mãe são géneros completamente diferentes.
Os filhos olham para os pais de uma maneira, e para as mães de outra. Eles discriminam-nos vergonhosamente. Para eles, cada um tem o seu lugar, a sua função, e são completamente diferentes. Os filhos, por mais liberais, bloquistas ou anarquistas que sejam, são absolutamente segregadores em relação aos pais. Não há cá igualdades neste domínio parental. Em tudo o resto até pode haver. Eles podem até achar que, entre o cão e os irmãos, as diferenças são ténues, mas os pais não. Para eles, os pais são de espécies diferentes.
A grande clivagem tem a ver com o respeitinho. Não é o respeito, é o respeitinho. Por mais megera e severa que seja uma mãe, os filhos têm sempre mais respeitinho pelos pais. Com eles, não fazem farinha, não levantam a crista e não medem forças com o à-vontade com que o fazem com as mães. As mães acabam sempre por ceder e por se deixarem levar pelo mítico amor de mãe. Os nossos filhos são os nossos meninos. Coitadinhos. E os nossos meninos fazem o que querem de nós. É assim desde que existem pais e filhos.
Os pais, não. Os pais até podem querer ser iguais às mães mas, por mais que se esforcem, não conseguem. Não conseguem ser suficientemente vulneráveis com os filhos nem suficientemente racionais com as filhas. Desde o dia em que nascem que os filhos, sabendo isso, fazem o jogo diplomático tipo Israel para sobreviverem aos pais. Eles sabem que a mãe fica doente se eles ficam doentes e que o pai fica desnorteado quando o termómetro passa os 37 graus; sabem que a mãe irá sempre chatear com a sopa e que o pai irá sempre chatear com o lixo que não foi despejado e com as luzes acesas; sabem que o pai não se zanga com coisas parvas e que a mãe perde a cabeça só por ver umas cuecas no chão; sabem que os pais têm uma tolerância bastante previsível e que a tolerância das mães depende de 351 factores externos e diários; sabem que os pais não gostam de decidir sozinhos e que as mães gostam de decidir por todos. Eles sabem que pai é pai e que mãe é mãe só pelo simples facto de serem de géneros diferentes.
Os pais querem que os filhos sejam homens responsáveis, corajosos, profissionalmente competentes ou jogadores de futebol com sucesso. As mães só querem que os filhos continuem a ser os seus meninos. As mães choram quando os meninos saem de casa, os pais transformam o quarto do filho num escritório sem um pingo de sensibilidade. É verdade que, com as meninas, as coisas não são tão óbvias mas, ainda assim, as diferenças são abissais. As filhas não levam os pais a sério. Elas não lhes reconhecem competência para as educar. Gostam deles, respeitam-nos mas, tal como as mães, não confiam totalmente no seu discernimento no que diz respeito às crianças. Os pais brincam com as filhas, levam-nas às cavalitas, mimam-nas, protegem as suas meninas, mas não percebem as filhas. Para um pai, uma filha é uma equação atómica. É um dos mistérios mais indecifráveis da natureza humana, uma filha. Os pais têm medo de as magoar, que as magoem, de não as entenderem ou de as ofenderem sem querer; por isso, entregam a gestão da filha à mãe. As filhas são coisas de mulheres; já os filhos são coisas dos dois.
Os filhos têm perfeita noção de que os homens são diferentes das mulheres e sabem, desde o dia em que nascem, que os pais vieram de Marte, as mães vieram de Vénus e eles são os únicos não-extraterrestres da casa.
Reconciliação entre os homens
«Nós sabemos, com efeito, que tal reconciliação entre eles é e não pode ser senão o fruto do acto redentor de Cristo, morto e ressuscitado para derrotar o reino do pecado, restabelecer a aliança com Deus e deste modo derrubar o muro de separação que o pecado tinha levantado entre os homens»
(Reconciliatio et Paenitentia, nº 7 – João Paulo II)
«Feliz o servo a quem o senhor, quando vier, encontrar procedendo assim»
Beata Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade
«Something Beautiful for God»
«Something Beautiful for God»
Senhor muito amado, faz com que possa ver-Te, hoje e em cada dia, na pessoa dos teus doentes e, ao cuidar deles, servir-Te. Se Te esconderes sob o rosto desagradável dos coléricos, dos descontentes, dos arrogantes, faz com que, ainda assim, Te reconheça e diga: «Jesus, Tu és o meu paciente, como é doce servir-Te». Senhor, dá-me essa fé que vê claro e nunca mais a minha tarefa será monótona, e a alegria jorrará sempre quando me prestar aos caprichos e corresponder aos desejos dos teus pobres sofredores. […]
Meu Deus, uma vez que Tu és, Jesus, o meu paciente, digna-Te ser também para mim um Jesus de paciência, indulgente com as minhas faltas e tendo em conta a intenção, pois esta é amar-Te e servir-Te na pessoa de cada um dos teus doentes. Senhor aumenta a minha fé (Lc 17,5), abençoa os meus esforços e a minha tarefa, agora e sempre.
Meu Deus, uma vez que Tu és, Jesus, o meu paciente, digna-Te ser também para mim um Jesus de paciência, indulgente com as minhas faltas e tendo em conta a intenção, pois esta é amar-Te e servir-Te na pessoa de cada um dos teus doentes. Senhor aumenta a minha fé (Lc 17,5), abençoa os meus esforços e a minha tarefa, agora e sempre.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
O Evangelho do dia 23 de outubro de 2013
Sabei que, se o pai de família soubesse a hora em que viria o ladrão, vigiaria sem dúvida e não deixaria arrombar a sua casa. Vós, pois, estai preparados porque, na hora que menos pensais, virá o Filho do Homem». Pedro disse-lhe: «Senhor, dizes esta parábola só para nós ou para todos?». O Senhor respondeu: «Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor estabelecerá sobre as pessoas da sua casa, para dar a cada um, a seu tempo, a ração alimentar? Bem-aventurado aquele servo a quem o senhor, quando vier, achar procedendo assim. Na verdade vos digo que o constituirá administrador de tudo quanto possui. Porém, se aquele servo disser no seu coração: O meu senhor tarda em vir, e começar a espancar os criados e as criadas, a comer, a beber e a embriagar-se, chegará o senhor desse servo, no dia em que ele não o espera, e na hora em que ele não sabe; castigá-lo-á severamente e pô-lo-á à parte com os infíeis. Aquele servo, que conheceu a vontade do seu senhor e nada preparou, e não procedeu conforme a sua vontade, levará muitos açoites. Quanto àquele que, não a conhecendo, fez coisas dignas de castigo, levará poucos açoites. Porque a todo aquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e aquele a quem muito confiaram, mais contas lhe pedirão.
Lc 12, 39-48