terça-feira, 8 de outubro de 2013

Os sacramentos conferem a graça que significam

O nosso Padre escrevia, em 1967: Que são os sacramentos se não pegadas da Encarnação do Verbo divino, clara manifestação do modo que Deus escolheu e determinou – ninguém senão Ele o podia fazer – para nos santificar e conduzir ao Céu, instrumentos sensíveis dos quais o Senhor Se serve para nos conferir realmente a graça, segundo a significação própria de cada um? [14]

Que agradecidos havemos de estar à nossa Santa Mãe Igreja por conservar e nos oferecer este tesouro, com plena fidelidade a Jesus Cristo! E como havemos de o proteger e defender em toda a sua integridade! Damos graças particularmente pelo Batismo, que nos introduziu na grande família dos filhos de Deus. Recebê-lo quanto antes adquire uma importância capital, porque este sacramento – ou o seu desejo, pelo menos implícito – é necessário para alcançar a salvação: Ninguém pode entrar no Reino de Deus se não nascer da água e do Espírito Santo [15], anunciou Jesus a Nicodemos. Certamente que o Espírito pode atuar, como a doutrina da Igreja expõe, e de facto atua, também fora dos confins visíveis da Igreja. Mas o próprio Deus estabeleceu que a forma comum de participar na Morte e Ressurreição de Cristo, pela qual somos salvos, é fruto da incorporação na Igreja através do Batismo. Consequentemente, «a prática de batizar as crianças é tradição imemorial da Igreja» [16]. Lemos também no Catecismo da Igreja Católica: «a pura gratuidade da graça da salvação é particularmente manifesta no Batismo das crianças. Por isso, a Igreja e os pais privariam a criança da graça inestimável de se tornar filho de Deus se não lhe conferissem o Batismo pouco depois do seu nascimento» [17]. E conclui: «Os pais cristãos reconhecerão que esta prática corresponde, também, ao seu papel de sustentar a vida que Deus lhes confiou» [18].

O batismo não só perdoa os pecados e infunde a primeira graça, como é a porta dos outros sacramentos e torna assim possível que os cristãos se configurem cada vez mais com Jesus Cristo, até chegarem a identificar-se com Ele. A fé, a esperança e a caridade hão-de crescer em todos os batizados, crianças e adultos, depois do Batismo. E isto verifica-se na Igreja, depositária, como já foi dito, dos meios de salvação. Assim o afirmava o Papa numa das suas catequeses do mês passado: Uma mãe não se limita a dar a vida, mas com grande atenção ajuda os seus filhos a crescer, dá-lhes o leite, alimenta-os, ensina-lhes o caminho da vida, acompanha-os sempre com as suas atenções, com o seu carinho e com o seu amor, até quando são adultos. E nisto sabe também corrigir, perdoar e compreender, sabe estar próxima na enfermidade e no sofrimento… [19] Assim faz a Igreja com os filhos que gerou no Batismo: acompanha o nosso crescimento, transmitindo a Palavra de Deus (…) e administrando os Sacramentos. Alimenta-nos com a Eucaristia, concede-nos o perdão de Deus através do Sacramento da Penitência e apoia-nos na hora da doença com a Unção dos enfermos. A Igreja acompanha-nos durante toda a nossa vida de fé, em toda a nossa vida cristã [20].

[14]. S. Josemaria, Carta 19-III-1967, n. 74.
[15]. Jo 3, 5.
[16]. Catecismo da Igreja Católica, n. 1252.
[17]. Catecismo da Igreja Católica, n. 1250. Cfr. CIC can. 867.
[18]. Catecismo da Igreja Católica, n. 1251.
[19]. Papa Francisco, Discurso na Audiência geral, 11-IX-2013.
[20]. Papa Francisco, Discurso na Audiência geral, 11-IX-2013.

(D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei na carta do mês de outubro de 2013)
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei

O coração que sabe rezar também sabe perdoar

A oração faz milagres, desde que não seja fruto de um ato mecânico. O Papa Francisco na Missa desta terça-feira na Casa de Santa Marta afirmou que o coração que sabe rezar também sabe perdoar. O Santo Padre baseou a sua meditação precisamente nas duas figuras que emergem da liturgia de hoje: são elas Santa Marta e a Profeta Jonas. Ambos tinham uma idêntica incapacidade: não sabiam rezar. Em concreto, o Papa desenvolveu a famosa cena em que Marta repreende a irmã Maria por não a ajudar nas lides de casa, pois estava junto de Jesus a ouvi-Lo. A esta reação Jesus disse-lhe que Maria tinha escolhido a “parte melhor” que, segundo o Papa Francisco, é a parte da oração e da contemplação de Jesus:
“Aos olhos da irmã era perda de tempo, até parecia um pouco fantasiosa: olhar para o Senhor como se fosse uma criança maravilhada. Mas quem a quer? O Senhor: Esta é a parte melhor, porque Maria ouvia o Senhor e rezava com o seu coração. O Senhor como que nos diz que o primeiro dever é a oração. Mas não a oração das palavras, como os papagaios; mas a oração, o coração: contemplar o Senhor, ouvir o Senhor, pedir ao Senhor. Nós sabemos que a oração faz milagres.”

Milagre foi aquilo que aconteceu com a cidade de Ninive que perante a sua iminente destruição, profetizada por Jonas, se converte invocando para tal o perdão divino. Mas, a atitude do profeta Jonas era, segundo o Papa Francisco, cheia de justiça mas, sem misericórdia...“Há outros como este teimoso Jonas, que são justiceiros. Ele ia e profetizava, mas o seu coração dizia: Eles merecem, merecem. Estavam mesmo a pedi-las. Ele profetizava , mas não rezava!”

O Papa Francisco pede-nos para escolhermos sempre a parte melhor aquela da justiça com perdão. E para isso temos que rezar com o coração para assim abrir a porta a Deus:“Também nós quando rezamos, aquilo que fazemos é fechar a porta ao Senhor. E não rezar é isto: fechar a porta ao Senhor, para que Ele não possa fazer nada. Ao contrário, a oração perante um problema, uma situação difícil, a uma calamidade é abrir a porta ao Senhor para que Ele venha. Porque ele refaz as coisas, Ele sabe arranjar as coisas, reorganizar as coisas. Rezar é isto: abrir a porta ao Senhor, para que possa fazer alguma coisa. Mas se nós fechamos a porta, o Senhor não pode fazer nada! Pensemos nesta Maria que escolheu a parte melhor e nos faz ver o caminho de como se abre a porta ao Senhor.” (RS)

(Fonte: 'news.va' com adaptação)

Vídeo da ocasião em italiano

Igualdade, só existe se nos consideramos filhos de Adão e Eva e consequentemente Filhos de Deus

A igualdade por si só é um conceito oco e vazio de sentido, leva-nos a Auschwitz, a matar os nascituras, os idosos, os inimigos, ou seja, a contradizer em absoluto o significado da palavra.

A igualdade apenas existe se nos considerarmos filhos de Adão e Eva e consequentemente Filhos de Deus e aí sim, temos um denominador comum independente de sermos homem ou mulher, brancos ou negros, novos ou velhos, etc., porque de facto sendo todos diferentes, a igualdade vem-nos do Criador, que através da segunda pessoa da Santíssima Trindade, Jesus Cristo Nosso Senhor, nos deixou um novo Mandamento «O Meu preceito é este: Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei.» (Jo 15, 12), ou seja, como ouvimos hoje na leitura da Santa Missa do punho de S. Paulo «Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem e mulher, porque todos sois um só em Cristo Jesus.» (Gál 3, 28). Estas são as verdadeiras bases da igualdade, cristalinas e do mais elementar bom senso.

JPR

Nota: este breve texto foi escrito inspirado em mais uma brilhante homilia a que Deus Nosso Senhor me deu o privilégio de ouvir e assistir a 9 de Outubro de 2010.

Educação Sexual: 6 mitos e 6 factos

Mito 1: Portugal tem a 2ª maior taxa de gravidez adolescente da Europa.
Facto 1: Portugal não tem a 2.ª maior taxa de gravidez adolescente. Piores, por exemplo, estão a França, a Dinamarca, a Suécia, a Noruega, a República Checa, a Islândia, a Eslováquia, o Reino Unido (mais do dobro de Portugal), e a Hungria (o triplo). Já agora, nos EUA, o maior consumidor e exportador de educação sexual, a taxa é 4 vezes maior que a portuguesa.

Mito 2: Os conteúdos de educação sexual são totalmente científicos.
Facto 2: A biologia da reprodução, infecções sexuais (IST) e contraceptivos são matérias leccionadas há décadas. Que transmite então a educação sexual? Uma espécie de revolução sexual tipo Maio de 68, mas para crianças. Num livro divulgado em todas as escolas, propõe-se que alunos de 12 anos debatam em aula as seguintes questões: «Já fingiste um orgasmo?», «Descreve-me a tua primeira experiência sexual», «Tens fantasias sexuais?», «O que te excita sexualmente?». Mais de mil escolas compraram material que propõe: masturbação solitária, em grupo, mútua. No Minho, um professor foi punido por recusar usar um livro que, entre outras coisas, propunha às crianças desenhar o corpo e as partes onde gostam de ser tocadas. No mesmo livro diz-se que as crianças precisam de conhecer «o vocabulário médico (pénis, vagina, relações sexuais), calão (f..., con..., car...)».

Mito 3: A Educação Sexual está cientificamente fundamentada nas ciências da educação e psicologia. Ora, os pais não são técnicos.
Facto 3: Os materiais de educação sexual usam abundantemente os ‘jogos de clarificação de valores’ de Rogers/Coulson e os ‘dilemas morais’ de Kohlberg, cientistas famosos. E, de facto, os pais comuns desconhecem essas teorias. Mas note-se que Rogers/Coulson afirmaram ser muito perigoso expor crianças às suas teorias. E Kohlberg concluiu das suas experiências na Cluster School que «As minhas ideias estavam erradas. O educador deve transferir valores e comportamentos, e não apenas ser um facilitador ao jeito de Sócrates ou Carl Rogers». Que aconteceu, entretanto, na Cluster School? «Esta escola serviu para gerar ladrões, mentirosos e drogados, apesar de a escola ter apenas 30 alunos e contar com 6 professores e dúzias de consultores».

Mito 4: A eficácia da educação sexual, na prevenção da gravidez e do contágio de doenças, certamente foi avaliada cientificamente.
Facto 4: Não é verdade: na educação sexual escasseia o trabalho científico. Mais de 30 anos após o lançamento da educação sexual nas escolas dos EUA, Kirby tentou uma meta-análise sobre a eficácia dos programas e encontrou apenas 23 estudos com um mínimo de qualidade. Neste momento só é certo que: 1. Nenhum modelo é consensual; 2. Continua por provar que exista um modelo de ‘sexo seguro’ que diminua a gravidez adolescente e o contágio de ISTs.

Mito 5: A Educação Sexual deve ser obrigatória, tal como a Matemática é obrigatória.
Facto 5: A Matemática é obrigatória porque é exigida pela realidade. Um engenheiro precisa do cálculo diferencial, e por isso precisa de saber derivar. Quem opta por não ter Matemática a partir do 9º ano está a optar por não ser engenheiro. Mas quem prescinde do ‘Maio de 68 para crianças’ renuncia a quê? Às convicções sexuais do professor de Educação Sexual.
A maioria dos pais ignora as convicções pessoais do professor de Matemática. Mas será que um ateu aceitaria, para professor de Educação Sexual do filho, um padre? E quantos casais aceitariam um activista gay? No modelo actual tudo isto pode (vai) acontecer, sem que os pais possam impedir.

Mito 6: Os jovens têm actividade sexual e é preciso ajudá-los a praticar sexo seguro sem o risco da gravidez ou ISTs.
Facto 6: Qual é a segurança do ‘sexo seguro’? A OMS declarou, em 2005 e 2007, que os contraceptivos hormonais combinados são cancerígenos nos seres humanos (grupo 1, o máximo). Onde estão os materiais sobre ‘sexo seguro’ que referem isso? Quem informa as adolescentes de que o risco de desenvolver cancro é máximo em quem toma a pílula durante 4 anos antes da primeira gravidez de termo? E quem alerta quanto à ineficácia do preservativo para evitar o contágio de praticamente todas as IST? E quem diz às crianças que a intimidade sexual é muito mais que prazer, químicos e borrachas?
Mas os pais que não querem filhos expostos a estes riscos nada podem fazer. A partir desta altura haverá nas escolas gabinetes a proporcionar contraceptivos aos alunos sem conhecimento dos pais.

João Araújo, Professor Universitário
In SOL, 08. 10. 2010

«Maria, sentada aos pés do Senhor, escutava a sua palavra»

Beata Isabel da Trindade (1880-1906), carmelita 
Último retiro


«A vossa força está em ter confiança e em permanecer tranquilos» (cf Is 30,15). […] Conservar a nossa força no Senhor é unificar todo o nosso ser no silêncio interior, recolher todas as nossas potências para as ocupar num único exercício de amor; é ter o olhar simples que permite que a luz nos ilumine (cf Mt 6,22). Uma alma que discute com o seu eu, que atende às suas sensibilidades, que cultiva pensamentos inúteis ou qualquer desejo, essa alma dispersa as suas forças, não está ordenada em função de Deus; […] ainda tem demasiada humanidade, está em dissonância.

A alma que guarda ainda alguma coisa no seu próprio reino interior, cuja totalidade das potências não está ainda «encerrada» em Deus, não pode ser um perfeito «louvor da sua glória» (Ef 1,14); não está em condições de cantar sem interrupções o «canticum magnum», o grande cântico de que fala São Paulo, pois a unidade não reina nela; e, em vez de prosseguir no seu louvor através de todas as coisas com simplicidade, tem necessidade de reunir sem cessar todas as cordas do seu instrumento, que andam um pouco à deriva por todo o lado.

E como essa bela unidade interior é indispensável à alma que quer viver cá na terra a vida dos bem-aventurados, isto é, dos seres simples, dos espíritos. Parece-me que o Mestre falava disso quando disse a Maria Madalena: «Uma só coisa é necessária.» Que bem que esta grande santa compreendeu isto! O olhar da sua alma, iluminado pela luz da fé, tinha reconhecido o seu Deus sob o véu da humanidade e, no silêncio, na união das potências, «escutava a sua palavra». […] Sim, ela não sabia mais nada que não fosse Ele.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 8 de outubro de 2013

Indo em viagem, entrou numa aldeia, e uma mulher, chamada Marta, recebeu-O em sua casa. Esta tinha uma irmã, chamada Maria que, sentada aos pés do Senhor, ouvia a Sua palavra. Marta, porém, afadigava-se muito na contínua lida da casa. Aproximando-se, disse: «Senhor, não Te importas que a minha irmã me tenha deixado só com o serviço da casa? Diz-lhe, pois, que me ajude». O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, tu afadigas-te e andas inquieta com muitas coisas quando uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada».

Lc 10, 38-42