Amar a Cristo...

Amigo e Companheiro Jesus, Tu que nos acompanhas as 24 horas de cada dia ajuda-nos a tê-lo sempre presente fazendo-nos esquecer de nós próprios.

Tantos pequenos e ridículos detalhes do nosso dia a dia que nos fazem egocêntricos, vaidosos e teimosos, quando se de facto nos estivéssemos a entregar a Ti eles nem surgiriam, mas pior ainda Senhor Jesus, quantas vezes nos contentamos com nós próprios num vil ato de soberba, esquecendo-nos de tudo Te oferecer.

Dai-nos pois um coração e discernimento de total humildade e de amor por Ti, pelo Pai e pelo Espírito Santo que sois um só Deus, o Deus que muito amamos e que queremos louvar e glorificar.

JPR

“Brava gente” esses brasileiros

Na primeira Audiência Geral após mais de dois meses, o Papa Francisco dedicou sua catequese desta quarta-feira à viagem que fez ao Brasil, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude.

“Passou mais de um mês”, recordou o Papa, “mas considero importante falar deste evento para entender melhor o seu significado”. Antes de tudo, o Pontífice agradeceu a Deus o “presente” de poder voltar ao continente americano e a Nossa Senhora Aparecida, “importante para a história da Igreja no Brasil e na América Latina”, por tê-lo acompanhado durante toda a viagem.

Mais uma vez, agradeceu aos organizadores e às autoridades civis e eclesiásticas e a todos os brasileiros pela acolhida. “Brava gente” esses brasileiros, disse, afirmando ser o acolhimento a primeira palavra que emerge da viagem ao Brasil. Para Francisco, a generosidade das famílias e das paróquias brasileiras que acolheram fraternalmente os peregrinos, superando as dificuldades e inconvenientes, criou uma verdadeira rede de amizade.

A segunda palavra é festa. Ver jovens do mundo inteiro, saudando-se e abraçando-se é um testemunho para todos. Contudo, a JMJ é acima de tudo uma festa da fé: todos unidos para louvar e adorar o Senhor.

O terceiro elemento é a missão. “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” foi o tema da Jornada do Rio. O mandato de Cristo aos seus discípulos foi acompanhado da certeza de que estaria com eles todos os dias. “Isso é fundamental”, disse o Papa, pois somente com Ele podemos levar o Evangelho, sem Cristo nada podemos fazer. Com Ele, ao invés, podemos fazer tantas coisas. Mesmo um jovem, que aos olhos do mundo conta pouco ou nada, aos olhos de Deus é um apóstolo do Reino, é uma esperança para Deus! Francisco então se dirigiu diretamente à juventude:
“Saiam de vocês mesmos, de todo fechamento para levar a luz e o amor do Evangelho a todos, até as extremas periferias da existência! Este foi precisamente o mandato de Jesus que confiei aos jovens que lotavam a perder de vista a praia de Copacabana. Um lugar simbólico, a margem do oceano, que lembrava a margem do lago da Galileia.”

Os jovens que estavam no Rio, prosseguiu o Pontífice, não são notícia porque não fazem escândalos e atos violentos. Mas se permanecerem unidos a Jesus, eles constroem o seu Reino, constroem fraternidade e são uma força potente para tornar o mundo mais justo e mais belo para transformá-lo. E Francisco pediu coragem à juventude mundial para assumir o desafio de ser esta força de amor e de misericórdia para mudar a realidade. E concluiu:
“Queridos amigos, a experiência da JMJ nos recorda a verdadeira grande notícia da história, a Boa Nova, mesmo que não apareça nos jornais e na televisão. Acolhimento, festa, missão: que essas não sejam mera lembrança do que aconteceu no Rio, mas sejam ânimo da nossa vida e a de nossas comunidades.”

Na saudação aos peregrinos, aos de língua portuguesa saudou de modo especial os brasileiros, dizendo estar com saudade de sua visita a Aparecida e ao Rio. Aos polacos, recordou que a próxima JMJ será em Cracóvia.

No final da Audiência, o Papa recordou que sábado próximo será dedicado ao jejum e à oração pela paz na Síria, no Oriente Médio e no mundo inteiro.

“Renovo o convite a toda a Igreja e viver intensamente este dia e, desde já, expresso reconhecimento aos outros irmãos cristãos, irmãos de outras religiões e aos homens e mulheres de boa vontade que quiserem se unir a este momento. Exorto em especial os fiéis romanos e os peregrinos a participarem da vigília de oração, aqui na Praça S. Pedro, às 19h00 (18h00 de Lisboa), para invocar do Senhor o grande dom da paz. Que se eleve forte em toda a terra o grito da paz!”

(Fonte: 'news.va' com adaptação de JPR)

Vídeo da ocasião em espanhol

Deus dono da história...

«A história humana, com todos os seus terrores, não se afundará na noite da autodestruição; Deus não deixa que Lhe seja arrancada das mãos».
(Olhar para Cristo – Joseph Ratzinger)

Memórias de um emigrante italiano no Brasil - Quando íamos em busca da "Merica"

Os descendentes dos italianos que vivem no Brasil actualmente, com frequência, ocupam altos cargos da sociedade local: ministros, profissionais liberais, jornalistas e empresários. Mas os seus antepassados (avôs e bisavôs), que entre o final do século XIX e início do XX escolheram emigrar além-mar, viveram odisseias não muito mais alegres das que hoje sofrem os africanos que, todos os dias, tentam chegar à Itália. Recordar-nos este facto o livro Memorie di un emigrante italiano de Giulio Lorenzoni (Viella, 2008), publicado graças à intervenção do Instituto para as Pesquisas de História Social e Religiosa de Vicenza e editado por Emilio Franzina, professor na Universidade de Verona e certamente o historiador mais competente sobre o fenómeno migratório.

Na introdução, o editor narra-nos quem foi Lorenzoni com um texto muito rico de sugestões e aprofundamentos, o qual constitui um livro no livro. Ele nasceu em 1863 nos arredores de Maróstica, na região de Vicenza. O pai era marceneiro e proprietário de um pequeno lote de terra. Vida pobre, ganhos escassos e propaganda dos agentes de emigração que iam de aldeia em aldeia das áreas rurais italianas enaltecendo a América como se fosse um paraíso terrestre aos camponeses ignorantes, induziram a família a vender tudo e a seguir um grupo de compatriotas que tinha decidido partir para o Brasil. Estas memórias, escritas muitos anos depois da chegada à terra americana, começam justamente da partida, a 15 de Novembro de 1877. O seu valor consiste no facto de que o autor, o que era raro nas zonas rurais vénetas da época, tinha feito os superiores, era dotado de uma discreta cultura e de uma boa veia narrativa. Isto permitiu-lhe escrever um texto que inclusive hoje se lê com rapidez e com prazer. Raramente as peripécias migatórias daqueles anos foram narradas com tanta exactidão, de modo que as lembranças de Lorenzoni se tornam quase emblemáticas, de tantas histórias análogas, sobretudo de quantos decidiram ir colonizar os Estados meridionais do Brasil, em particular o Rio Grande do Sul, onde a família Lorenzoni chegou - a Porto Alegre, na época uma cidade com pouco menos de 50.000 habitantes - no início do mês de Abril.

Foram hospedados num grande prédio popular colectivo (hospedaria), juntamente com cerca de 2000 pessoas como eles. Após alguns dias iniciou a viagem rumo à colónia à qual tinham sido destinados, a actual cidade de Silveira Martins, distante algumas centenas de quilómetros de Porto Alegre. A viagem, que iniciou por via fluvial, foi realizada em enormes carros puxados por bois. A descrição da caravana, longa mais de dois quilómetros, com as mobílias amontoadas que corriam o risco de cair cada vez que se encontrava um obstáculo e os emigrantes que se arrastavam a pé a fim de procurar ao longo da estrada algum alimento para quando pernoitavam pelo caminho, é uma das páginas mais sugestivas do livro, que nos recorda a maneira como a colonização do Brasil e da Argentina nada tem de inferior, por coragem e dificuldade, em relação à do far west americano, muito mais celebrada pelo cinema e pela literatura. Chegaram a Silveira Martins no final de Abril, quase seis meses depois da partida de Maróstica. Mas se a localidade hoje é um florescente município do Rio Grande, quando a família Lorenzoni chegou era só uma imensa extensão de bosques e moitas, onde havia um barracão colectivo que tinha a função de primeiro alojamento para os colonos e um depósito com os instrumentos agrícolas e as sementes. Nada mais. Começou assim a aventura dos italianos que hoje dominam o Rio Grande do Sul. Esses colonos tiveram que roçar o terreno, abater as árvores e com a madeira fazer os móveis e construir as casas, caçar para obter alimento, semear para fazer frutificar o trabalho, defender-se dos animais selvagens, sepultar do melhor modo possível os próprios mortos, superar o medo, a solidão e a carência de tudo.

E no entanto, Lorenzoni narra-nos que, ao superar os primeiros meses de desespero, os colonos procederam sem lamentações: "Nunca ouvi um colono lamentar-se do Brasil", escreve. Por quê? Porque finalmente eram árbitros do próprio destino, proprietários da terra que cultivavam, da casa que habitavam, embora fosse uma barraca de madeira. Trabalhavam muito, mas para si mesmos, não para o patrão como em Itália. E como sempre acontece, a vida difícil facilitava a fecundidade. Só a quantidade podia garantir o futuro. E assim, apesar da ausência de médicos e parteiras, famílias de 10, 15, até 20 filhos, eram a normalidade. De Itália, depressa chegaram os primeiros sacerdotes. E foram, para aquelas pessoas que provinham de lugares profundamente ligados à Igreja, uma ajuda fundamental.

A narração de Lorenzoni, conduzida como uma crónica quotidiana, permite reconstruir o crescimento rápido desta comunidade, semelhante a outras que contemporaneamente popularam diferentes regiões do Brasil, destinadas também a colónias para os emigrantes. Em poucos anos, surgiram casas de alvenaria, ruas, oficinas e actividades artesanais. As escolas foram mais lentas e difíceis, mas depois dos primeiros anos também elas chegaram, em seguida os primeiros jornais e tudo o que de modo lento, mas mais rápido de quanto se esperava, transformaram uma terra de pioneiros semi-selvagens numa florescente comunidade de agricultores e artesãos.

Lorenzoni, que se casou no Brasil e depois se transferiu para outra colónia, isto é, a actual cidade de Bento Gonçalves, desempenhou muitas profissões: professor, jornalista e funcionário público, até à sua morte em 1936. Aos filhos restou o manuscrito das suas memórias, redigidas verosimilmente por volta do final dos anos 20 do século passado, um texto que inicialmente a ninguém interessou, mas em seguida, à medida que a comunidade dos colonos italianos crescia, inclusive culturalmente, e se afastava dos tempos heróicos do início, tornou-se um testemunho precioso do "como tinha começado". Desse modo, foi traduzido em português e publicado em Porto Alegre pela Livraria Sulina Editora em 1975, por ocasião do centenário do início da emigração italiana no Rio Grande, por obra da filha Armida Lorenzoni Parreira.

O texto tornou-se quase um clássico na já florescente historiografia sobre a emigração, muito recordado em Junho passado durante o congresso internacional com o qual a Universidade de Caxias do Sul quis comemorar o 135º aniversário da emigração. Mas o manuscrito original, em italiano, tinha sido enviado para o prof. Franzina, graças ao interesse de Emilio De Boni, um dos primeiros e mais competentes estudiosos riograndenses da povoação italiana, juntamente com o saudoso Rovilio Costa. E finalmente pôde realizar o desejo da publicação também na Itália, restituindo esta apaixonante (e às vezes comovedora) crónica em directo das travessias de muitos compatriotas, que há um século e meio deixaram a miséria dos campos para ir em busca de fortuna na então desconhecida "Merica".

Gianpaolo Romanato

(© L'Osservatore Romano - 4 de Setembro de 2010)

«Retirou-Se para um lugar solitário.»

Cardeal Joseph Ratzinger
Retiro pregado no Vaticano, 1983

O deserto é o lugar do silêncio e da solidão, onde a pessoa se distancia do quotidiano, onde escapa ao ruído e à superficialidade. O deserto é o lugar do absoluto, o lugar da liberdade, onde o homem se confronta com as suas necessidades mais radicais. Não foi por acaso que o monoteísmo nasceu no deserto. Neste sentido, trata-se do domínio da graça; vazio de preocupações, é no deserto que o homem encontra Deus.

As grandes coisas começam no deserto, no silêncio, na pobreza. Nem sequer poderíamos participar na missão do Evangelho sem entrarmos nesta experiência do deserto, do seu despojamento, da sua fome; a fome bem-aventurada de que o Senhor fala no Sermão da Montanha (Mt 5, 6) não nasce da saciedade dos fartos.

E não esqueçamos que o deserto de Jesus não termina com os quarenta dias que se seguiram ao baptismo. O Seu último deserto será o do Salmo 21: «Meu Deus, meu Deus, por que Me abandonaste?» Será deste deserto que brotarão as águas da vida do mundo.

«Ora a sogra de Simão estava com muita febre»

Catecismo da Igreja Católica
§§ 309-310

Se Deus Todo-Poderoso, criador do mundo ordenado e bom, cuida de todas as Suas criaturas, por que existe o mal? Não existe nenhuma resposta rápida para esta pergunta tão urgente quanto inevitável, tão dolorosa quanto misteriosa. É o conjunto da fé cristã que constitui a resposta a esta pergunta: a bondade da criação, o drama do pecado, o amor paciente de Deus que vem ao encontro do homem pelas Suas alianças, pela Encarnação redentora do Seu Filho, pela dádiva do Espírito, pela reunião da Igreja, pela força dos sacramentos, pelo apelo a uma vida bem-aventurada à qual as criaturas livres são antecipadamente convidadas a consentir, mas à qual também antecipadamente podem escusar-se. Não há uma linha da mensagem cristã que não seja em parte uma resposta à questão do mal.

Porque não terá Deus criado um mundo tão perfeito que nenhum mal aí conseguisse existir? Segundo o Seu poder infinito, Deus poderia sempre criar qualquer coisa melhor (São Tomás de Aquino). Porém, na Sua sabedoria e bondade infinitas, Deus quis livremente criar um mundo «a caminho» da sua perfeição. No desígnio de Deus, este devir comporta o aparecimento de certos seres e o desaparecimento de outros, com o mais perfeito mas também o menos perfeito, com as construções da natureza mas também as destruições. Com o bem físico existe também o mal físico enquanto a criação não atingir a sua perfeição.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 4 de setembro de 2013

Saindo Jesus da sinagoga, entrou em casa de Simão. Ora a sogra de Simão estava com febre muito alta. Pediram-Lhe por ela. Ele, inclinando-Se para ela, ordenou à febre, e a febre deixou-a. Ela, levantando-se logo, servia-os. Quando foi sol-posto, todos os que tinham doentes de diversas moléstias, traziam-Lhos. E Ele, impondo as mãos sobre cada um, curava-os. De muitos saíam os demónios, gritando: «Tu és o Filho de Deus». Mas Ele repreendia-os severamente e impunha-lhes silêncio, porque sabiam que Ele era o Cristo. Quando se fez dia, tendo saído, foi para um lugar solitário. As multidões foram à Sua procura e, tendo-O encontrado, tentavam retê-l'O para que não se afastasse deles. Mas Ele disse-lhes: «É necessário que Eu anuncie também às outras cidades a boa nova do reino de Deus, pois para isso é que fui enviado». E andava pregando nas sinagogas da Judeia.

Lc 4, 38-44