quarta-feira, 7 de agosto de 2013
Não se pode anunciar Cristo sem a Igreja
Todos os batizados são chamados a anunciar o Evangelho com coragem em toda realidade. É o que escreve o Papa Francisco na sua Mensagem para o Dia Mundial das Missões, que será celebrado a 20 de outubro próximo.
No documento publicado nesta terça-feira e que traz a data de 19 de maio passado, Solenidade de Pentecostes, o Santo Padre ressalta que "evangelizar jamais é um ato isolado", mas "sempre eclesial" e reitera que uma comunidade é realmente adulta se consegue sair do seu recinto para levar a esperança de Jesus também às periferias.
"A fé é um dom precioso de Deus", "um dom que não se pode guardar para si, mas deve ser partilhado". O Papa Francisco parte dessa consideração para desenvolver a sua primeira Mensagem para o Dia Mundial das Missões. "Toda comunidade é 'adulta' quando professa a fé, a celebra com alegria na liturgia, vive a caridade e anuncia sem cessar a Palavra de Deus, saindo de seu recinto para levá-la também às 'periferias" – escreve o Papa.
Em seguida, o Santo Padre ressalta que a dúplice ocasião do Ano da Fé e do 50º aniversário do início do Concílio Vaticano II devem impelir a Igreja para "uma renovada consciência da sua presença no mundo de hoje, da sua missão entre os povos e as nações". E observa que a "missionariedade não é somente uma questão de territórios geográficos", uma vez que "os confins da fé não atravessam somente lugares e tradições humanas, mas o coração de cada homem e de cada mulher". Portanto, cada comunidade é interpelada a anunciar Jesus até aos extremos confins da terra como "um aspecto essencial" da vida cristã. Todos "somos enviados pelas estradas do mundo para caminhar com os irmãos, professando e testemunhando a nossa fé em Cristo", reitera o Santo Padre na sua mensagem.
O Papa convida os bispos a darem relevo especial à "dimensão missionária nos programas pastorais e formativos", evidenciando que "a missionariedade não é somente uma dimensão programática na vida cristã, mas também paradigmática que concerne a todos os aspectos da vida cristã". "Muitas vezes - observa o Papa - a obra de evangelização encontra obstáculos não apenas externamente, mas dentro da própria comunidade eclesial". Por vezes, afirma, são ténues o fervor, a alegria, a coragem no anunciar" Jesus a todos e "no ajudar os homens do nosso tempo a encontrá-lo". E escreve, "por vezes ainda se pensa que levar a verdade do Evangelho é fazer violência à liberdade", quando, ao invés, levar a verdade evangélica "é uma homenagem a essa liberdade", ressalta o Papa.
O Papa Francisco reitera que é importante não esquecer um princípio fundamental para todo e qualquer evangelizador: "não se pode anunciar Cristo sem a Igreja. Evangelizar jamais é um ato isolado, individual, privado, mas sempre eclesial". O Papa detém-se sobre os muitos desafios da evangelização e encoraja todos a levar ao homem do nosso tempo "a luz segura que ilumina o seu caminho e que somente o encontro com Cristo pode dar".
"Doar missionários e missionárias jamais é uma perda, mas um ganho", constata o Santo Padre, e encoraja os bispos e as famílias religiosas "a ajudarem as Igrejas que necessitam" de sacerdotes, religiosos e leigos para "reforçar a comunidade cristã". É importante que "as Igrejas mais ricas de vocações ajudem com generosidade as que sofrem escassez de vocações", lê-se no documento. Por outro lado, ressalta a importância das "jovens Igrejas" que podem promover um novo entusiasmo nas Igrejas de antiga tradição cristã.
Por fim, o Papa Francisco dirige um pensamento aos cristãos perseguidos em várias partes do mundo, observando que hoje existem mais mártires do que nos primeiros séculos. (RS)
Rádio Vaticano
«A César o que é de César e a Deus o que é de Deus» Mc 12,17
«o imperador e Jesus personificam duas ordens diferentes de realidades, que não devem necessariamente excluir-se uma à outra pois, na sua contraposição, encontra-se o rastilho de um conflito que tem a ver com as questões fundamentais da humanidade e da existência humana. «Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus» (Mc 12,17): dirá Jesus mais tarde, exprimindo assim a essencial compatibilidade das duas esferas. Quando, porém, o império passa a interpretar-se a si mesmo como divino – implícito já na auto-apresentação de Augusto como portador da paz mundial e salvador da humanidade – então o cristão deve «obedecer antes a Deus do que aos homens» (Act 5,29)»
Jesus de Nazaré – Joseph Ratzinger – Bento XVI
Muitas pessoas têm citado a passagem bíblica, «Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus» (Mc 12,17), para de alguma forma tentarem espaldar a feitura e aprovação de leis iníquas, como a “lei do aborto”, “lei do casamento homossexual”, etc., afirmando que o governo, e a feitura das leis, competem aos homens segundo a sua vontade, tentando demonstrar com essa citação que essa seria a vontade de Deus, ou seja, que os homens governassem e fizessem as leis segundo a sua própria vontade.
E realmente Deus, tendo-nos criado em liberdade, não interfere na governação dos homens, mas não “avaliza” todos os actos dos homens que governam e legislam.
Porque sendo as duas esferas, (para citar o Papa), compatíveis, só o são na medida em que o homem reconhece a Deus a primazia sobre o homem e a vida.
E se falarmos então em políticos cristãos, esta verdade tem de ser indestrutível, pois só se é verdadeiro cristão se em tudo na sua vida se der a primazia a Deus.
E o Papa, nesta pequena passagem deste seu livro, mostra-nos com uma perfeita clareza o porquê desta frase bíblica não poder ser “utilizada” para espaldar leis que vão contra a vida, tal como ela foi criada e desejada por Deus.
É que quando o homem legisla sobre o direito à vida, (lei do aborto, por exemplo), e sobre o modo como ela foi desejada e querida por Deus, (lei do “casamento” homossexual, por exemplo), está a transformar-se em “Augusto”, ou seja está a querer divinizar-se e ser senhor daquilo que pertence apenas e só a Deus.
E desta verdade não há, (ou não deve haver), a menor dúvida para qualquer cristão que acredita que o Senhor e Criador da vida é Deus, e que, por isso mesmo, o homem não tem o direito de ir contra a vida que não lhe pertence, e ainda, que todo o cristão perante este tipo de leis deve «obedecer antes a Deus do que aos homens» (Act 5,29).
E assim, mais uma vez, esta verdade torna-se mais premente e obrigatória para aqueles que sendo cristãos, foram chamados ao governo das nações, à feitura das leis dos homens, pois que deveriam assumir essa missão como uma vocação que Deus colocou nas suas vidas, para também aí, (como em tudo), serem testemunhas da fé que afirmam viver.
Quando assim não procedemos, eles, os políticos, e cada um de nós que aceita e segue essas leis, rompemos com Deus, pois estamos a tentar colocarmo-nos em pé de igualdade com Ele, atacando o maior dom do Seu amor que é a vida de cada um, tal como por Ele foi criada e desejada.
Podemos “assobiar para o lado”, podemos fingir que não compreendemos, podemos argumentar milhentas razões para aprovarmos esse tipo de leis, podemos até distorcer a nossa consciência como cristãos, mas no fundo quem segue Jesus Cristo, e com Ele, a Ele e n’Ele comunga, reconhece sempre no seu íntimo, onde Ele habita, que deve sempre «obedecer antes a Deus do que aos homens» (Act 5,29).
Monte Real, 3 de Agosto de 2010
Joaquim Mexia Alves
http://queeaverdade.blogspot.com/2010/08/cesar-o-que-e-de-cesar-e-deus-o-que-e.htmlO Evangelho do dia 7 de agosto de 2013
Partindo dali, Jesus retirou-Se para a região de Tiro e de Sidónia. E eis que uma mulher cananeia, que viera daqueles arredores, gritou: «Senhor, Filho de David, tem piedade de mim! Minha filha está cruelmente atormentada pelo demónio». Ele, porém, não lhe respondeu palavra. Aproximando-se Seus discípulos, pediram-Lhe: «Despede-a, porque vem gritando atrás de nós». Ele respondeu: «Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel». Ela, porém, veio e prostrou-se diante d'Ele, dizendo: «Senhor, valei-me». Ele respondeu: «Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cães». Ela replicou: «Assim é, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos». Então Jesus disse-lhe: «Ó mulher, grande é a tua fé! Seja-te feito como queres». E, desde aquela hora, a sua filha ficou curada.
Mt 15, 21-28