terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Non prævalebunt! - Pe. Paulo Ricardo

Na manhã deste dia 11 de fevereiro, memória de Nossa Senhora de Lourdes, fomos colhidos pela notícia espantosa de que o Santo Padre, o Papa Bento XVI, renunciou ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro.
Em discurso ao Consistório dos Cardeais reunidos diante dele, o Papa declarou que o faz "bem consciente da gravidade deste ato" e "com plena liberdade".
É evidente que a renúncia de um Papa é algo inaudito nos tempos modernos. A última renúncia foi de Gregório XII em 1415. A notícia nos deixa a todos perplexos e com um grande sentimento de perda. Mas este sentimento é um bom sinal. É sinal de que amamos o Papa, e, porque o amamos, estamos chocados com a sua decisão.
Diante da novidade do gesto, no entanto, já começam a surgir teorias fabulosas de que o Papa estaria renunciando por causa das dificuldades de seu pontificado ou que até mesmo estaria sofrendo pressões não se sabe de que espécie.
O fato, porém, é que, conhecendo a personalidade e o pensamento de Bento XVI, nada nos autoriza a arriscar esta hipótese. No seu livro Luz do mundo (p. 48-49), o Santo Padre já previa esta possibilidade da renúncia. Durante a entrevista, o Santo Padre falava com o jornalista Peter Seewald a respeito dos escândalos de pedofilia e as pressões:
Pergunta: Pensou, alguma vez, em pedir demissão?
Resposta: Quando o perigo é grande, não é possível escapar. Eis porque este, certamente, não é o momento de demitir-se. Precisamente em momentos como estes é que se faz necessário resistir e superar as situações difíceis. Este é o meu pensamento. É possível demitir-se em um momento de serenidade, ou quando simplesmente já não se aguenta. Não é possível, porém, fugir justamente no momento do perigo e dizer: "Que outro cuide disso!"
Pergunta: Por conseguinte, é imaginável uma situação na qual o senhor considere oportuno que o Papa se demita?
Resposta: Sim. Quando um Papa chega à clara consciência de já não se encontrar em condições físicas, mentais e espirituais de exercer o encargo que lhe foi confiado, então tem o direito – e, em algumas circunstâncias, também o dever – de pedir demissão.
Ou seja, o próprio Papa reconhece que a renúncia diante de crises e pressões seria uma imoralidade. Seria a fuga do pastor e o abandono das ovelhas, como ele sabiamente nos exortava em sua homilia de início de ministério: "Rezai por mim, para que eu não fuja, por receio, diante dos lobos" (24/04/2005).
Se hoje o Papa renuncia, podemos deduzir destas suas palavras programáticas, é porque vê que seja um momento de serenidade, em que os vagalhões das grandes crises parecem ter dado uma trégua, ao menos temporária, à barca de Pedro.
Podemos também deduzir que o Santo Padre escolheu o timing mais oportuno para sua renúncia, considerando dois aspectos:
1. Ele está plenamente lúcido. Seria realmente bastante inquietante que a notícia da renúncia viesse num momento em que, por razões de senilidade ou por alguma outra circunstância, pudéssemos legitimamente duvidar que o Santo Padre não estivesse compos sui (dono de si).
2. Estamos no início da quaresma. Com a quaresma a Igreja entra num grande retiro espiritual e não há momento mais oportuno para prepararmos um conclave através de nossas orações e sacrifícios espirituais. O novo Pontífice irá inaugurar seu ministério na proximidade da Páscoa do Senhor.
Por isto, apesar do grande sentimento de vazio e de perplexidade deste momento solene de nossa história, nada nos autoriza moralmente a duvidar do gesto do Santo Padre e nem deixar de depositar em Deus nossa confiança.
Peçamos com a Virgem de Lourdes que o Senhor, mais uma vez, derrame o dom do Espírito Santo sobre a sua Igreja e que o Colégio dos Cardeais escolha com sabedoria um novo Vigário de Cristo.
Nosso coração, cheio de gratidão pelo ministério de Bento XVI, gostaria que esta notícia não fosse verdade. Mas, se confiamos no Papa até aqui, porque agora negar-lhe a nossa confiança? Como filhos, nos vem a vontade de dizer: "não se vá, não nos deixe, não nos abandone!"
Mas não estamos sendo abandonados. A Igreja de Cristo permanecerá eternamente. O que o gesto do Papa então pede de nós, é mais do que confiança. Ele nos pede a fé! Talvez seja este um dos maiores atos de fé aos quais seremos chamados, num ano que, providencialmente, foi dedicado pelo próprio Bento XVI à Fé.
Fé naquelas palavras ditas por Nosso Senhor a São Pedro e a seus sucessores: "As portas do inferno não prevalecerão!" (Mt 16, 18).
Estas palavras permanecem inabaláveis através dos séculos!
Autor: Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior
http://padrepauloricardo.org/blog/non-praevalebunt

A importância de saber latim

Giovanna Chirri foi das poucas repórteres que ouviram a declaração de Bento XVI mas foi a única que deu a notícia.

É aquilo a que no jornalismo se chama um "furo", dar uma notícia que nunca ninguém deu, e Giovanna Chirri, da agência italiana Ansa, foi a primeira a noticiar a renúncia de Bento XVI.

Giovanna Chirri foi uma das poucas repórteres que ouviram o Papa a falar em latim em mais uma cerimónia, aparentemente normal. A diferença é que a vaticanista – nome dado aos jornalistas que acompanham as notícias sobre o Vaticano – sabe a língua de Virgílio.

"Ele continuava a falar em latim e, a certa altura, disse que tinha notícias importantes para o futuro da Igreja, que ele estava a ficar velho", conta a jornalista à agência noticiosa onde trabalha, citada pelo Washington Post. Foi nesse momento, que Giovanna Chirri prestou mais atenção às palavras de Bento XVI. "Percebi imediatamente que estava a anunciar a sua renúncia ao cargo", continua.

A seguir a Bento XVI, no consistório, tomou a palavra o cardeal Angelo Sodano que apelidou a intervenção do Papa como um "trovão em céu sereno" e a vaticanista teve a certeza que ouvira e compreendera bem as palavras do Papa. "Comecei a chorar", confessa a jornalista, continuando: "Provavelmente não é muito correcto para um repórter, mas foi o que aconteceu".

Ainda assim, Giovanna Chirri sabia que tinha de dar a notícia e recorreu ao padre Federico Lombardi, o porta-voz do Vaticano, insistindo com ele para que confirmasse a decisão do Papa. Este não lhe respondeu, conta o director de informação da Ansa, Luigi Contu, à AFP.

Mas Giovanna Chirri tinha a certeza do que ouvira e quando estava a passar a informação ao chefe de redacção da Ansa, Federico Lombardi acabou por contactá-la e confirmou a novidade histórica. A notícia saiu às 11h46, na segunda-feira, e começou a ser reproduzida pelo mundo inteiro.

"É a vingança da cultura [clássica], importante na preparação dos futuros jornalistas", classifica Luigi Contu. Mais comedida, Giovanna Chirri responde que o latim de Bento XVI "é muito fácil de compreender".

(Fonte: 'Público' AQUI)

Amar a Cristo...

Querido Jesus, concede-nos a inteligência de coração para termos sempre a confiança em Ti que São Thomas More manifestou em carta do cativeiro à sua filha Meg e assim tudo aceitarmos sabendo que é sempre para nosso bem, mesmo que as nossas curtas vistas alimentadas pelas trevas nos digam o oposto.

Bata-nos a vontade sincera de Te ter connosco e amar-Te com todo o nosso discernimento que nunca estaremos ou seremos abandonados.

JPR

Pausa para reflexão

Antes de continuar, parece-me necessário que nos detenhamos a pensar: preparo-me para viver estas semanas de modo penitente? Quero entrar mais a fundo no holocausto de Jesus Cristo? Rejeito qualquer medo ao sacrifício?

Perspetivar deste modo cristão as vicissitudes da existência – como acabo de expor citando o nosso Padre –, onde muitas vezes se manifestam os sofrimentos e os limites próprios da criatura, é a única maneira de compreender verdadeiramente a realidade da condição humana. Para descobrir o sentido das preocupações e até das angústias que as penas da vida possam causar – a dor, a falta de trabalho, a doença, a morte…–, é necessário ter uma fé sincera no amor infinito de Deus. Só à luz do Verbo Incarnado tudo ganha sentido. Com a Encarnação do Filho de Deus, tem lugar uma nova criação, que oferece a resposta completa à interrogação: «Quem é o ser humano?». Só em Jesus se manifesta completamente o projeto de Deus sobre o ser humano [15].

[15]. Bento XVI, Discurso na Audiência geral, 9-I-2013.

(D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei na carta do mês de fevereiro de 2013)

Bento XVI despede-se dos fiéis a 27 de fevereiro, última audiência geral do pontificado

Porta-voz diz que renúncia se deve à idade do Papa e não a qualquer doença

Bento XVI vai manter o seu calendário de atividades durante este mês, antes da sua renúncia ao pontificado, e deve despedir-se dos fiéis no próximo dia 27, na sua última audiência geral.

O anúncio foi feito hoje pelo porta-voz do Vaticano, em conferência de imprensa, durante a qual descartou a existência de qualquer doença como justificação para a resignação, justificada pelo Papa cessante, de 85 anos, com a sua “idade avançada” e falta de “forças”.

O padre Lombardi admitiu que o cansaço provocado pela viagem de Bento XVI ao México e Cuba, em março de 2012, constituiu uma etapa de “amadurecimento” na decisão de renunciar ao pontificado.

O Papa vai receber, até ao dia 28, bispos da Itália, os presidentes da Roménia e da Guatemala, para além de presidir à oração dominical do Angelus (dias 16 e 23) e às audiências públicas semanais (13, 20 e 27).

Já esta quarta-feira, além da audiência geral, Bento XVI vai presidir à celebração das Cinzas, pelas 17h00 (menos uma em Lisboa), cerimónia que marca o início do tempo litúrgico da Quaresma e que foi mudada para a Basílica de São Pedro, dada a previsão de um grande número de participantes.

Quinta-feira, Bento XVI vai encontrar-se com os párocos de Roma e a partir de domingo vai participar, com os seus mais diretos colaboradores, na semana de exercícios espirituais, orientados pelo presidente do Conselho Pontifício da Cultura, cardeal Gianfranco Ravasi.

RV/OC - Agência Ecclesia

Chegar à plenitude do amor e das boas obras

O tempo, que nos é concedido na nossa vida, é precioso para descobrir e realizar as boas obras, no amor de Deus. Assim a própria Igreja cresce e se desenvolve para chegar à plena maturidade de Cristo (cf. Ef 4, 13). É nesta perspectiva dinâmica de crescimento que se situa a nossa exortação a estimular-nos reciprocamente para chegar à plenitude do amor e das boas obras.
(Bento XVI in Mensagem para a Quaresma de 2012)

Imitação de Cristo, 3, 52, 1 - Que o homem se não repute digno de consolação, mas merecedor de castigo

A alma: Senhor, eu não sou digno da vossa consolação, nem de visita alguma espiritual, e por isso me tratais com justiça, quando me deixais pobre e desconsolado. Porque, mesmo que pudesse derramar um mar de lágrimas, ainda assim não seria digno de vossa consolação. Outra coisa não mereço, pois, senão ser flagelado e punido por tantas ofensas e tão graves delitos que cometi. Assim, portanto bem considerado tudo, não sou digno nem da menor consolação. Vós, porém, Deus clemente e misericordioso, que não quereis que pereçam vossas obras, para manifestar as riquezas de vossa bondade nos vasos de misericórdia, vos dignais de consolar vosso servo, sem merecimento algum, de todo sobre-humano. Porque vossas consolações não são como as consolações humanas.

Vamos receber o Senhor

Pensaste nalguma ocasião como te prepararias para receber Nosso Senhor, se só se pudesse comungar uma vez na vida? – Agradeçamos a Deus a facilidade que temos para nos aproximarmos dele, mas... temos de agradecê-lo preparando-nos muito bem para o receber. (Forja, 828)

Jesus é o Caminho, o Medianeiro. N'Ele, tudo! Fora d'Ele nada! Em Cristo e ensinados por Ele, atrevemo-nos a chamar Pai Nosso ao Todo-Poderoso, a Ele, que fez o Céu e a Terra e que é esse Pai tão afectuoso que espera que voltemos para Ele continuamente, cada um de nós como novo e constante filho pródigo.

Ecce Agnus Dei... Domine, non sum dignus... Vamos receber o Senhor. Quando na Terra se recebem pessoas muito importantes, há luzes, música, trajes de gala. Para albergar Cristo na nossa alma, como devemos preparar-nos? Já teremos por acaso pensado como nos comportaríamos se sóse pudesse comungar uma vez na vida?

Quando eu era criança, não estava ainda divulgada a prática da comunhão frequente. Recordo-me de como se preparavam as pessoas para comungar. Cuidavam com esmero a boa preparação da alma e até do corpo. Punham a melhor roupa, a cabeça bem penteada, o corpo fisicamente limpo e talvez mesmo um pouco de perfume... Eram delicadezas próprias de quem estava apaixonado, de almas finas e rectas, que sabem pagar o Amor com amor.

Com Cristo na alma, termina a Santa Missa. A bênção do Pai, do Filho e do Espírito Santo acompanha-nos durante toda a jornada, na nossa tarefa simples e normal de santificar todas as actividades nobres do homem. (Cristo que passa, 91)


São Josemaría Escrivá

A Pontifícia Universidade da Santa Cruz exprime ao Papa sentimentos de gratidão e reza pela Sua Pessoa

Toda a comunidade académica da Pontifícia Universidade da Santa Cruz exprime ao Santo Padre Bento XVI uma imensa gratidão “pelo seu rico e fecundo Magistério” e reza pela Sua Pessoa e intenções, invocando ao mesmo tempo a ajuda do Espírito Santo para o futuro Romano Pontífice.

Fez-se porta-voz destes sentimentos, o Prelado do Opus Dei e Grande Chanceler da Universidade, S. Exa. D. Javier Echevarría, que na sua mensagem salientou o “exemplo humilde e generoso de serviço à Igreja e ao mundo” dado por Bento XVI.

(Fonte: site da Universidade AQUI tradução de JPR)

O futuro de Deus

É um acontecimento sem precedentes, e que por conseguinte deu imediatamente a volta ao mundo, a renúncia de Bento XVI ao papado. Como o próprio Pontífice anunciou com simples solenidade diante de um grupo de cardeais, a partir da noite de 28 de Fevereiro a sede episcopal de Roma ficará vacante e imediatamente a seguir será convocado o conclave para eleger o sucessor do apóstolo Pedro. Assim está especificado no breve texto que o Papa escreveu directamente em latim e que leu no consistório. A decisão do Pontífice foi tomada há muitos meses, depois da viagem ao México e a Cuba, e numa confidência que ninguém pôde infringir, depois «de ter repetidas vezes examinado» a própria consciência «diante de Deus» (conscientia mea iterum atque iterum coram Deo explorata), por causa da idade avançada. Bento XVI explicou, com a clareza que lhe é própria, que as suas forças «já não são apropriadas para exercer de modo adequado» a tarefa imane exigida a quem é eleito «para governar a barca de são Pedro e anunciar o Evangelho».
Por isso, e só por isso, o Romano Pontífice, «bem ciente da gravidade deste gesto, com plena liberdade» (bene conscius ponderis huius actus plena libertate) renuncia ao ministério de bispo de Roma que lhe foi confiado a 19 de Abril de 2005. E as  palavras que Bento XVI escolheu indicam de modo transparente o respeito das condições previstas pelo direito canónico para a demissão de um cargo que não tem comparações no mundo devido ao peso real e à importância espiritual.
Todos sabem que o cardeal Ratzinger não procurou de modo algum a eleição ao pontificado, uma das mais rápidas na história, e que a aceitou com a simplicidade própria de quem confia deveras a própria vida a Deus. Por isso Bento XVI nunca se sentiu sozinho, numa relação autêntica e diária com quem amorosamente governa a vida de cada ser humano e na realidade da comunhão dos santos, apoiado pelo amor e pelo trabalho (amore et labore) dos colaboradores, e amparado pela oração e estima de muitíssimas pessoas, crentes e não crentes. Nesta luz deve ser lida também a renúncia ao pontificado, livre e sobretudo confiante na providência de Deus. Bento XVI sabe bem que o serviço papal, «pela sua essência  espiritual», pode ser realizado também «sofrendo e rezando», mas ressalta que «no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé» a um Papa «é necessário também o vigor, quer no corpo, quer no espírito», vigor que nele naturalmente vai diminuindo.
Nas palavras dirigidas aos cardeais, antes admirados e depois comovidos, e com a sua decisão sem precedentes históricos comparáveis, Bento XVI demonstra uma lucidez e uma humildade que é antes de tudo, como já explicara, adesão à realidade, à terra (humus). Assim,  não se sentindo mais capaz de «administrar bem» o ministério que lhe foi confiado, anunciou a sua renúncia. Com uma decisão humana e espiritualmente exemplar, na plena maturidade de um pontificado que, desde o início e por quase oito anos, dia após dia, nunca deixou de fazer admirar e deixará um vestígio profundo na história. Aquela história que o Papa lê com confiança no sinal do futuro de Deus.
  g.m.v.
12 de Fevereiro de 2013

Uma resignação a pensar no futuro da Igreja

Que Bento XVI nos deixará um inestimável património de reflexão teológica, a compilação de todas as suas obras em alemão são dezasseis volumes, é algo que todos gostosamente sabíamos, mas a grandeza enquanto homem de Igreja vai ainda mais além, pois ao anunciar a sua resignação, ato raríssimo da história da Igreja, oferece-nos a todos e sobretudo aos futuros Pontífices uma lúcida porta aberta.

Nesta época da globalização em que um anúncio feito em Roma, passados minutos é do conhecimento nos cinco continentes, é também uma realidade que expõe a todos os que têm responsabilidades ao olhar permanente da opinião pública.

Ora, o Papa tinha no mínimo duas aparições públicas semanais, salvo durante um mês no verão, o Angelus ao domingo e a Audiência Geral de quarta-feira, e esta exposição constante torna visível as debilidades físicas e outras em caso de doença, fragilizando o ministério petrino aos olhos do mundo, seja dos fiéis ou dos inimigos da Igreja.

Não pondo em causa o tão saudoso e amado Beato João Paulo II, há em consciência que reconhecer que se o seu exemplo no sofrimento nos últimos anos da sua vida foi fonte de grande inspiração para muitos e de fortalecimento na dor para muitíssimos, mas também é verdade que fragilizou a voz da Igreja no mundo. A esse respeito recordemos esta breve passagem da meditação do então Cardeal Joseph Ratzinger na nona estação da Via Sacra de 2005 poucas semanas antes de ser eleito Papa «Quanta sujeira há na Igreja, e precisamente entre aqueles que, no sacerdócio, deveriam pertencer completamente a Ele! Quanta soberba, quanta auto-suficiência!».

Concluindo e cremos que em sintonia com a decisão de Bento XVI, que nos seja perdoada a presunção, a Igreja nestes tempos conturbados necessita de todo o vigor para denunciar o relativismo, vigor esse que não se compadece com uma agenda muito limitada por debilidades de saúde.

Terminamos denunciando o carnavalesco de declarações por parte de figuras da Igreja especulando sobre a origem do próximo Pontífice, num ato de quase negação do papel do Espírito Santo, que Este os ilumine e lhes conceda contenção nas palavras e pensamentos.

JPR 

Palavras do Prelado do Opus Dei sobre Bento XVI

A Igreja sente hoje uma especial necessidade de agradecer a Bento XVI o seu rico e fecundo Magistério, e também o seu exemplo humilde e generoso de serviço à Igreja e ao mundo.

Neste momento singular da história da Igreja, os fiéis da Prelatura - sacerdotes e leigos - rezamos pela pessoa e pelas intenções de Bento XVI; e, unidos ao Papa e a toda a Igreja, pedimos ao Espírito Santo que derrame a sua graça com abundância sobre o povo de Deus e os seus Pastores.

Junto a Bento XVI invocamos especialmente a ajuda do Paráclito para o futuro Romano Pontífice.


+ D. Javier Echevarría
Prelado do Opus Dei 

Nesta manhã nublada de uma Roma enternecida


Por que não ficas conosco, mais um pouco, a nos guiar à Verdade sem ocaso da Fé?

No ano da Fé, deixa-nos, então?
Não celebrarás conosco o amanhecer de uma Igreja restaurada por tua palavra e banhada com o sangue de teu silencioso martírio?

O Trono, a glória, os suíços – todo o teu temporal não são capazes de te prender por entre os mármores de Pedro?

Sobre ti estão os olhares da humanidade, e tu recusas o poder?

Como novo Celestino entendes a hora de descer e,
Livremente desces.

Como Bento ,no nome e na graça, preferes o recolhimento na oração às glórias deste mundo, até á partida definitiva.

É próprio de quem é Grande, a descida.
Só os Grandes descem.

Com nobreza queres entregar o leme da Igreja a outro.

Reconhecendo tua fraqueza, renuncias.
Reconhecemos tua força e bradamos:
“Viva o Papa”!
O Papa que desce!

Que desce com tanta dignidade que é mais uma subida,
Que descida.
Mais demonstração de Força,
Que fraqueza.

Ó vós que sentis com a Igreja,
Olhai o papa que desce!
Que desce para o Alto!

E hoje mais do que nunca,
Em honra do Grande, do Forte e do Magno
Brademos juntos ,
Mais uma vez:
Viva o Papa que desce para o Alto!
Viva Bento XVI.

(Padre Marcelo Tenório)

Oração publicada por Fernando Sousa de Pena na página do Facebook de 'Spe Deus'. Obrigado!

O amor é o contra-egoísmo

Cada vez mais pessoas estão preocupadas consigo mesmas. Cuidam de si de uma forma tão dedicada que se poderia supor que estão a construir algo de verdadeiramente belo e forte; mas não... os resultados são normalmente fracos e frágeis. Gente manipulável que se deixa abater por uma simples brisa... cultivam o eu como a um deus, mas são facilmente derrubados pela mínima contrariedade.
Tendo a originalidade por moda não será paradoxal que a sociedade esteja a tornar-se cada vez mais uniforme? Como a multidão tende sempre a nivelar-se por baixo, estamos a tornar-nos cada vez piores.
Hoje parece não haver tempo nem espaço para um cuidado mais fundo com a nossa essência – são poucos os que hoje têm amigos verdadeiros com quem aprendem, a quem se dão e de quem recebem valores essenciais.
Por medo da solidão quer-se conhecer gente, cada vez mais gente. Talvez o facto de se buscar uma quantidade de amizades mais do que a qualidade das mesmas explique por que, afinal, há cada vez mais solidão... sempre que prefiro partir em busca do novo, escolho abandonar aquele(s) com quem estava.
O sucesso das redes virtuais é hoje um sintoma, um resultado, do mal estar fundo de quem se sente só, de quem busca o encontro com o outro, mas não quer ir até à sua presença; de quem busca palavras de apoio, mas não está disposto a abrir-lhes o seu coração e a escutá-las intimamente... perdem-se horas, dias e anos assim. Parece um exército de eremitas narcisos. Se precisam tanto do outro, porque se deixam ficar atrás do teclado? Longe do braço e do abraço do amor do outro?
A vaidade não eleva o sujeito, afoga-o. Sucumbe porque lhe falta a ligação vital ao outro, essa humildade que engrandece, essa pobreza que nos faz ricos através do sorriso do outro.
O amor é uma espécie de compromisso com a felicidade do outro. A vontade e o empenho real pelo bem do próximo. Um contra-egoísmo. Esqueça-se a auto-estima, o amor próprio ou a auto-ajuda... amar é esquecer-se de si. Deixar-se para trás. Mais adiante, virá a lúcida consciência de que é só quando me dou genuína e gratuitamente que me encontro. Que preciso de sair de mim para, através do outro, ver como sou. Ali, paradoxalmente, longe do espelho. Onde as palavras importantes se escutam com os ouvidos e os sorrisos verdadeiros são dados olhos nos olhos.
A sociedade está progressivamente mais pobre, com gente que, ao invés de ter uma interioridade autónoma capaz de sonhar e de lutar por um caminho seu, tem por alma uma mera caixa de reação aos contextos, previsível, estável... triste. Muito.
Só uma revolução das vontades fundas, uma tomada do poder individual das dimensões mais livres e criativas do homem, poderá inverter esta tendência de degradação essencial da alma humana.
Ninguém se encontra na solidão. Ninguém pode sequer sonhar de forma verdadeira se não tem com quem partilhar os seus desejos íntimos. Ninguém chegará sequer perto da felicidade se não viver abraçado a alguém. Ninguém se completa a si mesmo. Ninguém se basta.
O egoísta e o vaidoso não percebem que a nossa felicidade não passa por cuidarmos de nós mesmos, mas dos outros. Que só esquecendo-nos de nós e entregando o melhor de nós mesmos conseguiremos permanecer para sempre naqueles a quem assim amámos.
Ser é amar, e amar é dar-se.
É urgente cuidar da dimensão mais funda da nossa existência, fazendo prevalecer o amor sobre todas as vaidades, com a felicidade por fim e a verdade por regra... depois, no mundo, entregarmo-nos bondosamente ao outro, iluminando as trevas, pois que o Amor é a luz do mundo. 
José Luís Nunes Martins in ‘i’ online AQUI

O bom exemplo do Senhor, de Maria e dos Santos

«A verdadeira caridade cristã, participação da que transbordava do coração do Verbo incarnado, está embebida no sacrifício. Não procura a afirmação pessoal mas o bem dos outros. E configura-se como uma tarefa que nunca devemos considerar concluída: precisa­mos de aprender a amar, fixando-nos no exemplo de Nosso Senhor, da Santíssima Virgem e dos santos que mais amaram a Deus e ao próximo.»

(D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei, na sua carta de Fevereiro 2012)

Tempos de oração

Não, meus filhos! É necessário perseverar na meditação. Faz essas queixas ao Senhor nos teus tempos de oração. E, se for preciso, repete-Lhe durante meia hora a mesma jaculatória: “Jesus, amo-Te, Jesus, ensina-me a amar, Jesus, ensina-me a amar os outros por Ti…” Persevera assim um dia e outro, um mês, um ano, outro ano, e, no fim, o Senhor há-de dizer-te: Meu tontinho, não vês que Eu estava contigo, ao teu lado, desde o princípio?.

São Josemaría Escrivá – Notas de uma reunião familiar, Setembro de 1973

É sempre possível falar com o Divino Hóspede da alma, podemos encontrá-Lo em qualquer lugar e em qualquer situação. Mas, se é exequível, recorramos ao Sacrário, onde Jesus está real e substancialmente presente, com o Seu Corpo, o Seu Sangue, a Sua Alma e a Sua Divindade. Em qualquer dos casos havemos sempre de fazer o esforço de nos recolhermos, afastando como for possível as distracções que talvez nos assaltem.

D. Javier Echevarría – Prelado do Opus Dei na sua carta pastoral do mês de Julho de 2011

S. Josemaría Escrivá nesta data em 1939

Encontra-se em Vitória, Espanha. Fala com o Bispo dessa cidade sobre a publicação próxima de Caminho. D. Xavier Lauzurica oferece-se para escrever o Prólogo: “A ti, querido leitor, são dirigidas essas linhas penetrantes, esses pensamentos lacónicos; medita cada uma das palavras e impregna-te do seu sentido. Nessas palavras paira o espírito de Deus. Por detrás de cada uma das suas sentenças há um santo que vê as tuas intenções e aguarda as tuas decisões”.


(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)

Brevíssimo comentário ao Evangelho de hoje ...

Façamos como o Senhor nos recomenda no Evangelho de hoje (Mc 7, 1-13) recordando o profeta Isaías e louvemo-Lo sobretudo com a pureza das nossas intenções e não com manifestações exteriores vazias de sentido e que são meros preceitos humanos.

Louvado seja Deus Nosso Senhor pela correcção dos nossos atos e pelo bem que fizermos!

«Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim.»

Imitação de Cristo, tratado espiritual do século XV 
Livro II, caps. 5-6 (Moraes Editora)


Muitas vezes não nos damos conta de como somos interiormente cegos. Muitas vezes agimos mal e desculpamo-nos pior. Às vezes somos movidos pela paixão e julgamos ser por zelo. Repreendemos coisas pequenas nos outros e passamos sobre as nossas, bem maiores. Depressa sentimos e pesamos o que aguentamos dos outros, mas não nos damos conta de quanto eles sofrem por nós. Aquele que pesasse bem e rectamente as suas acções, não haveria nada que julgasse duramente nos outros.

O homem que vive pelo espírito prefere o cuidado de si mesmo a todos os cuidados; e quem se vigia atentamente facilmente se cala sobre os outros. Nunca serás interior e piedoso se não te calares sobre os outros e olhares especialmente para ti. [...] A alma que ama a Deus despreza todas as coisas que Lhe estão abaixo. Só Deus eterno e imenso, enchendo tudo, é consolação da alma e verdadeira alegria do coração. [...]

Repousarás calmamente se o teu coração de nada te acusar. Não te alegres senão quando fizeres o bem. Os maus nunca têm verdadeira alegria, nem experimentam paz interior; porque «não há paz para os pecadores» (Is 48,22). [...] Facilmente estará contente e em paz aquele cuja consciência está limpa. Não és mais santo porque te louvam nem mais pecador porque te injuriam. És aquilo que és; e tudo o que disserem de ti não te fará maior do que és aos olhos de Deus. Se atenderes ao que és interiormente, não te preocuparás com o que os homens dirão de ti. «O homem vê a cara, mas Deus o coração» (1Sm 16,7).


(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 12 de fevereiro de 2013

Reuniram-se à volta de Jesus os fariseus e alguns escribas vindos de Jerusalém; e notaram que alguns dos Seus discípulos comiam o pão com as mãos impuras, isto é, por lavar; ora os fariseus e todos os judeus aferrados à tradição dos antigos, não comem sem lavar as mãos cuidadosamente; e, quando vêm da praça pública, não comem sem se purificar; e praticam muitas outras observâncias tradicionais, como lavar os copos, os jarros, os vasos de metal, e os leitos. Os fariseus e os escribas interrogaram-n'O: «Porque não se conformam os Teus discípulos com a tradição dos antigos, mas comem o pão sem lavar as mãos?». Ele respondeu-lhes: «Com razão profetizou Isaías de vós, hipócritas, quando escreveu: “Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim. É vão o culto que Me prestam, ensinando doutrinas que são preceitos humanos”. Pondo de lado o mandamento de Deus, observais cuidadosamente a tradição dos homens». Disse-lhes mais: «Vós bem fazeis por destruir o mandamento de Deus, para manter a vossa tradição. Porque Moisés disse: “Honra teu pai e tua mãe. E todo o que amaldiçoar seu pai ou sua mãe, seja punido de morte”. Vós, porém, dizeis: Se alguém disser ao pai ou à mãe, é “qorban”, oferta a Deus, qualquer coisa minha que te possa ser útil, já não lhe deixais fazer nada a favor do pai ou da mãe, anulando assim a palavra de Deus por uma tradição que tendes transmitido de uns aos outros. E fazeis muitas coisas semelhantes a estas».

Mc 7, 1-13