sábado, 5 de janeiro de 2013

Cuidamos o trato íntimo com Deus com esmero?

O Credo da Missa expõe com extrema simplicidade o mistério da Encarnação redentora ao confessar que o Filho de Deus, por nós, homens e para nossa salvação, desceu dos Céus. E encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem [6]. Nestas poucas palavras, que dizemos ou cantamos acompanhadas de uma profunda inclinação, narra-se o acontecimento central da História, que nos abriu as portas do Céu. Nesse texto, como numa filigrana, ouve-se o eco das três narrações da Encarnação que os Evangelhos nos transmitem. S. Mateus, ao narrar o anúncio do mistério a S. José, põe nos lábios do Anjo os mesmos termos referentes ao Filho da Virgem Maria: pôr-lhe-ás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados [7]. A Encarnação e o Nascimento de Jesus manifestam a infinita bondade divina: como não podíamos voltar a Deus pelas nossas próprias força, por causa do pecado – o original e os pessoais –, veio Ele ao nosso encontro: Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o Seu Filho Unigénito, a fim de que todo o que n’Ele crê não se perca, mas tenha a vida eterna [8]. Recordo-vos aquela consideração do nosso Padre, com que nos impelia a viver uma fé atual e profunda: se não ficamos surpreendidos perante os mistérios de Deus, acabamos por perder a fé [9]. Cuidamos o trato íntimo com Deus com esmero? Agradecemos a omnipotência do Senhor que reclama a nossa submissão, como prova de amor?

[6]. Missal Romano, Ordinário da Missa, Símbolo Niceno-Constantinopolitano.
[7]. Mt 1, 21.
[8]. Jo 3, 16.
[9]. S. Josemaria, Notas de uma conversa, 25-X-1973.


(D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei na carta do mês de janeiro de 2013)

No ventre de uma mulher humilde o início da nova criação

A primeira audiência geral de 2013 teve lugar na sala Paulo VI na manhã de quarta-feira 2 de Janeiro. Bento XVI voltou a propor uma reflexão a propósito da verdadeira origem de Jesus, retomando assim num certo sentido o tema aprofundado no seu recente volume A infância de Jesus, o grandioso mistério de Deus que "se encarna, que se faz homem" no seio de "uma mulher humilde", por obra do Espírito Santo, e assim entra na história como o "Deus connosco".

Estimados irmãos e irmãs

O Natal do Senhor ilumina mais uma vez com a sua luz as trevas que muitas vezes envolvem o nosso mundo e nosso coração, e traz esperança e alegria. De onde vem esta luz? Da gruta de Belém, onde os pastores encontraram "Maria, José e o Menino, deitado na manjedoura" (Lc 2, 16). Diante desta Sagrada Família surge uma interrogação mais profunda: como pode aquele Menino pequenino e frágil ter trazido uma novidade tão radical ao mundo, a ponto de mudar o curso da história? Existe porventura algo de misterioso na sua origem, que vai mais além daquela gruta?

Assim, reemerge sempre de novo a interrogação sobre a origem de Jesus, a mesma que é feita pelo Procurador Pôncio Pilatos durante o processo: "De onde és Tu?" (Jo 19, 9). E no entanto, trata-se de uma origem bem clara. No Evangelho de João, quando o Senhor afirma: "Eu sou o pão que desceu do céu", os judeus reagem murmurando: "Não é porventura Ele Jesus, filho de José, de quem conhecemos o pai e a mãe? Portanto, como é que diz agora: "Desci do Céu?"" (Jo 6, 42). E, pouco mais tarde, os cidadãos de Jerusalém opõem-se vigorosamente diante da presumível messianidade de Jesus, afirmando que se sabe bem "de onde Ele é; Mas o Messias, ao contrário, quando vier, ninguém saberá de onde é" (Jo 7, 27). O próprio Jesus faz notar como é inadequada a pretensão deles de conhecer a Sua origem, e deste modo já oferece uma orientação para saber de onde Ele provém: "Não vim de mim mesmo; mas Aquele que me enviou, e que vós não conheceis, Ele é verdadeiro" (Jo 7, 28). Sem dúvida, Jesus é originário de Nazaré, nasceu em Belém, mas que se sabe da sua verdadeira origem? Nos quatro Evangelhos sobressai claramente a resposta à pergunta "de onde" vem Jesus: a sua verdadeira origem é o Pai, Deus; Ele provém totalmente d'Ele, de uma maneira diversa de qualquer profeta ou enviado de Deus que o tenha precedido. Esta origem do mistério de Deus, "que ninguém conhece", está contida já nas narrações da infância, nos Evangelhos de Mateus e de Lucas, que estamos a ler neste tempo de Natal. O arcanjo Gabriel anuncia: "O Espírito Santo descerá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso mesmo é que o Santo que vai nascer há-de chamar-se Filho de Deus" (Lc 1, 35). Nós repetimos estas palavras cada vez que recitamos o Credo, a Profissão de fé: "Et incarnatus est de Spiritu Sancto, ex Maria Virgine", "encarnou-se no seio da Virgem Maria por obra do Espírito Santo". Diante desta frase ajoelhamo-nos porque o véu que ocultava é, por assim dizer, desvelado e o seu mistério insondável e inacessível nos toca: Deus torna-se o Emanuel, "o Deus connosco". Quando ouvimos as Missas compostas pelos grandes mestres da música sacra, penso por exemplo na Missa da Coroação, de Mozart, observamos imediatamente como eles fazem uma pausa de maneira particular nesta frase, como se quisessem procurar expressar com a linguagem universal da música aquilo que as palavras não conseguem manifestar: o grandioso mistério de Deus que se encarna, que se faz homem.

Se considerarmos atentamente a expressão "encarnou-se no seio da Virgem Maria por obra do Espírito Santo", descobrimos que ela inclui quatro sujeitos em acção. De modo explícito, são mencionados o Espírito Santo e Maria, mas está também subentendido "Ele", ou seja o Filho, que se fez carne no seio da Virgem, Na Profissão de fé, o Credo, Jesus é definido com diversos apelativos: "Senhor... Cristo, Filho unigénito de Deus... Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro do Deus verdadeiro... da mesma substância do Pai" (Credo niceno-constantinopolitano). Em seguida, damo-nos conta que "Ele" remete para outra Pessoa, o Pai. Por conseguinte, o primeiro sujeito desta frase é o Pai que, com o Filho e com o Espírito Santo, é o único Deus. Esta afirmação do Credo não diz respeito ao ser eterno de Deus, mas fala-nos sobretudo de uma acção na qual participam as três Pessoas divinas e que se realiza "ex Maria Virgine". Sem ela, a entrada de Deus na história da humanidade não teria alcançado a sua finalidade e não se teria realizado aquilo que é central na nossa Profissão de fé: Deus é um Deus connosco. Assim, Maria pertence de modo irrenunciável à nossa fé no Deus que age, que entra na história. Ela põe à disposição toda a sua pessoa, "aceita" tornar-se lugar da morada de Deus.

Às vezes, também no caminho e na vida de fé, nós podemos sentir a nossa pobreza, a nossa inadequação perante o testemunho a oferecer ao mundo. Todavia, Deus escolheu precisamente uma mulher humilde, num povoado desconhecido, numa das províncias mais remotas do grande império romano. Sempre, mesmo no meio das dificuldades mais árduas a enfrentar, devemos ter confiança em Deus, renovando a fé na sua presença e na sua acção da nossa história, assim como na de Maria. Para Deus nada é impossível! Com Ele, a nossa existência caminha sempre num terreno seguro e está aberta a um futuro de esperança firme.

Professando no Credo: "Encarnou-se no seio da Virgem Maria por obra do Espírito Santo", nós afirmamos que o Espírito Santo, como força do Deus Altíssimo, realizou de forma misteriosa na Virgem Maria a concepção do Filho de Deus. O evangelista Lucas cita as palavras do arcanjo Gabriel: "O Espírito descerá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra" (1, 35). Duas evocações são evidentes: a primeira é no momento da criação. No início do Livro do Génesis lemos que "o Espírito de Deus movia-se sobre a superfície das águas" (1, 2); é o Espírito criador que deu vida a todas as coisas e ao ser humano. Aquilo que aconteceu em Maria, através da obra do mesmo Espírito divino, é uma nova criação: Deus, que do nada chamou o ser, mediante a Encarnação dá agora vida a um novo início da humanidade. Os Padres da Igreja falam diversas vezes de Cristo como do novo Adão, para sublinhar o início da nova criação a partir do nascimento do Filho de Deus no seio da Virgem Maria. Isto leva-nos a meditar sobre o modo como a fé traz, também a nós, uma novidade tão vigorosa, a ponto de produzir um segundo nascimento. Com efeito, no início do nosso ser cristãos está o Baptismo, que nos faz renascer como filhos de Deus, que nos faz participar na relação filial que Jesus tem com o Pai. E gostaria de observar que nós recebemos o Baptismo, ou seja, nós "somos baptizados" - é um passivo - porque ninguém é capaz de se tornar filho de Deus sozinho: trata-se de uma dádiva que nos é conferida gratuitamente. São Paulo evoca esta filiação adoptiva dos cristãos numa passagem central da sua Carta aos Romanos, onde escreve: "Na verdade, todos aqueles que são movidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Porquanto, vós não recebestes um espírito de escravidão para voltardes a cair no temor; recebestes, pelo contrário, um espírito de adopção pelo qual chamamos: "Abá! Pai!". O próprio Espírito dá testemunho, em união com o nosso espírito, de que somos filhos de Deus" (8, 14-16). Só abrindo-nos à obra de Deus, como Maria, e confiando a nossa vida ao Senhor como a um amigo em quem temos uma confiança total, é que tudo mudará, a nossa vida há-de adquirir um novo sentido e um novo rosto: o de filhos de um Pai que nos ama e nunca nos abandona.

Falámos de dois elementos: o primeiro é o Espírito, sobre a superfície das águas, o Espírito Criador; mas há um segundo elemento nas palavras da Anunciação. O arcanjo diz a Maria: "A força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra". Trata-se de uma evocação da nuvem santa que, durante o caminho do êxodo, pairava sobre a tenda do encontro, sobre a arca da aliança, que o povo de Israel levava consigo, e que indicava a presença de Deus (cf. Êx 40, 34-38). Portanto, Maria é a nova tenda santa, a nova arca da aliança: mediante o seu "sim" às palavras do arcanjo, Deus recebe uma morada neste mundo, Aquele que o universo inteiro não pode conter adquire morada no ventre de uma virgem.

Então, voltemos à questão da qual partimos, a propósito da origem de Jesus, resumida, pela pergunta de Pilatos: "De onde és Tu?". Das nossas reflexões aparece claramente, desde o início dos Evangelhos, qual é a verdadeira origem de Jesus: Ele é o Filho Unigénito do Pai, Ele vem de Deus. Estamos diante do grande e extraordinário mistério que celebramos neste tempo de Natal: por obra do Espírito Santo, o Filho de Deus encarnou-se no seio da Virgem Maria. Trata-se de um anúncio que ressoa sempre novo e que traz consigo esperança e alegria ao nosso coração, porque nos dá a certeza de que, não obstante muitas vezes nos sintamos frágeis, pobres e incapazes diante das dificuldades e do mal do mundo, contudo o poder de Deus age sempre e realiza maravilhas precisamente na debilidade. A sua graça é a nossa força (cf. 2 Cor 12, 9-10). Obrigado!

(©L'Osservatore Romano - 5 de Janeiro de 2013)

Imitação de Cristo, 3, 44, 2 - Que se não devem tomar a peito as coisas exteriores

A alma: Ah! Senhor, a que chegamos? Eis que choramos uma perda temporal, trabalhamos e corremos para ganhar mesquinho lucro, mas do dano espiritual nos esquecemos e mal nos lembramos, ou tarde. Olha-se muito pelo que pouco ou nada vale, e não se faz caso do que é sumamente necessário, porque o homem inteiramente se entrega às coisas exteriores, e, se prontamente não se recolher, nela descansa com prazer.

Dar é próprio dos apaixonados

O teu talento, a tua simpatia, as tuas condições... perdem-se; não te deixam aproveitá-las. – Pensas bem nestas palavras de um autor espiritual: "Não se perde o incenso que se oferece a Deus. – Mais se honra o Senhor com o abatimento dos teus talentos do que com o seu uso vão". (Caminho, 684)

E, abrindo os seus tesouros, ofereceram-lhe presentes de ouro, incenso e mirra. Detenhamo-nos um pouco para entender este passo do Santo Evangelho. Como é possível que nós, que nada somos e nada valemos, ofereçamos alguma coisa a Deus? Diz a Escritura: toda a dádiva e todo o dom perfeito vem do alto. O homem não consegue descobrir plenamente a profundidade e a beleza dos dons do Senhor: se tu conhecesses o dom de Deus... – responde Jesus à mulher samaritana. Jesus Cristo ensinou-nos a esperar tudo do Pai, a procurar antes de mais o Reino de Deus e a sua justiça, porque tudo o resto se nos dará por acréscimo e Ele conhece bem as nossas necessidades.

Na economia da salvação, o nosso Pai cuida de cada alma com amor e delicadeza: cada um recebeu de Deus o seu próprio dom; uns de um modo, outros de outro. Portanto, podia parecer inútil cansarmo-nos, tentando apresentar ao Senhor algo de que Ele precise; dada a nossa situação de devedores que não têm com que saldar as dívidas, as nossas ofertas assemelhar-se-iam às da Antiga Lei, que Deus já não aceita: Tu não quiseste os sacrifícios, as oblações e os holocaustos pelo pecado, nem te são agradáveis as coisas que se oferecem segundo a Lei.

Mas o Senhor sabe que o dar é próprio dos apaixonados e Ele próprio nos diz o que deseja de nós. Não lhe interessam riquezas, nem frutos, nem animais da terra, do mar ou do ar, porque tudo isso lhe pertence. Quer algo de íntimo, que havemos de lhe entregar com liberdade: dá-me, meu filho, o teu coração. Vedes? Se compartilha, não fica satisfeito: quer tudo para si. Repito: não pretende o que é nosso; quer-nos a nós mesmos. Daí – e só daí – advêm todas as outras ofertas que podemos fazer ao Senhor. (Cristo que passa, 35)

São Josemaría Escrivá

«Hoje, Senhor, revelaste o Teu Filho único às nações» (Colecta)

Levanta-te e resplandece, Jerusalém, que está a chegar a tua luz (Is 60,1). Abençoada sejas, Luz «vinda em nome do Senhor»! «O Senhor é Deus; Ele tem-nos iluminado!» (Sl 118,26-27). Pela Sua benevolência, este dia santificado pela iluminação da Igreja brilhou sobre nós. É por isso que Te damos graças, «Luz verdadeira que, ao vir ao mundo, a todo o homem ilumina» (Jo 1,9), e que foi precisamente para isso que vieste ao mundo, tomando forma humana. Ela resplandece sobre Jerusalém, nossa mãe (cf Gl 4,26), mãe de todos os que mereceram ser iluminados; e ilumina, desde agora, todos os que estão no mundo. Damos-Te graças, Luz verdadeira: fizeste-Te Luz para iluminar Jerusalém e para que o Verbo, a Palavra de Deus, Se tornasse «farol para os meus passos» (Sl 119,105). [...] Ela não foi apenas iluminada: foi «colocada sobre um candelabro» de ouro maciço (Mt 5,15; Ex 25,31). Ei-la que se tornou «uma cidade situada sobre um monte» (Mt 5,14) [...] para que o Seu Evangelho brilhe em toda a extensão dos impérios do mundo. [...]

Ó Deus, Tu que iluminas todas a nações, para Ti cantámos: «o Senhor virá e iluminará os olhos dos Seus servos». Agora vieste, ó minha Luz: «Ilumina os meus olhos para não adormecer na morte» (Sl 13,4). [...] Tu vieste, Luz dos crentes, e hoje deste-nos a alegria de sermos iluminados pela fé, que é a nossa lâmpada. Dá-nos ainda e sempre a alegria de ver iluminar-se em nós aquilo que continua a ser trevas. [...]

Eis o caminho que tens de tomar, alma fiel, para chegar à pátria onde «as trevas tornar-se-ão como o meio-dia» (Is 58,10) e a «noite será [...] brilhante como o dia» (Sl 139,12). E «quando vires isto, ficarás radiante de alegria; o teu coração palpitará e se dilatará» quando a terra se encher da majestade da luz infinita e a «Sua glória aparecer sobre ti» (Is 60,5.2). [...] «Vinde, [...] caminhemos à luz do Senhor» (Is 2,5). Então, «como filhos da Luz», caminharemos «de glória em glória, pelo Senhor que é Espírito» (2Co 3,18).

Beato Guerric d'Igny (c. 1080-1157), abade cistercience
3º Sermão para a Epifania

O Evangelho de Domingo dia 6 de janeiro de 2013 (Solenidade da Epifania do Senhor)

Tendo nascido Jesus em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes, eis que uns Magos vieram do Oriente a Jerusalém, dizendo: «Onde está o rei dos Judeus, que acaba de nascer? Porque nós vimos a Sua estrela no Oriente e viemos adorá-l'O». Ao ouvir isto, o rei Herodes turbou-se, e toda a Jerusalém com ele. E, convocando todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Messias. Eles disseram-lhe: «Em Belém de Judá, porque assim foi escrito pelo profeta: “E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre as principais cidades de Judá, porque de ti sairá um chefe que apascentará Israel, Meu povo”». Então Herodes, tendo chamado secretamente os Magos, inquiriu deles cuidadosamente acerca do tempo em que lhes tinha aparecido a estrela; depois, enviando-os a Belém, disse: «Ide, informai-vos bem acerca do Menino, e, quando O encontrardes, comunicai-mo, a fim de que também eu O vá adorar». Tendo ouvido as palavras do rei, eles partiram; e eis que a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles, até que, chegando sobre o lugar onde estava o Menino, parou. Vendo novamente a estrela, ficaram possuídos de grandíssima alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, Sua mãe, e, prostrando-se, O adoraram; e, abrindo os seus tesouros ofereceram-Lhe presentes de ouro, incenso e mirra. Em seguida, avisados em sonhos por Deus para não tornarem a Herodes, voltaram para a sua terra por outro caminho.

Mt 2, 1-12

Ideologia de género destroça a família, alerta Bispo de Córdoba

O Bispo de Córdoba (Espanha), D. Demetrio Fernández, alerta que "a ideologia de género destroça a família, rompe todo laço do homem com Deus através de sua própria natureza", como é o sexo com o que se nasce, "coloca o homem por cima de Deus, e então Deus já não é necessário para nada, e temos que prescindir d’Ele, porque Deus é um obstáculo para a liberdade do homem".

Assim o manifesta o Bispo em carta semanal, publicada pela Europa Press (em 2013), e na qual faz uma alusão à frase de Simone de Beauvoir (1908-1986), esposa de Jean Paul Sartre: "Não se nasce mulher: torna-se.", que, a seu ver, "expressa que o sexo é aquilo que a pessoa decide ser", de modo que "já não valeriam as ecografias que detectam o sexo da pessoa antes de nascer".

Deste modo, lamenta que embora a ecografia diga "claramente que é menina, o que vale é o que o sujeito decida", de maneira que "se quer ser homem, pode sê-lo, embora tenha nascido mulher" e vice-versa.

Também acrescenta que "ao serviço desta ideologia existe uma série de programas formativos, médicos ou escolares, que buscam fazer com que todo mundo mentalize esta ideologia, causando um enorme dano na consciência das crianças, adolescentes e jovens".

Neste sentido, considera que "a ideologia de género não respeita em nada a própria natureza na qual Deus deixou inscrita sua marca: sou varão, sou mulher, por natureza. Aceito-o e o vivo com alegria e com gratidão ao Criador".

E é que, "relacionar com a natureza e, portanto com Deus, minha identidade sexual é uma escravidão da qual a pessoa tem que liberar-se", segundo esta ideologia "errada", como sublinha D. Fernández.

Um feminismo "radical" que se estende nas escolas

Do mesmo modo, o Bispo aponta que desta ideologia vem "um certo feminismo radical, que rompe com Deus e com a própria natureza, tal como Deus a fez". Um feminismo, segundo ele, que "vai se estendendo implacavelmente, inclusive nas escolas".

Além disso, D. Demetrio indica que "a Igreja católica é odiada pelos promotores da ideologia de género, mas precisamente porque se opõe rotundamente a isto".

E, entretanto, adiciona, "uma das realidades mais bonitas da vida é a família", segundo sua "estrutura originária, onde existe um pai e uma mãe, porque há um homem e uma mulher, iguais em dignidade, distintos e complementares", e igualmente "onde há filhos, que brotam naturalmente do abraço amoroso dos pais", ao que acrescenta que "Deus quer o bem do homem, e por isso inventou a família".

Assim, embora a ideologia de género "tente destruir" a família, "a força da natureza e da graça é mais potente que a força do mal e da morte".

Por isso, considera que "a família precisa da redenção de Cristo, porque Herodes continua vivo, e não mata somente os inocentes no seio materno, mas também tenta mentalizar nossas crianças, adolescentes e jovens com esta ideologia, querendo fazer com que vejam que há outros tipos de família".

Entretanto, o Bispo de Córdoba acredita que "é ocasião para pedir pelas famílias que atravessam dificuldades, para dar uma mãozinha às famílias que tenho por perto e cujas necessidades não são somente materiais, mas às vezes de sofrimentos por conflitos de todo tipo", ao tempo que assegura que "só na família, tal como Deus a instituiu, encontra o homem seu pleno desenvolvimento pessoal e, portanto, a felicidade de seu coração".

Para D. Demetrio, "na família está o futuro da humanidade, na família que responde ao plano de Deus".

(Fonte: ‘ACI Digital’ com adaptação de JPR)

Papa preside a missa no dia de Reis e ordena quatro bispos

Consagração de Paulo e
Barnabé - Cesare Matiani
Lista dos novos prelados inclui secretário particular de Bento XVI

O Papa vai presidir este domingo a uma missa na solenidade litúrgica da Epifania, popularmente conhecida como Dia de Reis, e ordenar quatro bispos, incluindo o seu secretário particular, D. Georg Gäenswein.

A cerimónia tem início marcado para as 09h00 locais (menos uma em Lisboa), na Basílica de São Pedro, Vaticano.

O futuro arcebispo alemão, de 56 anos, vai ocupar o cargo de prefeito da Casa Pontifícia.

Durante a cerimónia, seguindo a tradição, vai ser anunciada a data da Páscoa deste ano (31 de março) e as festas litúrgicas que lhe estão associadas, como o dia de cinzas (13 de fevereiro), no início da Quaresma, bem como o início do tempo do Advento (1 de dezembro), que antecede o Natal.

A Epifania, palavra de origem grega que significa ‘brilho’ ou ‘manifestação’, celebra-se sempre a 6 de janeiro nos países em que é feriado civil, coincidindo este ano com o domingo.

Sobre o episódio da adoração dos magos, que marca várias tradições deste dia, Bento XVI escreve no seu último livro, «A Infância de Jesus», que estes foram movidos por uma “inquietação interior” que os fez pôr-se a caminho e classifica estas personagens como “antecessores, precursores, indagadores que desafiam os tempos”.

A obra debate a existência da “estrela” que é referida na Bíblia e, a esse respeito, Papa cita autores bíblicos, teólogos da antiguidade, tábuas cronológicas chinesas, Kepler e outros astrónomos antes de afirmar que “a grande conjunção de Júpiter e Saturno no signo zodiacal de Peixes, nos anos 7-6 a.C. parece ser um facto confirmado”.

“Aquilo que na grande perspetiva da fé é uma estrela de esperança, na perspetiva da vida quotidiana constitui inicialmente apenas causa de transtorno, motivo de preocupação e temor. É que Deus perturba a nossa comodidade diária”, acrescenta, numa análise teológica sobre o fenómeno astronómico.

Bento XVI afirma que estes relatos evangélicos abordam acontecimentos históricos que foram “teologicamente interpretados pela comunidade judaico-cristã” e pelo evangelista Mateus, precisando que essa é também a sua “convicção”.

OC / Agência Ecclesia

Vídeos em espanhol e inglês

Obrigado por Ti querido Jesus...

... pois sem Ti não saberia viver a Caridade, a Esperança e a Fé em Ti, que és um só Deus em unidade com o Pai e o Espírito Santo.

S. Josemaría Escrivá nesta data em 1934

Escreve: “Sofres... e não quererias queixar-te. – Não faz mal que te queixes (é a reacção natural da nossa pobre carne), enquanto a tua vontade quiser em ti, agora e sempre, o que Deus quiser”.


(Fonte: http://www.pt.josemariaescriva.info/artigo/5-1-5)

Maria a Bem-aventurada ao serviço do Senhor

Retábulo Santuário Torreciudad
«Maria sabe (…), ao louvar no Magnificat os grandes feitos de Deus nela, feitos, que de então em diante, serão reconhecidos por todas as gerações de tal forma que ela, Maria, se dita pura e simplesmente a Bem-aventurada.
(…)
Mas será difícil encontrar nela os traços de mulher lutadora: ela vive inteiramente para o serviço de seu Filho e deve deixá-lo dispor dela, como ele quer e é necessário. Um tal serviço é, contudo, coisa de todas as épocas cristãs, como quer que nelas a imagem da mulher se vá transformando.»

(Hans Urs von Balthasar in ‘Maria primeira Igreja’ – Joseph Ratzinger e Hans Urs von Balthasar)

Permitam-me que compartilhe, convosco uma outra visão a que associo Nossa Senhora, vejo-a como uma mulher culta, diria mesmo de grande cultura, não só pelo conhecimento da lei moisaica, mas sobretudo por ter contextualizado o seu SIM na Anunciação colocando-se imediatamente ao dispor do Senhor, por ter tido a percepção, e nisso realmente o elemento feminino é extraordinário, durante as Bodas de Caná que havia chegado o momento de Jesus Cristo se manifestar publicamente e por ter sido o elemento aglutinador de todos os discípulos do Senhor após a Sua morte e Ressurreição mantendo-os unidos até ao Pentecostes.

Além do dogma da Assunção, que vivemos com intenso amor filial, dela mais nada sabemos após o Pentecostes (At 1,14 – 2,1), a não ser que dos seus exemplos retirámos extraordinárias lições, nomeadamente que através dela temos um acesso garantido e sólido a seu Filho, saibamos pois “usar e abusar” da sua maternal disponibilidade.

JPR

«Vereis o Céu aberto»

Guilherme de Saint-Thierry (c. 1085-1148), monge beneditino, depois cisterciense 
Orações meditativas, VI, 5-7; SC 324


Se basta que dois ou três estejam reunidos em Teu nome neste mundo para Tu estares no meio deles (Mt 18,20) [...], que dizer desse local onde reuniste todos os santos que selaram a Tua aliança com um sacrifício e que se tornaram como os céus que proclamam a Tua justiça? (Sl 49,5-6).

O Teu discípulo bem-amado não foi o único a encontrar o caminho que vai dar aos céus; não foi só a ele que foi mostrada uma porta aberta no céu (Ap 4,1). Com efeito, Tu próprio declaraste a todos; «Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim estará salvo» (Jo 10,9). Tu és a porta e, conforme acrescentas a seguir, ela abre-se a todos os que querem entrar.

Mas de que nos serve ter uma porta aberta no céu, a nós que estamos na terra, se não tivermos forma de a ela ascender? Responde-nos São Paulo: «que quer dizer este “subiu”, senão que também desceu às regiões inferiores da terra?» (Ef 4,9) E quem foi que subiu e desceu? Foi o Amor. Com efeito, Senhor é o amor do nosso coração que ascende até Ti, porque foi o Teu amor que desceu até nós. Porque nos amaste, desceste até nós; amando-Te, nós podemos ascender até Ti. A Ti que disseste «Eu sou a porta», peço-Te que Te abras diante de nós! Veremos então com maior clareza de que morada és a porta, e quando e a quem a abres.


(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 5 de janeiro de 2013

No dia seguinte, Jesus resolveu ir à Galileia. Encontrou Filipe e disse-lhe: «Segue-Me». Filipe era de Betsaida, pátria de André e de Pedro. Filipe encontrou Natanael e disse-lhe: «Encontrámos Aquele de Quem escreveu Moisés na Lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José». Natanael disse-lhe: «De Nazaré pode porventura sair coisa que seja boa?». Filipe disse-lhe: «Vem ver». Jesus viu Natanael, que vinha ter com Ele, e disse dele: «Eis um verdadeiro israelita em quem não há fingimento». Natanael disse-lhe: «Donde me conheces?». Jesus respondeu-lhe: «Antes que Filipe te chamasse, Eu te vi, quando estavas debaixo da figueira». Natanael respondeu: «Mestre, Tu és o Filho de Deus, Tu és o Rei de Israel». Jesus respondeu-lhe: «Porque te disse que te vi debaixo da figueira, acreditas?; verás coisas maiores que esta». E acrescentou: «Em verdade, em verdade vos digo, vereis o céu aberto e os anjos de Deus subir e descer sobre o Filho do Homem».

Jo 1, 43-51