quarta-feira, 10 de outubro de 2012

A Fé segundo um reconvertido há poucos anos

A Fé é a chave da porta nossa alma de onde depois brota em louvor e gratidão, resulta da evangelização que se recebeu anteriormente e da nossa disponibilidade para a abraçar, podemos renegá-la durante décadas e um dia ter a alegria de a redescobrir, no fundo é como o andar de bicicleta, uma vez que aprendamos nunca mais se esquece.

Então perguntar-se-á, mas o que é preciso para ter Fé, diria que em primeiro lugar a humildade da entrega e confiança em Deus, vendo Nele a fonte de todo bem, o que vemos e o que sentimos como graças recebidas e depois ler-se e meditarem-se as Sagradas Escrituras. Também vos confesso que vermos o bom exemplo dos dirigentes da Igreja é um tónico muito importante, pessoalmente foi João Paulo II, mas hoje quem se despir de preconceitos encontrará em Bento XVI um referencial extraordinário além de um Bom Pastor ou então nos testemunhos de vida dos Santos e Santas. É certo, que ocorrências graves como os abusos sexuais podem abalar por muitos e muitos anos a Fé de muita gente, mas também é certo que se nos conseguirmos abstrair da mediatização que estas situações têm, encontramos tantos e tantos exemplos de entrega ao próximo que nos fazem ver neles autêntico e bons filhos de Deus e que o bem feito por muitos é infinitamente superior ao mal produzido por minorias.

Ah, mas eu não acredito em Deus, dirão alguns. A esses peço-lhes que façam um exame de consciência e pergunto-lhes se os seus deuses não serão os carros, os ídolos do desporto, o seu clube, o consumo obsessivo de horas de televisão, os telemóveis, a moda, a internet, etc., etc.. Não vêem que estão a consumir demasiadas horas da vossa vida sem oferecer nada ao mundo? Não que se sugira que se viva em clausura, salvo se para tal nos sentirmos chamados, pelo contrário, bem ativos e participativos no meio da sociedade sempre ambicionando fazer e dar mais pelo próximo, mas comedidos para não nos tornarmos escravos de bens e situações materiais.

A Fé cultiva-se na nossa alma e à medida que vai crescendo em nós, sentimo-nos mais livres e mais disponíveis para Deus e aqueles que nos rodeiam. Cheios dela enfrentamos melhor as dificuldades e aceitamos as contrariedades e os desígnios de Deus, pois estamos armados com a melhor arma a que um ser humano pode ambicionar. Mas atenção, nunca nos contentemos com a muita ou pouca Fé que temos, porque no dia em que assim fizermos, já a estamos deixar-se desvanecer dentro de nós, há portanto que cultiva-la e regá-la diariamente com a oração de súplica para que nos seja concedida a graça e de a ver aumentada e consolidada.

Finalmente, creio ser absolutamente necessária a bondade, para não nos deixarmos assediar pela soberba, instrumento das trevas, para sabermos ver mais além do que está à frente do nosso nariz, no fundo para aceitarmos que mesmo o que de mal nos possa suceder, sendo da vontade Deus, só pode ser bom e nós é que ainda não descortinámos como.

Aproveitemos pois o Ano da Fé para crescermos espiritualmente para Deus e para o próximo.

JPR

O Ano a Fé abrigados sob o manto da Virgem Maria

Há poucos dias, enviei-vos uma longa carta, sugerindo formas concretas de participar neste Ano, por isso não me detenho mais neste ponto. Só insisto em que passemos estes meses muito perto da nossa Mãe, a Virgem Maria, abrigados sob o seu manto. Não esqueçamos que precisamente a 11 de outubro de 1943, na altura festa da Maternidade divina de Maria, a Obra recebeu o nihil obstat, a primeira aprovação da Santa Sé.
(…)
A convocatória do Papa, com a Carta Apostólica Porta fidei, há-de traduzir-se num tempo especial que estruture a vida de todos os filhos de Deus, pelo fortaleci­mento dos nossos desejos de santidade e pela expansão apostólica que o Senhor quer que se implemente. Sugiro-vos que confieis estas intenções à intercessão do Beato João Paulo II, cuja memória litúrgica se celebra no próximo dia 22.
 
(D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei na carta do mês de outubro de 2012)

Cientista do CERN e mineiro resgatado no Chile juntam-se a Bento XVI para inaugurar Ano da Fé

Uma cientista do Centro Europeu de Investigação Nuclear (CERN) e um dos 33 mineiros chilenos resgatados em outubro de 2010 vão estar no Vaticano esta quinta-feira para celebrar com Bento XVI o início do Ano da Fé.
 
A presença de Fabiola Gianotti, porta-voz da experiência ATLAS (uma das equipas a trabalhar na busca do bosão de Higgs), e Luis Alberto Urzúa Iribarren foi hoje anunciada pela sala de imprensa da Santa Sé, ao antecipar o programa da cerimónia marcada para as 10h00 (menos uma em Lisboa), na Praça de São Pedro, que assinala os 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II (1962-1965).
 
O mineiro vai ser um dos trabalhadores presentes para receber uma cópia da mensagem que Paulo VI (1897-1978) dirigiu no final desse Concílio, gesto que vai ser repetido junto de representantes do mundo da ciência e do pensamento, governantes, artistas, mulheres, jovens, pobres e doentes.
 
“Misturam-se personalidades conhecidas com crentes do mundo inteiro que representam situações emblemáticas do empenho da fé”, explicou o presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, D. Rino Fisichella.
 
A celebração vai contar com a presença dos participantes no Sínodo, nos quais se incluem os portugueses D. Manuel Clemente, bispo do Porto, e D. António Couto, bispo de Lamego, bem como dos presidentes das Conferências Episcopais, entre eles D. José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa.
 
O Papa convidou ainda os 70 participantes no Concílio Vaticano II que ainda se encontram vivos (incluindo D. Eurico Dias Nogueira, arcebispo emérito de Braga), mas em função da idade avançada e da precária de saúde de muitos apenas 14 vão poder estar presentes.
 
D. Rino Fisichella sublinhou que a abertura do Ano da Fé, convocado por Bento XVI, no mesmo dia do 50.º aniversário do início do Concílio Vaticano II proporciona a “oportunidade de regressa ao acontecimento que marcou de forma determinante a vida da Igreja no século XX”.
 
Ainda na quinta-feira vai ser assinalado o 20.º aniversário do Catecismo da Igreja católica, pelo que o Papa vai entregar uma cópia do mesmo, numa edição especial publicada para o Ano da Fé (outubro de 2012-novembro de 2013), a representantes dos catequistas.
 
OC/Agência Ecclesia

O Concílio Vaticano II cuidou de reformular a relação da Igreja com a idade moderna, para melhor propor o Evangelho

Na audiência geral desta quarta-feira, 10 de Outubro, véspera da celebração dos 50 anos da abertura do Concílio Ecuménico Vaticano II, com o início do Ano da Fé, Bento XVI dedicou a sua costumada catequese precisamente ao Concílio, do qual – recordou – foi testemunha pessoal.
  
“Para mim foi uma experiência única: depois de todo o fervor e entusiasmo da preparação, pude ver uma Igreja viva – quase três mil Padres conciliares de todas as partes do mundo reunidos sob a guia do Sucessor do Apóstolo Pedro – que se põe à escuta do Espírito Santo, o verdadeiro motor do Concílio. Raras vezes na história se pôde, como então, tocar concretamente a universalidade da Igreja…”
 
Bento XVI recordou, fazendo sua, a afirmação de João Paulo II, no limiar do terceiro: “Sinto mais do que nunca o dever de propor o Concílio como a grande graça de que a Igreja beneficiou no século XX: nele se oferece uma bússola segura para nos orientar no caminho do século que se abre”. “Parece-me eloquente esta imagem. Os documentos do Concílio Vaticano II, a que há que regressar, libertando-os de uma massa de publicações que frequentemente, em vez de os dar a conhecer, os esconderam, são, também para o nosso tempo, uma bússola que permite à nave da Igreja avançar pelo mar dentro, no meio de tempestades ou com ondas calmas e tranquilas, para navegar com segurança e chegar à meta”.
 
O Papa recordou que na história da Igreja, em geral os Concílios Ecuménicos foram convocados para definir elementos fundamentais da fé, corrigindo erros que a punham em perigo. No caso do Concílio Vaticano II, não havia especiais questões de doutrina ou de disciplina a esclarecer. Daí a grande surpresa que suscitou inicialmente o anúncio do Concílio. A primeira questão foi, portanto, clarificar que tarefa precisa iria ter. O Beato João XXIII deu, no discurso de abertura, há 50 anos, uma indicação geral:
“O Papa desejava que a Igreja refletisse sobre a sua fé, sobre as verdades que a guiam. Mas desta série e aprofundada reflexão sobre a fé, haveria de delinear de modo novo a relação entre a Igreja e a idade moderna, entre o Cristianismo e certos elementos essenciais do pensamento moderno, não para se conformar com ele, mas para apresentar a este nosso mundo, que tende a afastar-se de Deus, a exigência do Evangelho em toda a sua grandeza e em toda a sua pureza”. 
 
Para além desta catequese mais desenvolvida, em italiano, Bento XVI sintetizou em diferentes línguas, o essencial do seu pensamento. Estas as palavras pronunciadas em português: 
 
Queridos irmãos e irmãs,
Amanhã, estaremos celebrando os 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II e o início do Ano da Fé. Hoje, queria refletir sobre a importância que este Concílio teve na vida da Igreja, um evento do qual fui uma testemunha direta. Foi uma oportunidade de ver uma Igreja viva: quase três mil Padres conciliares vindos de todas as partes do mundo, reunidos sob a guia do Sucessor do Apóstolo Pedro; era possível quase tocar de modo concreto a universalidade da Igreja. O Concílio Vaticano II, ao contrário dos Concílios precedentes, não foi convocado para definir elementos fundamentais da fé, corrigindo erros doutrinais ou disciplinares, mas tinha como objetivo delinear de um modo novo a relação da Igreja com a idade moderna: não para conformar-se a ela, mas para apresentar a este mundo, que tende a afastar-se de Deus, a beleza da fé em toda a sua grandeza e pureza, para que todos os homens possam conhecer o Evangelho e encontrar o Senhor Jesus, como caminho, verdade e vida. 
 
Saúdo todos os peregrinos de língua portuguesa, especialmente os diversos grupos de brasileiros, com votos de que esta peregrinação vos sirva de estímulo para aprender a redescobrir a cada dia a beleza da fé, para que tenhais uma união sempre mais intensa com Cristo, vivendo plenamente a vossa vocação cristã. Que Deus vos abençoe! Obrigado.
 
Novidade de relevo, nesta audiência geral: pela primeira vez na história a língua o árabe foi também utilizada, tanto na apresentação dos respetivos peregrinos, mas também com a apresentação de uma síntese da catequese papa e mesmo com uma breve saudação de Bento XVI.
  
Esta inovação, que se situa em continuidade com a recente viagem do Papa ao Líbano e a publicação da Exortação Apostólica "Ecclesia in Medio Oriente", corresponde (como afirma numa nota a Sala de Imprensa) ao "desejo do Santo Padre de manifestar assim o seu incessante interesse e o seu apoio aos cristãos do Médio Oriente, recordando a todos o dever de rezarem e de se empenharem pela paz na região."
  
Rádio Vaticano
  
Vídeo em italiano

Imitação de Cristo, 3, 20, 1 - Da confissão da própria fraqueza, e das misérias desta vida

A alma: Confesso contra mim mesmo minha maldade (Sl 31,5), confesso, Senhor, minha fraqueza. Muitas vezes a menor coisa basta para me abater e entristecer. Proponho agir valorosamente, mas assim que me sobrevém uma pequena tentação, vejo-me em grandes apuros. Às vezes é de uma coisa mesquinha que me vem grave aflição. E quando me julgo algum tanto seguro, vejo-me, não raro, vencido por um sopro, quando menos o penso.

Santo, sem oração?

Se não procuras a intimidade com Cristo na oração e no Pão, como podes dá-Lo a conhecer? (Caminho, 105)

Escreveste-me e compreendo-te: "Faço todos os dias o meu 'bocadinho' de oração. Se não fosse isso!...". (Caminho, 106)

Santo, sem oração?!... – Não acredito nessa santidade. (Caminho, 107)

Dir-te-ei, plagiando a frase de um autor estrangeiro, que a tua vida de apóstolo vale o que valer a tua oração. (Caminho, 108)
Desejo que o teu comportamento seja como o de Pedro e o de João: que leves à tua oração, para falar com Jesus, as necessidades dos teus amigos, dos teus colegas... e que depois, com o teu exemplo, possas dizer-lhes "Respice in nos!" – Olhai para mim! (Forja, 36)

O Evangelista S. Lucas conta que Jesus estava a orar... Como seria a oração de Jesus!

Contempla devagar esta realidade: os discípulos têm intimidade com Jesus e, nessas conversas, Nosso Senhor ensina-lhes – também com as obras – como hão-de rezar, e o grande portento da misericórdia divina: que somos filhos de Deus e que podemos dirigir-nos a Ele, como um filho fala com o Pai. (Forja, 71)
Ao acometer cada jornada para trabalhar junto de Cristo e atender tantas almas que o procuram, convence-te de que não há mais do que um caminho: recorrer a Nosso Senhor.

Somente na oração e com a oração aprendemos a servir os outros! (Forja, 72)

São Josemaría Escrivá

“DAR À LUZ” A PRÓPRIA LUZ!

Neste fim-de-semana a paróquia da Marinha Grande, (a minha paróquia), celebrou e festejou a sua Padroeira, Nossa Senhora do Rosário.

Foram momentos cheios de sentido comunitário sobretudo nas celebrações litúrgicas, que encheram por completo a igreja matriz da Marinha Grande.

Não quero fazer aqui uma reportagem das festas, mas sim salientar entre muitas palavras ditas, sentidas e vividas, uma frase da homilia do Padre Armindo Ferreira, pároco da Marinha Grande, na Missa de Sexta feira à noite, como preparação e inicio das festividades.

Disse ele, (não sei se sou inteiramente fiel às suas palavras, mas sem dúvida ao sentido das mesmas), falando de Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe, e estabelecendo um paralelo connosco fiéis ao encontro de Jesus Cristo:
«Com o nosso sim, com o sim de cada um, também nós “damos à luz”, Jesus Cristo, nosso Senhor.»

Explicou ele depois o alcance das suas palavras, mas nessa altura, (mea culpa), já o meu coração e a minha mente se tinham deixado envolver por aquela frase e “partiam à desfilada” na procura de todo o sentido e paralelismo que daquelas palavras me era dado retirar.

Obviamente que Maria, pela graça do Espírito Santo, gerou Jesus Cristo no seu ventre e verdadeiramente o deu à luz naquela gruta em Belém.
Para isso foi preciso o seu sim, um sim que a levou para além das coisas do mundo tão difíceis naquele tempo para uma jovem virgem, (ainda não “formalmente” casada), um sim que a levou até ao fim, até dar à luz a própria Luz.

E é curioso este trocadilho, (se assim lhe posso chamar), entre o “dar à luz” e a própria Luz, que é Jesus Cristo, o Senhor.

Com efeito, se acreditamos e abrimos o nosso coração à presença de Jesus Cristo, também Ele habita em nós, e se habita em nós somos levados a dar testemunho da Sua presença, temos de “dar à luz”, ou seja, abrirmo-nos aos outros para que também eles possam ver a Luz que, pela graça de Deus, está “dentro” de nós.

Daí percebermos que o nosso sim a Jesus Cristo, é um sim pessoal, mas também e sempre colectivo, porque se a Luz que está em nós, não for também Luz para os outros, acaba por estiolar e apagar-se irremediavelmente.
Assim como a mulher grávida não pode guardar o seu filho dentro de si e tem que o dar à luz, também nós não podemos, se dissemos sim, guardar a Luz dentro de nós sem a reflectir para os outros.

Quase temo escrever a frase que me veio ao coração, mas escrevo-a na mesma: “grávidos de Deus.”

É, no entanto, uma “gravidez” diferente, porque nós pertencemos a Deus, mas estando com Ele, também Ele nos pertence.
A mãe alimenta o seu filho na gravidez, nós alimentamo-nos de Deus, em Igreja, em nós e nos outros

Mãe e filho, na gravidez, pertencem-se de tal modo e tão intimamente, que se pudéssemos interrogar o filho no ventre da mãe, ele diria que toda a sua confiança e esperança, residem na sua própria mãe.
Isso mesmo me leva a desejar que a minha relação com Deus seja também essa união intima e totalmente dependente, “grávido de Deus”, mas agora na minha dependência para com Ele, abandonando-me totalmente à sua vontade.

E depois a mãe tem todo o orgulho, (um orgulho são e grato), em mostrar a toda a gente o filho que lhe nasceu, e não poupa palavras, elogios e gestos para o dar a conhecer aos outros.
E isso leva-nos a pensar se nós, tendo Jesus Cristo em nós, também temos todo o orgulho e gratidão em mostrá-Lo aos outros e d’Ele falarmos com as mais belas palavras e gestos que o Espírito Santo nos inspirar.

Dar à luz a própria Luz, foi prerrogativa de Maria no Natal de Jesus, mas também ao longo de toda a sua vida em que humildemente estendeu o seu sim à vontade de Deus, dando testemunho da Luz que guardava no seu coração.
«Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração.» Lc 2, 51

Também nós podemos, e mais que podemos, devemos, “dar à luz”, a Luz que pela graça da Fé em nós vive e é vida.

Monte Real, 8 de Outubro de 2012

Joaquim Mexia Alves AQUI

Gratidão

«Este é o vosso dever: dar graças a Deus nas vossas orações, tanto pelos benefícios que estais conscientes de ter recebido, como pelos que tendes recebido de Deus sem o saber».

(Homilia sobre Col, ad loc. – São João Crisóstomo)

Agradeço-Te Senhor no dia de hoje em particular, pele enorme alegria que trouxeste à minha família neste mesmo dia no ano da 1991, sobretudo ao meu filho, que hoje celebra também o seu 40º aniversário natalício e pelo qual Te estou igualmente profundamente grato.
 
A Tua graça e bondade quiseram que descesse sobre o meu filho a Tua bênção e protecção.

Obrigado meu Deus e meu Senhor!

JPR

S. Josemaría Escrivá nesta data em 1964

Paulo VI entrega-lhe uma carta manuscrita e oferece-lhe um cálice igual a outro que presenteara ao Patriarca Atenágoras. Ao comentar o carinho que o Papa tem a todos os seus filhos, acrescenta: “Também a mim que sou o mais indigno e não mereço nada”

(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)

«Rezai, pois, assim: 'Pai Nosso'»

Santa Teresinha do Menino Jesus (1873-1897), carmelita, doutora da Igreja 
 
Manuscrito autobiográfico C, 25 r°-v° Fora do serviço divino, que sou muito indigna de recitar, não tenho coragem para me obrigar a procurar nos livros belas orações; isso faz-me doer a cabeça, há tantas..., e todas tão belas, tanto umas como as outras...
 
Não quereria, contudo, a minha Madre, que pensásseis que recito sem devoção as orações feitas em comum no coro ou nas ermidas. Pelo contrário, gosto muito das orações em comum, pois Jesus prometeu estar no meio daqueles que se reúnem em Seu nome (Mt 18,19-20). Sei que então o fervor das minhas irmãs faz as vezes do meu; mas rezar o terço sozinha (envergonho-me de o confessar) custa-me mais do que pôr um instrumento de penitência... Reconheço que o rezo tão mal! Por mais que me esforce por meditar os mistérios do rosário, não consigo concentrar a atenção... Durante muito tempo desolei-me por essa falta de devoção que me surpreendia, pois amo tanto a Santíssima Virgem que me deveria ser fácil rezar em sua honra orações que lhe são agradáveis. Agora desolo-me menos, pois penso que a Rainha dos Céus, sendo minha Mãe, verá a minha boa vontade e contentar-se com ela.
 
Algumas vezes, quando o meu espírito está numa secura tão grande que me é impossível arrancar-lhe algum pensamento para me unir a Deus, recito muito devagarinho um Pai Nosso e depois a saudação angélica [«Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo.» Lc 1,28]. Então estas orações encantam-me, alimentam muito mais a minha alma do que se as tivesse recitado precipitadamente uma centena de vezes...

Oração

Desde que a humanidade existe, as pessoas rezam. Sempre e em toda a parte têm tido consciência de não estarem sós no mundo, de que há Alguém que as escuta.
  
Sempre têm tido consciência de precisarem de um Outro que é maior do que elas, e de que precisam esforçar-se por alcançá-lo se quiserem que a sua vida seja o que deve ser.
Mas o rosto de Deus sempre esteve velado, e só Jesus nos mostrou a sua verdadeira face: quem o vê, vê o Pai (cfr. Jo 14, 9).

Se, por um lado, é natural que rezemos (que peçamos no momento da necessidade e agradeçamos no momento da alegria), por outro experimentamos também a nossa incapacidade de orar e de falar com um Deus oculto: Não sabemos pedir o que nos convém, diz São Paulo (Rom 8, 26). Portanto, sempre deveríamos dizer ao Senhor, como os discípulos: Senhor, ensina-nos a orar (Lc 11, 1). 

O Senhor ensinou-nos o Pai-Nosso como modelo de autêntica oração, e deu-nos uma Mãe, a Igreja, que nos ajuda a rezar. A Igreja recebeu um enorme tesouro de orações da Sagrada Escritura, e ao longo dos séculos surgiram também, dos corações dos fiéis, inúmeras orações que nos permitem renovar sempre o modo como nos dirigimos a Deus. Rezando com a nossa Mãe, a Igreja, aprendemos a rezar.

(Cardeal Joseph Ratzinger em Introdução a ‘Chi prega se salva’, 30Giomi, Roma, 18.02.2005)

COMO ORAR de Joaquim Mexia Alves

Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para satisfazer os vossos prazeres. Tg 4, 3
 
Ensina-nos São Tiago na sua Carta que não recebemos o que pedimos em oração, porque não sabemos pedir, ou seja, porque pedimos aquilo que julgamos ser bom para nós e não aquilo que Deus quer e é bom para nós.
Também, porque a maior parte das vezes o que pedimos é para satisfazer os nossos desejos, os nossos caprichos.
 
Somos, ainda, muitas vezes egoístas a pedir, quer dizer, centramo-nos no “eu”, em vez de nos centrarmos no “nós”.
Se eu peço alguma coisa que julgo ser boa para mim, porque não a peço para todos os outros também?
Não há uma diferença grande entre, por exemplo, pedir saúde para mim ou para os meus que estão doentes, e pedir saúde para todos os doentes?
 
E quem sabe melhor, o que é melhor para mim? Eu ou Deus?
 
Na sua Palavra o Senhor ensina-nos de muitas formas a rezar, a pedir, por isso basta fazermos, basta rezarmos, como a sua Palavras nos ensina.
 
Encontrando-se Jesus numa das cidades, apareceu um homem coberto de lepra. Ao ver Jesus, caiu com a face por terra e dirigiu-lhe esta súplica: «Senhor, se quiseres, podes purificar-me.» Jesus estendeu a mão e tocou-lhe, dizendo: «Quero, fica purificado.» E imediatamente a lepra o deixou. Ordenou-lhe, então, que a ninguém o dissesse; no entanto, acrescentou: «Vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés ordenou, para lhe servir de prova.»
A sua fama espalhava-se cada vez mais, juntando-se grandes multidões para o ouvirem e para que os curasse dos seus males. Mas Ele retirava-se para lugares solitários e aí se entregava à oração. Lc 5, 12-16
 
Reparemos na oração deste «homem coberto de lepra».
 
«Senhor, se quiseres, podes purificar-me.»
 
Em primeiro lugar o homem reconhece Jesus Cristo como Senhor,* reconhece-O como Aquele que está acima dele, de todos e de todas as coisas, e com esse título exprime-Lhe respeito e confiança.
 
Em segundo lugar, e antes de mais qualquer coisa, coloca-se submisso perante a vontade do seu Senhor: «se quiseres».
 
Neste «se quiseres» podemos também perceber para nós uma entrega decidida daquele que ora, à certeza de que aquilo que Deus quer é sem dúvida o mais certo, o melhor para a nossa vida, e que, portanto, seja qual for a resposta de Deus à minha oração, ela é com certeza a melhor resposta para a minha vida.
Como tal, devo dar graças por tudo quanto me for concedido, mesmo que, aparentemente aos meus olhos, nada me tenha sido concedido.
 
Jesus, na sua oração no Monte das Oliveiras, utiliza a mesma expressão, (Lc 22, 42), «se quiseres», e afirma mesmo,«contudo, não se faça a minha vontade mas a tua».
 
Em terceiro lugar o homem acredita, o homem testemunha a sua fé: «podes purificar-me»
 
Não há uma hesitação, não há uma dúvida, não há um “prazo” para que a graça seja concedida, há tão só um forte e decidido: «podes»
E neste «podes» podemos dizer que está tudo dito, pois ao reconhecermos que o Senhor pode, temos de reconhecer também que se a graça que pedimos não é concedida, é porque não serve à nossa vida.
 
Depois, curiosamente, o homem não refere o pedido específico daquilo que pretende, mas apenas diz: «purificar-me»
 
O Senhor sabe o que ele precisa, e ele acredita nisso mesmo, pelo que este «purificar-me» pode ir desde a cura da lepra, até àquilo que é mais importante ainda, e que é a purificação da sua vida de todo o pecado, de todo o mal.
 
Sabendo que naquele tempo a lepra era considerada um “castigo” de Deus, uma impureza, e por isso aqueles que a carregavam eram impuros, então este «purificar-me» significa também que, afastado o pecado, afastado o mal da sua vida, também a doença seria afastada.
 
Já na cura do paralítico, (Lc 5, 17-26), o Senhor perante aquele homem, e «vendo a fé daqueles homens» perdoa-lhe em primeiro lugar os pecados, para depois, como sinal aos incrédulos, o curar também da paralisia.
 
Não devemos então nós, nas nossas orações, fazer pedidos específicos a Deus?
Claro que sim, que os podemos e devemos fazer, mas sempre na ilimitada confiança de que Ele sabe muito melhor o que nós precisamos, e assim sendo, nos concederá só e apenas o que for bom para nós.
 
E se acreditamos que Ele «pode», «se quiser», não podemos deixar de acreditar que, pela nossa oração, Ele nos concederá o que precisamos, mesmo que não seja o que pretendemos, mesmo que não percebamos, naquele momento, a graça que nos concedeu.
 
E assim, em tudo e sempre, devemos dar graças.
 
«sem cessar, dai graças por tudo a Deus Pai, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.» Ef 5, 20
 
«Em tudo dai graças. Esta é, de facto, a vontade de Deus a vosso respeito em Jesus Cristo.» 1 Ts 5, 18
 
Monte Real, 10 de Janeiro de 2012
 
Nota:
 
* Do Catecismo da Igreja Católica:
 
446. Na tradução grega dos Livros do Antigo Testamento, o nome inefável sob o qual Deus Se revelou a Moisés, YHWH, é traduzido por «Kyrios» («Senhor»). Senhor torna-se, desde então, o nome mais habitual para designar a própria divindade do Deus de Israel. É neste sentido forte que o Novo Testamento utiliza o título de «Senhor», tanto para o Pai como também – e aí é que está a novidade – para Jesus, assim reconhecido como sendo Ele próprio Deus.
 
455. O nome de Senhor significa a soberania divina. Confessar ou invocar Jesus como Senhor é crer na sua divindade. «Ninguém pode dizer "Jesus é Senhor", a não ser pela acção do Espírito Santo» (1 Co 12, 3)
 
Joaquim Mexia Alves em http://queeaverdade.blogspot.com/2012/01/como-orar.html

S. Daniel Comboni, presbítero, fundador, †1881

DANIEL COMBONI nasce em Limone sul Garda (Itália) a 15 de Março de 1831. Abre-se ao ideal missionário no Instituto do P. Mazza, em Verona. Em 1849 consagra a sua vida à África. Ordenado sacerdote em 1854, parte três anos depois para o continente africano.

Confiante em que os africanos se tornariam obreiros da própria evangelização, dá vida a um projecto que tem como finalidade Salvar a África com a Africa (Plano de 1864).

Fiel ao lema "África ou morte", apesar das dificuldades prossegue no seu desígnio. Funda, em 1867, o Instituto dos Missionários Combonianos e, em 1872, o das Missionárias Combonianas.

Voz profética, anuncia à Igreja inteira, particularmente na Europa, que chegou a hora da salvação dos povos da África. Por isso, e apesar de ser um simples sacerdote, apresenta-se no Concílio Vaticano I para pedir aos bispos que cada Igreja local se comprometa na conversão da África (Petição, 1870). 

Em 1877 é consagrado bispo da África central.

Consome todas as suas energias pelos africanos e bate-se pela abolição da escravatura. Destroçado pelas canseiras, febres e pelos sofrimentos, morre em Cartum, Sudão, na noite de 10 de Outubro de 1881.

Frutos do carisma comboniano são também as Missionárias Seculares Combonianas (1969) e os Leigos Missionários Combonianos (1993).

Em l7 de Março de 1996, na Basílica de São Pedro, em Roma, João Paulo II proclama-o Beato. Foi canonizado a 5 de Outubro de 2003.

Missionários Combonianos

Seus filhos no Filho

São Cipriano (c. 200-258), bispo de Cartago, mártir 
A Oração do Senhor, 9-11; PL 4, 520ss.


Como são numerosas e intensas as riquezas da oração do Senhor! São coligidas em poucos palavras, mas de uma densidade espiritual inesgotável, a ponto de nada faltar neste resumo perfeito do que deve constituir a nossa oração. Está escrito: «Orai assim: Pai Nosso, que estais nos céus».

O homem novo, que nasceu de novo e foi conduzido a Deus pela graça, diz primeiro: «Pai», porque se tornou Seu filho. O Verbo, a Palavra de Deus, «veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam. Mas a quantos O receberam, aos que n'Ele crêem, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus» (Jo 1,11-12). Aquele que acreditou no Seu nome e se tornou filho de Deus deve começar por dar graças e proclamar que é realmente filho de Deus. [...] Mas não basta, irmãos bem-amados, termos consciência de que invocamos o Pai que está nos céus; também acrescentamos: «Pai nosso», ou seja Pai dos que crêem no Seu Filho, dos que se santificaram por Ele e nasceram de novo pela graça espiritual: esses tornaram-se realmente filhos de Deus. [...]

Quão grande é a misericórdia do Senhor, quão grandes são a Sua benevolência e a Sua bondade, para nos permitirem orar assim na presença de Deus, a ponto de Lhe chamamos Pai! Como Cristo é Filho de Deus, assim nós também somos chamados filhos. Nenhum de nós teria ousado empregar esta palavra na oração: foi necessário que o próprio Senhor nos encorajasse a isso.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 10 de outubro de 2012

Estando Ele a fazer oração em certo lugar, quando acabou, um dos Seus discípulos disse-Lhe: «Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos». Ele respondeu-lhes: «Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o Teu nome. Venha o Teu reino. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todos os que nos ofendem; e não nos deixes cair em tentação».

Lc 11, 1-4