quinta-feira, 21 de junho de 2012

Amar a Cristo...

Amado Jesus, certamente não o farão intencionalmente, mas recorrentemente quase sempre que assistimos à Santa Missa fora do templo que regularmente frequentamos, constatamos que nas homilias as Tuas palavras são anunciadas como sendo do evangelista que as transcreveu e o tempo histórico como o da vida destes.

Ajuda a Tua Igreja, querido Jesus Cristo, a melhor formar os seus sacerdotes e a fomentar neles uma constante busca de conhecimento teológico para assim Te anunciar na plenitude da beleza e profundidade dos Teus ensinamentos, que são os do Pai, que falou através de Ti.

Obrigado, Meu Deus e Meu Senhor, pelos Teu sacerdotes cuja opção de vida nos é credora do maior respeito e consideração!

JPR

Imitação de Cristo, 2, 9, 2 - Da privação de toda consolação

Gostamos de ter qualquer consolação, e é penoso ao homem despojar-se de si mesmo. O glorioso mártir São Lourenço venceu o mundo em união com seu pai espiritual, porque desprezou todos os atrativos do século e sofreu com paciência, por amor de Cristo, que o separassem do Supremo Pontífice São Xisto a quem ele muito amava! Assim, com a amor de Deus, ele subjugou o amor da criatura, e ao alívio humano preferiu o beneplácito divino. Daí aprende tu a deixar, às vezes, por amor de Deus, um parente ou amigo querido. Nem tanto te aflijas se te abandonar algum amigo, sabendo que todos, finalmente, nos havemos de separar uns dos outros.

Levai a carga uns dos outros

Diz o Senhor: "Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Nisto se conhecerá que sois meus discípulos". – E São Paulo: "Levai a carga uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo". – Eu não te digo nada. (São Josemaría Escrivá -  Caminho, 385)

Olhando à nossa volta, talvez descobríssemos razões para pensar que a caridade é realmente uma virtude ilusória. Mas considerando as coisas com sentido sobrenatural, descobrirás também a raiz dessa esterilidade, que se cifra numa ausência de convívio intenso e contínuo, de tu a tu, com Nosso Senhor Jesus Cristo, e no desconhecimento da acção do Espírito Santo na alma, cujo primeiro fruto é precisamente a caridade.

Recolhendo um conselho do Apóstolo – levai uns as cargas dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo – acrescenta um Padre da Igreja: amando a Cristo, suportaremos facilmente a fraqueza dos outros, mesmo a daquele a quem ainda não amamos, porque não tem boas obras .

Por aí se eleva o caminho que nos faz crescer na caridade. Enganar-nos-íamos se imaginássemos que primeiro temos de nos exercitar em actividades humanitárias, em trabalhos de assistência, excluindo o amor do Senhor. Não descuidemos Cristo por causa do próximo que está enfermo, uma vez que devemos amar o enfermo por causa de Cristo.

Olhai constantemente para Jesus, que, sem deixar de ser Deus, se humilhou tomando a forma de servo para nos poder servir, porque só nessa mesma direcção se abrem os afãs por que vale a pena lutar. O amor procura a união, a identificação com a pessoa amada; e, ao unirmo-nos com Cristo, atrair-nos-á a ânsia de secundar a sua vida de entrega, de amor sem medida, de sacrifício até à morte. Cristo coloca-nos perante o dilema definitivo: ou consumirmos a existência de uma forma egoísta e solitária ou dedicarmo-nos com todas as forças a uma tarefa de serviço. (São Josemaría Escrivá - Amigos de Deus, 236) 

«Divina eloquia cum legente crescunt»



«As palavras divinas crescem com quem as lê»

(Homilia in Ezechielem 1. 7, 8: CCL 142. 87 [PL 76, 843 D] – São Gregório Magno)

Especial São Paulo - As «Grande Epístolas» - II

Coríntios (1)

De Éfeso, na Primavera do ano 57, dirigiu São Paulo a sua primeira Epístola aos Coríntios. O motim dos ourives obrigou o Apóstolo a abandonar precipitadamente a cidade e, da Macedónia, no Outono do mesmo ano 57, escreveu a segunda carta aos Coríntios. Naquela época, Corinto, encravado no istmo do seu nome, com dois portos, um no mar Egeu e o outro no Jónio, era uma das cidades comerciais mais importantes de todo o Mediterrâneo, onde arribavam barcos de toda a parte. Tinha uma matizada população, onde confluíam variadíssimas religiões, mas era também célebre pela sua degradação moral. Entre outras aberrações estava o culto de Afrodite e as mil «sacerdotisas», dedicadas ao culto da deusa, dentro do qual exerciam a chamada «prostituição sagrada». Estas e outras aberrações morais tinham criado um ambiente muito difícil para a recente cristandade de Corinto. Não obstante, a Providência divina cumulava de graças e carismas esta Igreja, centro de concorrência de tantas gentes.

A primeira Epístola aos Coríntios é muito importante do ponto de vista doutrinal e histórico. Um primeiro tema que o Apóstolo aborda é o da unidade da Igreja e dos Cristãos, por ocasião de certas divisões surgidas entre aqueles neófitos. São Paulo sublinha a necessidade da unidade de todos, o perigo de se deixar levar por gostos meramente humanos, e a obediência que lhe devem os Coríntios pela sua autoridade de Apóstolo e de pai na fé. Censura com energia alguns abusos morais mantidos por uns poucos convertidos, mas tolerados pela comunidade, como é o caso do incestuoso que continua a viver com a madrasta – coisa não estranha naquela sociedade -, e explicita a natureza do matrimónio e da virgindade, com passos que são fundamentais na doutrina cristã sobre estes temas (cap. 7). Continua


(Bíblia Sagrada anotada pela Faculdade de Teologia da Universidade de Navarra – Volume II, edição em língua portuguesa – Edições Theologica – Braga – As Epístolas de São Paulo – pág. 437-438)

Quando o Cardeal Ratzinger escreveu sobre o futebol e o seu impacto

Num artigo publicado em L’Osservatore Romano, com o título "Quando Ratzinger escrevia sobre futebol", recorda-se, por ocasião do Mundial África do Sul 2010 (N. Spe Deus: artigo recuperado atendendo ao Euro 2012 que está a decorrer) , a reflexão do então Cardeal e agora Papa Bento XVI quem em 1985 publicou um texto que aparece no livro Suchen was droben ist (Procurar as coisas do alto).

No texto intitulado "O jogo e a vida: sobre o campeonato mundial de futebol", tirado da revista Humanitas da Pontifícia Universidade Católica do Chile, o então Cardeal assinala que "com sua periodicidade de quatro anos, o Campeonato Mundial de Futebol demonstra ser um acontecimento que cativa centenas de milhões de pessoas".

O agora Papa Bento XVI diz ainda que, em sua opinião, "o fascínio do futebol resulta essencialmente em que (…) obriga o homem acima de tudo a disciplinar-se, de modo que, pelo treino, adquira a domínio sobre si mesmo, por tal domínio a superioridade, e pela superioridade a liberdade".

O futebol, prossegue, ensina-nos "a cooperação disciplinada: como jogo de equipe, o futebol obriga a um ordenamento de si próprio dentro do conjunto. Une através do objectivo comum; o êxito e o fracasso de cada um estão cifrados no êxito e o fracasso do conjunto".

"Finalmente, o futebol ensina um confronto limpo em que a regra comum a que o jogo se submete segue sendo o que une e vincula até na posição de adversários e, além disso, a liberdade do lúdico, quando se desenvolve correctamente, faz que a seriedade do confronto volte a resolver e desemboque na liberdade da partida finalizada".

O agora Santo Padre assinala que fazendo uma simples comparação ao ver um jogo de futebol, "os jogadores passam a ser símbolos da própria vida. Isso mesmo actua retroactivamente sobre eles: sabem, na verdade, que as pessoas se vêem representadas e confirmadas a si mesmas neles".

Após advertir que toda esta aproximação pode "perverter-se por um espírito comercial que submete todo isso à sombria seriedade do dinheiro", o então Cardeal ressalta a importância da liberdade humana que vive "da regra, da disciplina que aprende o actuar em conjunto e o correcto confronto, o ser independente do êxito exterior e da arbitrariedade, e desse modo chega a ser verdadeiramente livre".

"O jogo, uma vida: se aprofundarmos, o fenómeno de um mundo entusiasmado pelo futebol poderá oferecer-nos mais que um mero entretenimento", conclui.

(Fonte: ‘ACI Digital’ com edição e adaptação de JPR)

VERSÃO ORIGINAL NA INTEGRA

«Rezai, pois, assim: "Pai nosso".»

Cardeal Joseph Ratzinger 
Der Gott Jesu Christi

Sem Jesus, não sabemos verdadeiramente o que é um «Pai». Foi na oração de Jesus que isto se tornou claro, e esta oração pertence-Lhe intrinsecamente. Um Jesus que não estivesse perpetuamente mergulhado no Pai, que não estivesse em permanente comunicação íntima com Ele, seria um ser totalmente diferente do Jesus da Bíblia e do verdadeiro Jesus da história. A Sua vida parte do núcleo da oração; foi a partir dela que Ele compreendeu Deus, o mundo e os homens. [...]

Surge então outra questão: essa comunicação [...] será também essencial ao Pai que Ele invoca, de tal sorte que também Ele seria diferente se não fosse invocado com este nome? Ou será algo que O aflora, sem Nele penetrar? A resposta é a seguinte: pertence ao Pai dizer «Filho» como pertence a Jesus dizer «Pai». Sem esta invocação, também Ele não seria o que é. Jesus não tem apenas um contacto exterior a Ele; enquanto Filho, Jesus é parte integrante do ser divino de Deus. Antes mesmo de o mundo ter sido criado, Deus já é amor do Pai e do Filho. E, se pode ser nosso Pai e a medida de toda a paternidade, é porque é Pai desde toda a eternidade. Assim, pois, na oração de Jesus é a interioridade do próprio Deus que se torna visível; nós vemos como é Deus. A fé no Deus trinitário não é senão a explicação daquilo que se passa na oração de Jesus. Nesta oração, a Trindade surge com toda a Sua clareza. [...]

Ser cristão significa então participar na oração de Jesus, entrar no Seu modelo de vida, ou seja, no Seu modelo de oração. Ser cristão significa dizer «Pai» com Ele e, desse modo, tornar-se filho de Deus – Deus –, na unidade do Espírito que nos faz ser o que somos, e por isso nos agrega à unidade de Deus. Ser cristão significa olhar o mundo a partir deste núcleo e, através dele, ser livre, cheio de esperança, decidido e confiante.

«Rezai, pois, assim: 'Pai Nosso'»

Santa Teresinha do Menino Jesus (1873-1897), carmelita, doutora da Igreja 

Manuscrito autobiográfico C, 25 r°-v° Fora do serviço divino, que sou muito indigna de recitar, não tenho coragem para me obrigar a procurar nos livros belas orações; isso faz-me doer a cabeça, há tantas..., e todas tão belas, tanto umas como as outras...

Não quereria, contudo, a minha Madre, que pensásseis que recito sem devoção as orações feitas em comum no coro ou nas ermidas. Pelo contrário, gosto muito das orações em comum, pois Jesus prometeu estar no meio daqueles que se reúnem em Seu nome (Mt 18,19-20). Sei que então o fervor das minhas irmãs faz as vezes do meu; mas rezar o terço sozinha (envergonho-me de o confessar) custa-me mais do que pôr um instrumento de penitência... Reconheço que o rezo tão mal! Por mais que me esforce por meditar os mistérios do rosário, não consigo concentrar a atenção... Durante muito tempo desolei-me por essa falta de devoção que me surpreendia, pois amo tanto a Santíssima Virgem que me deveria ser fácil rezar em sua honra orações que lhe são agradáveis. Agora desolo-me menos, pois penso que a Rainha dos Céus, sendo minha Mãe, verá a minha boa vontade e contentar-se com ela.

Algumas vezes, quando o meu espírito está numa secura tão grande que me é impossível arrancar-lhe algum pensamento para me unir a Deus, recito muito devagarinho um Pai Nosso e depois a saudação angélica [«Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo.» Lc 1,28]. Então estas orações encantam-me, alimentam muito mais a minha alma do que se as tivesse recitado precipitadamente uma centena de vezes...

«Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia»

Bem-aventurado João XXIII (1881-1963), Papa 
Discursos, mensagens, colóquios, t.1, Vaticano 1958

Queremos insistir no triplo privilégio desse «pão de cada dia» que os filhos da Igreja devem pedir ao Pai celeste e esperar com confiança na Sua divina providência. Deve ser antes de tudo, o «pão nosso», isto é o pão pedido em nome de todos. «O Senhor», diz-nos São João Crisóstomo, «ensinou-nos, no Pai Nosso, a dirigir a Deus uma oração em nome de todos os nossos irmãos. Quer deste modo que as orações que elevamos a Deus digam respeito, tanto aos interesses do nosso próximo, como aos nossos. Pretende, com isso, combater as inimizades e reprimir a arrogância.»

Ele deve ser, além disso, um pão «substancial» (cf. Mt 6,11 grego), indispensável à nossa subsistência, ao nosso alimento. Mas, se o homem é composto por um corpo, é também composto por um espírito imortal, e o pão que convém pedir ao Senhor não deve ser apenas um pão material. Deve ser, como observa, tão a propósito, esse doutor da Eucaristia que é São Tomás de Aquino, deve ser antes de mais um pão espiritual. Esse pão é o próprio Deus, verdade e bondade a contemplar e a amar; um pão sacramental: o Corpo do Salvador, testemunho e viático da vida eterna.

A terceira qualidade exigida a esse pão não é menos importante que as precedentes. É que seja «único», símbolo e causa da unidade (cf. 1Co 10,17). E São João Crisóstomo acrescenta: «Do mesmo modo que esse corpo está unido a Cristo, assim nos unimos nós por meio deste pão».

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 21 de Junho de 2012

Nas vossas orações não useis muitas palavras como os gentios, os quais julgam que serão ouvidos à força de palavras. Não os imiteis, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes que vós Lho peçais. «Vós, pois, orai assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o Teu nome. «Venha o Teu reino. Seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso supersubstancial nos dá hoje. Perdoa-nos as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores. E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal. «Porque, se vós perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará. Mas, se não perdoardes aos homens, também o vosso Pai não perdoará as vossas ofensas. 

Mt 6, 7-15