segunda-feira, 5 de março de 2012

A chamada à conversão, sendo uma necessidade de cada dia, ressoa de forma mais premente nas semanas que agora começámos. No caminho que conduz à vida eterna, podemos, pessoalmente, desviar-nos um pouco do rumo certo, e de forma quase impercetível. Por isso a Igreja, boa e sábia Mãe, mostra-nos claramente a necessidade de retificar, servindo-se também das orações e leituras da Missa, ensinando cada fiel a converter-se, um dia e outro, em pontos concretos. Se nós, os filhos de Deus, nos esforçamos, por tirar partido desses textos, considerando-os na meditação pessoal,nestes quarenta dias que nos conduzirão à Páscoa de Ressurreição, podemos encontrar nova coragem para aceitar com paciência e com fé todas as situações de dificuldade, de aflição e de prova, conscientes de que o Senhor fará nascer, das trevas, o novo dia[1].

[1] Bento XVI, Discurso na Audiência geral, 22-II-2012.

(D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei, na carta do mês de Março 2011 escrevendo sobre a ‘correcção fraterna’ como tema proposto por Bento XVI para esta Quaresma)

Imitação de Cristo, 1, 13, 3

Nenhum homem está totalmente livre das tentações, enquanto vive, porque em nós mesmos está a causa donde procedem: a concupiscência em que nascemos. Mal acaba uma tentação ou tribulação, outra sobrevém, e sempre teremos que sofrer, porque perdemos o dom da primitiva felicidade. Muitos procuram fugir às tentações, e outras piores encontram. Não basta a fuga para vencê-las; é pela paciência e verdadeira humildade que nos tornamos mais fortes que todos os nossos inimigos.

As almas s​antas têm ​que ser fe​lizes

Contava-te que até pessoas que não receberam o baptismo, me disseram comovidas: "É verdade, eu compreendo que as almas santas têm que ser felizes, porque olham os acontecimentos com uma visão que está por cima das coisas da terra, porque vêem as coisas com olhos de eternidade". – Oxalá não te falte esta visão! – acrescentei depois –, para que sejas consequente com o tratamento de predilecção que recebeste da Trindade. (São Josemaría Escrivá - Forja, 1017) 

Asseguro-te que, se nós, os filhos de Deus, quisermos, contribuiremos poderosamente para iluminar o trabalho e a vida dos homens, com o resplendor divino – eterno! – que o Senhor quis depositar nas nossas almas.

– Mas "quem diz que mora em Jesus, deve seguir o caminho que Ele seguiu", como ensina S. João: caminho que conduz sempre à glória, passando – sempre também – através do sacrifício. (São Josemaría Escrivá - Forja, 1018)

– Meu Senhor Jesus: faz com que sinta, que secunde de tal modo a tua graça, que esvazie o meu coração..., para que o enchas Tu, meu Amigo, meu Irmão, meu Rei, meu Deus, meu Amor! (São Josemaría Escrivá - Forja, 913)

Portugal dá a volta


A falta de relatórios da Fundação Richard Zwentzerg (FRZ) tem gerado inquietação. A instituição dedicada aos estudos lusitanos continuou as suas actividades, mas desde Junho de 2010 mantém silêncio, sem publicar os textos, que só são acessíveis através do DN.

Na entrevista de apresentação do último título, o actual presidente da FRZ, o milionário guatemalteco Oskar Papadiván, parecia quase aliviado. "A falta de intervenção da fundação em momento tão difícil da vida portuguesa deveu-se a uma clivagem interna na nossa comissão científica", explicou. "Felizmente está ultrapassada."

"Quero dizer que a maioria do grupo nunca duvidou de que o ajustamento da economia e sociedade portuguesas teria sucesso", afirmou Papadiván. "Aliás, quisemos publicar este resultado há um ano, meses antes do pedido de ajuda. Mas um pequeno número dos nossos membros tinha hesitações fundamentadas que não podíamos ignorar. Hoje, o consenso regressou e apresentamos com confiança estas conclusões."

O relatório afirma que se vive o momento mais negro e incerto da crise. "Foram muitos erros durante muito tempo. São inevitáveis meses de sofrimento." Apesar disso, é já evidente que haverá uma recuperação sólida e equilibrada da conjuntura. "Não será fácil, mas Portugal voltará ao equilíbrio."

"As alternativas a considerar na situação portuguesa", diz adiante, "não estão entre seguir a miséria grega ou o sucesso irlandês, mas entre copiar os desastres de 1834 e 1910 ou os êxitos de 1978 e 1983. Em todos havia grave crise, mas as revoluções liberal e republicana mergulharam o País em décadas de caos, enquanto os acordos do FMI conseguiram aprofundar a democracia e o progresso".

Hoje, o sinal mais promissor do sucesso é a calma social. "A serenidade é uma condição decisiva para a recuperação e, ao contrário da Grécia e até da Itália e da Espanha, Portugal e Irlanda têm-na. Apesar da natural indignação, dos esforços compreensíveis de forças de agitação e dos sucessivos avisos de revoltas por intelectuais, os portugueses mantêm-se estoicamente pacíficos. O sofrimento é muito, mas as pessoas e os grupos compreendem que nada têm a ganhar com protestos e distúrbios. É preciso trabalhar, poupar, encontrar novas alternativas." O texto chega mesmo a teorizar: "As pessoas não se revoltam quando perdem muito, mas quando nada têm a perder. Os lusitanos sabem que a recusa aos sacrifícios e os protestos paralisantes só aumentariam ainda mais o sofrimento."

O tom optimista do texto surpreende face ao cepticismo do capítulo relativo às políticas. A Fundação desconfia da capacidade do Governo em cumprir o prometido. "Os grupos de pressão têm as suas influências no PSD e no CDS, como tinham no PS. Conseguir eliminar o gigantismo do aparelho e a obsessão regulamentar é um mito", garante. A timidez das medidas já tomadas mostra-o à evidência: "Nas reformas estruturais vê-se pouco e intui-se desorientação, aselhice, ignorância. O Estado tem feito algum jejum, mas não muda hábitos nem leis. Pior, sem distinguir as críticas sérias e justificadas das queixas interesseiras e ciumentas, o Governo faz bandeira de tolices (redução de feriados), meias-medidas (lei das rendas) ou velhas ideias (programas escolares)."

Como pode então a FRZ assegurar o êxito? Por confiança na população. "As empresas portuguesas vivem dificuldades há dez anos e começaram a ajustar-se à nova situação logo em 2008, ao contrário do aparelho estatal e de grupos de pressão, que parecem ainda mal ter percebido a situação. Basta que as imposições do memorando consigam parar os erros e aliviar os estrangulamentos fiscal e regulamentar das empresas, o qual tem crescido sucessivamente nos últimos anos, para a recuperação ter êxito."

O texto justifica: "Este foi sempre o segredo do sucesso português ao longo dos séculos. Ao lado de uma elite pedante e parasita existe um povo espantoso que consegue dar a volta. Ao contrário das desgraças de 1834 e 1910, os programas externos de 1978 e 1983 aliviaram o povo um pouco do peso dos parasitas. Isso chegou."


João César das Neves in DN online

A ausência da verdadeira liberdade

«Uma sociedade cuja ordem pública é consequentemente determinada pelo agnosticismo não é uma sociedade que se tornou livre, mas antes uma sociedade desesperada, marcada pela tristeza do homem, que anda a fugir de Deus e está em contradição consigo mesma».

(“Olhar para Cristo” - Joseph Ratzinger)

«Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso.»

Isaac o Sírio (século VII), monge perto de Mossoul, santo das Igrejas ortodoxas 
Discursos, 1ª série, n°34

Irmão, recomendo-te isto: que a compaixão tenha sempre a supremacia na tua balança, até que sintas em ti a compaixão que Deus demonstra para com o mundo. Que este estado se torne o espelho no qual vemos em nós a verdadeira «imagem e semelhança» da natureza e do ser de Deus (Gn 1,26). É por estas coisas e por outras idênticas que recebemos a luz, e que uma clara resolução nos leva a imitar Deus. Um coração duro e sem piedade não será nunca puro (Mt 5, 8). Mas o homem compassivo é o médico da sua alma; como que por um vento violento, ele afasta para fora de si as trevas da sua mágoa.

«Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso»

Jean Tauler (c. 1300-1361), dominicano de Estrasburgo 
Primeiro Sermão para o quarto Domingo depois da Trindade, 1


Que um homem se ponha a julgar outro é coisa perigosa e arriscada. Cada um deve fazer por se guardar deste pecado, porque assim disse Aquele que é a Verdade: «A medida que usardes com os outros será usada convosco.» Sendo assim, se fores muito misericordioso alcançarás grande misericórdia; se o fores pouco, à míngua a encontrarás; se nunca a praticares, de nenhuma poderás estar certo. A misericórdia deve ser apreciada e exercida do interior, do fundo da vontade de cada um, de tal sorte que sintamos sincera e profunda compaixão seja por quem for que sofra, e de tal modo que peçamos pelos outros a Deus, de todo o coração, para que Se digne socorrê-los. 


Se entretanto puderes ir em seu auxílio do exterior, com conselhos ou com os teus próprios dons, por palavras tuas ou atitudes, assim farás na medida das tuas possibilidades. Se não puderes fazer muito, não deixes pelo menos de lhes fazer uma dessas obras de misericórdia, quer interior, quer exterior. Dirige-lhes nem que seja uma palavra amiga. Assim terás cumprido com a tua obrigação e poderás contar com a misericórdia de Deus.


(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 5 de Março de 2012

Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados; dai e dar-se-vos-á. Uma medida boa, cheia, recalcada e a transbordar vos será lançada nas dobras do vosso vestido. Porque, com a mesma medida com que medirdes para os outros, será medido para vós».

Lc 6, 36-38