As diferenças e as essências dos actos de ‘optimismo’ e de ‘esperança’

«(…) temos de prestar atenção às diferenças estruturais entre o acto de ‘optimismo’ e o acto de ‘esperança’ para ter debaixo de olho as suas essências. O objectivo do optimismo é a utopia do mundo para sempre livre e feliz, a sociedade perfeita, em que a história atinge a sua meta e manifesta a sua divindade. A meta próxima que nos garante, por assim dizer, a segurança do fim longínquo é o sucesso do nosso poder-fazer. O fim da esperança cristã é o reino de Deus, isto é, a união do homem e do mundo com Deus, mediante um acto de poder e amor divinos.»

(Olhar para Cristo – Joseph Ratzinger) 

O que sucedeu no Concílio de Niceia? - Respondem os especialistas da Universidade de Navarra

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“Não me soltes, não me deixes”

Recordaremos a Jesus que somos crianças. E as crianças, as crianças pequenitas e simples, muito sofrem para subir um degrau! Aparentemente, estão ali a perder tempo. Por fim, sobem. Agora, outro degrau. Com as mãos e os pés, e com o impulso do corpo todo, conseguem um novo triunfo: outro degrau. E voltam a começar. Que esforços! Já faltam poucos..., mas, então, uma escorregadela... e ei-lo!... por aí abaixo. Toda dorida, num mar de lágrimas, a pobre criança começa, recomeça a subida. – Assim acontece connosco, Jesus, quando estamos sozinhos. Pega-nos Tu nos teus braços amáveis, como um Amigo grande e bom da criança simples; não nos deixes enquanto não chegarmos lá acima; e então – oh então! –, saberemos corresponder ao teu Amor misericordioso com audácias infantis, dizendo-te, doce Senhor, que, fora de Maria e de José, não houve nem haverá mortal – e houve-os muito loucos – que te queira como te quero eu. (Forja, 346)


Eu vou continuando a minha oração em voz alta e vós, cada um de vós, por dentro, está confessando ao Senhor: Senhor, que pouco valho! Que cobarde tenho sido tantas vezes! Quantos erros! Nesta ocasião e naquela... nisto e naquilo... E podemos exclamar também: ainda bem, Senhor, que me tens sustentado com a tua mão, porque eu sinto-me capaz de todas as infâmias... Não me largues, não me deixes; trata-me sempre como um menino. Que eu seja forte, valente, íntegro. Mas ajuda-me, como a uma criatura inexperiente. Leva-me pela tua mão, Senhor, e faz com que tua Mãe esteja também a meu lado e me proteja. E assim, possumus!, poderemos, seremos capazes de ter-Te por modelo!


Não é presunção afirmar possumus! Jesus Cristo ensina-nos este caminho divino e pede-nos que o apreendamos porque Ele o tornou humano e acessível à nossa fraqueza. Por isso se rebaixou tanto: Este foi o motivo porque se abateu, tomando a forma de servo aquele Senhor que, como Deus, era igual ao Pai; mas abateu-se na majestade e na potência; não na bondade e na misericórdia.


A bondade de Deus quer tornar-nos fácil o caminho. Não rejeitemos o convite de Jesus; não Lhe digamos que não; não nos façamos surdos ao seu chamamento; pois não existem desculpas, não temos nenhum motivo para continuar a pensar que não podemos. Ele ensinou-nos com o seu exemplo. Portanto, peço-vos encarecidamente, meus irmãos, que não permitais que se vos tenha mostrado em vão exemplo tão precioso, mas que vos conformeis com Ele e vos renoveis no espírito da vossa alma. (Cristo que passa, 15)


São Josemaría Escrivá

Papa visitou maior cadeia de Roma e pediu mais dignidade para quem está preso

Bento XVI visitou hoje a maior cadeia de Roma, o complexo de Rebibbia, na periferia da capital italiana, deixando críticas à “sobrelotação” destes estabelecimentos e pedindo que os presos não se tornem “excluídos”.


“Sei que a sobrelotação e a degradação das prisões podem tornar ainda mais amarga a detenção: chegam-me várias cartas de presos que o sublinham. É importante que as instituições promovam uma análise atenta às situações prisionais, hoje, que verifiquem as estruturas, os meios, o pessoal, de modo que os detidos não cumpram nunca uma ‘dupla pena’”, disse, no discurso pronunciado no local.


Neste sentido, Bento XVI deixou votos de que o sistema prisional seja “cada vez mais adequado às exigências da pessoa humana, no respeito pela justiça”, com recurso a penas que não impliquem detenção ou a “modalidades diversas” de prisão.


O sistema de detenção, frisou, visa “tutelar a sociedade de eventuais ameaças, por um lado, e por outro reintegrar quem falhou, sem afetar a sua dignidade e exclui-lo da vida social”.


O Papa e 300 presos reuniram-se na capela do estabelecimento, para um momento de diálogo em que os detidos puderam colocar as suas perguntas.


“Estou comovido com esta amizade que sinto pela parte de todos vós”, declarou, respondendo ao primeiro preso que apresentou uma questão.


Para Bento XVI, a visita é “um gesto público que lembra aos cidadãos” as dificuldades que se vivem nas cadeias, manifestando a sua “esperança” de que o Governo faça os possíveis para “melhorar a situação”.


Bento XVI tinha sido recebido pela ministra da Justiça italiana, Paola Severino, pelo diretor e os capelães da prisão, encontrando-se ainda com elementos da polícia e voluntários.


A poucos dias do Natal, o discurso Papal quis sublinhar a importância, na tradição católica, de visitar e ajudar “quem tem fome, um estrangeiro, um doente, um preso”, como se fosse “o próprio Cristo”.


“Vim para dizer-vos, simplesmente, que Deus vos ama com um amor infinito”, disse Bento XVI aos detidos, lembrando que Jesus “fez a experiência da cadeia, foi submetido a juízo num tribunal e sofreu a mais feroz condenação à pena capital”.


O Papa recordou a atenção da Igreja pela justiça dos Estados, citando parte do documento que ele próprio entregou no Benin em Novembro passado.


Desejaria colocar-me à escuta da vicissitude pessoal de cada um – disse o Papa – mas não é possível; porém vim dizer-vos simplesmente que Deus vos ama com um amor infinito, e sois sempre filhos de Deus.


“É urgente, portanto, estabelecer sistemas judiciários e prisionais independentes, para restabelecer a justiça e reeducar os culpados. É preciso também banir os casos de erro da justiça e os maus tratos dos prisioneiros, as numerosas ocasiões de não aplicação da lei, que correspondem a uma violação dos direitos humanos, e as detenções que só tardiamente ou nunca chegam a um processo. « A Igreja reconhece a sua missão profética junto de quantos acabam envolvidos pela criminalidade, sabendo da sua necessidade de reconciliação, de justiça e de paz ». Os presos são pessoas humanas que, apesar do seu crime, merecem ser tratadas com respeito e dignidade; precisam da nossa solicitude”.


O Papa concluiu a sua intervenção afirmando que a Igreja “sustenta e encoraja qualquer esforço destinado a garantir a todos uma vida digna”.


O encontro terminou com a recitação de uma “oração atrás das grades”, redigida e lida por um dos presos.


Antes de deixar Rebibbia, regressando ao Vaticano para a recitação da oração do Angelus, o Bento XVI benzeu um cipreste, plantado diante da capela, como recordação pela sua visita, a segunda a uma cadeia, depois de em 2007 ter passado pela prisão de menores de Casal Del Marmo, também em Roma.


Rádio Vaticano

Bom Domingo do Senhor!

Imitemos a nossa Mãe como nos relata o Evangelho de hoje (Lc 1, 26-38) e estejamos sempre prontos a recebê-Lo com aquela pureza, humildade, devoção, amor e confiança com que O acolheu a Virgem Maria.

Louvado sejais bem como a Vossa e nossa Santíssima Mãe!

Expectação da Virgem Santa Maria (Nossa Senhora do Ó)

Esta festa, conhecida entre o povo português como de Nossa Senhora do Ó, celebra o desejo de Maria, o desejo de milhares de gerações que suspiraram, que suspiram pela vinda do Messias.


Não é só a ansiedade natural da mãe jovem que espera o seu primogénito; é o desejo sobrenatural da "bendita entre todas as mulheres", que foi escolhida para Mãe do Salvador de cada homem e de toda a humanidade. O Filho que vai nascer não vem simplesmente para beijar e sorrir para a Sua Mãe, mas para resgatar o povo com o Seu Sangue.


Por estes dias, a Igreja canta as chamadas "antífonas maiores", que começam todas pela interjeição Ó. Maria, Senhora do Ó, é o modelo e a inspiradora deste louvor alegre e suplicante; ela é o centro dos desejos do povo de Israel e de todo o povo de Deus que, no fundo do seu coração, vive o advento do Salvador.


cf. Santos de Cada Dia, do Pe. José Leite


(Fonte: Evangelho Quotidiano)

S. Josemaría Escrivá nesta data em 1937

Começa o seu retiro em Pamplona e anota o plano para esses dias: “Serei muito breve nestas notas do retiro. Move-me apenas o desejo intensíssimo de ser melhor instrumento, nas mãos do meu Senhor, para tornar realidade a Obra e estendê-la por todo o mundo, como Ele quer. O fim imediato e concreto é duplo: 1/ íntimo, de purificação: renovar a minha vida interior; e 2/ externo: avaliar as actuais possibilidades de apostolado da Obra e os meios, e os obstáculos”.


(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)

«Faça-se em mim segundo a tua palavra»

Porque é que o Filho de Deus nasceu de uma Virgem? [...] Era necessário um modo totalmente novo de nascer para Aquele que ia consagrar uma nova ordem de nascimento. Isaías tinha profetizado que o Senhor anunciaria esta maravilha através de um sinal. Que sinal? «Eis que uma virgem vai conceber e dará à luz um filho.» Sim, a Virgem concebeu e deu à luz o Emanuel, Deus connosco (Is 7, 14;Mt 1, 23). Eis a nova ordem de nascimento: o homem nasce em Deus porque Deus nasce no homem; Deus faz-Se carne, para regenerar a carne pela semente nova do Espírito e lavar todas as manchas passadas.


Toda esta nova ordem foi prefigurada no Antigo Testamento, porque na intenção divina o primeiro homem nasceu para Deus através de uma virgem. Com efeito, a terra era ainda virgem, o trabalho do homem não a tinha tocado, a semente não tinha sido ainda lançada, quando Deus a tomou para dar forma ao homem e torná-lo «um ser vivo» (Gn 2, 5.7). Por conseguinte, se o primeiro Adão foi moldado de terra, é justo que o segundo, a quem o apóstolo Paulo chama «o novo Adão», seja retirado por Deus de uma terra virgem, ou seja, de uma carne cuja virgindade permanecia inviolada, para se tornar «Espírito que vivifica» (1Cor 15, 45). [...]


Quando quis recuperar «a Sua imagem e a Sua semelhança» (Gn 1, 26) caída sob o poder do demónio, Deus agiu de forma igual à do momento em que o criou. Eva era ainda virgem quando acolheu a palavra que originaria a morte; por conseguinte, seria também de uma virgem que devia descer a Palavra de Deus que ergueria o edifício da Vida. [...] Eva confiou na serpente; Maria teve fé em Gabriel. O pecado que Eva, crendo, cometeu, foi Maria, crendo, que o apagou. [...] A palavra do diabo foi para Eva a semente da sua humilhação e das suas dores de parto (Gn 3, 16), e ela trouxe ao mundo o assassino do seu irmão (4, 8). Pelo contrário, Maria trouxe ao mundo um Filho que haveria de salvar Israel, Seu irmão.


Tertuliano (c. 155-v. 220), teólogo 
A Carne de Cristo, 17

«O próprio Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá»

«O Senhor mandou dizer de novo a Acaz: 'Pede ao Senhor teu Deus um sinal'. Acaz respondeu: 'Não pedirei tal coisa, não tentarei o Senhor'.» (Is 7, 10-12) [...] Pois bem, a este sinal recusado [...] acolhemo-lo nós com uma fé ilimitada e um respeito pleno de amor. Reconhecemos que o Filho concebido pela Virgem é para nós, nas profundezas do inferno, sinal de perdão e de liberdade, e nas alturas dos céus sinal de esperança, de exultação e de glória para nós. [...] Doravante este sinal foi elevado pelo Senhor, primeiramente sobre o chão da cruz, e depois sobre o Seu trono real. [...]

Sim, é um sinal para nós esta mãe virgem que concebe e dá à luz: sinal de que este homem concebido e nascido é Deus. Este Filho que realiza obras divinas e suporta sofrimentos humanos é para nós o sinal, que levará Deus até aos homens pelos quais Ele foi concebido e nasceu, e pelos quais também sofreu.

E, de todas as enfermidades e desgraças humanas que este Deus Se dignou suportar por nós, a primeira no tempo, a maior no Seu abaixamento, parece-me ter sido sem dúvida que esta Majestade infinita tenha suportado ser concebida no seio de uma mulher e aí estar oculta durante nove meses. Onde esteve Ela tão completamente aniquilada como aqui? Quando é que A vimos despojar-Se até este ponto? Durante todo esse tempo, esta Sabedoria não diz nada, esta Potência não opera nada de visível, esta Majestade escondida não Se revela por nenhum sinal. Nem na cruz Cristo pareceu tão fraco. [...] No seio de Maria, pelo contrário, está como se não estivesse; o Todo-Poderoso está inoperante, como se nada pudesse; e o Verbo eterno escondeu-Se no silêncio.

Bem-Aventurado Guerric de Igny (c. 1080-1157), abade cisterciense 
Sermão 3 para a Anunciação, 2-4 

«Salve, ó cheia de graça»

Que dizer? Que elogio se há-de fazer à Virgem gloriosa e santa? Ela ultrapassa todos os seres, à excepção apenas de Deus; por natureza, é mais bela que os querubins, os serafins e todo o exército dos anjos. Nem as línguas do céu nem as da terra, nem as línguas dos anjos bastam para louvá-la. Virgem bendita, pomba pura, esposa celeste [...], templo e trono da divindade! Cristo, sol esplendoroso do céu e da terra, pertence-te. Tu és a nuvem luminosa que fez descer Cristo, Ele o brilho resplandecente que ilumina o mundo.

Rejubila, ó cheia de graça, porta do céu; é de ti que fala o autor do Cântico dos Cânticos [...] quando exclama: «És horto cerrado, minha irmã, minha esposa, horto cerrado, fonte selada» (4, 12). [...] Santa Mãe de Deus, ovelha imaculada, tu trouxeste ao mundo o Cordeiro, Cristo, o Verbo encarnado em ti. [...] Que maravilha espantosa nos céus: uma mulher vestida de sol (Ap 12, 1), trazendo nos braços a luz! [...] Que maravilha espantosa nos céus: o Senhor dos anjos que Se torna filho da Virgem. Os anjos acusavam Eva; agora, cumulam Maria de glória, porque Ela levantou Eva da queda e abriu as portas do céu a Adão, outrora expulso do Paraíso. [...]

Imensa é a graça concedida a esta Virgem santa. É por isso que Gabriel a cumprimenta dizendo-lhe: «Rejubila, cheia de graça», resplandecente como o céu. «Rejubila, cheia de graça», Virgem ornada de virtudes sem número. [...] «Rejubila, cheia de graça», tu que sacias os sedentos com as doçuras da fonte eterna. Rejubila, Santa Mãe Imaculada, tu que geraste Cristo, que te precede. Rejubila, púrpura real, tu que revestiste o Rei do céu e da terra. Rejubila, livro selado, tu que deste a ler ao mundo o Verbo, o Filho do Pai.

Santo Epifânio de Salamina (? - 403), bispo 
Homilia n°5