Um estilo de vida

A Apple e a Google não se conformam em ser as empresas tecnológicas mais rentáveis; conseguiram configurar marcas que ultrapassaram os limites do negócio e converteram -se numa espécie de modo de vida. Para além do esquema ou do benefício do produto, ambas concorrem no ranking do mais cool. Usar um dispositivo da Apple ou acumular aplicações do Google usa-se muito mais que muitas marcas de roupa e é praticamente uma declaração de princípios.

Ambas compartilham a percepção mais complicada para qualquer marca: o sentido de pertença dos seus utilizadores. Estes fazem parte de "tribos" que se definem a si mesmas em função da sua relação com a marca. São parte de uma comunidade que compartilha, quer a sua satisfação de utilizador, quer o seu orgulho de proprietário.

Sem grandes investimentos em publicidade, os membros das tribos, os seus usuários, converteram-se nos principais "apóstolos" destas marcas. De pouco serve a opinião de técnicos, especialistas e defensores dos princípios perante a satisfação de milhões de usuários que, com o megafone da Web 2.0, conformam, de maneira quase uniforme, a opinião pública global. A pergunta é quanto durará esta lua de mel com os seus utilizadores, num contexto em que a mudança é a única que é permanente, e no qual o efeito de bola de neve pode arrastar percepções de marca, mesmo que estejam tão arreigadas como estas.

Rafael Rubio

Aceprensa

República Portuguesa ou Portugal? Por Gonçalo Portocarrero de Almada

Proposta de uma designação mais popular e apolítica da identidade nacional

No verão passado, alguns jovens portuenses encontraram-se numa capital europeia com um grupo de rapazes norte-americanos, que ignoravam a existência e a localização de Portugal. Alguns ainda alvitraram ser um Estado da América Central, ou do Sul, ou até mesmo uma nação africana. Ou seja, em qualquer caso – com perdão! – uma república das bananas.

A ignorância dos outros não afecta a nossa dignidade nacional, mas a verdade é que, por muito que doa ao nosso patriotismo, talvez os «yankees» tenham razão. Sim, provavelmente Portugal, em termos legais, não existe.

Salvo melhor opinião, o país que ocupa a faixa ocidental da península ibérica e as ilhas adjacentes chama-se, oficialmente, República portuguesa. O Chefe de Estado não é o presidente de Portugal, mas apenas da República portuguesa. O parlamento nacional é tão só, na terminologia oficial, a Assembleia da República, que nominalmente nem portuguesa é...

A própria lei fundamental, que deveria ser o texto constitucional da nação e não apenas do sistema político vigente é, em termos literais, a Constituição da República portuguesa, muito embora Portugal seja referido em alguns dos seus artigos, como o 1º, o 5º e o 7º. Outro tanto se diga da Procuradoria-geral da República e de muitas outras entidades oficiais, que são em geral republicanas, mas não nacionais.

No Bilhete de Identidade também não consta o nome de Portugal, mas sim o da República portuguesa. Quer isto dizer que os respectivos titulares são, legalmente, republicanos-portugueses, como os cidadãos da Coreia do Sul são sul-coreanos e não apenas coreanos?! Nesse caso, os que só sejam portugueses, ou não sejam republicanos, são, em termos legais, apátridas, como qualquer coreano que não seja do norte nem do sul. Ou, pelo contrário, se o Bilhete de Identidade credencia o seu portador como português e não republicano-português, dever-se-á então concluir que o Estado correspondente não é a República portuguesa, mas Portugal?!

Para a nomenclatura oficial, a implantação da República significou, gramaticalmente, o fim de Portugal substantivo, porque antes o país não era a monarquia portuguesa, mas Portugal, ou o Reino de Portugal. Com o 5 de Outubro de 1910, o nome da pátria passou a adjectivo, perdeu a maiúscula e ficou reduzido à minúscula condição de uma secundária circunstância, um apodo da organização estatal.

A República, ao sobrevalorizar o regime em detrimento da nação, eclipsou a expressão histórica da identidade de um dos mais antigos países da Europa que, por este motivo, ficou conotada com o anterior regime. Mas a denominação nacional, que remonta à fundação da nacionalidade e persiste na língua e na cultura popular, na filatelia, nas selecções desportivas, etc., não é propriedade exclusiva de nenhum sistema ou partido político.

No país vizinho não há aldeia em que não exista uma praça de Espanha, como entre nós todos os lugarejos têm uma avenida da República. Porque razão? Porque o que é óbvio não carece de explicitação, mas sim o que o não é. Os espanhóis não precisam de afirmar a sua forma de Estado, que é comum a quase toda a sua história, mas sim a sua recente e ainda polémica unidade nacional. Ao invés, a nacionalidade portuguesa está firmemente consolidada por oito séculos de pacífica unidade, mas não a República que, por este motivo, precisou de se afirmar através de uma nomenclatura oficial e artificial.

Sem anacrónicos saudosismos do Estado Novo ou da Assembleia Nacional, nem tomar partido sobre a questão do regime, talvez não fosse descabido, agora que de novo se fala de uma revisão constitucional e se questiona a pertinência do hino e da bandeira republicana, propor uma fórmula mais plural e popular da nossa identidade colectiva.

Mais de um século volvido sobre a implantação da República, é hora de que a nação se desprenda de uma aparentemente obsoleta terminologia ideológica e adopte, oficialmente, na sua Constituição, nos seus órgãos de soberania e nas suas entidades oficiais, uma designação menos facciosa e mais consensual. É algo, aliás, que já acontece nas nossas missões diplomáticas, que são denominadas embaixadas de Portugal e não da República portuguesa. Nada obsta, portanto, a que o chefe de Estado, a lei fundamental ou o parlamento o sejam também, apenas e só, de Portugal. 

A Igreja não deve intrometer-se em questões partidárias, nem manifestar simpatia ou aversão por qualquer regime político mas, como força de coesão social, pode e deve favorecer a reconciliação nacional, como sempre o fez, antes e depois de 1910. O nosso país, como pátria comum a todos os cidadãos, sejam republicanos ou monárquicos, de esquerda ou de direita, cristãos ou pagãos, talvez favorecesse a concórdia nacional e o seu prestígio internacional se adoptasse, oficialmente, o nome que melhor expressa a sua gloriosa e multissecular identidade: Portugal.

Gonçalo Portocarrero de Almada

“Queres deveras ser santo?”

Queres deveras ser santo? – Cumpre o pequeno dever de cada momento faz o que deves e está no que fazes. (Caminho, 815)

Tens obrigação de te santificar. – Tu, também. – Quem pensa que é tarefa exclusiva de sacerdotes e religiosos? A todos, sem excepção, disse o Senhor: "Sede perfeitos, como meu Pai Celestial é perfeito".. (Caminho, 291)

Rectificar. – Todos os dias um pouco. – Eis o teu trabalho constante, se deveras queres tornar-te santo. (Caminho, 290)

Ser fiel a Deus exige luta. E luta corpo a corpo, homem a homem – homem velho e homem de Deus – palmo a palmo, sem claudicar. (Sulco, 126)

Hoje não bastam mulheres ou homens bons. Além disso, não é suficientemente bom quem se contenta em ser quase... bom; é preciso ser "revolucionário". Ante o hedonismo, ante a carga pagã e materialista que nos oferecem, Cristo quer inconformistas! Rebeldes de Amor!
(Sulco, 128)

Se não for para construir uma obra muito grande, muito de Deus – a santidade –, não vale a pena entregar-se.

Por isso, a Igreja, ao canonizar os Santos, proclama a heroicidade da sua vida. (Sulco, 611)

São Josemaría Escrivá

"Deixemos que Deus faça maravilhas" - Artigo do então Cardeal Joseph Ratzinger sobre S. Josemaría Escrivá no ‘L'Osservatore Romano’ de 6-X-2002

Deixemos que Deus faça maravilhas


Surpreendia-me sempre a interpretação que Josemaría Escrivá dava do nome Opus Dei: uma interpretação que poderíamos chamar biográfica e que nos consente compreender o fundador na sua fisionomia espiritual. Escrivá sabia que devia fundar algo, mas estava sempre consciente de que aquele algo não era obra sua, que ele não tinha inventado nada, que simplesmente o Senhor se servia dele. Por conseguinte, aquela não era a sua obra, mas o Opus Dei. Ele era unicamente um instrumento através do qual Deus teria agido.


Ao considerar este facto vieram-me à mente as palavras do Senhor transcritas no Evangelho de João (5, 17): «O meu Pai age sempre». São palavras pronunciadas por Jesus durante um debate com alguns peritos da religião que não queriam reconhecer que Deus pode trabalhar também no sábado. Eis um debate que ainda está aberto, de certa forma, entre os homens – também cristãos – do nosso tempo. Há quem pense que, depois da criação, Deus se «retirou» e não sente mais interesse pelas nossas coisas quotidianas. Segundo este modelo de pensamento, Deus já não poderia entrar no tecido da nossa vida quotidiana. Mas nas palavras de Jesus temos o desmentido. Um homem aberto à presença de Deus apercebe-se de que Deus faz maravilhas ainda hoje: portanto, devemos deixá-lo entrar e agir. E é assim que surgem as coisas que oferecem um futuro e renovam a humanidade.


Tudo isto nos ajuda a compreender por que é que Josemaría Escrivá não se considerava «fundador» de nada, mas apenas uma pessoa que quis cumprir a vontade de Deus, seguir a sua acção, a obra – precisamente – de Deus. Neste sentido, o teocentrismo de Escrivá de Balaguer, coerente com as palavras de Jesus, significa esta confiança no facto de que Deus não se retirou do mundo, que Deus age ainda agora e nós devemos apenas pôr-nos à sua disposição, estar disponíveis, ser capazes de reagir à sua chamada, o que é para mim uma mensagem de grandíssima importância. É uma mensagem que leva à superação daquela que se pode considerar a grande tentação do nosso tempo: isto é, a pretensão de que depois do big bang Deus se tenha retirado da história. A acção de Deus não «parou» no momento do big bang, mas ainda continua ao longo do tempo, quer no mundo da natureza quer no mundo humano.


Portanto, o fundador da Obra dizia: não fui eu que inventei algo; é o Outro que o faz e eu estou apenas disponível para servir de instrumento. Assim este título, e toda a realidade a que chamamos Opus Dei, estão profundamente relacionados com a vida interior do fundador que, mesmo permanecendo muito discreto neste ponto, nos faz compreender que estava em diálogo permanente, em contacto real com Aquele que nos criou e age por nós e connosco. O livro do Êxodo diz de Moisés (33, 11) que Deus falava com ele «face a face, como um amigo fala com outro amigo». Parece-me que, mesmo se o véu da discrição nos esconde tantos pormenores, contudo daqueles pequenos acenos resulta que se pode aplicar muito bem a Josemaría Escrivá este «falar como um amigo que fala com outro amigo», que abre as portas do mundo para que Deus se possa fazer presente, agir e transformar tudo.


Sob esta luz compreende-se também melhor o que significa santidade e vocação universal à santidade. Conhecendo um pouco a história dos santos, sabendo que nos processos de canonização se procura a virtude «heróica», temos quase inevitavelmente um conceito errado da santidade: «Não é para mim», somos tentados a pensar, «porque eu não me sinto capaz de realizar virtudes heróicas: é um ideal demasiado elevado para mim». Então a santidade torna-se uma coisa reservada a alguns «grandes», dos quais vemos as imagens nos altares, e que são muito diferentes de nós, que somos normais pecadores. Mas este é um conceito errado de santidade, uma percepção errónea que foi corrigida – e isto parece-me o ponto central – precisamente por Josemaría Escrivá.


Virtude heróica não significa que o santo faz uma espécie de «ginástica», de santidade, algo que as pessoas normais não conseguem fazer. Ao contrário, significa que na vida de um homem se revela a presença de Deus, isto é, se revela o que o homem por si só e para si não podia fazer. Talvez se trate, no fundo, apenas de uma questão terminológica, porque o adjectivo «heróico» foi mal interpretado. Virtude heróica propriamente não significa que alguém fez grandes coisas sozinho, mas que na sua vida aparecem realidades que ele não fez, porque foi transparente e disponível para a obra de Deus. Ou, por outras palavras, ser santo não é mais do que falar com Deus como um amigo fala com outro amigo. Eis a santidade.


Ser santo não significa ser superior aos outros; antes, o santo pode ser muito débil, pode ter cometido tantos erros na sua vida. A santidade é este contacto profundo com Deus, fazer-se amigo de Deus: é deixar agir o Outro, o Único que realmente pode fazer com que o mundo seja bom e feliz. Por conseguinte, se São Josemaría Escrivá fala da chamada de todos a ser santos, parece-me que, em última análise, está a haurir desta sua experiência pessoal de não ter feito sozinho coisas incríveis, mas de ter deixado agir Deus. E por isso nasceu uma renovação, uma força de bem no mundo, mesmo que todas as debilidades humanas permaneçam sempre presentes. Deveras todos somos capazes, todos somos chamados a abrir-nos a esta amizade com Deus, a não abandonar as mãos de Deus, a não deixar de voltar sempre de novo ao Senhor, falando com Ele como se fala com um amigo, sabendo bem que o Senhor realmente é o verdadeiro amigo de todos, mesmo de quantos não podem fazer grandes coisas sozinhos.


Com tudo isto compreendi melhor a fisionomia do Opus Dei, esta ligação surpreendente entre uma absoluta fidelidade à grande tradição da Igreja, à sua fé, com desarmante simplicidade, e a abertura incondicionada a todos os desafios deste mundo, quer no âmbito académico, quer no do trabalho, da economia, etc. Quem tem este vínculo com Deus, quem mantém este diálogo ininterrupto pode ousar responder a estes desafios, e deixa de ter medo; porque quem está nas mãos de Deus cai sempre nas mãos de Deus. É assim que desaparece o medo e nasce, ao contrário, a coragem de responder ao mundo de hoje.


Card. Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Publicado no Suplemento de 'L’Osservatore Romano', 6-X-2002


(Fonte: site do Opus Deis – Portugal em http://www.opusdei.pt/art.php?p=13946)

Bula da canonização de Josemaria Escrivá em latim

LITTERAE DECRETALES


Beato Iosephmariae Escrivá Sanctorum honores decernuntur


IOANNES PAULUS PP II Servus Servorum Dei
ad perpetuam rei memoriam


Domine, ut videam! (cf Lc 18, 41), Domina, ut sit!, Omnes cum Petro ad Iesum per Mariam!, Regnare Christum volumus! (cf 1 Cor 15, 25), Deo omnis gloria! (cf. Canon Romanus, doxologia). Iaculatoriis his precibus Beati Iosephmariae Escrivá vitae narratio apte comprehendi potest. Harum primam alteramque vix sedecim annos natus recitare coepit, cum primum indicia animadvertit divini de se ipso consilii. His verbis ardens cordis eius studium exprimebatur, videndi nempe quid ab eo Deus quaereret, ut id ipsum sine mora exsequi conaretur, amantissime adimplens voluntatem Domini. Tertia vero prex iaculatoria frequenter legitur in iis quae novensilis sacerdos scripsit, ubi significabatur quomodo studium quo avebat animas Deo lucrari in unum conflueret cum firma voluntate servandae fidelitatis erga Ecclesiam cumque incensissima devotione erga Deiparam Virginem Mariam. Regnare Christum volumus!: apte haec verba complectuntur constantem eius sollicitudinem pastoralem diffundendi inter omnes viros ac mulieres vocationem qua omnes invitantur ut in Ipso dignitatis filiorum Dei participes reddantur. Qui quidem filii filiaeque eum in finem vivant, ut Ipsi soli serviant: Deo omnis gloria!


Haec autem omnia ad effectum deduxit cum cotidianis sui muneris officiis incumberet, quamobrem merito ipse dici potest “sanctus vitae ordinariae”. Etenim et vita eius et id quod verbis ac scriptis tradidit innumerabilem docuerunt christifidelium multitudinem – e laicis praesertim, qui diversissimis professionibus sunt intenti – communissimos labores convertere in orationem, in ceterorum hominum servitium inque viam sanctitatis.


Beatus Iosephmaria Escrivá de Balaguer Barbastri in Hispania, die IX mensis Ianuarii anno MCMII natus est. Presbyteralem ordinationem die XXVIII mensis Martii anno MCMXXV recepit. Die vero II mensis Octobris anno MCMXXVIII lumen a Domino accepit, ut divinum consilium erga se videret, eodemque die Opus Dei condidit. Nova itaque in Ecclesia vivendi exstitit ratio ut homines, nullo habito discrimine stirpis, coetus vel culturae, conscii sibi fierent se cunctos ad caritatis perfectionem atque ad apostolatum vocari, uniuscuiusque in mundo proprio servato loco. In ordinariis igitur vitae adiunctis est et locus in quo Dominus nos vocat et cardo circum quem responsio vertitur amoris plena. Docet ergo Iosephmaria Escrivá de Balaguer laborem, si divina gratia iuvante atque vivificante exerceatur, fontem esse inexhaustae fecunditatis: est enim instrumentum quo Crux ita exaltatur et in culmine ponitur universae humanae actuositatis, ut veluti mundus intus transformetur secundum Christi Spiritum et cum Deo reconcilietur.


Quam Iosephmaria tum ipse, tum per Societatem Sacerdotalem Sanctae Crucis, quam die XIV mensis Februarii anno MCMXLIII condiderat, pro sacerdotibus dedit operam, efficit ut fulgidum esset exemplum sollicitudinis circa cleri sanctitatem et fraternitatem.


Anno MCMXLVI Iosephmaria Romam se contulit ibique, pro suo apostolico studio, constanter laboravit ad christianum nuntium per omnes orbis terrarum partes propagandum, plene semper adhaerens Romano Pontifici cunctisque ecclesiis localibus servire cupiens. Multa eaque varia incepta suscepit ad promovendam personae humanae dignitatem, quae et in bonum humanae consortionis redundarent et ad Evangelium diffundendum multum conferrent.


Complura itinera fecit in Europae et Americae nationes, ubi catechesi tradendae indefessam navavit operam. Fama enim sanctitatis eius multitudines virorum ac mulierum ad eum audiendum attrahebat.


Die XXVI mensis Iunii anno MCMLXXV, tempore meridiano, cordis ictus correptus animam Deo reddidit. Eius corpus asservatur in ecclesia praelatitia Operis Dei, Sanctae Mariae de Pace dicata, quo christifideles e cunctis nationibus ad orandum frequentes conveniunt.


Iosephmariae Escrivá de Balaguer post mortem, fama sanctitatis eius late diffusa est eiusque intercessioni tribuuntur multae sanationes, quae per scientificas cognitiones explicari non posse videntur ac plurima spiritualia subsidia.


Conditoris Operis Dei sollemnem Beatificationem Nos Ipsi peregimus, die XVII mensis Maii anno MCMXCII, in foro Vaticanam Basilicam Sancti Petri Apostoli prospiciente.


Cum vero in dies augesceret beneficiorum numerus Beati Iosephmariae Escrivá de Balaguer precibus a christifidelibus acceptorum, Causae Actores unam sanationem elegerunt eandemque Apostolicae Sedi cognoscendam exhibuerunt, ut eidem Beato sanctorum honores decernerentur.


Super huiusmodi mira sanatione processus in Emeritensi Augustana-Pacensi Curia archiepiscopali actus est anno MCMXCIV; deinde felici exitu apud Congregationem de Causis Sanctorum consuetae factae sunt inquisitiones ac die XX mensis Decembris anno MMI decretum super miraculo coram Nobis est promulgatum. Deinde, auditis faventibus sententiis Patrum Cardinalium et Episcoporum a Nobis in Consistorium convocatorum die XXVI mensis Februarii anno MMII, decrevimus ut Canonizationis ritus die VI mensis Octobris eodem anno celebraretur.


Hodie igitur in foro Sancti Petri Basilicam Vaticanam prospiciente inter Missarum sollemnia, coram ingenti christifidelium multitudine, hanc sumus formulam elocuti: Ad honorem Sanctae et Individuae Trinitatis, ad exaltationem fidei catholicae et vitae christianae incrementum, auctoritate Domini nostri Iesu Christi, beatorum Apostolorum Petri et Pauli ac Nostra, matura deliberatione praehabita et divina ope saepius implorata, ac de plurimorum Fratrum Nostrorum consilio, Beatum Iosephmariam Escrivá de Balaguer Sanctum esse decernimus et definimus, ac Sanctorum Catalogo adscribimus, statuentes eum in universa Ecclesia inter Sanctos pia devotione recoli debere. In nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti.


Quod autem decrevimus, volumus et nunc et in posterum vim habere, contrariis minime officientibus rebus quibuslibet.


Datum Romae, apud Sanctum Petrum, die sexto mensis Octobris, anno Domini bismillesimo secundo, Pontificatus Nostri vicesimo quarto.


Ego Ioannes Paulus
Catholicae Ecclesiae Episcopus


Marcellus Rossetti, protonot. apost.

S. Josemaría Escrivá - Aconteceu nesta data em 2002

João Paulo II canoniza Josemaría Escrivá diante de uma multidão de pessoas dos cinco continentes, na Praça de São Pedro, Roma. Na homilia diz: “São Josemaría foi um mestre no exercício da oração, que ele considerava como uma “arma” extraordinária para redimir o mundo. Assim recomendava sempre: “primeiro, oração; depois, expiação; em terceiro lugar, muito «em terceiro lugar», acção” (Caminho, 82). Não se trata de um paradoxo, mas de uma verdade perene: a fecundidade do apostolado depende sobretudo da oração e de uma vida sacramental intensa e constante. Em última análise, este é o segredo da santidade e do verdadeiro êxito dos Santos”.


(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)

Do Catecismo da Igreja Católica (CIC)



§1728. As bem-aventuranças colocam-nos perante opções decisivas relativamente aos bens terrenos; purificam o nosso coração, para nos ensinarem a amar a Deus sobre todas as coisas.

«Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia» (Mt 6,11)

Devemos considerar como e para que rezamos. Quando o homem se quer entregar à oração, deve antes de mais trazer o seu coração para dentro de si, afastá-lo das errâncias e das devassidões onde se perdia e cair com grande humildade aos pés de Deus, pedir-Lhe generosamente esmola, bater à porta do coração do Pai e mendigar o Seu pão, ou seja, a caridade. [...] Seguidamente, devemos pedir que Deus nos conceda e nos ensine a pedir aquilo que mais Lhe agrada na nossa oração e o que nos será mais útil. [...]


Nem todos os homens sabem rezar em espírito, alguns têm de recorrer à oração vocal. Neste caso, dirigir-te-ás a Nosso Senhor com as palavras mais amáveis, mais amigáveis e mais afectuosas que possas imaginar, e isso estimulará também a tua caridade e o teu coração. Pede ao Pai celeste que, através do Seu único Filho, Ele mesmo Se dê a ti, da forma mais agradável, como objecto da tua oração. E quando tiveres encontrado uma forma de oração que, mais que qualquer outra, te agrade e estimule a tua devoção [...], preserva essa forma de rezar e dá-lhe a tua preferência. [...] É necessário bater à porta com diligente perseverança, porque «aquele que se mantiver firme até ao fim será salvo» (cf. Mt 10,22; 2Tm 2,5). [...] «Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que Lho pedem!»


Jean Tauler (c. 1300-1361), dominicano em Estrasburgo
Sermão 17, para a segunda-feira antes do Ascensão


(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 6 de Outubro de 2011

Disse-lhes mais: «Se algum de vós tiver um amigo, e for ter com ele à meia-noite para lhe dizer: Amigo, empresta-me três pães, porque um meu amigo acaba de chegar a minha casa de uma viagem e não tenho nada que lhe dar; e ele, respondendo lá de dentro, disser: Não me incomodes, a porta está agora fechada, os meus filhos e eu estamos deitados; não me posso levantar para tos dar; digo-vos que, ainda que ele não se levantasse a dar-lhos por ser seu amigo, certamente pela sua impertinência se levantará e lhe dará tudo aquilo de que precisar. Eu digo-vos: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque todo aquele que pede, recebe; quem procura, encontra; e ao que bate, se lhe abrirá. «Qual de entre vós é o pai que, se um filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, em vez de peixe, lhe dará uma serpente? Ou, se lhe pedir um ovo, porventura dar-lhe-á um escorpião? Se pois vós, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que Lho pedirem».


Lc 11, 5-13