Bento XVI aborda questões levantadas pelo regresso de alguns grupos anglicanos ao catolicismo

Visita do Papa marcou desanuviamento no clima de desconfiança entre as duas Igrejas

Bento XVI abordou este Domingo, pela primeira vez na sua viagem ao Reino Unido, as questões levantadas ao diálogo entre católicos e anglicanos pela promulgação, em 2009, da constituição apostólica “Anglicanorum Coetibus”, que apresenta as normas para o regresso de alguns grupos à Igreja Católica.

Num discurso aos Bispos da Inglaterra, Gales e Escócia, o Papa disse que esta decisão pretendia ser “um gesto profético que pode contribuir de forma positiva para o desenvolvimento das relações entre católicos e anglicanos”.

“O fim último da actividade ecuménica”, sublinhou depois, é a “restauração da total comunhão eclesial, no contexto da qual a troca recíproca de dons das nossas respectivas tradições espirituais serve como um enriquecimento para todos”.

O Papa convidou a “rezar e trabalhar sem cessar em ordem a celebrar o dia feliz em que este objectivo possa ser conseguido”.

A passagem de Bento XVI pela Inglaterra ficou marcada pelos encontros com o Arcebispo da Cantuária (Primaz da Igreja Anglicana), Rowan Williams, tornando-se o primeiro Papa a visitar a residência do lider anglicano, no palácio de Lambeth, e a histórica Abadia de Westminster, em Londres, no coração do anglicanismo.

Das palavras e gestos de ambos, fica a sensação de que a longa história de desconfiança e mesmo disputas recíprocas vai conhecer capítulos diferentes, nos próximos tempos.

Na visita de cortesia ao palácio de Lambeth, em Londres, o Papa sublinhou que o “notável progresso feito em várias áreas de diálogo”, sob o impulso de uma comissão internacional anglicana-católica,

Bento XVI convidou os fiéis das duas Igrejas a explorar, com membros de outras tradições religiosas, “caminhos para testemunhar a dimensão transcendente da pessoa humana e o chamamento universal à santidade”.

A primeira visita de Estado de um Papa ao Reino Unido acontece 476 anos depois do nascimento da Igreja Anglicana (1534), ocorrido na sequência do corte de relações do rei Henrique VIII com Roma. João Paulo II estivera na Grã-Bretanha em 1982, numa visita seria de carácter pastoral.

Para o actual Papa, no momento presente testemunha-se uma “cultura cada vez mais distante das raízes cristãs, apesar de uma profunda e disseminada fome de alimento espiritual”.

Rowan Williams e Bento XVI assinaram uma declaração conjunta, onde se afirma o compromisso de “proclamar a mensagem evangélica de salvação em Jesus Cristo, de maneira racional e convincente, no contemporâneo contexto de profunda transformação cultural e social”.

Ambos procuraram sempre sublinhar os campos de preocupação comum e não tanto aquilo que separa as duas Igrejas, evitando ainda abordar a questão do possível «êxodo» de fiéis anglicanos para o catolicismo.

Nesse contexto, apesar das divergências existentes, o Papa e o Arcebispo da Cantuária comprometeram-se a aprofundar o diálogo, em especial no que diz respeito à “noção de Igreja como comunhão, local e universal”.

Grande curiosidade despertou o facto de Bento XVI ter cumprimentado uma clériga anglicana, na Abadia de Westminster, uma imagem evidente das diferenças entre as duas Igrejas.

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, assegurou que o Papa ficou “impressionado” pela beleza da liturgia anglicana e pela forma como decorreu a celebração ecuménica, admitindo ser normal que Bento XVI cumprimente mulheres que têm ministérios específicos noutras Igrejas.

“Não me parece que isto seja particularmente problemático”, indicou aos jornalistas.

(Fonte: site Agência Ecclesia)

Nota de JPR: neste mesmo discurso Bento XVI voltou-se a referir aos abusos praticados e agradeceu aos Bispos presentes as medidas entretanto implementadas.

Servem fiéis leigos não arrogantes, nem polémicos, mas que saibam em que é que crêem ou não crêem: Bento XVI na beatificação do Cardeal Newmam

Termina neste Domingo a viagem apostólica ao Reino Unido de Bento XVI que depois do primeiro dia passado na Escócia e dos dois em Londres, transferiu-se para Birmingham onde preside a Missa para a beatificação do cardeal britânico John Henry Newman, uma das maiores figuras eclesiais no século XIX que o Papa quis apresentar como modelo de pensador e líder espiritual quando a Igreja Católica atravessa um momento delicado.

Perante mais de 50 mil pessoas, que assinalaram com palmas o momento solene, o Arcebispo de Birmingham, D. Bernard Longley, pediu formalmente que o Papa beatificasse John Henry Newman e o vice-postulador da causa de canonização leu uma pequena biografia.

Bento XVI proferiu, em seguida, a fórmula de beatificação, anunciando que a festa litúrgica do Beato Newman será celebrada a 9 de Outubro, precisamente a data da sua conversão, em 1845.

Um retrato do novo beato foi destapado e as suas relíquias colocadas junto ao altar, antes de o Papa cumprimentar o Arcebispo local e o vice-postulador da causa do Cardeal Newman, que continuará agora a trabalhar para a sua canonização.

Na homilia da Missa, Bento XVI começou por sublinhar o profundo sentido, na vida dos cristãos, do domingo, “o dia do Senhor, o dia em que o Senhor Jesus ressuscitou dos mortos”, logo evocando também uma celebração especial que tem lugar neste dia na nação britânica: a comemoração dos 70 anos da “Batalha da Inglaterra”. “Para mim, que vivi e sofri ao longo dos tenebrosos dias do regime nazista na Alemanha (declarou o Papa Ratzinger), é profundamente comovente encontrar-me aqui convosco, nesta ocasião, e recordar tantos dos vossos concidadãos que sacrificaram a sua própria vida, resistindo corajosamente às forças daquela ideologia maligna”.

“Setenta anos depois, recordamos com vergonha e com horror a tremenda quantidade de morte e destruição que a guerra traz consigo ao deflagrar e renovamos o nosso propósito de agir a favor da paz e da reconciliação, em qualquer lugar onde surgir a ameaça de conflitos”.

Passando depois a referir a figura de John Henry Newman, agora proclamado Bem-aventurado, Bento XVI convidou a prestar glória e louvor a Deus pelas virtudes heróicas deste santo homem inglês. Numa Inglaterra com grande tradição de santos mártires (observou o Papa), “é justo e conveniente reconhecer hoje a santidade de um confessor, um filho desta nação, que, embora não tenha sido chamado a derramar o próprio sangue pelo Senhor, lhe prestou contudo um eloquente testemunho ao longo de uma vida dedicada ao ministério sacerdotal, especialmente na pregação, no ensino e nos escritos”.

Foi na esteira de outros Santos e Mestres das Ilhas Britânicas, como São Beda, Santa Hilda e Duns Scoto (entre outros), que “aquela graciosa tradição de ensino, de profunda sabedoria humana e de intenso amor ao Senhor deu ricos frutos no Bem-aventurado John Henry” – sublinhou o Papa, que recordou o lema do cardeal Newman – “O coração fala ao coração”, que permite penetrar na sua compreensão da vida cristã como chamada à santidade:

“O Evangelho de hoje diz-nos que ninguém pode ser servo de dois patrões e o ensinamento do Beato John Henry sobre a oração explica que o cristão é colocado de maneira definitiva ao serviço do único verdadeiro Mestre, o único que tem direito à nossa dedicação incondicionada, Newman ajuda-nos a compreender o que isto significa na nossa vida quotidiana: diz-nos que o nosso divino Mestre atribuiu a cada um de nós uma tarefa específica, um serviço bem definido, confiado unicamente a cada indivíduo”.

“O serviço específico a que foi chamado o Beato John Henry Newman comportou a aplicação da sua subtil inteligência e da sua prolífica pena a muitos dos mais urgentes problemas do dia”.

“As suas intuições sobre fé e razão, sobre o espaço vital da religião revelada na sociedade civilizada, e sobre a necessidade de abordar a educação de um modo amplamente fundamentado e com um largo horizonte, não foram apenas de profunda importância para a Inglaterra vitoriana, mas continuam ainda hoje a inspirar e iluminar muitos em todo o mundo”.

Firmemente contrário a uma visão redutiva ou utilitarista da educação, Newman propunha um ambiente educativo conjugando formação intelectual, disciplina moral e empenho religioso. Nesse sentido, ele desejava leigos crentes e esclarecidos, para formar as novas gerações. Como ele próprio escreveu no seu famoso apelo para um laicado inteligente e bem instruído:

“Quero um laicado não arrogante, não precipitado nos discursos, não polémico, mas homens que conheçam a sua religião, que nela penetrem, que saibam bem onde se elevam, que saibam em que é que crêem ou não crêem, que conheçam suficientemente o próprio credo ao ponto de poderem dar contas dele, que conheçam bem a história ao ponto de a defenderem.

Hoje, no momento em que o autor destas palavras é elevado à honra dos altares, rezo para que, mediante a sua intercessão e o seu exemplo, quantos são empenhados na tarefa do ensino e da catequese, se inspirem no maior esforço da sua visão, tal como se apresenta claramente diante de nós”.


(Fonte: site Radio Vaticana)

S. Josemaría sobre esta data em 1898


Casamento dos pais de São Josemaría. Referindo-se a eles diz no Chile em 1974: “Amavam-se muito, e sofreram muito na vida, porque o Senhor me tinha de preparar a mim (…). Vi-os sempre sorridentes”.

(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)

A cura milagrosa de um juiz norte-americano permitirá beatificação do Cardeal Newman

Um dos quatro diáconos que participarão da Missa de beatificação do Cardeal John Henry Newman em Birmingham, evento central da visita do Papa Bento XVI a Reino Unido, é John Sullivan, um juiz americano de 71 anos de idade que inexplicavelmente superou uma grave doença de coluna por intercessão do futuro beato.

Andrea Ambrosi, postulador da causa de canonização do Cardeal Newman, relatou o milagre no L’Osservatore Romano notando que o facto ocorreu "não na Europa, onde Newman era mais conhecido, mas ser nos Estados Unidos onde está a maior quantidade de seus devotos. O segundo motivo de interesse está em que o protagonista é um juiz, um magistrado do tribunal distrital de Plymouth, uma pessoa habituada a verificar as verificações".

O terceiro motivo, assinala Ambrosi, "consiste no fcato de que um dos mais convencidos do milagre foi o mesmo cirurgião" que atendeu Sullivan, "Robert Banco, chefe do departamento de coluna vertebral do New England Baptist Hospital de Boston, um dos mais prestigiosos médicos de cirurgia ortopédica nos Estados Unidos".

A história do milagre

Em Junho do ano 2000, John Sullivan começou a sofrer dores nas pernas que não o permitiam caminhar. O médico explicou -lhe, com uma radiografia na mão, que algumas vértebras lombares estavam aprofundadas e bloqueavam uma área crítica do canal espinhal tocando a medula e os nervos femorais. Esta condição crónica o impedia de caminhar e ele sugeriu consultar um neurologista.

Essa mesma noite, relata Ambrosi, Sullivan viu um programa na televisão sobre a vida e obra do Cardeal Newman, que era até esse momento desconhecido. "Foi tocado por aquela extraordinária figura e começou a rezar-lhe com fervor, confiando-lhe seus sofrimentos. Na manhã seguinte sentiu-se melhor, para voltar a caminhar".

Depois de consultar a dois neurologistas que confirmaram a doença, este diácono chegou até o doutor Robert Banco, considerado o melhor cirurgião de Boston. Em Maio de 2001 a dor era insuportável e caminhava muito mal. Este médico disse-lhe que era momento de operá-lo pelo qual Sullivan intensificou suas orações ao Cardeal Newman.

Depois de apenas seis dias de uma complicada operação, Sullivan foi capaz de caminhar ajudado de um fortificação. Sullivan tinha implorado ao Newman: "por favor cardeal ajude-me a caminhar, ajude-me a seguir meu caminho".

Evidentemente, prossegue Ambrosi, esta fervorosa oração encontrou no Cardeal uma resposta imediata. "Sullivan levantou-se, começou a caminhar, não teve mais dores e não teve necessidade de submeter-se a terapia alguma. Em Setembro retomou sua vida normal, dedicando-se ao ensino.

No dia 2 de Outubro fez uma visita de controlo. O doutor Banco surpreendeu-se ao encontrá-lo perfeitamente curado logo após uma operação deste tipo, e ao vê-lo novamente e 100 por cento curado em Fevereiro de 2002, quando afirmou "jamais ter visto uma cura tão veloz nem completa, inexplicável desde o ponto de vista científico".

(Fonte: ‘ACI Digital’ com adaptação de JPR)

Tema para reflexão - Alegria dos filhos de Deus

A condição do gozo autêntico é sempre a mesma: que queiramos viver para Deus e, por Deus, para os outros. Digamos ao Senhor que sim, que queremos, que não desejamos mais que servir com alegria. Se procurais comportar-vos assim, a vossa paz interior e o vosso sorriso, o vosso garbo e o vosso bom humor, serão luz poderosa de que Deus se servirá para atrair muitas almas para Si. Dai testemunho da alegria cristã, descobri a quantos vos rodeiam qual é o vosso segredo: estais alegres porque sois filhos de Deus, porque O cuidais, porque lutais por ser melhores e por ajudar os demais e porque quando se quebra o gozo da vossa alma acudis com prontidão ao Sacramento da alegria, no qual recuperais o sentido da vossa fraternidade com todos os homens.

(ÁLVARO DO PORTILLO, Homília no Jubileu da Juventude, 1984.04.12)

Publicada por ontiano em NUNC COEPI - http://amexiaalves-nunccoepi.blogspot.com/

Visita de Bento XVI ao Reino Unido – programa para hoje Domingo último dia da viagem do Santo Padre à Escócia e Inglaterra (BST = hora portuguesa)

0845 BST: The Pope will leave his accommodation in Wimbledon and fly by helicopter to Birmingham.

1000 BST: An invited audience of 65,000 will watch as the Pope's beatification of Cardinal John Henry Newman takes place in Cofton Park.

The venue will open at 0200 BST with morning worship at 0810 BST. The beatification mass itself will continue until approximately 1200 BST.

Birmingham Council says those without a ticket are "advised to avoid the area around the park on Sunday 19 September" and watch the event on television instead. It is expected to be broadcast on BBC2 and BBC Radio 4.

The council says there are no plans to screen the mass in any public spaces in or around the city, although parishes are being encouraged to organise their own screenings in community halls.

Afternoon: Following a lunch, the Papal visit will conclude with a private meeting between the Pope and the bishops of England, Scotland and Wales in Oscott College.

1815 BST: Following a short ceremony at Birmingham airport, the Pope will depart for Rome.

(Fonte: site BBC news)