terça-feira, 11 de agosto de 2009

"A Igreja é de Jesus, não é propriedade nossa"

Na primavera passada, os “mal-entendidos que surgiram à volta de alguns gestos e palavras do Papa”, a carta que este enviou aos bispos a propósito do levantar da excomunhão aos bispos lefebvrianos e “as polémicas referentes a casos que de algum modo implicavam a Igreja, como o dolorosíssimo episódio do Brasil” (da criança abusada que abortou e a posição do respectivo arcebispo) sugeriram ao Cardeal Georges Cottier, dominicano, 87 anos, teólogo emérito da Casa Pontifícia, uma interessante reflexão pessoal, publicada na revista católica italiana “30 Giorni”. Dada a actualidade das suas considerações, apresentamos aqui hoje amplos extractos.

“Uma primeira impressão é que, mesmo entre os cristãos, há muita gente que já não sabe o que é a Igreja. É um paradoxo: o mistério da Igreja como objecto de fé foi o tema central do Concílio Vaticano II, e agora verificou-se uma crise precisamente sobre este ponto. É um paradoxo que nos convida a reflectir sobre o modo como Deus conduz a Sua Igreja."A coisa mais elementar a reconhecer é precisamente isto: que a Igreja é Sua, é d’Ele. Ecclesiam suam – assim se intitulava a primeira encíclica de Paulo VI. No Credo, confessamos a Igreja como mistério de fé. Quer dizer que estamos no âmbito da graça. Quer dizer que a Igreja é dom de Deus e não criação do homem. Quer dizer que a Igreja não é propriedade nossa, mas é a Igreja de Jesus Cristo. É Ele que a conduz e a faz viver com a palavra, com a graça sacramental e com aquela linfa que circula e que se chama caridade. Estamos na Igreja enquanto recebemos o dom de Cristo. É Ele que nos irmana. (…)

"Se temos a pretensão de sermos nós a guiar e a construir a Igreja, fazemos coisas despropositadas ou inúteis. Fico sempre impressionado com a quantidade de projectos promovidos pelos cristãos que frequentemente dão pouquíssimos frutos. Quando a Igreja quis indicar um patrono para a obra das missões, não escolheu um grande evangelizador. Escolheu Teresinha do Menino Jesus, que escrevia de si: “Quando actuo com caridade, é Jesus que age em mim”.

"É este o mistério da Igreja, que aflora também no modo em que tem lugar o testemunho de Jesus ressuscitado. Quem experimenta a libertação interior dada pelo Espírito Santo difunde gratuitamente nos outros este dom. O testemunho não é resultado de uma nossa capacidade ou aplicação. É por isso que o testemunho mais límpido e comovente é o que as testemunhas dão sem disso se aperceberem. Ao passo que quem insiste demasiado sobre a sua actividade de testemunha, como se fosse uma função a desempenhar, muitas vezes aquilo que tem em vista é fabricar para si mesmo uma personagem.

"Na Carta aos Romanos, e também na primeira aos Coríntios, São Paulo recorda-nos que o anúncio evangélico não assenta na sapiência de um discurso. Ao mesmo tempo, mostra-se atento às condições concretas dos destinatários a que se dirige. (…) Este discernimento, esta atenção respeitosa das situações em jogo é conatural ao testemunho cristão. Evitemos de equivocar o convite do Apóstolo a anunciar a Palavra “a tempo e fora de tempo”, como fazem algumas seitas protestantes, que em vez de procurar intervir com sentido da oportunidade, se comprazem em agir com provocações radicais, criando assim problemas a todos, sobretudo nos países de maioria muçulmana, ou nas terras de missão."A novidade do anúncio cristão, há que a oferecer de maneira humilde e respeitadora em relação aos destinatários do mesmo. Não é uma questão de oportunismo táctico - estratégico. É uma consequência do facto de que a verdade que os cristãos anunciam é um dom, não é algo de sua propriedade. Nunca mais hei-de esquecer as observações de uma senhora de um país do Leste europeu que, chegada a Roma depois do fim do comunismo, tinha encontrado a fé. Era uma pessoa culta. Para a ajudar, sugeri-lhe que seguisse cursos de Teologia, a um certo nível. Um dia, disse-me que alguns dos professores lhe faziam recordar os do ambiente comunista em que tinha vivido: gente que fazia belos discursos sobre coisas em que evidentemente já não acreditava. "O cardeal Charles Journet, meu pai e mestre, repetia sempre que a fronteira da Igreja passa pelos nossos corações. A pretensão de demonstrar com os nossos argumentos a verdade da fé, quando o coração não é habitado pela caridade, pode suscitar escândalo e objecções. Sente-se uma frieza, um alheamento do coração que acaba por afastar os outros mais do que os nossos pecados e infidelidades."

"Nestes meses falou-se da solidão do Papa, da incapacidade dos seus colaboradores, dos limites que tinham vindo ao de cima na actividade da Sé apostólica. Também sobre estes temas, o debate pareceu condicionado por generalizados equívocos de fundo.

"Um certo “limite” é conatural à Igreja. Quando Jesus sobe ao Céu deixando os apóstolos guiados por Pedro como suas testemunhas, Ele bem sabe que Pedro é um homem com todos os seus limites, que de facto as páginas do Evangelho não tratam de esconder. Ao longo da história os Papas não foram todos génios nem, muito menos, todos santos. Mas também isto nos faz ver que a Igreja é obra de Deus. Que, na pequena barca, cheia de pecadores, está o Senhor. É Ele que pode aplacar as tempestades e tranquilizar os que têm medo. (…) Se a Igreja fosse obra dos homens que a guiam, desde há muito que teria acabado. Aliás, a Igreja sempre se subtraiu à tentação de se considerar uma cidadela de puros e santos. (…)

"Nos últimos tempos, muitos insistiram sobre uma alegada dificuldade que o Papa teria em comunicar com clareza o sentido das suas decisões. Pessoalmente, tive muitas vezes ocasião de experimentar a lucidez comunicativa de Joseph Ratzinger, assim como a sua disponibilidade para escutar as razões dos outros. Todos têm tido ocasião de ver que o Papa sabe muito bem fazer-se entender, por exemplo quando improvisa falando aos jovens e aos padres, ou quando, num tom muito pessoal, escreveu aos bispos a carta de 10 de Março. Por outro lado, há porventura quem exaspere os alarmes sobre as divisões na Igreja.

"Não tenhamos medo da diferença de opiniões, não a exorcizemos. Mesmo na Cúria Romana, sobre muitas coisas, nem todos pensam da mesma maneira. Ninguém pode ter como ideal um sistema totalitário onde há um que pensa por todos e os outros se empenham em calar a boca. É sempre útil, e sinal de vitalidade, o confronto entre os diversos modos de ver as coisas. Se não se reconhece isto, acaba-se por chegar a subscrever declarações em apoio ou em discordância com o Papa, dando-se início ao jogo de contrapor os “fidelíssimos” aos adversários. Como se na Igreja pudesse haver partidos pró ou contra o Papa.

"Nós não somos os “fans” do Papa. Ele é o sucessor de Pedro, a divina Providência qui-lo assim como é. E nós estimamo-lo assim como é, porque por detrás d’Ele vemos Jesus. É isto que quer dizer sermos católicos.”


(Fonte: site Radio Vaticana)

Cardeal Ouellet: a dolorosa solidão de Bento XVI

O título talvez seja enfático de mais, já que, graças a Deus, somos muitos milhões que estamos e nos sentimos em perfeita comunhão com o Papa.

(JPR)


Gripe A: Propagação intencional dá direito a prisão

A propagação intencional de um vírus pode ser punida, nos casos mais graves, com pena de prisão até oito anos.

O crime está previsto na lei, explica o advogado Rogério Alves, que admite que muitas vezes é difícil prová-lo.

“As penas previstas são, no caso de uma propagação dolosa, até oito anos. Quem o fizer de forma negligente, porque não se abstém dos comportamentos de que se deveria abster, a pena é menor”, ensina o causídico.

A ministra da Saúde alertou, ontem, para o facto de existirem pessoas com comportamentos anti-sociais e perigosos face à propagação da gripe A e referiu o caso de uma mãe que ameaçou contagiar outras crianças intencionalmente, depois do filho ter contraído a doença.
Face ao aumento do número de casos de infectados com o vírus H1N1, as autoridades de saúde já prometeram reforçar os serviços.


(Fonte: site Rádio Renascença)


Nota de JPR:

É caso para se perguntar em face da denúncia feita ontem pela ministra Ana Jorge, porque é que nada foi feito, para que se punissem os infractores à lei?

O crescimento demográfico

A concepção dos direitos e dos deveres no desenvolvimento deve ter em conta também as problemáticas ligadas com o crescimento demográfico. Trata-se de um aspecto muito importante do verdadeiro desenvolvimento, porque diz respeito aos valores irrenunciáveis da vida e da família[110]. Considerar o aumento da população como a primeira causa do subdesenvolvimento é errado, inclusive do ponto de vista económico: basta pensar, por um lado, na considerável diminuição da mortalidade infantil e no alongamento médio da vida que se regista nos países economicamente desenvolvidos, e, por outro, nos sinais de crise que se observam nas sociedades onde se regista uma preocupante queda da natalidade.

[110] Paulo VI, Carta enc. Populorum progressio (26 de Março de 1967): o.c., 275-276
Caritas in veritate [IV – 44 (a)] – Bento XVI

«O bem e o mal não são decididos pela opinião pública»




O presidente de Conferência Episcopal Italiana, Cardeal Angelo Bagnasco, por ocasião da Solenidade de São Lourenço: «Hoje parece que o bem e o mal estejam dependentes da opinião pública, poder-se-á dizer daquilo que aqueles – apresentados como maioria – pensam sobre os valores. Como se aquilo que é moral ou imoral dependesse, no fundo, de números». Parâmetro arbitrário ao qual o cristão deve dizer «não», afirmando o imperativo prioritário da consciência.

(Tradução de JPR, pode ler artigo do “Avvenire” AQUI)

S. Josemaría Escrivá nesta data em 1938

Numa carta escreve: “Deus sabe muito e age, sempre!, amorosamente”.Numa carta escreve: “Deus sabe muito e age, sempre!, amorosamente”.

(Fonte: http://www.pt.josemariaescriva.info/artigo/11-8-5 )

Santa Clara de Assis

Nasceu em Assis, em 1193. Conterrânea de São Francisco, Clara foi sua discípula e fiel intérprete de seu ideal ascético. De família nobre, dotada de extraordinária beleza e possuidora de muitas riquezas, Clara, aos 18 anos, fugiu de casa para se consagrar a Deus, mediante uma vida de absoluta pobreza, a exemplo de Francisco de Assis. Juntamente com Inês, sua irmã mais jovem, e outras companheiras, Clara instalou-se no oratório de São Damião. Era o início das Clarissas. Procuravam em tudo viver o ideal franciscano da pobreza. Actualmente somam cerca de umas 19 mil religiosas, espalhadas por todo o mundo.

Contam as fioretti que um dia, Francisco mandou dizer a Clara que rezasse a Deus para que ele pudesse saber o que mais agradava a Deus: dedicar-se à pregação ou à oração. Depois de muita oração, o mensageiro levou a resposta a Francisco: "Tanto a frei Silvestre como a irmã Clara e sua irmã, Cristo respondeu e revelou que sua vontade é que vás pelo mundo a pregar, porque Ele não te escolheu para ti somente, mas ainda para a salvação dos outros!"

Com Frei Masseo, São Francisco pôs-se a caminhar conforme o Espírito o movia ... Pregou a muitos com muita unção ... As aves do céu faziam silêncio para que o Santo pudesse falar ...

São Damião foi milagre que irradiou pureza, como o sol irradia os seus raios. As mulheres queriam ser puras como Clara e os homens aprendiam a respeitar a pureza das mulheres. Santa Clara é apresentada de custódia do Santíssimo Sacramento na mão a deter os mouros às portas de Assis. Por lhe ter sido atribuído ver de longe o sepulcro de S. Francisco, foi declarada padroeira da televisão.


(Fonte: Evangelho Quotidiano)

Comentário ao Evangelho do dia feito por:

Santa Faustina Kowalska (1905-1938), religiosa
Pequeno Diário, § 244 (a partir da trad. de Parole et Dialogue 2002, p. 128)

«Quem, pois, se fizer humilde como este menino será o maior no Reino do Céu.»

Já recomeçou o cinzento da rotina do dia-a-dia. Os momentos solenes dos meus votos perpétuos passaram, mas esta grande graça de Deus permanece na minha alma. Sinto que pertenço totalmente a Deus, sei que sou a Sua filha, sinto que sou inteiramente Sua propriedade. Experimento-o de maneira física e sensível. Estou perfeitamente tranquila em tudo, porque sei que é tarefa do Esposo pensar em mim. Estou completamente esquecida de mim própria.

A minha confiança no Seu Coração misericordioso não tem limites. Estou continuamente unida a Ele. Vejo que é como se Jesus não pudesse ser feliz sem mim, nem eu sem Ele. Compreendo bem que, sendo Deus feliz em Si mesmo, e não precisando de criatura absolutamente nenhuma para a Sua felicidade, no entanto, a Sua bondade força-O a dar-Se à Sua criatura – e fá-lo com uma generosidade inconcebível.


(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 11 de Agosto de 2009

São Mateus 18,1-5.10.12-14

Naquele momento, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe: «Quem é o maior no Reino do Céu?»

Ele chamou um menino, colocou-o no meio deles e disse: «Em verdade vos digo: Se não voltardes a ser como as criancinhas, não podereis entrar no Reino do Céu.

Quem, pois, se fizer humilde como este menino será o maior no Reino do Céu.

Quem receber um menino como este, em meu nome, é a mim que recebe.»

«Livrai-vos de desprezar um só destes pequeninos, pois digo-vos que os seus anjos, no Céu, vêem constantemente a face de meu Pai que está no Céu.

Que vos parece? Se um homem tiver cem ovelhas e uma delas se tresmalhar, não deixará as noventa e nove no monte, para ir à procura da tresmalhada?

E, se chegar a encontrá-la, em verdade vos digo: alegra-se mais com ela do que com as noventa e nove que não se tresmalharam. Assim também é da vontade de vosso Pai que está no Céu que não se perca um só destes pequeninos.»

(Fonte: Evangelho Quotidiano)