João Goulão é presidente do Instituto da Droga e Toxicodependência. Logo, pensamos nós, deveria zelar pela diminuição deste problema junto da população em geral e dos jovens em particular.
Errado. Para este senhor, quem na juventude não fuma charros é betinho e a melhor mensagem a passar é a de redução de danos e não a de evitar que a droga entre na vida de muitos jovens.
Duarte Vilar é presidente da Associação para o Planeamento Familiar. Supostamente, devia zelar para que a divulgação de medidas de planeamento familiar reduzissem idealmente para zero o número de abortos, legais ou ilegais, em Portugal.
Errado. Cada vez que são divulgados novos números sobre o aumento de abortos, como ainda recentemente aconteceu, este senhor festeja com declarações a sublinhar que a evolução está de acordo com as previsões já feitas pela sua associação.
São dinheiros públicos que sustentam o Instituto da Droga e Toxicodependência para que desenvolva políticas eficazes que mantenham os nossos filhos longe do mundo da droga.
E, apesar de não ser pública, a Associação para o Planeamento Familiar, vive de subsídios públicos e sustenta a sua actividade no fornecimento de serviços ao Estado que deveriam servir para tornar mais responsável a maternidade e diminuir ao máximo a tragédia e o trauma do aborto.
Tal como os professores, também o desempenho destes senhores deveria ser avaliado e, se houvesse rigor na forma como é usado o dinheiro dos nossos impostos, João Goulão e Duarte Vilar deveriam deixar de ser os homens errados nos lugares errados.
Raquel Abecasis
(Fonte: site RR)
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Um Dom Imenso
Quem quase toda a vida viveu, como eu, “empadralhado”, isto é, rodeado de Padres poderá ter uma grande dificuldade em reconhecer o dom imenso que eles representam.
A dois meses e meio, mais ou menos, de nascido, a 9 de Janeiro de 1954, fui banhado nas vivificantes águas Baptismais, por um deles, na Capela de casa dos meus avós, na Paróquia do Santíssimo Sacramento, no Porto. Na meninice, antes da escola, habituei-me não só a ir à Missa Dominical, mas também a ver como visitas habituais em casa de meus pais e avós, de ambos os lados, sacerdotes que lá almoçavam ou jantavam. Depois, frequentei durante 10 anos o colégio de S. João de Brito, dos Padres Jesuítas. Esta convivência quotidiana fez de mim, por assim dizer, um católico mimado que se sentia no meio deles com o mesmo à vontade que com a família mais chegada. Tiveram por isso, com uma paciência de Job, de aturar as minhas birras, desleixos, más-criações, rebeldias, arrogâncias e presunções. Olhando para trás e considerando as malandrices e demais idiotias que fazia com uma frequência e uma intensidade inusitadas não posso deixar de me pasmar quer com a minha crueldade quer com a benevolência sacerdotal. Levei, é verdade, algumas reguadas, carolos, puxões de orelha e tabefes, embora não tantos como precisava, mas o que eu merecia era ser “exterminado”, corrido a pontapés, expulso como ingrato, lançado ao lixo como escória imunda. Mas quê! Logo me perdoavam, absolviam, davam-me a Comunhão e faziam-me grande festa.
Fiz coisas ignóbeis, infames, sem qualificativo gramatical que as nomeie adequadamente. E, não obstante, considerava os Padres, na minha soberba canalha, uns seres cinzentos, algo desprezíveis, coisa a evitar e de todo indesejável.
Com a saída do S. João de Brito aquela decadência católica em que me enfronhara foi-se transformando numa tentativa persistente e determinada de desconstruir tudo o que me tinha sido dado e ensinado. Fazer e praticar exactamente o contrário da Lei de Deus. Ler Freud, Karl Abraham, Marcuse, W. Reich e A. Kinsey, entre outros, só podia agravar, como o fez, a situação. Um livro sobre Magia (não ilusionismo) que encontrei numas férias virou-me para o ocultismo. Chegado a Lisboa, vendi a Honda 90 e com o dinheiro adquirido comprei tudo o que encontrei sobre espiritismo, quiromancia, horóscopos, yoga, alquimia, parapsicologia, etc. Mergulhado nessas fantasias organizei sessões de espiritismo e ocultismo, e tive contactos com várias correntes do yoga, como a meditação transcendental, para dar só um exemplo, com os Meninos de Deus, com a Unificação, com budistas e hinduístas. A verdade, a resposta às minhas ânsias, à minha procura, não podia estar naquilo que eu conhecia de ginjeira e desdenhara – “a galinha da vizinha é melhor que a minha”. E assim de ilusão em ilusão fui-me arrastando até à desilusão final.
Depois veio a descoberta da Bíblia, a propósito de um filme que então apareceu, e a sua leitura diária com um pequeno grupo, entre cheiros de incenso – resquício das experiências anteriores -, e também em casa sozinho, com uma garrafa de aguardente “fim de século” de um lado e o maço de tabaco “português suave”, sem filtro, acompanhando a meditação até às quatro ou cinco da manhã!
Nesta confusão, Deus enviou um novo Prior, o Pe. Lereno Sebastião Dias, para a minha paróquia, a de S. João de Brito. A minha mãe conseguiu convencer-me a ir falar com ele e eu encontrei um milagre. Aquilo não era um homem, era um furacão de entusiasmo (esta palavra que vem do grego significa ter a Deus dentro de si), um fogo devorador de Evangelização, um arrebatamento Eucarístico. Desafiei-o para uma das nossas reuniões, ficaram todos fascinados. Dentro em pouco estávamos num cursilho de cristandade com outros dois Padres. Um empolgou-nos com as suas pregações, o outro persuadiu-nos de uma forma singular à confissão, sacramento em que não me apanhavam há vários anos. Aterrado, lá confessei as minhas grandes, graves e numerosas culpas (aquele tipo de pecados que não só é difícil de admitir perante os outros mas também perante nós próprios). Como resposta à javardice, ao esgoto ali despejado, desceu a Misericórdia infinita, bela e pura de Deus que renova todas as coisas. Se me soube bem a celebração verdadeira do sacramento da confissão? O Pe. Lereno poder-vos-á responder, pois a partir daquele retiro viu-me todas as semanas ir-me ajoelhar diante dele mendigando a absolvição e a sua orientação Espiritual.
O Pe. Lereno passava horas e horas no confessionário. As filas de gente para se reconciliar eram sempre extensas e como ele ouvia sem interromper e pregava a cada penitente com grande unção, era habitual que alguém para conseguir confessar-se tivesse de esperar uma, duas e às vezes mais horas. Não importava porque a pessoa saía dali reconstituída, restaurada, plenificada.
Impressionava o “contraste” entre as homilias e o confessionário. Naquelas proclamava a verdade sem ambiguidades nem titubeações. Pão pão, queijo queijo. Quando uma boa parte dos membros da Igreja em Portugal advogava, mesmo na UCP, a conciliação e compatibilidade entre o marxismo e o cristianismo, ou, pelo menos, calava a sua incompatibilidade ele trovejava contra a sedução diabólica. Não lhe importava que alguns fiéis saíssem amuados com as suas prédicas, pois sabia que o serviço da verdade é uma forma eminente de caridade. Seguramente atraídos por este desassombro, aquela enorme Igreja transbordava de gente em todas as Missas. Inexorável em chamar as coisas pelos nomes, no sim sim, não não, combinava essa clareza com um acolhimento humaníssimo de todas as pessoas. Não havia alma por mais distante que estivesse de Deus e da Sua Igreja, por mais empedernida no pecado, não saísse da sua beira reconciliada, consolada, feliz. Nunca foi lamechas, mas era a presença transparente do Cristo Misericordioso, a pura alegria do Evangelho.
A celebração da Eucaristia era o centro da sua vida. De onde tudo vinha, para onde tudo se encaminhava. Na Consagração, parecia transportado ao Céu; a Comunhão distribuía-a com a urgência, embora solene, de quem não sofre mais um momento ver o povo a perecer de fome. Este Padre, se um dia tivermos de definir a sua vida, é Missa. Está tão configurado com Cristo Eucarístico que já não é ele que vive mas é a Missa, é Cristo Ressuscitado que nele vive.
O encontro com este Padre foi, repito, um milagre na minha vida. Sem ele não me teria entregado à oração, ao apostolado, às obras de misericórdia, à evangelização; não teria crescido na Fé, nem na Esperança, nem na Caridade; sem ele nunca teria entrado para o seminário, nem teria preservado no mesmo, nem teria sido Ordenado Padre. Foi, como costumo, dizer, mais que um pai. Não porque o meu não fosse excelente, mas porque há dons sobrenaturais que só podem vir pela paternidade sacerdotal.
Neste Padre e com este Padre aprendi amar a Igreja, a Virgem Maria, os sacerdotes. Foi ele que pacientemente me fez perceber que eu não era a 4ª pessoa da Santíssima Trindade, uma mania hoje muito em voga, pois por mais que nos custe só há três… Nunca por nunca o ouvi dissentir da doutrina da Igreja, mas sempre percebi nele uma fidelidade que lhe brotava da Fé imensa que possuía. Todas as semanas o via ajoelhar-se no confessionário, aos pés do Monsenhor D. João de Castro, para dizer as suas culpas e acolher as misericórdias de Deus. Expunha o Santíssimo Sacramento todos os dias e diante dele rezava com os fiéis o terço do rosário e a oração de Vésperas.
Ao longo da minha caminhada conheci muitos outros sacerdotes, que seria fastidioso enumerar, que me marcaram e ajudaram muito. Uns diocesanos ou seculares, outros franciscanos (ui!, o que estes me têm aturado), jesuítas, dominicanos, espiritanos, agostinhos, outros são hoje Bispos. Para com todos, embora mais uns do que outros, tenho uma enorme dívida, daquelas que é impossível pagar.
Quem trataria as minhas feridas quando caio?, quem me ressuscitaria se morro?, quem saciaria esta fome imensa que me atormenta?, quem me ampararia quando desfaleço?, quem me guiaria nesta babel que é a vida contemporânea?, senão o Padre.
Olhem para as paróquias. Que seria daquela gente que ali fervilha sem elas? Quem cuida dos idosos?, quem visita os doentes?, quem catequiza o evangelho?, quem forma os jovens?, quem organiza o voluntariado?, quem acode aos pobres e aos desempregados?, quem lhes proporciona o encontro com Cristo?, quem cria comunidade entre desconhecidos?
Reparem nas Ordens religiosas. Quem cuidaria dos colégios?, dos hospitais?, dos lares de velhinhos?, das creches infantis?, da missionação?, etc.
Desapareçam os Padres as Paróquias morrerão, as Ordens religiosas soçobrarão. A Igreja, que gera em Cristo os sacerdotes, vive deles. O Padre com todas as suas fragilidades e pecados, pois é um tesouro num vaso de barro, é Cristo no meio do Seu povo. Toda a vida cristã nasce, brota da Eucaristia. Esta é não só a raiz, a fonte, mas também o cume e o vértice da mesma. E a Eucaristia é o Padre a dizer/fazer na Pessoa de Jesus Cristo: Isto é o Meu corpo … Isto é o Meu sangue … Tomai e comei … Tomai e bebei. Esta é a eternidade que nos alimenta e vivifica.
Começou ontem o ano sacerdotal que tem como objectivos criar uma consciência na Igreja e na humanidade do dom imenso que são os sacerdotes e ajudar os Padres a um encontro mais intenso com Jesus Cristo, a uma configuração existencial com O mesmo mais concorde com a sacramental, a uma santidade verdadeira para melhor amar em Cristo os fiéis e toda a humanidade.
Se quiserem rezar por mim e por todos os sacerdotes realizareis uma grande obra de caridade que acabará por reverter a vosso favor.
Nuno Serras Pereira
20. 06. 2009
A dois meses e meio, mais ou menos, de nascido, a 9 de Janeiro de 1954, fui banhado nas vivificantes águas Baptismais, por um deles, na Capela de casa dos meus avós, na Paróquia do Santíssimo Sacramento, no Porto. Na meninice, antes da escola, habituei-me não só a ir à Missa Dominical, mas também a ver como visitas habituais em casa de meus pais e avós, de ambos os lados, sacerdotes que lá almoçavam ou jantavam. Depois, frequentei durante 10 anos o colégio de S. João de Brito, dos Padres Jesuítas. Esta convivência quotidiana fez de mim, por assim dizer, um católico mimado que se sentia no meio deles com o mesmo à vontade que com a família mais chegada. Tiveram por isso, com uma paciência de Job, de aturar as minhas birras, desleixos, más-criações, rebeldias, arrogâncias e presunções. Olhando para trás e considerando as malandrices e demais idiotias que fazia com uma frequência e uma intensidade inusitadas não posso deixar de me pasmar quer com a minha crueldade quer com a benevolência sacerdotal. Levei, é verdade, algumas reguadas, carolos, puxões de orelha e tabefes, embora não tantos como precisava, mas o que eu merecia era ser “exterminado”, corrido a pontapés, expulso como ingrato, lançado ao lixo como escória imunda. Mas quê! Logo me perdoavam, absolviam, davam-me a Comunhão e faziam-me grande festa.
Fiz coisas ignóbeis, infames, sem qualificativo gramatical que as nomeie adequadamente. E, não obstante, considerava os Padres, na minha soberba canalha, uns seres cinzentos, algo desprezíveis, coisa a evitar e de todo indesejável.
Com a saída do S. João de Brito aquela decadência católica em que me enfronhara foi-se transformando numa tentativa persistente e determinada de desconstruir tudo o que me tinha sido dado e ensinado. Fazer e praticar exactamente o contrário da Lei de Deus. Ler Freud, Karl Abraham, Marcuse, W. Reich e A. Kinsey, entre outros, só podia agravar, como o fez, a situação. Um livro sobre Magia (não ilusionismo) que encontrei numas férias virou-me para o ocultismo. Chegado a Lisboa, vendi a Honda 90 e com o dinheiro adquirido comprei tudo o que encontrei sobre espiritismo, quiromancia, horóscopos, yoga, alquimia, parapsicologia, etc. Mergulhado nessas fantasias organizei sessões de espiritismo e ocultismo, e tive contactos com várias correntes do yoga, como a meditação transcendental, para dar só um exemplo, com os Meninos de Deus, com a Unificação, com budistas e hinduístas. A verdade, a resposta às minhas ânsias, à minha procura, não podia estar naquilo que eu conhecia de ginjeira e desdenhara – “a galinha da vizinha é melhor que a minha”. E assim de ilusão em ilusão fui-me arrastando até à desilusão final.
Depois veio a descoberta da Bíblia, a propósito de um filme que então apareceu, e a sua leitura diária com um pequeno grupo, entre cheiros de incenso – resquício das experiências anteriores -, e também em casa sozinho, com uma garrafa de aguardente “fim de século” de um lado e o maço de tabaco “português suave”, sem filtro, acompanhando a meditação até às quatro ou cinco da manhã!
Nesta confusão, Deus enviou um novo Prior, o Pe. Lereno Sebastião Dias, para a minha paróquia, a de S. João de Brito. A minha mãe conseguiu convencer-me a ir falar com ele e eu encontrei um milagre. Aquilo não era um homem, era um furacão de entusiasmo (esta palavra que vem do grego significa ter a Deus dentro de si), um fogo devorador de Evangelização, um arrebatamento Eucarístico. Desafiei-o para uma das nossas reuniões, ficaram todos fascinados. Dentro em pouco estávamos num cursilho de cristandade com outros dois Padres. Um empolgou-nos com as suas pregações, o outro persuadiu-nos de uma forma singular à confissão, sacramento em que não me apanhavam há vários anos. Aterrado, lá confessei as minhas grandes, graves e numerosas culpas (aquele tipo de pecados que não só é difícil de admitir perante os outros mas também perante nós próprios). Como resposta à javardice, ao esgoto ali despejado, desceu a Misericórdia infinita, bela e pura de Deus que renova todas as coisas. Se me soube bem a celebração verdadeira do sacramento da confissão? O Pe. Lereno poder-vos-á responder, pois a partir daquele retiro viu-me todas as semanas ir-me ajoelhar diante dele mendigando a absolvição e a sua orientação Espiritual.
O Pe. Lereno passava horas e horas no confessionário. As filas de gente para se reconciliar eram sempre extensas e como ele ouvia sem interromper e pregava a cada penitente com grande unção, era habitual que alguém para conseguir confessar-se tivesse de esperar uma, duas e às vezes mais horas. Não importava porque a pessoa saía dali reconstituída, restaurada, plenificada.
Impressionava o “contraste” entre as homilias e o confessionário. Naquelas proclamava a verdade sem ambiguidades nem titubeações. Pão pão, queijo queijo. Quando uma boa parte dos membros da Igreja em Portugal advogava, mesmo na UCP, a conciliação e compatibilidade entre o marxismo e o cristianismo, ou, pelo menos, calava a sua incompatibilidade ele trovejava contra a sedução diabólica. Não lhe importava que alguns fiéis saíssem amuados com as suas prédicas, pois sabia que o serviço da verdade é uma forma eminente de caridade. Seguramente atraídos por este desassombro, aquela enorme Igreja transbordava de gente em todas as Missas. Inexorável em chamar as coisas pelos nomes, no sim sim, não não, combinava essa clareza com um acolhimento humaníssimo de todas as pessoas. Não havia alma por mais distante que estivesse de Deus e da Sua Igreja, por mais empedernida no pecado, não saísse da sua beira reconciliada, consolada, feliz. Nunca foi lamechas, mas era a presença transparente do Cristo Misericordioso, a pura alegria do Evangelho.
A celebração da Eucaristia era o centro da sua vida. De onde tudo vinha, para onde tudo se encaminhava. Na Consagração, parecia transportado ao Céu; a Comunhão distribuía-a com a urgência, embora solene, de quem não sofre mais um momento ver o povo a perecer de fome. Este Padre, se um dia tivermos de definir a sua vida, é Missa. Está tão configurado com Cristo Eucarístico que já não é ele que vive mas é a Missa, é Cristo Ressuscitado que nele vive.
O encontro com este Padre foi, repito, um milagre na minha vida. Sem ele não me teria entregado à oração, ao apostolado, às obras de misericórdia, à evangelização; não teria crescido na Fé, nem na Esperança, nem na Caridade; sem ele nunca teria entrado para o seminário, nem teria preservado no mesmo, nem teria sido Ordenado Padre. Foi, como costumo, dizer, mais que um pai. Não porque o meu não fosse excelente, mas porque há dons sobrenaturais que só podem vir pela paternidade sacerdotal.
Neste Padre e com este Padre aprendi amar a Igreja, a Virgem Maria, os sacerdotes. Foi ele que pacientemente me fez perceber que eu não era a 4ª pessoa da Santíssima Trindade, uma mania hoje muito em voga, pois por mais que nos custe só há três… Nunca por nunca o ouvi dissentir da doutrina da Igreja, mas sempre percebi nele uma fidelidade que lhe brotava da Fé imensa que possuía. Todas as semanas o via ajoelhar-se no confessionário, aos pés do Monsenhor D. João de Castro, para dizer as suas culpas e acolher as misericórdias de Deus. Expunha o Santíssimo Sacramento todos os dias e diante dele rezava com os fiéis o terço do rosário e a oração de Vésperas.
Ao longo da minha caminhada conheci muitos outros sacerdotes, que seria fastidioso enumerar, que me marcaram e ajudaram muito. Uns diocesanos ou seculares, outros franciscanos (ui!, o que estes me têm aturado), jesuítas, dominicanos, espiritanos, agostinhos, outros são hoje Bispos. Para com todos, embora mais uns do que outros, tenho uma enorme dívida, daquelas que é impossível pagar.
Quem trataria as minhas feridas quando caio?, quem me ressuscitaria se morro?, quem saciaria esta fome imensa que me atormenta?, quem me ampararia quando desfaleço?, quem me guiaria nesta babel que é a vida contemporânea?, senão o Padre.
Olhem para as paróquias. Que seria daquela gente que ali fervilha sem elas? Quem cuida dos idosos?, quem visita os doentes?, quem catequiza o evangelho?, quem forma os jovens?, quem organiza o voluntariado?, quem acode aos pobres e aos desempregados?, quem lhes proporciona o encontro com Cristo?, quem cria comunidade entre desconhecidos?
Reparem nas Ordens religiosas. Quem cuidaria dos colégios?, dos hospitais?, dos lares de velhinhos?, das creches infantis?, da missionação?, etc.
Desapareçam os Padres as Paróquias morrerão, as Ordens religiosas soçobrarão. A Igreja, que gera em Cristo os sacerdotes, vive deles. O Padre com todas as suas fragilidades e pecados, pois é um tesouro num vaso de barro, é Cristo no meio do Seu povo. Toda a vida cristã nasce, brota da Eucaristia. Esta é não só a raiz, a fonte, mas também o cume e o vértice da mesma. E a Eucaristia é o Padre a dizer/fazer na Pessoa de Jesus Cristo: Isto é o Meu corpo … Isto é o Meu sangue … Tomai e comei … Tomai e bebei. Esta é a eternidade que nos alimenta e vivifica.
Começou ontem o ano sacerdotal que tem como objectivos criar uma consciência na Igreja e na humanidade do dom imenso que são os sacerdotes e ajudar os Padres a um encontro mais intenso com Jesus Cristo, a uma configuração existencial com O mesmo mais concorde com a sacramental, a uma santidade verdadeira para melhor amar em Cristo os fiéis e toda a humanidade.
Se quiserem rezar por mim e por todos os sacerdotes realizareis uma grande obra de caridade que acabará por reverter a vosso favor.
Nuno Serras Pereira
20. 06. 2009
S. Josemaría Escrivá nesta data em 1933
Apercebe-se de uma intervenção directa de Deus na sua alma. Numa nota manuscrita deixa escrito o seguinte: “Sozinho, numa tribuna desta igreja do Perpétuo Socorro, procurava fazer oração diante de Jesus Sacramentado, exposto na Custódia, quando, por um instante e sem chegar a concretizar-se razão alguma – que não as há -, veio à minha consideração este pensamento amaríssimo: «e se tudo isto for mentira, ilusão tua, e estiveres a perder tempo… e – o que é pior – estiveres a fazê-lo perder a tantos?» Foi coisa de segundos, mas como se sofre! Então, falei a Jesus, dizendo-lhe: «Senhor (não à letra), se a Obra não é tua, destrói-a agora mesmo, neste momento, de modo que eu o saiba». «Logo a seguir, não só me senti confirmado na verdade da sua Vontade sobre a sua Obra, mas vi também com clareza um ponto da organização que até então não sabia de modo algum como solucionar»”.
(Fonte: http://www.pt.josemariaescriva.info/showevent.php?id=3101 )
(Fonte: http://www.pt.josemariaescriva.info/showevent.php?id=3101 )
São Tomás More
Tomás More, nasceu em Chelsea, Londres, Inglaterra, no ano de 1478. Seus pais eram cristãos e educaram os filhos como tal. Aos treze anos de idade, foi trabalhar como mensageiro do Arcebispo de Canterbury. Este apercebendo-se da sua brilhante inteligência, enviou-o para na Universidade de Oxford. O seu pai que era juiz, enviava-lhe apenas o dinheiro indispensável para as suas despesas.
Aos vinte e dois anos já era Doutor em Direito e um brilhante Professor. Como não tinha dinheiro, sua diversão era escrever e ler bons livros. Além de intelectual brilhante tinha uma personalidade muito simpática, um excelente bom humor e uma devoção cristã arrebatadora. Chegou a pensar em ser religioso, vivendo por quatro anos num mosteiro, mas desistiu. Tentou tornar-se franciscano, mas sentiu que não era o seu caminho. Então, decidiu pela vocação do matrimónio. Casou-se e teve quatro filhos, foi um excelente esposo e pai, carinhoso e presente. Mas sua vocação ia mais além, centrava-se na política e na literatura.
Contudo Tomás nunca se afastou dos pobres e necessitados, os quais visitava para melhor atender às suas reais necessidades. A sua casa estava sempre repleta de intelectuais e pessoas humildes. Preferindo estes aos ricos, evitando a vida sofisticada e mundana da corte. Sua esposa e filhos amavam e admiravam-no, pelo carácter e bom humor, que era constante em qualquer situação. A sua contribuição para a literatura universal foi importante e relevante. Escreveu obras famosas como: "O diálogo do conforto contra as tribulações", um dos mais tradicionais e respeitados livros da literatura britânica. Outros livros famosos foram: "Utopia" e "Oração para o bom humor".
Em 1529, Tomás More era o Chanceler do Parlamento da Inglaterra e do Rei, Henrique VIII.
No ano seguinte o Rei tentou desfazer seu legítimo matrimónio com a Rainha Catarina de Aragão, para se unir em novo enlace com a cortesã Ana Bolena. Houve uma longa controvérsia a este respeito, envolvendo a Igreja, a Inglaterra e boa parte do mundo, que acabou numa grande tragédia. Henrique VIII casou com Ana, contrariando todas as leis da Igreja que se baseiam no Evangelho e reconhece a indissolubilidade do matrimónio. Para atingir o seu objectivo usou o Parlamento Inglês, que se curvou, e publicou o Acto de Supremacia, que proclamava o Rei e seus sucessores como chefes temporais da Igreja da Inglaterra.
A seguir o Rei mandou prender e matar seus opositores. Entre eles estavam: o chanceler Tomás More e o Bispo católico John Fisher, as figuras mais influentes da corte. Os dois foram decapitados: o primeiro foi João em 22 de Junho de 1535, e duas semanas depois foi a vez de Tomás, que não aceitou o pedido de sua família, para renegar a religião católica, sua fé e ainda fugir da Inglaterra.
Ambos foram mártires na Inglaterra, que com o seu testemunho cristão combateram a favor da unidade da Igreja Católica Apostólica Romana, num tempo de violência e paixão. As sua memórias continuam vivas em verso e prosa, nos teatros e nos cinemas. Seus exemplos são reverenciados pela Igreja, pois eles foram canonizados na mesma cerimónia pelo Papa Pio XI, em 1935, que indicou o dia 22 de Junho, para a festa de ambos.
São Tomás More deixou registada a sua irreverência àquela farsa real, através da declaração pública que pronunciou antes de morrer: "Sedes minhas testemunhas de que eu morro na fé e pela fé da Igreja de Roma e morro fiel servidor de Deus e do Rei, mas primeiro de Deus. Rogai a Deus a fim de que ilumine o Rei e o aconselhe".
O Papa João Paulo II no ano 2000, declarou São Tomás More, padroeiro dos políticos.
Aos vinte e dois anos já era Doutor em Direito e um brilhante Professor. Como não tinha dinheiro, sua diversão era escrever e ler bons livros. Além de intelectual brilhante tinha uma personalidade muito simpática, um excelente bom humor e uma devoção cristã arrebatadora. Chegou a pensar em ser religioso, vivendo por quatro anos num mosteiro, mas desistiu. Tentou tornar-se franciscano, mas sentiu que não era o seu caminho. Então, decidiu pela vocação do matrimónio. Casou-se e teve quatro filhos, foi um excelente esposo e pai, carinhoso e presente. Mas sua vocação ia mais além, centrava-se na política e na literatura.
Contudo Tomás nunca se afastou dos pobres e necessitados, os quais visitava para melhor atender às suas reais necessidades. A sua casa estava sempre repleta de intelectuais e pessoas humildes. Preferindo estes aos ricos, evitando a vida sofisticada e mundana da corte. Sua esposa e filhos amavam e admiravam-no, pelo carácter e bom humor, que era constante em qualquer situação. A sua contribuição para a literatura universal foi importante e relevante. Escreveu obras famosas como: "O diálogo do conforto contra as tribulações", um dos mais tradicionais e respeitados livros da literatura britânica. Outros livros famosos foram: "Utopia" e "Oração para o bom humor".
Em 1529, Tomás More era o Chanceler do Parlamento da Inglaterra e do Rei, Henrique VIII.
No ano seguinte o Rei tentou desfazer seu legítimo matrimónio com a Rainha Catarina de Aragão, para se unir em novo enlace com a cortesã Ana Bolena. Houve uma longa controvérsia a este respeito, envolvendo a Igreja, a Inglaterra e boa parte do mundo, que acabou numa grande tragédia. Henrique VIII casou com Ana, contrariando todas as leis da Igreja que se baseiam no Evangelho e reconhece a indissolubilidade do matrimónio. Para atingir o seu objectivo usou o Parlamento Inglês, que se curvou, e publicou o Acto de Supremacia, que proclamava o Rei e seus sucessores como chefes temporais da Igreja da Inglaterra.
A seguir o Rei mandou prender e matar seus opositores. Entre eles estavam: o chanceler Tomás More e o Bispo católico John Fisher, as figuras mais influentes da corte. Os dois foram decapitados: o primeiro foi João em 22 de Junho de 1535, e duas semanas depois foi a vez de Tomás, que não aceitou o pedido de sua família, para renegar a religião católica, sua fé e ainda fugir da Inglaterra.
Ambos foram mártires na Inglaterra, que com o seu testemunho cristão combateram a favor da unidade da Igreja Católica Apostólica Romana, num tempo de violência e paixão. As sua memórias continuam vivas em verso e prosa, nos teatros e nos cinemas. Seus exemplos são reverenciados pela Igreja, pois eles foram canonizados na mesma cerimónia pelo Papa Pio XI, em 1935, que indicou o dia 22 de Junho, para a festa de ambos.
São Tomás More deixou registada a sua irreverência àquela farsa real, através da declaração pública que pronunciou antes de morrer: "Sedes minhas testemunhas de que eu morro na fé e pela fé da Igreja de Roma e morro fiel servidor de Deus e do Rei, mas primeiro de Deus. Rogai a Deus a fim de que ilumine o Rei e o aconselhe".
O Papa João Paulo II no ano 2000, declarou São Tomás More, padroeiro dos políticos.
Comentário ao Evangelho do dia:
Imitação de Cristo, tratado espiritual do século XV
«Não vês a trave que está na tua vista»
Quando um homem se humilha por causa dos seus defeitos, acalma os outros facilmente e satisfaz sem custo os que consigo se iravam.Deus protege e liberta o humilde, ama-o e consola-o.Inclina-Se para ele e dá-lhe grande graça; e, depois do seu abatimento, eleva-o à glória.Revela os Seus segredos ao humilde, arrasta-o e convida-o docemente para Si.E ele, mesmo na confusão, vive em paz, porque se firma em Deus e não no mundo. [...]
Mantém-te na paz e só então poderás pacificar os outros.O homem pacífico é mais útil do que o muito instruído.O apaixonado, porém, converte o bem em mal e acredita facilmente neste.O homem bom e pacífico converte todas as coisas em bem.Aquele que está verdadeiramente em paz não suspeita mal de ninguém.Mas o que é descontente e inquieto é agitado por várias suspeitas.Nem descansa, nem deixa descansar os outros.Diz muitas vezes o que não devia dizer e omite fazer o que devia.Preocupa-se com o que os outros têm de fazer, mas desleixa o que lhe compete.Tem, antes de tudo, cuidado contigo, e poderás então zelar pelo teu próximo.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
«Não vês a trave que está na tua vista»
Quando um homem se humilha por causa dos seus defeitos, acalma os outros facilmente e satisfaz sem custo os que consigo se iravam.Deus protege e liberta o humilde, ama-o e consola-o.Inclina-Se para ele e dá-lhe grande graça; e, depois do seu abatimento, eleva-o à glória.Revela os Seus segredos ao humilde, arrasta-o e convida-o docemente para Si.E ele, mesmo na confusão, vive em paz, porque se firma em Deus e não no mundo. [...]
Mantém-te na paz e só então poderás pacificar os outros.O homem pacífico é mais útil do que o muito instruído.O apaixonado, porém, converte o bem em mal e acredita facilmente neste.O homem bom e pacífico converte todas as coisas em bem.Aquele que está verdadeiramente em paz não suspeita mal de ninguém.Mas o que é descontente e inquieto é agitado por várias suspeitas.Nem descansa, nem deixa descansar os outros.Diz muitas vezes o que não devia dizer e omite fazer o que devia.Preocupa-se com o que os outros têm de fazer, mas desleixa o que lhe compete.Tem, antes de tudo, cuidado contigo, e poderás então zelar pelo teu próximo.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
O Evangelho do dia 22 de Junho de 2009
São Mateus 7, 1-5
Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos:
«Não julgueis e não sereis julgados.
Segundo o julgamento que fizerdes sereis julgados,
segundo a medida com que medirdes vos será medido.
Porque olhas o argueiro que o teu irmão tem na vista
e não reparas na trave que está na tua?
Como poderás dizer a teu irmão:
‘Deixa-me tirar o argueiro que tens na vista’,
enquanto a trave está na tua?
Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista
e então verás bem
para tirar o argueiro da vista do teu irmão».
Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos:
«Não julgueis e não sereis julgados.
Segundo o julgamento que fizerdes sereis julgados,
segundo a medida com que medirdes vos será medido.
Porque olhas o argueiro que o teu irmão tem na vista
e não reparas na trave que está na tua?
Como poderás dizer a teu irmão:
‘Deixa-me tirar o argueiro que tens na vista’,
enquanto a trave está na tua?
Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista
e então verás bem
para tirar o argueiro da vista do teu irmão».