sábado, 2 de maio de 2009

O Papa na Terra Santa: editorial do P. Federico Lombardi

Aproxima-se o dia da partida de Bento XVI para a Terra Santa. Será a viagem mais esperada e talvez a de maior empenho do seu pontificado – afirma em editorial o Padre Federico Lombardi, director geral da Rádio Vaticano e director da Sala de Imprensa da Santa Sé.Antes de mais – escreve Padre Lombardi - uma viagem de fé que, mais do que qualquer outra, é uma autentica peregrinação: aos lugares santos da história da salvação e, sobretudo, da Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, Filho de Deus.

Desejo espiritual de todos os cristãos, esta peregrinação tornou-se uma prioridade espontânea para os pontífices, desde que as suas viagens internacionais se tornaram uma possibilidade concreta. Não foi por acaso, que a peregrinação de Paulo VI à Terra Santa foi a primeira destas viagens. Momento realmente histórico e de graça para a Igreja Católica que celebrava o Concílio, para o caminho ecuménico, com o encontro com o Patriarca Atenágoras, para a invocação da paz entre os povos daquela região e do mundo.

João Paulo II teve de esperar muito, antes de poder realizar o seu desejo de efectuar essa peregrinação, mas teve a alegria de a fazer serenamente, no coração do Grande Jubileu do ano 2000, ponto alto do seu pontificado, com momentos de oração de intensidade sublime e com gestos memoráveis de amizade e de proximidade ao povo judeu e palestiniano e aos seus sofrimentos passados e actuais.

Agora chegou a vez do Papa Bento XVI. Estamos conscientes do quanto é incerta a situação política naquela região do mundo, e quanto são frágeis as perspectivas de pacificação. Mas o Papa põe – se a caminho igualmente, com uma coragem admirável, fundada na fé, para falar de reconciliação e de paz.

Nós todos, devemos acompanhá-lo não apenas com as nossas orações diárias, mas também com aquela mobilização espiritual que João Paulo II chamava "a grande oração". Para que a Igreja se renove nas suas fontes, para que a união entre os cristãos possa tornar – se realidade e para que o ódio, finalmente, ceda o lugar à reconciliação.


(Fonte: site Radio Vaticana)

Na Igreja Deus fala e passeia connosco

Na audiência geral de quarta-feira, 29 de Abril, na Praça de São Pedro, o Santo Padre falou sobre o Patriarca Germano de Constantinopla, afirmando que na Igreja se torna presente a beleza de Deus apesar dos pecados dos homens.


Queridos irmãos e irmãs!

O Patriarca Germano de Constantinopla, do qual gostaria de falar hoje, não pertence às figuras mais representativas do mundo cristão oriental de língua grega mas o seu nome aparece com uma certa solenidade na lista dos grandes defensores das imagens sagradas, redigida no Segundo Concílio de Niceia (787). A Igreja grega celebra a sua festa na liturgia de 12 de Maio. Ele desempenhou um papel significativo na complexa história da luta pelas imagens, durante a chamada crise iconoclasta: soube resistir validamente às pressões de um Imperador iconoclasta, ou seja, adversário dos ícones, como foi Leão III.

Durante o patriarcado de Germano (715-730) a capital do império bizantino, Constantinopla, sofreu um perigosíssimo assédio por parte dos Sarracenos. Naquela ocasião (717-718) foi organizada uma solene procissão na cidade com a exposição da imagem da Mãe de Deus, a Theotokos, e da relíquia da Santa Cruz, para invocar do Alto a defesa da cidade. De facto, Constantinopla foi libertada do assédio. Os adversários decidiram desistir para sempre da ideia de estabelecer a sua capital na cidade-símbolo do Império cristão e o reconhecimento pela ajuda divina foi extremamente grande no povo.

O Patriarca Germano, depois daquele acontecimento, convenceu-se de que a intervenção de Deus devia ser considerada uma aprovação evidente da piedade demonstrada pelo povo em relação aos santos ícones. De parecer completamente diverso foi ao contrário o Imperador Leão III, que precisamente a partir daquele ano (717) se insediou como Imperador indiscutível na capital, sobre a qual reinou até 741. Após a libertação de Constantinopla e depois de uma série de outras vitórias, o Imperador cristão começou a manifestar cada vez mais abertamente a convicção de que a consolidação do Império tivesse que começar precisamente por uma reorganização das manifestações da fé, com particular referência ao risco de idolatria ao qual, a seu parecer, o povo estava exposto por causa do excessivo culto dos ícones.

Foram em vão as chamadas do Patriarca Germano à tradição da Igreja e à efectiva eficiência de algumas imagens, que eram unanimemente reconhecidas como "milagrosas". O Imperador tornou-se cada vez mais irremovível na aplicação do seu projecto restaurador, que previa a eliminação dos ícones. E quando a 17 de Janeiro de 730 ele se declarou abertamente numa reunião pública contra o culto das imagens, Germano não quis de modo algum submeter-se à vontade do Imperador sobre questões por ele consideradas determinantes para a fé ortodoxa, à qual segundo ele pertencia precisamente o culto, o amor pelas imagens. Como consequência, Germano viu-se obrigado a demitir-se do cargo de Patriarca, autocondenando-se ao exílio num mosteiro onde morreu esquecido por quase todos. O seu nome ressurgiu por ocasião precisamente do Segundo Concílio de Niceia (787), quando os Padres ortodoxos decidiram em favor dos ícones, reconhecendo os méritos de Germano.

O Patriarca Germano cuidava muito das celebrações litúrgicas e, durante um certo tempo, foi considerado também o instaurador da festa do Akatistos. Como se sabe, o Akatistos é um antigo e famoso hino que surgiu em âmbito bizantino e é dedicado à Theotokos, a Mãe de Deus. Mesmo se do ponto de vista teológico não se pode qualificar Germano como um grande pensador, algumas das suas obras tiveram uma certa ressonância sobretudo devido a algumas suas intuições sobre a mariologia. Dele foram conservadas, de facto, diversas homilias com tema mariano e algumas delas marcaram profundamente a piedade de inteiras gerações de fiéis quer no Oriente quer no Ocidente. As suas maravilhosas Homilias sobre a Apresentação de Maria no Templo são ainda hoje testemunhos vivos da tradição não escrita das Igrejas cristãs. Gerações de monjas, de monges e de membros de numerosíssimos Institutos de Vida Consagrada, continuam também hoje a encontrar naqueles textos tesouros preciosíssimos de espiritualidade.

Ainda hoje causam admiração alguns textos mariológicos de Germano que fazem parte das homilias pronunciadas In SS. Deiparae dormitionem, festividade correspondente à nossa festa da Assunção. Destes textos o Papa Pio XII extraiu um que encastoou como uma pérola na Constituição apostólica Munificentissimus Deus (1950), com a qual declarou dogma de fé a Assunção de Maria. O Papa Pio XII citou este texto na mencionada Constituição, apresentando-o como um dos argumentos a favor da fé permanente da Igreja sobre a Assunção corporal de Maria ao céu. Germano escreve:
"Poderia acontecer, santíssima Mãe de Deus, que o céu e a terra se sentissem honrados pela tua presença, e tu, com a tua partida, deixasses os homens privados da tua protecção? Não. É impossível pensar estas coisas. De facto, assim como quando estavas no mundo não te sentias alheia às realidades do céu, assim também depois de teres emigrado deste mundo não te alheastes minimamente da possibilidade de comunicar em espírito com os homens... Não abandonastes absolutamente aqueles aos quais garantistes a salvação... de facto, o teu espírito vive eternamente e a tua carne não sofreu a corrupção do sepulcro. Tu, ó Mãe, estás próxima de todos e a todos proteges, não obstante os nossos olhos estejam impedidos de te ver, contudo sabemos, ó Santíssima, que tu habitas entre todos nós e te tornas presente nos modos mais diversos... Tu (Maria) revelas-te toda, como está escrito, na tua beleza. O teu corpo virginal é totalmente santo, todo casto, todo casa de Deus de modo que, também por isso, é absolutamente refractário a qualquer redução em pó. Ele é imutável, do momento em que o que nele era humano foi assumido na incorruptibilidade, permanecendo vivo e absolutamente glorioso, incólume e partícipe da vida perfeita. De facto, era impossível que fosse fechada no sepulcro dos mortos aquela que se tinha tornado vaso de Deus e templo vivo da santíssima divindade do Unigénito. Por outro lado, nós cremos com certeza que tu continuas a caminhar connosco" (pg 98, col. 344b-346b, passim).

Foi dito que para os Bizantinos o decoro da forma retórica na pregação, e ainda mais nos hinos ou composições poéticas que eles chamam tropários, é tão importante na celebração litúrgica como a beleza do edifício sagrado no qual ela se realiza. O Patriarca Germano foi reconhecido, naquela tradição, como um dos que contribuíram muito para manter viva esta convicção, ou seja, que a beleza da palavra, da linguagem, do edifício e da música devem coincidir.

Cito, para concluir, as palavras inspiradas com as quais Germano qualifica a Igreja no início desta sua pequena obra-prima: "A Igreja é templo de Deus, espaço sagrado, casa de oração, convocação de povo, corpo de Cristo... É o céu na terra, onde Deus transcendente habita como em sua casa e nela passeia, mas é também marca realizada (antitypos) da crucifixão, do túmulo e da ressurreição... A Igreja é a casa de Deus na qual se celebra o sacrifício místico vivificante, e ao mesmo tempo parte mais íntima do santuário e gruta santa. De facto, encontram-se no seu interior o sepulcro e a mesa, alimentos para a alma e garantia de vida. Por fim, encontram-se nela aquelas verdadeiras pérolas preciosas que são os dogmas divinos do ensinamento oferecido directamente pelo Senhor aos seus discípulos" (pg 98, col. 384b-385a).

No final permanece a pergunta: o que tem para nos dizer hoje este Santo, cronologica e também culturalmente muito distante de nós. Penso substancialmente em três coisas. A primeira: há uma certa visibilidade de Deus no mundo, na Igreja, que devemos aprender a compreender. Deus criou o homem à sua imagem, mas esta imagem foi coberta por tanta sujidade do pecado, em consequência da qual Deus já não transparecia. Assim, o Filho de Deus fez-se verdadeiro homem, imagem perfeita de Deus: desta maneira, em Cristo podemos contemplar também o rosto de Deus e aprender a sermos nós próprios verdadeiros homens, verdadeiras imagens de Deus. Cristo convida-nos a imitá-l'O, a tornarmo-nos semelhantes a Ele, de modo que transpareça de novo em cada homem o rosto de Deus, a imagem de Deus. Na verdade, Deus tinha proibido no Decálogo que se fizessem imagens de Deus, mas isto era por causa das tentações de idolatria às quais o crente podia estar exposto num contexto de paganismo. Mas quando Deus se fez visível em Cristo mediante a encarnação, tornou-se legítimo reproduzir o rosto de Cristo. As santas imagens ensinam-nos a ver Deus na representação do rosto de Cristo. Depois da encarnação do Filho de Deus, tornou-se portanto possível ver Deus nas imagens de Cristo e também no rosto dos Santos, no rosto de todos os homens nos quais resplandece a santidade de Deus.

O segundo aspecto é a beleza e a dignidade da liturgia. Celebrar a liturgia conscientes da presença de Deus, com aquela dignidade e beleza que faça ver um pouco do seu esplendor, é o compromisso de cada cristão formado na sua fé. O terceiro aspecto é amar a Igreja. Precisamente a propósito da Igreja, nós homens propendemos para ver sobretudo os pecados, o negativo; mas com a ajuda da fé, que nos torna capazes de ver de modo autêntico, podemos também, hoje e sempre, redescobrir nela a beleza divina. É na Igreja que Deus se torna presente, se oferece a nós na Santa Eucaristia e permanece presente para a adoração. Na Igreja Deus fala connosco, na Igreja "Deus passeia connosco", como dizia São Germano. Na Igreja recebemos o perdão de Deus e aprendemos a perdoar.

Peçamos a Deus para que nos ensine a ver na Igreja a sua presença, a sua beleza, a ver a sua presença no mundo, e nos ajude a ser, também nós, transparentes à sua luz.

No final da audiência o Santo Padre saudou os peregrinos presentes, dizendo aos de expressão portuguesa:

Amados peregrinos de língua portuguesa, uma saudação afectuosa para todos, especialmente para os grupos do Brasil e de Portugal! Que a vossa amorosa adesão a Cristo e à Sua Igreja se robusteça ao professardes a fé nestes lugares santificados pelo testemunho dos Apóstolos Pedro e Paulo, que serviram Cristo e amaram a Igreja até ao martírio. A todos sirva de estímulo e conforto a Bênção que vos dou a vós, aos vossos familiares e comunidades eclesiais.

Intenção Geral do Santo Padre para o mês de Maio

Que os leigos e as comunidades cristãs se tornem promotores responsáveis das vocações sacerdotais e religiosas.

1. A existência humana: dom e chamamento

A existência humana é, à luz da revelação bíblica, “dada” e “chamada” por Deus. “Dada” porque é dom absolutamente livre de Deus, o qual cria, por amor, aquilo que não existia e, por um amor de todo particular, cria o ser humano “à sua imagem e semelhança”; “chamada” porque ser “à imagem e semelhança de Deus” ultrapassa a simples condição de criatura, é chamamento (vocação) a uma relação íntima com o Criador, para viver segundo o seu amor, na alegria da sua presença. A narrativa bíblica da criação do ser humano é elucidativa a este respeito – elucidativa também relativamente ao modo como o ser humano, desde o início, põe em causa este chamamento/vocação, procurando assenhorear-se da própria existência, rejeitando a condição de criatura “dada” por Deus e, assim, negando a sua vocação: ser imagem e semelhança do mesmo Deus (cf. Génesis 1, 26 – 2, 2; 2, 7-20).

2. Ser cristão: graça e vocação

Aquilo que se verifica no acto criador de Deus, desde as origens, aprofunda-se de modo particular, para os cristãos, no baptismo. Este é pura graça de Deus, por meio da qual o discípulo de Jesus “nasce de novo” (João 3, 5 ss) para a plenitude da “imagem e semelhança de Deus” – agora vivida como adesão a Jesus Cristo, o Verbo de Deus feito um de nós, e plena identificação com Ele. Repetem-se o “dom” e o “chamamento”, não para trazer à existência mas para instaurar essa existência numa plenitude de sentido absolutamente para além de qualquer possibilidade humana e numa relação com Deus que passa da antiga “imagem e semelhança” à dignidade de Filhos – o “sereis como Deus” (cf. Génesis 3, 4-5), prometido pela antiga serpente como conquista humana e agora recebido como plenitude de graça, por meio do Espírito Santo.

3. “Ter vocação” ou “ser chamado”?

A vocação não se “tem” como algo próprio, conquistado ou devido por direito – nem a vocação à existência, nem à redenção, nem a desempenhar qualquer tarefa que seja, na Igreja. Não existe essa vocação que se teria como coisa disponível. Há um chamamento – a vocação é exterior à pessoa, apanha-a desprevenida, desinstala-a e muda-lhe o curso da existência. Assim aconteceu com Abraão, Moisés, os profetas, os apóstolos, Paulo... Assim acontece – deveria acontecer – com cada cristão. Em tempos de cristandade, porém, as coisas mudaram e, embora sem negar a iniciativa de Deus, o “chamamento” acabou convertendo-se em algo próprio de poucos, que “tinham” vocação. Desaparecido o ambiente de cristandade, com grande parte dos nossos contemporâneos oscilando entre a indiferença religiosa, o agnosticismo e o ateísmo, importa recuperar a percepção original da vocação como chamamento a seguir Cristo e a tornar-se membro da comunidade nova dos seus discípulos. O resto – carismas, ministérios, entre eles, o de presbítero – virá por acréscimo. Não quer isto dizer que as vocações de serviço, na Igreja, não sejam importantes e que, concretamente, a Igreja possa seguir adiante sem o sacerdócio ministerial. Quer dizer, apenas, que é necessário olhar para a vocação a estes ministérios integrada na vocação primeira: o chamamento a ser discípulo de Cristo e membro da Igreja.

4. Comunidades cristãs e vocações sacerdotais e religiosas

Leigos e comunidades cristãs promotores responsáveis de vocações sacerdotais e religiosas são, em primeiro lugar, leigos e comunidades cristãs conscientes da graça que lhes foi concedida e atentos ao chamamento/vocação que lhes foi feito: ser discípulos do Senhor Jesus. Em comunidades assim – orantes, assíduas aos sacramentos, atentas ao ensino da Igreja, fortes na fé, alegres na esperança, solícitas na caridade para com todos – o Espírito não deixará de chamar aqueles que escolheu para os diversos ministérios, e nem as comunidades ficarão sem presbíteros nem a vida de consagração religiosa sem cristãos e cristãs que a ela se entreguem. Talvez não segundo os modelos do passado. Talvez em formas novas, de gente que, não “tendo” vocação, está à escuta do que o Espírito diz à Igreja e disponível para acolher o chamamento que o mesmo Espírito, através da Igreja, lhe possa fazer – sabendo que por aí passa, de modo definitivo, a sua realização pessoal, a plenitude da sua “imagem e semelhança com Deus” e da sua filiação divina, em Jesus Cristo. Cristãos assim experimentarão o fogo do Espírito, chamando-os a aprofundar o seu estilo de vida cristã, mudando-lhes a direcção, mostrando-lhes como têm andado alheios à graça ou resistido ao seu chamamento. Com temor e tremor, serão capazes de se comprometerem definitivamente ao serviço da comunidade cristã e, nesta e com esta, ao serviço da humanidade inteira, mesmo não sabendo, na altura, tudo quanto tal compromisso implica ou quanto terão ainda de mudar, libertos de si e entregues ao poder santificador do Espírito – ao estilo de Abraão, partindo para uma terra desconhecida, agarrado a uma promessa e confiado na Palavra d’Aquele que o chamava.


Elias Couto

Internacional Elias Couto 30/04/2009 10:47 5145 Caracteres 239 Bento XVI


(Fonte: site Agência Ecclesia)

Presidente da Cáritas Internacional preside à Peregrinação de 12 e 13 de Maio em Fátima

A Peregrinação Internacional Aniversária de Maio será presidida pelo Cardeal D. Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga s.d.b., Arcebispo de Tegucigalpa/Honduras e presidente da Cáritas Internacional.

D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima, sublinha à Sala de Imprensa do Santuário de Fátima que a vinda de D. Óscar Rodríguez Maradiaga "se deve ao facto de ele vir a Portugal a um congresso promovido pela Cáritas. Sabendo disso, aproveitei a oportunidade para convidá-lo a presidir à peregrinação, podendo assim oferecer-nos uma visão universal das consequências da actual crise socio-económica, na sua qualidade de Presidente da Cáritas Internacional".


(Fonte: Boletim informativo do Santuário de Fátima, 67/2009, de 02 de Maio de 2009)

Comentário ao Evangelho de Domingo feito por:

Santo António de Lisboa (c. 1195-1231), franciscano, Doutor da Igreja

«O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas»

«Eu sou o bom pastor». Cristo pode dizer com propriedade «Eu sou». Para Ele nada pertence ao passado nem ao futuro: tudo Nele é presente. É o que Ele diz de Si mesmo no Apocalipse: «Eu sou o Alfa e o Ómega, Aquele que é, que era e que há-de vir, o Todo-Poderoso» (Ap 1, 8). E no Êxodo: «Eu sou Aquele que sou. Assim dirás aos filhos de Israel: «'Eu sou' enviou-me a vós»» (Ex 3, 14).

«Eu sou o bom pastor». A palavra «pastor» vem do termo «pastar». Cristo serve-nos o repasto da Sua carne e do Seu sangue, em cada dia, no sacramento do altar. Jessé, pai de David, disse a Samuel: «Resta ainda o [filho] mais novo, que anda a apascentar as ovelhas» (1Sam 16, 11). Também o nosso David, pequeno e humilde como um bom pastor, apascenta as suas ovelhas. [...]
Lemos ainda em Isaías: «É como um pastor que apascenta o rebanho [...], leva os cordeiros ao colo e faz repousar as ovelhas que têm crias» (Is 40, 11). [...] Com efeito, ao conduzir o seu rebanho à pastagem, ou ao regressar de lá, o bom pastor reúne todos os cordeirinhos que ainda não conseguem andar; toma-os nos braços e leva-os junto ao peito; leva também as ovelhas que vão dar à luz e as que acabaram de ter os filhos. Assim faz Jesus Cristo: dia após dia alimenta-nos com os ensinamentos do Evangelho e os sacramentos da Igreja. Reúne-nos nos Seus braços, estendidos sobre a cruz, «para congregar na unidade os filhos de Deus que estavam dispersos» (Jo 11, 52). Aconchega-nos no seio da Sua misericórdia, como uma mãe aconchega o seu filho.


(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho de Domingo dia 3 de Maio de 2009


Nota: existe um lapso na legenda do vídeo sendo que o texto está correcto, mas a leitura é de S. João


São João 10, 11-18

Naquele tempo, disse Jesus:
«Eu sou o Bom Pastor.
O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas.
O mercenário, como não é pastor, nem são suas as ovelhas,
logo que vê vir o lobo, deixa as ovelhas e foge,
enquanto o lobo as arrebata e dispersa.
O mercenário não se preocupa com as ovelhas.
Eu sou o Bom Pastor:
conheço as minhas ovelhas
e as minhas ovelhas conhecem-Me,
do mesmo modo que o Pai Me conhece e Eu conheço o Pai;
Eu dou a vida pelas minhas ovelhas.
Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil
e preciso de as reunir;
elas ouvirão a minha voz
e haverá um só rebanho e um só Pastor.
Por isso o Pai Me ama:
porque dou a minha vida, para poder retomá-la.
Ninguém Ma tira, sou Eu que a dou espontaneamente.
Tenho o poder de a dar e de a retomar:
foi este o mandamento que recebi de meu Pai».

São Josemaría Escrivá nesta data em 1935

Faz uma romaria à Virgem de Sonsoles. “Desde Ávila – conta recordando esse dia –vínhamos contemplando o Santuário, e – como é natural – ao chegar à falda do monte desapareceu da nossa vista (…). Comentámos: assim faz Deus connosco muitas vezes. Mostra-nos claramente o fim, e dá-no-lo a contemplar, para nos dar firmar no caminho da sua amabilíssima Vontade. E, quando já estamos perto d’Ele, deixa-nos nas trevas, parecendo abandonar-nos. (…) Fora com as dúvidas, as vacilações e as indecisões! Vi o caminho, empreendi-o e sigo-o”.


(Fonte: http://www.pt.josemariaescriva.info/showevent.php?id=1653 )

Comunicar as próprias convicções - V

Ensaio de Ángel Rodriguez Luño – suddividido em V Partes

A autonomia das realidades temporais

No entanto, poderia ocorrer que a doutrina cristã sobre uma determinada matéria ético-social coincida com a que sustentam todos ou uma boa parte dos cidadãos que legitimamente militam num determinado partido político. Nestes casos, poderia originar-se – involuntariamente – uma situação delicada, porque poderia parecer que os cristãos ou inclusive a Igreja, ao proporem os seus ensinamentos, estão a apoiar uma determinada área política e não a apresentar unicamente a mensagem do Evangelho.

Esta confusão poderia motivar acusações de intromissão ou de falta de respeito para com o Estado; acusações que talvez sejam um simples pretexto político, ou inclusive mal intencionadas; mas o que se deve ter em conta quando se procura informar a cultura com o espírito do Evangelho, é esclarecer serenamente aquela aparência de verdade que podem conter estas condenações. Dois tipos de considerações são oportunas.

A primeira é que todos os cidadãos – também os que formam parte de um órgão legislativo ou de um partido político – têm o direito e o dever de apoiar as soluções que em consciência consideram úteis para o bem do próprio país, alegando – se for possível – as razões que justificam a sua convicção. Cada um é livre para consultar livros especializados que considera fiáveis, ou de falar com quem entender; se um cidadão se pode inspirar em determinada teoria política ou económica, também pode apoiar-se na Doutrina Social da Igreja. As soluções políticas são medidas pelo seu valor intrínseco e pelas razões que as justificam. Questionar as fontes utilizadas por cada cidadão para formar as suas convicções seria uma falta de respeito à autonomia da consciência dos outros. É fácil ver que a radicalização de tal atitude levaria a conclusões absurdas: por exemplo, afirmar que o Estado, para reforçar o seu estado laical, deveria favorecer o que a Igreja condena, como a escravidão.

A segunda consideração oportuna é a necessidade de se ter uma ideia clara acerca da distinção existente entre a missão do Estado e a da Igreja. A este propósito, Bento XVI deu indicações muito úteis. A distinção entre o que é de César e o que é de Deus, com a consequente autonomia das realidades temporais, pertence à estrutura essencial do cristianismo (8). É tarefa do Estado interrogar-se sobre o modo de realizar a justiça concretamente aqui e agora; neste campo, a Doutrina Social da Igreja apresenta-se como uma ajuda, que “não pretende outorgar à Igreja um poder sobre o Estado. Tampouco quer impor aos que não compartilham da fé as suas próprias perspectivas e modos de comportamento” (9).

Tal doutrina argumenta com base na razão e no direito natural e reconhece que a construção de um justo ordenamento da vida social é uma tarefa política, que “não pode ser uma obrigação imediata da Igreja. Mas, como ao mesmo tempo é uma tarefa humana primária, a Igreja tem o dever de oferecer, mediante a purificação da razão e da formação ética, a sua contribuição específica, para que as exigências da justiça sejam compreensíveis e politicamente realizáveis. A Igreja não pode, nem deve, empreender por conta própria a iniciativa política de fazer a sociedade o mais justa possível. Não pode, nem deve, substituir-se ao Estado. Mas também não pode, nem deve, ficar à margem na luta pela justiça. Deve inserir-se nela através da argumentação racional e deve despertar as forças espirituais, sem as quais a justiça, que sempre exige também renúncias, não pode afirmar-se nem prosperar” (10).

A realização da justiça é um ponto em que a fé e a política se aproximam. Por isso requer-se uma atenção cuidadosa para que ninguém, com boa vontade, possa pensar que a fé cristã se identifica com uma das partes políticas existentes na sociedade. Certamente, a fé cristã tem algo a dizer às diversas culturas políticas dos homens e dos povos; mas a fé pressupõe a liberdade e oferece-se à liberdade, que por ela se deve amar com as palavras e com as obras.

8 - Cf Bento XVI, Litt. enc. Deus caritas est, 25-12-2005, n. 28.
9 - Ibid.
10 - Ibid.


(Fonte: site Opus Dei - Portugal)

Comentário ao Evangelho feito por:

Santa Teresa de Ávila (1515-1582), carmelita, Doutora da Igreja

«Nós cremos»

Quem quiser que peça o pão material! Nós pedimos ao Pai eterno que mereçamos receber o nosso pão celeste com disposições tais que, se não tivermos a alegria de O contemplar com os olhos do corpo, de tal forma Ele se esconde, que Ele se revele pelo menos aos olhos da alma e Se manifeste a ela. É este um alimento inteiramente diferente, cheio de alegria e de delícias; ele é o sustento da vida. [...]

Conheço uma pessoa a quem o Senhor deu uma fé tão forte, que quando ouvia alguém dizer que gostava de ter vivido na época em que Cristo, o nosso Bem, estava neste mundo, se ria consigo mesma. Dado que O possuímos, pensava ela, no Santo Sacramento de um modo tão verdadeiro como naquele tempo, que mais podemos desejar? [...] E deitava-se a Seus pés; aí chorava em companhia de Maria Madalena, como se O tivesse visto com os olhos do corpo em casa do fariseu (Lc 7, 36ss). Mesmo quando não sentia devoção, a fé dizia-lhe que Ele estava verdadeiramente ali.

Com efeito, seria preciso ser-se mais estúpido do que se é e cegar-se voluntariamente para sentir a menor dúvida quanto a isto. Não se trata aqui de um trabalho da imaginação, como quando pensamos no Senhor na cruz ou em qualquer outra circunstância da Sua Paixão; aí representamos a coisa em nós mesmos, tal como ela se passou. Aqui, ela tem realmente lugar; é uma verdade certa, e não é necessário ir procurar o Senhor noutro sítio, bem longe de nós. Com efeito, sabemos que enquanto a matéria do pão não for consumida pelo calor natural do corpo, o bom Jesus está em nós; consequentemente, aproximemo-nos d'Ele. Quando Ele estava neste mundo, o simples contacto das Suas vestes curava os doentes; por que duvidar, se temos fé, de que Ele continua a fazer milagres quando está tão intimamente unido a nós? Por que não nos daria Ele aquilo que Lhe pedimos, uma vez que está na nossa própria casa?


(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 2 de Maio de 2009

São João 6, 60-69

Naquele tempo,
muitos discípulos, ao ouvirem Jesus, disseram:
«Estas palavras são duras.
Quem pode escutá-las?»
Jesus, conhecendo interiormente
que os discípulos murmuravam por causa disso,
perguntou-lhes:
«Isto escandaliza-vos?
E se virdes o Filho do homem
subir para onde estava anteriormente?
O espírito é que dá vida,
a carne não serve de nada.
As palavras que Eu vos disse são espírito e vida.
Mas, entre vós, há alguns que não acreditam».
Na verdade, Jesus bem sabia, desde o início,
quais eram os que não acreditavam
e quem era aquele que O havia de entregar.
E acrescentou:
«Por isso é que vos disse:
Ninguém pode vir a Mim,
se não lhe for concedido por meu Pai».
A partir de então, muitos dos discípulos afastaram-se
e já não andavam com Ele.
Jesus disse aos Doze:
«Também vós quereis ir embora?»
Respondeu-Lhe Simão Pedro:
«Para quem iremos, Senhor?
Tu tens palavras de vida eterna.
Nós acreditamos
e sabemos que Tu és o Santo de Deus».