domingo, 5 de abril de 2009

Meditações de D. Javier Echevarría para a Semana Santa - Domingo de Ramos: Jesus entra em Jerusalém

Começa a Semana Santa e recordamos a entrada triunfal de Cristo em Jerusalém. São Lucas escreve: «Ao aproximar-se de Betfagé e de Betânia, junto ao monte chamado das Oliveiras, enviou dois dos Seus discípulos dizendo-lhes: "Ide a essa aldeia que está em frente e entrando nela, encontrareis um jumentinho atado em que nunca montou pessoa alguma; soltai-o e trazei-o. Se alguém vos perguntar porque o soltais, dir-lhe-eis: Porque o Senhor tem necessidade dele". Partiram e encontraram tudo como o Senhor lhes dissera».

Que pobre montada escolhe Nosso Senhor! Talvez nós, vaidosos, tivéssemos escolhido um brilhante corcel. Mas Jesus não se guia por motivos meramente humanos, mas por critérios divinos. «Isto sucedeu — anota São Mateus — para se cumprirem as palavras do profeta: "Dizei à filha de Sião: Eis que o teu rei vem a ti, manso, montado sobre uma jumenta, e sobre um jumentinho, filho da que leva o jugo"».

Jesus Cristo, que é Deus, contenta-se com um burriquito por trono. Nós, que não somos nada, mostramo-nos amiúde vaidosos e soberbos, procuramos sobressair, chamar a atenção; procuramos que os outros nos admirem e nos louvem. São Josemaría Escrivá, canonizado por João Paulo II, ficou cativado por esta cena do Evangelho.

Assegurava de si mesmo que era um burrico sarnento, que não valia nada; mas como a humildade é a verdade, reconhecia também que era depositário de muitos dons de Deus; especialmente, do encargo de abrir caminhos divinos na terra, mostrando a milhões de homens e mulheres que podem ser santos no cumprimento do trabalho profissional e dos deveres correntes.

Jesus entra em Jerusalém sobre um burrico. Temos de retirar consequências desta cena. Cada cristão pode e deve converter-se em trono de Cristo. E aqui vêem mesmo a propósito umas palavras de São Josemaría. «Se a condição para que Jesus reinasse na minha alma, na tua alma, fosse contar previamente em nós com um lugar perfeito, teríamos motivo para desesperar. No entanto, acrescenta, Jesus contenta-se com um pobre animal, por trono (...). Há centenas de animais mais formosos, mais hábeis e mais cruéis. Mas Cristo fixou-se nele, para se apresentar como rei diante do povo que o aclamava. Porque Jesus não sabe o que fazer com a astúcia calculista, com a crueldade dos corações frios, com a formosura vistosa mas oca. Nosso Senhor estima a alegria de um coração moço, o passo simples, a voz sem falsete, os olhos limpos, o ouvido atento à Sua palavra de carinho. Assim reina na alma».

Deixemo-Lo tomar posse dos nossos pensamentos, palavras e acções! Eliminemos sobretudo o amor-próprio, que é o maior obstáculo ao reinado de Cristo! Sejamos humildes, sem nos apropriarmos de méritos que não são nossos. Imaginais o ridículo que teria sido o burrico, se se tivesse apropriado das aclamações e aplausos que as pessoas dirigiam ao Mestre?

Comentando esta cena do Evangelho, João Paulo II recorda que Jesus não encarou a Sua existência terrena como busca de poder, como afã de êxito e de fazer carreira, ou como vontade de domínio sobre os outros. Pelo contrário, renunciou aos privilégios da Sua igualdade com Deus, assumiu a condição de servo, fazendo-se semelhante aos homens e obedeceu ao projecto do Pai até à morte na Cruz (Homilia, 8-IV-2001).

O entusiasmo das pessoas não costuma ser duradouro. Poucos dias depois, os que o tinham acolhido com vivas pedirão, aos gritos, a Sua morte. E nós deixar-nos-emos levar por um entusiasmo passageiro? Se nestes dias notamos o esvoaçar divino da graça de Deus, que passa perto, demos-lhe guarida nas nossas almas. Estendamos no chão, mais do que palmeiras ou ramos de oliveira, os nossos corações. Sejamos humildes. Sejamos mortificados. Sejamos compreensivos com os outros. É esta a homenagem que Jesus espera de nós.

A Semana Santa oferece-nos a ocasião de reviver os momentos fundamentais da nossa Redenção. Mas não esqueçamos que — como escreve São Josemaría —, «para acompanhar Cristo na Sua glória, no fim da Semana Santa, é necessário que penetremos antes no Seu holocausto e que nos sintamos uma só coisa com Ele, morto no Calvário». Para isso, nada melhor do que caminhar pela mão de Maria. Que Ela nos obtenha a graça de que estes dias deixem uma marca profunda nas nossas almas. Que sejam, para cada uma e para cada um, ocasião de aprofundar no Amor de Deus, para assim o podermos mostrar aos outros.


(Fonte: site do Opus Dei / Portugal em http://www.opusdei.pt/art.php?p=33158 )

Bento XVI neste Domingo de Ramos – “O Reino de Cristo passa pela Cruz e abre à universalidade”


Sob um tépido sol primaveril, uma numerosa assembleia de jovens e adultos participou neste Domingo de manhã, na Praça de São Pedro, na celebração de Ramos, presidida pelo Papa, em coincidência com a Jornada da Juventude, este ano a nível diocesano. Presente uma delegação de jovens de Sidney e outra de Madrid: para a transmissão da Cruz das Jornadas Mundiais da Juventude à diocese onde esta terá lugar, em Agosto de 2011.No final da Missa, por volta do meio-dia, Bento XVI, para além das saudações aos variados grupos de peregrinos presentes, evocou a Jornada promovida pela ONU para sensibilizar sobre o problema das minas anti-pessoa. Recordou também, de modo sentido, os muitos africanos que perderam a vida, na semana passada, nas águas do Mediterrâneo, quando tentavam alcançar as costas da Europa. Para além da urgência de estratégias coordenadas entre a União Europeia e os países africanos, o Papa sublinhou a necessidade de as populações africanas, apoiadas pela comunidade internacional, se libertarem da miséria e das guerras.

Na homilia da Missa, comentando o episódio da entrada de Jesus em Jerusalém, aclamado pela multidão que canta “Bendito o Reino que vem”, Bento XVI interrogou-se sobre o verdadeiro significado deste “Reino” que Jesus nos trouxe:

“Mas nós, compreendemos nós verdadeiramente a mensagem de Jesus, Filho de David? Compreendemos que coisa é o Reino de que nos falou no interrogatório diante de Pilatos. Compreendemos o que significa que este Reino não é deste mundo? Ou porventura desejamos, pelo contrário, que seja deste mundo?”

Evocando a resposta de Jesus àqueles que, no Evangelho segundo São João, queriam ver Jesus, naquele Páscoa, em Jerusalém – “Se o grão de trigo, caído em terra, não morre, permanece só; mas se morre, produz muito fruto”, observou o Papa:

“Podemos assim reconhecer duas características essenciais deste Reino. A primeira é que este Reino passa através da cruz. É por se dar totalmente, que Jesus pode, como Ressuscitado, pertencer a todos e tornar-se presente a todos.”

“Na santa Eucaristia recebemos o fruto do grão de trigo morto, a multiplicação dos pães que prossegue até ao fim do mundo e em todos os tempos”.

“A segunda característica diz: o seu Reino é universal. Cumpre a antiga esperança de Israel: esta realeza de David já não conhece fronteiras. Estende-se de mar a mar – como diz o profeta Zacarias – ou seja, abraça o mundo inteiro”.

“Mas isto é só possível porque não é uma realeza de um poder político, mas baseia-se unicamente na adesão livre do amor – um amor que, pela sua parte, responde ao amor de Jesus Cristo que se deu por todos”.

“Temos que aprender sempre de novo ambas as coisas – acima de tudo a universalidade, a catolicidade. Esta significa que ninguém pode pôr como absoluto a si mesmo, a sua cultura e o seu mundo. Isto exige que todos nos acolhamos uns aos outros, renunciando a algo do que é nosso.

A universalidade inclui o mistério da cruz – a superação de si mesmo, a obediência à palavra comum de Jesus Cristo, na Igreja comum. A universalidade é sempre uma superação de si mesmo, renúncia a algo de pessoal. A universalidade e a cruz vão pari passu. Só assim se cria a paz”.

Dirigindo-se antes de mais aos jovens presentes, o Papa advertiu que, falando do grão de trigo, Jesus formula “a lei fundamental da existência humana”.

“Quem pretende ter a sua vida para si, viver só para si mesmo, atar tudo em si explorando todas as possibilidades – é precisamente esta pessoa que perde a vida. Esta torna-se aborrecida e vazia. Só no abandono de si mesmo, só no dom desinteressado do eu a favor do tu, só no sim à vida maior, própria de Deus, é que também a nossa vida se torna ampla e grande”.

Tudo isto porque – observou ainda o Papa - “amar significa desapegar-se de si mesmo, doar-se”, libertar-se de si mesmo, “olhar em frente, para o outro – para Deus e para os homens que Ele me manda”.

“De uma vida recta faz parte também o sacrifício, a renúncia. Quem promete uma vida sem este dom de si, sempre renovado, engana as pessoas. Sem sacrifício, não existe uma vida realizada. Se lanço um olhar retrospectivo sobre a minha vida pessoal, devo dizer que os momentos grandes e importantes da minha vida foram precisamente aqueles em que disse sim a uma renúncia”.

“Tocamos aqui o maravilhoso mistério do amor de Deus, a única verdade realmente redentora. Mas tocamos também a lei fundamental, a norma constitutiva da nossa vida: sem o sim à Cruz, sem caminhar em comunhão com Cristo dia a dia, a nossa vida não é uma vida bem sucedida”.

“Quem dá a vida – quotidianamente, nos pequenos gestos que fazem parte da grande decisão – é este que a encontra. É uma verdade muito exigente, mas também profundamente bela e libertadora” – conclui o Papa. “Queira o Senhor abençoar este caminho”.


(Fonte: site Radio Vaticana)

Bento XVI - Caridade sob o sinal de Cristo


A importância da caridade no dia em que o Círculo São Pedro apresenta ao Papa o óbolo recolhido nas paróquias romanas.

O exercício concreto da caridade leva-nos a harmonizar o nosso olhar com o olhar de Cristo, o nosso coração com o seu coração. Desta forma, o sustento amoroso oferecido aos outros traduz-se em participação e consciente partilha das suas esperanças e sofrimentos, tornando tangível a misericórdia infinita de Deus para com cada ser humano, e a nossa fé Nele. Foi o que referiu Bento XVI ao Círculo de São Pedro, na audiência concedida hoje.

O Círculo é uma instituição caritativa ao serviço da Santa Sé e do Papa em particular, e hoje foi entregue o óbolo recolhido nas paróquias de Roma. O Papa destacou ainda que para o cristão a acção filantrópica tem sentido somente se profundamente enraizada em Deus e na oração.


(Fonte: H2O News)