terça-feira, 17 de março de 2009

Bento XVI já chegou a terras africanas, Yaoundé (Camarões)


“Venho ter convosco como pastor. Venho para confirmar os meus irmãos e irmãs na fé. Foi este o dever que Cristo confiou a Pedro na Última Ceia, e é esta a função dos sucessores de Pedro”.

Após amplas saudações às personalidades civis e religiosas presentes no aeroporto para o acolher, foi com estas palavras que o Papa se dirigiu aos habitantes da República dos Camarões. Bento XVI recordou que havia africanos “em Jerusalém, no dia de Pentecostes, quando Pedro pregou à multidão” e evocou “o testemunho de muitos e grandes Santos deste continente durante os primeiros séculos do cristianismo”: desde logo, São Cipriano, Santa Mónica, Santo Agostinho, Santo Atanásio, um testemunho que “assegura à África um lugar de distinção nos anais da história da Igreja”. A Igreja em África – sublinhou o Papa - é hoje “abençoada com a presença de uns cento e cinquenta milhões de fiéis”. O Sucessor de Pedro vem, pois, à África para “celebrar a fé vivificante em Cristo, que sustenta e nutre um tão grande número de filhos e filhas deste continente”.

Evocando a visita a Yaoundé do seu predecessor, João Paulo II, que ali promulgou, em 1995, a Exortação Apostólica “Ecclesia in África”, recolhendo a reflexão da assembleia especial para a África, do Sínodo dos Bispos, celebrada em Roma no ano anterior, Bento XVI sublinhou a dimensão de esperança contida na mensagem cristã:

“Mesmo no meio dos maiores sofrimentos, a mensagem cristã traz sempre consigo a esperança. A vida de Santa Josefina Bakhita proporciona um admirável exemplo da transformação que o encontro com o Deus vivo pode gerar numa situação de grande sofrimento e injustiça. Diante da dor ou da violência, da pobreza ou da fome, da corrupção ou do abuso de poder, um cristão nunca pode ficar calado. Há que proclamar com força e clareza a mensagem salvífica do Evangelho, de modo que a luz de Cristo possa brilhar na escuridão da vida das pessoas.”

O Papa reconheceu que “em África, como em tantas outras partes do mundo, há inumeráveis homens e mulheres que anseiam por uma palavra de esperança e conforto” e evocou os “milhares de desalojados e necessitados, órfãos e viúvas” provocados por conflitos locais. “Num continente que no passado viu muitos de seus habitantes cruelmente raptados e levados para além-mar a fim de trabalhar como escravos (prosseguiu), o tráfico de seres humanos, especialmente de inermes mulheres e crianças, tornou-se uma moderna forma de escravatura. Num tempo de global escassez alimentar, de sérias perturbações financeiras, de modelos causadores de alterações climáticas, a África sofre desmedidamente”, com a fome, a pobreza e a doença”. Muitos africanos “clamam por reconciliação, justiça e paz; e isto é precisamente o que a Igreja lhes oferece”.

“Não novas formas de opressão económica ou política, mas a liberdade gloriosa dos filhos de Deus. Não a imposição de modelos culturais que ignoram o direito à vida dos nascituros, mas a pura água salvífica do Evangelho da vida. Não amargas rivalidades inter-étnicas ou inter-religiosas, mas a rectidão, a paz e a alegria do Reino de Deus, descrito de modo muito apropriado pelo Papa Paulo VI como «civilização do amor».”

(Fonte: site Radio Vaticana)

Bento XVI a caminho de África


Bento XVI partiu nesta terça feira para a África numa viagem com duas etapas, Camarões e Angola, com uma dupla finalidade: levar uma mensagem de paz e empenho dos católicos para a reconciliação e a justiça e ao mesmo tempo - como explicou o director da Sala de imprensa da Santa Sé chamar a atenção internacional sobre o continente.

Terra invisível nos jornais, com as chagas das guerras e doenças como a SIDA, esquecida nas suas tragédias pelos poderosos da terra que porém exploram as suas riquezas naturais, a África corre agora o sério perigo de sucumbir sob o peso da crise económica global.

O Papa partiu com um ligeiro atraso, cerca das 10h20, hora de Roma. Nos Camarões ultimam-se os preparativos finais para acolher Bento XVI, numa dinâmica que envolve a própria comunidade muçulmana no país, com cujos representantes se irá encontrar o chefe da Igreja Católica.

No tradicional telegrama que o Papa envia ao Presidente da Itália, ao partir em viagem, Bento XVI fala do "vivo desejo de encontrar os irmãos na fé e os habitantes" de Angola e Camarões.
O avião que transporta o Papa deve aterrar no aeroporto Internacional Nsimalen, de Yaoundé, cerca das 16h00 locais, onde o Papa fará o seu primeiro discurso, o único desta Terça-feira.
Amanhã, Bento XVI celebrará uma missa privada na Capela da Nunciatura Apostólica de Yaoundé. Em seguida encontrar-se-á com o Presidente da República dos Camarões, Paul Biya, no Palácio da Unidade, e terá ainda um encontro com os Bispos do país.

Esta é a primeira viagem de Bento XI á África e a primeira a ter etapas em países diferentes. Camarões e Angola foram escolhidos pelo seu valor simbólico neste ano de realização da 2ª assembleia especial do sínodo dos bispos para a África . Camarões é um país onde convivem mais de 250 etnias, com uma população dividida entre católicos, muçulmanos, protestantes e animistas, fala francês e inglês.

Angola fala português e foi a primeira terra da África austral que viu chegar missionários católicos há 500 anos.

Ambos são espelho das tragédias e das potencialidades do continente por um lado e por outro dos desafios que a Igreja Católica tem pela sua frente.

Em Yaoundé, a capital dos Camarões onde vai chegar por volta das 16h00, hora local, o Papa encontrará os representantes das outras igrejas cristãs, os muçulmanos e também os doentes.
Sempre em Yaoundé, no dia 19 de Março, durante uma missa no estádio da cidade, Bento XVI abrirá idealmente o Sínodo africano que se efectuará no próximo Outono no Vaticano – entregando aos bispos o documento com os temas da assembleia.

No dia 20 o Papa atravessa o Equador aterrando em Luanda, a capital de um país em reconstrução. A Igreja, uma das poucas vozes com autoridade e independentes do país, pede que esta reconstrução se verifique com justiça e equidade social. Em Luanda o Papa falará aos jovens e às mulheres, as “mamãs” africanas, figuras chaves da sociedade inteira. Domingo dia 22 celebrará Missa na esplanada da Cimangola tendo como pano de fundo o Oceano, uma esplanada que pode conter centenas de milhares de pessoas. O regresso a Roma está previsto na tarde de segunda-feira.

(Fonte: site Radio Vaticana)

África


Faz parte do meu imaginário embora a tenha visitado brevemente, Bissau, Luanda e Lourenço Marques, agora Maputo, quando ainda muito jovem, 11 anos de idade, e mais tarde por duas vezes o Egipto, de cuja história e monumentalidade me apaixonei, também por duas vezes a Tunísia, uma vez em trabalho e para visitar alguns dos locais por onde passou o Bispo de Hipona, e uma outra de férias e finalmente Marrocos uma vez.


A diversidade étnica, social, cultural e as diferentes religiões fazem deste continente, tão sobranceado pela arrogância e soberba dos países ricos, que apenas procuram espoliá-lo das suas grandes riquezas naturais, obriga-nos enquanto cristãos, a olhá-lo na plenitude da sua verdadeira dimensão, que vai das grandes riquezas em seres humanos e matérias-primas à mais profunda miséria, que tem o seu expoente máximo na situação no Darfur e no problema da SIDA/AIDS sobretudo nos países subsarianos e cuja dimensão é tão gigantesca, que, se por absurdo, a Igreja Católica resolve-se vender todo o seu património, ainda assim não seria suficiente para resolver toda a tragédia humana existente.

Que pode então fazer a Igreja, interrogar-se-ão os que dela se encontram afastados. A resposta é simples, anunciar Jesus Cristo e o Seu Reino, ajudar na formação e educação dos jovens africanos, para que aprendam os verdadeiros valores da ética e da moral, permitindo às próximas gerações ser mais cônscias da fraternidade e caridade, ajudar os que sofrem na doença anunciando-lhes as Promessas de Cristo devolvendo-lhes a esperança de uma vida plena de graça.

Como é sabido, o nosso queridíssimo Santo Padre inicia hoje uma visita de sete dias a África, multipliquemos as nossas preces pelo sucesso deste Bom Pastor da Igreja e para que o Senhor por intercessão da Nossa Mãe, a Virgem Santíssima, o proteja de todos os males.

(JPR)

A Igreja em Angola, entre o passado e o amanhã

Durante mais de 25 anos a Igreja em Angola sofreu vários reveses.

Entre 1975 e 1980 foi espoliada da maior parte dos seus bens pelas novas autoridades políticas. Orientadas pelo marxismo científico e ateu, elas empenharam-se numa profunda campanha de ‘marxisação’ das populações. A Igreja foi desdenhada, hostilizada, denegrida e a sua autoridade moral questionada, senão mesmo negada. As suas instituições de ensino foram-lhes retiradas, foi restringido o seu direito de educação dos adolescentes e jovens, reduzida e vigiada a sua tarefa de evangelização do povo.

O resultado foi a ausência da maior parte da juventude e da classe média, nas igrejas, e um acanhamento de muitos cristãos em frequentar os actos litúrgicos e as sessões de formação cristã. Muitos cristãos e cristãs, porém, revelaram-se. No meio das perseguições e humilhações foram mártires, no sentido original do termo, isto é, testemunhas intrépidas da sua fé e muitos (mormente catequistas) deram a própria vida por Cristo. Nessa altura, a linguagem dos Bispos católicos era una e firme na reposição da verdade e na defesa dos valores morais e dos direitos humanos, frente a uma ideologia que os distorcia e a uma guerra que os ignorava.

Este ambiente durou até 1992. Daí em diante, os discursos dos governantes em relação à Igreja começaram a ser mais conciliadores. Muitas das estruturas físicas da Igreja (como escolas, colégios, seminários) foram devolvidas e a sua reabilitação custeada pelo Governo. Começou a notar-se uma aproximação entre as autoridades eclesiásticas e governativas.

Com o fim da guerra em 2002, verificou-se um «boom» de afluência às igrejas, cuja motivação teológica não é muito clara. A presença do sincretismo religioso ainda é patente na vida de muitos cristãos. A proliferação de seitas e os novos movimentos religiosos parecem jogar um papel fundamental na filiação dos crentes apostados numa prática religiosa mais emotiva e sentimentalista que teológica. Por isso, vê-se a multiplicação de movimentos religiosos, de associações cristãs, de peregrinações aos santuários de todo o tipo, alguns criados «ad hoc» e encorajados pelos bispos das respectivas dioceses.

Paradoxalmente, as vocações religiosas e sacerdotais estão a regredir de forma preocupante. A procura do bem-estar, da tranquilidade económica (facilitada pela abundância de empresas públicas e privadas), a infiltração envolvente do relativismo ideológico, do materialismo consumista e do laxismo moral, exerce uma influência cada vez mais irresistível da parte dos jovens (eles e elas).

Angola já passou por mil vicissitudes no que diz respeito à prática da religião, tais como a instrumentalização política da religião pelo Estado colonial, a reacção do comunismo ateu, durante a revolução e a guerra civil, e agora assistimos a uma certa crise ético-moral e religiosa na vida de muitos angolanos. Actualmente, muita gente parece “tranquilizar-se” com a simples pertença sociológica à Igreja, desde que não se lhe toque nas questões fundamentais do ser cristão.

Por outra parte, parece que com a aproximação entre a Igreja e o Estado, o discurso profético que caracterizou a hierarquia católica, durante o tempo do comunismo e da guerra, tornou-se, agora, pacífico, mesmo diante de gritantes injustiças sociais. A Igreja angolana corre o risco de viver uma «paz constantiniana» do séc. IV. Passado o tempo da perseguição e martírio, a Igreja de Roma, apanhada de surpresa, procurou encontrar no âmbito do Império romano um espaço de acomodação. Ela viu-se na necessidade de recorrer às estruturas estatais para se organizar. O Estado, por sua vez, tinha todo o interesse de se apoiar na Igreja, não tanto porque se tinha convertido, mas sobretudo para se estabilizar. Por isso, estreitou as suas relações com a Igreja, favoreceu-a e concedeu-lhe privilégios, mas passou também a dominá-la como Igreja católica imperial…E depois, quando o Império entrou em estado progressivo de desintegração, os seus efeitos também atingiram a Igreja profundamente.

Em Angola, depois da instrumentalização da religião no tempo colonial, depois da perseguição e martírio durante a guerra civil, surge agora uma paz semelhante à constantiniana. O receio é de vermos uma Igreja angolana com sinais obnubilados de subserviência. O que pode acontecer é que a Igreja angolana confie demasiadamente num Estado secularizado e não realmente convertido (como o fez a Igreja primitiva), e venha a sofrer a mesma crise como outrora.

Pe. Jerónimo Cahinga, teólogo angolano


(Fonte: site Radio Vaticana)

Santo Padre – “Em África com o Evangelho que transforma o mundo”


A Boa Nova da Cruz de Cristo “é a graça que pode renovar também a África, porque gera uma irresistível força de paz e de reconciliação profunda e radical”. Foi o que disse o Papa neste domingo na Praça São Pedro, antes da oração do Angelus, recordando que nesta terça-feira, 17 de Março até o dia 23 de Março a sua 11ª viagem apostólica o levar a Camarões e Angola.

Com esta visita, Bento XVI deseja abraçar idealmente “todo o continente africano: as suas mil diferenças e o seu profundo espírito religioso... as suas dolorosas feridas e as suas enormes potencialidades e esperanças”. O Papa acrescentou que irá propor e doará a quem encontrar “Cristo e a Boa Nova da Sua Cruz, mistério de amor supremo, de amor divino que vence toda humana resistência e tornam possível até mesmo o perdão e o amor pelos inimigos”.

A Igreja, concluiu Bento XVI, não tem objectivos económicos, sociais e políticos, mas anuncia Cristo, “convicta de que o Evangelho pode tocar os corações de todos e transformá-los, renovando de tal modo a partir de dentro as pessoas e as sociedades”.


(Fonte: H2O News)

Sermos simples e humildes

Uma palavra de Santa Joana d'Arc aos seus juízes resume a fé dos santos Doutores e exprime o bom senso do crente: «De Jesus Cristo e da Igreja eu penso que são um só, e não há que levantar dificuldades a esse respeito»


(Dictum: Procès de condamnation – Santa Joana D’Arc)

O Evangelho do dia 17 de Março de 2009

São Mateus 18, 21-35

Naquele tempo,
Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou-Lhe:
«Se meu irmão me ofender,
quantas vezes deverei perdoar-lhe?
Até sete vezes?»
Jesus respondeu:
«Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.
Na verdade, o reino de Deus pode comparar-se a um rei
que quis ajustar contas com os seus servos.
Logo de começo,
apresentaram-lhe um homem que devia dez mil talentos.
Não tendo com que pagar,
o senhor mandou que fosse vendido,
com a mulher, os filhos e tudo quanto possuía,
para assim pagar a dívida.
Então o servo prostrou-se a seus pés, dizendo:
‘Senhor, concede-me um prazo e tudo te pagarei’.
Cheio de compaixão, o senhor daquele servo
deu-lhe a liberdade e perdoou-lhe a dívida.
Ao sair, o servo encontrou um dos seus companheiros
que lhe devia cem denários.
Segurando-o, começou a apertar-lhe o pescoço, dizendo:
‘Paga o que me deves’.
Então o companheiro caiu a seus pés e suplicou-lhe, dizendo:
‘Concede-me um prazo e pagar-te-ei’.
Ele, porém, não consentiu e mandou-o prender,
até que pagasse tudo quanto devia.
Testemunhas desta cena,
os seus companheiros ficaram muito tristes
e foram contar ao senhor tudo o que havia sucedido.
Então, o senhor mandou-o chamar e disse:
‘Servo mau, perdoei-te, porque me pediste.
Não devias, também tu, compadecer-te do teu companheiro,
como eu tive compaixão de ti?’
E o senhor, indignado, entregou-o aos verdugos,
até que pagasse tudo o que lhe devia.
Assim procederá convosco meu Pai celeste,
se cada um de vós não perdoar a seu irmão
de todo o coração».