sábado, 14 de março de 2009

Excerto da Epístola de São Paulo aos Gálatas (Gal. 6, 1-10, 18)

Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido em alguma falta, vós, os espirituais, tratai de o corrigir em espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado. Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo. Porque, se alguém cuida ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo. Trate cada um e avaliar a sua própria obra, e terá glória só em si mesmo, e não noutro. Porque cada qual levará a sua própria carga.

Aquele que se instruiu na Palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o ensina. Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna. E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido. Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos nossos companheiros na fé.

A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja, irmãos, com o vosso espírito! Amém.

Como a Carta aos Gálatas


Um texto apaixonado e sem precedentes nascido do coração de Bento XVI para contribuir para a paz na Igreja: eis a Carta do Papa aos bispos católicos sobre a remissão da excomunhão aos prelados consagrados em 1988. Sem precedentes porque não tem precedentes recentes o alvoroço desencadeado após a publicação da disposição de 24 de Janeiro passado. Não é por acaso que na vigília do cinquentenário do anúncio do Vaticano II, porque a intenção do Bispo de Roma agora confirmada mas já em si evidente, como no mesmo dia tinha ressaltado o nosso jornal era e é a de evitar o perigo de um cisma. Com um gesto inicial de misericórdia, perfeitamente em sintonia com o Concílio e com a tradição da Igreja.

Sobre a conveniência deste gesto multiplicaram-se as perguntas e sobretudo foram lançadas a Bento XVI acusações infundadas e enormes: de negação do Vaticano II e de obscurantismo. Até a uma desonesta e incrível deturpação do gesto papal, favorecida pela difusão, numa concomitância de tempos certamente não casual, das afirmações negacionistas em relação ao Shoah de um dos prelados ao qual o Papa remeteu a excomunhão. Afirmações inaceitáveis e também isto foi imediatamente ressaltado pelo jornal do Papa como inaceitáveis e vergonhosas são as atitudes em relação ao judaísmo de alguns membros dos grupos aos quais Bento XVI estendeu a mão.

A transformação da misericórdia num incrível gesto de hostilidade contra os judeus que se pretendeu repetidamente atribuir ao Pontífice de muitas partes, também influentes foi grave porque ignorou a realidade desvirtuando a convicção e as realizações pessoais de Joseph Ratzinger como teólogo, como Bispo e como Papa, em textos à disposição de todos. Perante este ataque concêntrico, até da parte de católicos e também "com ódio", Bento XVI quis "ainda mais" agradecer aos judeus que ajudaram a superar este momento difícil, confirmando a vontade de uma amizade e de uma fraternidade que afunda as suas raízes na fé do único Deus e nas Escrituras.

A lucidez da análise papal não evita questões abertas e difíceis, como a necessidade de uma atenção e de uma comunicação mais preparadas e oportunas num contexto global no qual a informação, omnipresente e superabundante, está continuamente exposta a instrumentalizações, entre as quais as chamadas fugas de notícias, que dificilmente não se definem deploráveis. Também no interior da Cúria Romana, órgão historicamente colegial e que na Igreja tem um dever de exemplaridade.

Depois o Papa enfrenta o núcleo da questão: isto é, o problema dos chamados grupos tradicionalistas e o perigo do cisma, com a distinção dos níveis disciplinar e doutrinal. Noutras palavras, a nível disciplinar Bento XVI revogou a excomunhão mas a nível doutrinal é necessário que os tradicionalistas em relação aos quais o Papa não poupa tons severos mas confiando na reconciliação não congelem o magistério da Igreja em 1962. Assim como os supostos grandes defensores do Concílio devem recordar que o Vaticano II não pode ser separado da fé professada e confessada no decorrer dos séculos.

Era este gesto deveras uma prioridade? O Papa diz que sim porque num mundo no qual a chama da fé corre o risco de se apagar a prioridade é precisamente conduzir os homens para o Deus que falou no Sinai e se manifestou em Jesus. Um Deus que corre o risco de desaparecer do horizonte humano e que só o testemunho de unidade dos crentes torna crível. Eis por que são importantes a unidade da Igreja católica e o empenho ecuménico, eis por que tem significado o diálogo entre as religiões. Por isto a grande Igreja uma palavra que a tradição tem a peito deve procurar a paz com todos. Por isto os católicos não devem dilacerar-se como os Gálatas aos quais Paulo por volta do ano 56 escreveu uma das cartas mais dramáticas e bonitas. Como esta do Papa Bento.


Giovanni Maria Vian (Director)

Num mundo que não compreende o pecado, urge formar rectamente as consciências dos crentes

Ao Cardeal James Francis Stafford , penitenciário Mor e aos participantes no XX curso para o foro interno promovido pela penitenciaria apostólica Bento XVI enviou uma mensagem na qual salienta que no nosso tempo constitui sem duvida uma das prioridades pastorais, formar rectamente a consciência dos crentes, porque na medida em que se perde o sentido do pecado, aumentam, infelizmente os sentimentos de culpa que se desejariam eliminar com remédios paliativos insuficientes.

O Santo Padre afirma depois que para a formação das consciências contribuem múltiplos e preciosos instrumentos espirituais e pastorais que devem ser cada vez mais valorizados; entre eles, evidencia a catequese, a homilia, a direcção espiritual, o sacramento da Reconciliação e a celebração da Eucaristia.

Uma adequada catequese - salienta Bento XVI oferece um contributo concreto para a educação das consciências estimulando-as a perceber cada vez melhor o sentido do pecado, hoje em parte descorado ou pior ainda ofuscado por uma maneira de pensar e de viver como se Deus não existisse, e que denota um relativismo fechado ao verdadeiro sentido da vida.Á catequese - prossegue depois a mensagem do Papa deve unir-se um uso sapiente da pregação; e recorda que a homilia, que com a reforma do concilio Vaticano II adquiriu o seu papel “sacramental no interior do único acto de culto constituído pela liturgia da Palavra e da liturgia da Eucaristia, é sem duvida a forma de pregação mais difusa, com a qual cada domingo se educa a consciência de milhões de fiéis.

Para formar as consciências - acrescenta depois Bento XVI – contribui também a direcção espiritual, um importante serviço eclesial para o qual é necessária sem dúvida uma vitalidade interior que se deve implorar como dom do Espírito Santo mediante intensa e prolongada oração e uma preparação específica que se deve adquirir com cuidado.

Cada sacerdote – escreve depois o Santo Padre – é chamado a administrar a misericórdia divina no Sacramento da Penitencia, mediante o qual, em nome de Cristo perdoa os pecados e ajuda o penitente a percorrer o caminho exigente da santidade com recta e informada consciência.

Finalmente a consciência do crente afina-se cada vez mais graças a uma devota e consciente participação na Santa Missa, que é o sacrifício de Cristo para a remissão dos pecados. Todas as vezes que o sacerdote celebra a Eucaristia, na oração eucarística recorda que o Sangue de Cristo é derramado em remissão dos nossos pecados; assim, na participação sacramental no memorial do Sacrifício da Cruz, realiza-se o encontro pleno da misericórdia do Pai com cada um de nós.


(Fonte: site Radio Vaticana)

O Evangelho de Domingo dia 15 de Março de 2009


São João 2, 13-25

Estava próxima a Páscoa dos judeus
e Jesus subiu a Jerusalém.
Encontrou no templo
os vendedores de bois, de ovelhas e de pombas
e os cambistas sentados às bancas.
Fez então um chicote de cordas
e expulsou-os a todos do templo, com as ovelhas e os bois;
deitou por terra o dinheiro dos cambistas
e derrubou-lhes as mesas;
e disse aos que vendiam pombas:
«Tirai tudo isto daqui;
não façais da casa de meu Pai casa de comércio».
Os discípulos recordaram-se do que estava escrito:
«Devora-me o zelo pela tua casa».
Então os judeus tomaram a palavra e perguntaram-Lhe:
«Que sinal nos dás de que podes proceder deste modo?»
Jesus respondeu-lhes:
«Destruí este templo e em três dias o levantarei».
Disseram os judeus:
«Foram precisos quarenta e seis anos para se construir este templo
e Tu vais levantá-lo em três dias?»
Jesus, porém, falava do templo do seu corpo.
Por isso, quando Ele ressuscitou dos mortos,
os discípulos lembraram-se do que tinha dito
e acreditaram na Escritura e nas palavras que Jesus dissera.
Enquanto Jesus permaneceu em Jerusalém pela festa da Páscoa,
muitos, ao verem os milagres que fazia,
acreditaram no seu nome.
Mas Jesus não se fiava deles, porque os conhecia a todos
e não precisava de que Lhe dessem informações sobre ninguém:
Ele bem sabia o que há no homem.

Reflexão - O Evangelho de hoje e eventos recentes

Ao reler a parábola de Jesus Cristo, talvez aquela que mais me comove nas Sagradas Escrituras, não querendo desvalorizar narrativas muito belas de actos de amor profundo do Antigo Testamento, parece-me que muitos dos destinatários da recente carta do Santo Padre, não foram capazes de ter a alegria e a compaixão de acolher, o convite à reconciliação e regresso ao seio da Igreja, aos seus irmãos que haviam partido em 1988.

Diz-nos o Papa na sua carta referindo-se à comunidade em causa: “Em abono da verdade, devo acrescentar que também recebi uma série de comoventes testemunhos de gratidão, nos quais se vislumbrava uma abertura dos corações”, ora, Bento XVI não fez mais que o lindíssimo gesto do Pai da parábola ao abrir a porta ao seu regresso, mas também na sua carta aos Bispos, assume a atitude de Pastor e idêntica à do Pai quando responde ao filho mais velho “Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu. Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos” (Lc. 15, 32).

Saibamos pois não nos precipitar no nossos julgamentos e em particular desse extraordinário e bom filho de Deus Nosso Senhor que é Bento XVI.

Peçamos à nossa Mãe, a Virgem Santíssima, que pela sua intercessão todos os destinatários da carta a tenham sabido interpretar e num gesto de humildade, os que se permitiram em palavras, gestos ou pensamentos, pôr em causa as verdadeiras intenções do Santo Padre, reconheçam o erro cometido.

(JPR)

A «serva do Senhor» (Lc 1, 38)

«Virgem ao conceber o seu Filho, Virgem ao dá-Lo à luz, Virgem grávida, Virgem fecunda, Virgem perpétua»


(Sermão 186, 1 - Santo Agostinho)

Jubileu Paulino dos universitários


Neste Ano Paulino realiza-se em Roma de 12 a 15 de Março o Jubileu Paulino dos universitários. Uma das iniciativas do mesmo foi o Fórum Internacional das Universidades com o tema “Evangelho e cultura para um novo humanismo”.

Na cerimónia de inauguração participaram o Secretário de Estado Vaticano, o Cardeal Tarcisio Bertone, e o prefeito da Congregação para a Educação Católica, o Cardeal Zenon Grocolewski, o Presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, D. Gianfranco Ravasi e o prefeito de Roma, Gianni Alemano, entre outras personalidades.

O Cardeal Zenon Grocholewsk ressalta o vínculo estreito entre São Paulo e o trabalho universitário:

Esta é uma grande oportunidade para conhecer o Apóstolo dos gentios, afirma D. Gianfranco Ravasi, Presidente do Pontifício Conselho para a Cultura:

O Jubileu Paulino dos universitários termina Domingo 15 de Março com uma grande celebração eucarística na Basílica de São Paulo fora dos Muros presidida pelo Cardeal Zenon Grocholewski na conclusão da qual os jovens presentes farão a profissão de fé.

“O Jubileu Paulino está muito ligado ao trabalho dos universitários, porque Paulo era um grande evangelizador, um grande professor”, “É uma grande ocasião para chegar a conhecer uma figura importante, primeiro pelo pensamento cristão e a teologia, segundo pelo testemunho, e terceiro pelo amor a Cristo como Ele mesmo demonstrou em toda sua vida e que é coração da religião cristã”.


(Fonte: H2O News com edição de JPR)

O Evangelho do dia 14 de Março de 2009

São Lucas 15, 1-3.11-32

Naquele tempo,
os publicanos e os pecadores
aproximavam-se todos de Jesus, para O ouvirem.
Mas os fariseus e os escribas murmuravam entre si, dizendo:
«Este homem acolhe os pecadores e come com eles».
Jesus disse-lhes então a seguinte parábola:
«Um homem tinha dois filhos.
O mais novo disse ao pai:
‘Pai, dá-me a parte da herança que me toca’.
O pai repartiu os bens pelos filhos.
Alguns dias depois, o filho mais novo,
juntando todos os seus haveres, partiu para um país distante
e por lá esbanjou quanto possuía,
numa vida dissoluta.
Tendo gasto tudo,
houve uma grande fome naquela região
e ele começou a passar privações.
Entrou então ao serviço de um dos habitantes daquela terra,
que o mandou para os seus campos guardar porcos.
Bem desejava ele matar a fome
com as alfarrobas que os porcos comiam,
mas ninguém lhas dava.
Então, caindo em si, disse:
‘Quantos trabalhadores de meu pai têm pão em abundância,
e eu aqui a morrer de fome!
Vou-me embora, vou ter com meu pai e dizer-lhe:
Pai, pequei contra o Céu e contra ti.
Já não mereço ser chamado teu filho,
mas trata-me como um dos teus trabalhadores’.
Pôs-se a caminho e foi ter com o pai.
Ainda ele estava longe, quando o pai o viu:
encheu-se de compaixão
e correu a lançar-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos.
Disse-lhe o filho:
‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti.
Já não mereço ser chamado teu filho’.
Mas o pai disse aos servos:
‘Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha.
Ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés.
Trazei o vitelo gordo e matai-o.
Comamos e festejemos,
porque este meu filho estava morto e voltou à vida,
estava perdido e foi reencontrado’.
E começou a festa.
Ora o filho mais velho estava no campo.
Quando regressou,
ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças.
Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo.
O servo respondeu-lhe:
‘O teu irmão voltou
e teu pai mandou matar o vitelo gordo,
porque ele chegou são e salvo’.
Ele ficou ressentido e não queria entrar.
Então o pai veio cá fora instar com ele.
Mas ele respondeu ao pai:
‘Há tantos anos que eu te sirvo,
sem nunca transgredir uma ordem tua,
e nunca me deste um cabrito
para fazer uma festa com os meus amigos.
E agora, quando chegou esse teu filho,
que consumiu os teus bens com mulheres de má vida,
mataste-lhe o vitelo gordo’.
Disse-lhe o pai:
‘Filho, tu estás sempre comigo
e tudo o que é meu é teu.
Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos,
porque este teu irmão estava morto e voltou à vida,
estava perdido e foi reencontrado’».