sexta-feira, 6 de junho de 2008
Reconciliação
(S. Mateus 5,23-24)
«A verdadeira reconciliação entre homens que são adversários e inimigos entre si, só é possível, se se deixarem, simultaneamente, reconciliar com Deus».
(João Paulo II)
Cardeal Martini lamenta inveja, vaidade, calúnia e carreirismo na Igreja
A inveja é o “vício clerical, por excelência”, e os outros pecados capitais mais presentes na Igreja são a vaidade e a calúnia. Quem o afirma é o Cardeal Carlo Maria Martini, Arcebispo emérito de Milão, 81 anos, um dos nomes mais respeitados da Igreja Catóica no mundo.
O Cardeal Martini, que ao completar 75 anos, trocou Milão por Jerusalém, está a dirigir os exercícios espirituais na sede dos Jesuítas, na localidade de Ariccia, próximo de Roma.
Segundo ele, muitos dentro da Igreja estão “consumidos” pela inveja. Alguns não aceitam nomeações de outros para Bispo e este não é o único pecado capital entre os homens da Igreja. O Cardeal contou que costumam chegar às dioceses cartas anónimas, desacreditando seus membros. Quando estava em Milão, mandava destruir todas as cartas com calúnias.
D. Carlo Maria Martini denunciou também o vício da vaidade, precisando que na Igreja “é muito grande”.
“Continuamente – disse – a Igreja se desnuda e se reveste de ornamentos inúteis, numa tendência à ostentação, ao alarde”.
O Cardeal italiano citou ainda o “carreirismo” na Igreja, e especialmente, na Cúria Romana, onde “cada um quer ser mais que o outro”.
Internacional Rádio Vaticano 06/06/2008 16:55 1254 Caracteres 108 Jesuítas
Http://Www.Agencia.Ecclesia.Pt/Noticia_All.Asp?Noticiaid=60958&Seccaoid=4&Tipoid=42
O Cardeal Martini referir-se-á sobretudo à realidade italiana que pessoalmente conheço bem, sendo que ele próprio não está isento de actos de vaidade enquanto Bispo de Milão. Convidar a imprensa para divulgar “crismas”, se é que de tal se podem chamar, via internet, não passa de um puro acto de vaidade pessoal e de pseudo-progressismo.
Não deixa no entanto de ter razão em termos gerais; entre a comunidade eclesial italiana corre a seguinte tentativa de graça “há falta de vocações sacerdotais, mas não faltam vocações episcopais”, ora esta gracinha, de péssimo gosto, é por si só reveladora.
Mas também tenho o privilégio de conhecer homens excepcionais como Arcebispo Emérito de Florença, Cardeal Silvano Piovanelli, homem de uma extraordinária simplicidade e humildade, ou o sucessor do Cardeal Martini à frente da Diocese de Milão, que é a maior diocese da Europa com mais de 5 milhões de diocesanos, Cardeal Dionigi Tettamanzi, homem bondoso e humilde, pelo que não devemos tomar o todo pela parte.
Não para elencar todos os Bispos que conheço, mas o Bispo de Crema, Mons. Oscar Cantoni, é um homem maravilhoso, que me marcou quando ao despedir-se de mim no aeroporto de Lisboa, pediu-me humildemente para rezar por ele.
Infelizmente a sociedade italiana em geral e não apenas a eclesial, 29 anos depois de o Papa não ser um italiano, ainda não foi capaz de digerir esta realidade, pelo que tentar denegrir a Cúria, aonde muitos dos Cardeais também não o são, será no mínimo de mau gosto, diria mesmo, de muito mau gosto.
(JPR)
«Seja o vosso falar: …
(S. Mateus, 5, 37)