Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

domingo, 3 de novembro de 2019

Depois da morte vos receberá o Amor

Agora compreendes quanto fizeste sofrer Jesus, e enches-te de dor: como lhe pedes perdão, deveras e choras pelas tuas traições passadas! Não te cabem no peito as ânsias de reparar! Bem. Mas não esqueças que o espírito de penitência está principalmente em cumprir, custe o que custar, o dever de cada instante. (Via Sacra, 9ª Estação, n. 5)

Como será maravilhoso quando o nosso Pai nos disser: servo bom e fiel, porque foste fiel nas coisas pequenas, eu te confiarei as grandes: entra no gozo do teu Senhor!. Esperançados! Esse é o prodígio da alma contemplativa. Vivemos de Fé, de Esperança e de Amor; e a Esperança torna-nos poderosos. Recordais-vos de S. João? Eu vos escrevo, jovens, porque sois valentes e a palavra de Deus permanece em vós e vencestes o maligno. Deus urge-nos, para a juventude eterna da Igreja e de toda a humanidade. Podeis transformar em divino todo o humano, como o rei Midas convertia em ouro tudo o que tocava!

Nunca esqueçais que depois da morte vos receberá o Amor. E no amor de Deus encontrareis, além do mais, todos os amores limpos que tenhais tido na terra. O Senhor dispôs que passemos esta breve jornada da nossa existência, trabalhando e, como o seu Unigénito, fazendo o bem. Entretanto, temos de estar alerta, à escuta daquelas chamadas que Santo Inácio de Antioquia notava na sua alma, ao aproximar-se a hora do martírio: vem para junto do Pai, vem para o teu Pai que te espera ansioso (Amigos de Deus, 221)

São Josemaría Escrivá

Bom Domingo do Senhor!

O Senhor conforme nos conta o Evangelho de hoje (Lc 19, 1-10) achou por conveniente ficar na casa de Zaqueu, a nós, todos os dias pede o mesmo na Sagrada Eucaristia. Não lhe regateemos a nossa hospitalidade e mantenhamos a nossa alma sempre limpa para o receber com toda a dignidade e amor.

Que o Senhor nos dê a humildade para o guardar dentro de nós!

O sorriso

Era uma mulher simples e sensata. A páginas tantas, durante a entrevista, o jornalista fez-lhe uma pergunta directa e inesperada. Talvez até, um pouco indiscreta, por estar completamente fora do tema específico daquele encontro. «Como é que consegue estar sempre a sorrir? Porque é que temos a sensação de que está permanentemente contente?». Sorriu abertamente, com uma expressão de quem não esperava essa mudança brusca no tema da conversa. Transmitiu em directo – mais uma vez e com toda a naturalidade – aquela genuína alegria que lhe era tão característica e que não tinha nada de postiço, nada de pouco natural. Começou por explicar que ela – como todas as pessoas – também tinha os seus momentos de tristeza, os seus momentos de cansaço e até, algumas vezes, os seus momentos de profunda inquietação.

«No entanto – continuou –, penso que conheço o remédio para superar tudo isto, ainda que às vezes tenha a sensação de não saber utilizá-lo muito bem. E o remédio é este: sairmos de nós mesmos, interessarmo-nos de verdade pelos outros, compreendermos que aqueles que estão à nossa volta têm o direito de ver-nos contentes. Penso que, quando sorrio, comunico algo de felicidade aos outros, mesmo que não esteja especialmente entusiasmada nesse momento. E ao procurar transmiti-la acontece-me que a felicidade cresce no meu interior. Acredito que, se não estamos sempre centrados na nossa felicidade, e procuramos positivamente a dos outros, encontramos indirectamente uma alegria autêntica. Aquela que procede da generosidade».

Como diz A. Aguiló, o sorriso é algo que cada um de nós tem de aprender a cultivar pacientemente durante toda a sua vida. O sorriso, ao contrário do que muitos pensam, não é uma planta que nasce espontaneamente. Não é, evidentemente, uma erva daninha – como são a tristeza e o mau humor. O sorriso tem de ser fomentado, defendido e protegido. Como? Com equilíbrio interior. Aceitando a realidade da vida como ela é. Gostando dos outros como são. Saindo de nós mesmos e esforçando-nos por sorrir – mesmo quando não nos apetece.

O sorriso representa, muitas vezes, uma vitória sobre a tentação do mau humor. E as vitórias exigem luta, esforço e determinação. Mas, lutar contra quê? Contra o próprio medo e contra a própria debilidade. Estas são, muitas vezes, as causas mais profundas da tristeza, do pessimismo e da inquietação. Tornam as pessoas infelizes e amargas porque – entre outras coisas – asfixiam a sua capacidade de sorrir. São ervas daninhas que têm de ser arrancadas com paciência e constância.

É uma grande sorte ter ao nosso lado caras sorridentes. Como dizia alguém, o sorriso custa menos do que a electricidade e dá mais luz. Procuremos ser amáveis. Manifestemos essa amabilidade também com o sorriso, mesmo que algumas vezes isso possa exigir um pouco de esforço. É um esforço que vale a pena. O sorriso ajuda-nos a sermos mais humanos, modera as nossas tendências agressivas e facilita-nos compreender melhor os outros. São só vantagens! E o esforço – sejamos sinceros – não é nada do outro mundo.

Pe. Rodrigo Lynce de Faria

Elogio da soberba cristã

Não falta quem, com mais ou menos razão, deplore as fraquezas dos cristãos. Sem dúvida, todos as temos, talvez não tantas nem tão graves quanto as de outros, mas decerto mais e piores do que as que seriam de esperar em verdadeiros discípulos de Cristo e membros da sua Igreja. São deploráveis esses maus exemplos, sobretudo é de lamentar que haja cristãos vaidosos de mais das suas pessoas e soberbos de menos da grandeza e dignidade da sua condição cristã.

O generalizado complexo de inferioridade de muitos fiéis deve-se a carências da sua formação doutrinal, à sua ignorância em relação à história da Igreja e à manipulação laicista do passado cristão. De facto, não há nenhuma religião, ou Estado, que não tenha bem piores antecedentes, mas a história moderna teima em só recordar as culpas dos católicos, que acusa de alguns eventuais faltas que, diga-se de passagem, são poucas e sempre as mesmas: as cruzadas, a Inquisição, Galileu e pouco mais.

O mesmo, porém, já não acontece em relação à história nacional, em que não faltam, como é natural, episódios lamentáveis. Recorde-se, por exemplo, o horror do suplício dos Távoras, com requintes de crueldade piores do que os praticados pelo Santo Oficio; a brutalidade anticlerical da primeira República, que até sequestrou e aterrorizou os inocentes videntes de Fátima, ainda crianças; ou, ainda, as terríveis torturas da PIDE, mais brutais do que as penas a que foi condenado Galileu. Apesar desses percalços, não há cidadão português que seja digno desse nome e que repudie a história pátria que, como é natural, tem muitas luzes e algumas sombras.

É algo paradoxal que alguns cristãos se envergonhem da sua fé, a que a cultura, a arte e a técnica tanto devem, mas não da modernidade, que foi cúmplice das aventuras totalitárias do fascismo, do nazismo e do comunismo. Há quem sinta desconforto em se afirmar católico, mas ninguém renega o seu país, nem o seu tempo, embora não sejam isentos de algumas culpas.

Urge, portanto, promover, pela verdade na caridade, a auto-estima dos cristãos, incitando-os ao santo orgulho da sua condição de fiéis da Igreja. Não se trata de fomentar qualquer atitude de vanglória individual, que seria obviamente anticristã e humanamente disparatada, mas uma renovada consciência da grandeza histórica da realidade eclesial. Ser católico quer dizer ser herdeiro, representante e protagonista, pela graça de Deus e sem mérito próprio, da mais antiga, consistente e eficaz instituição cultural, responsável pela mais extensa e qualificada rede de assistência humanitária.

Esta comunidade, no dizer inspirado do primeiro Papa, é «uma geração escolhida, um sacerdócio real, uma nação santa, um povo adquirido por Deus» (1Pd 2,9). Sobretudo graças à plêiade imensa dos bem-aventurados, que a Igreja celebra no dia 1 de Novembro, a solenidade de todos os Santos. São esses inumeráveis mártires, confessores da fé, pastores, religiosos e leigos que atestam, historicamente, a grandeza do dom que na Igreja resplandece. Esta mesma assembleia, que é pecadora nos seus fiéis militantes, é santa nos seus membros triunfantes, que são para a comunidade dos crentes, bem como para toda a humanidade, motivo de um justo orgulho.

Alguém malevolamente disse, de outrem, que era muito humilde … e que tinha muitas razões para o ser! Nós, católicos, não podemos deixar de ser individualmente humildes, mas temos também de cultivar, em honra dos nossos santos, um legítimo orgulho. Graças a eles, é firme a nossa esperança e profunda a nossa alegria, sobretudo no 1º de Novembro, que bem poderia ser o dia da soberba cristã.

Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada

«Hoje veio a salvação a esta casa»

Recebamos Cristo na Eucaristia como o fez Zaqueu, o bom publicano [...], que se apressou a descer da árvore e, cheio de alegria, acolheu Jesus em sua casa. Mas não se contentou em acolhê-lO com uma alegria efémera, fruto de uma ligação superficial [...]: deu provas disso através de obras virtuosas. Comprometeu-se a indemnizar de imediato todos aqueles que defraudara, e não apenas no valor roubado, mas no quádruplo; além disso, comprometeu-se também a dar aos pobres metade de todos os seus bens – e imediatamente, note-se, sem esperar pelo dia seguinte. [...]

Que nosso Senhor nos conceda a graça de receber o Seu santíssimo corpo e sangue, a Sua alma bendita e a Sua divindade todo-poderosa, tanto na nossa alma como no nosso corpo, com o mesmo ardor, a mesma espontaneidade, a mesma felicidade, a mesma alegria espiritual que teve aquele homem ao recebê-lO em sua casa. E que o fruto das nossas boas obras possa dar testemunho de que O recebemos condignamente, com aquela fé total e o firme propósito de bem viver que se impõem aos que comungam. Então Deus [...] dirá sobre a nossa alma o que disse outrora sobre a de Zaqueu: «Hoje veio a salvação a esta casa».

São Tomás Moro (1478-1535), estadista inglês, mártir
Tratado «Receber o corpo de Nosso Senhor»