Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

domingo, 26 de março de 2017

Reflexões Quaresmais

Quaresma – 25ª Reflexão

Hoje, Senhor, vêm ao meu coração todos os meus defeitos, ou pelo menos aqueles que consigo reconhecer com mais facilidade.

E abro-Te o coração!

Sou orgulhoso, vaidoso, inconstante, impaciente, por vezes mentiroso, invejoso, crítico sem procurar ajudar, uso da má língua, por vezes, sem me importar do mal que ela faz, procuro muitas vezes mais a minha consolação do que os outros consolar, não dou mais do que me sobra, com medo de que me falte, confio em Ti nas coisas fáceis mas nas difíceis por vezes duvido, espero em Ti, muitas vezes duvidando do meu esperar, dou testemunho, muitas vezes chamando mais a atenção para mim, do que para Ti a Quem quero testemunhar, rezo por vezes rotineiramente e outras vezes nem sequer quero rezar, e sou pecador, Senhor, muito pecador e muitas vezes me deixo pecar.

Abres-me os braços, chamas-me a Ti e dizes-me num imenso sorriso:
E Eu amo-te, meu filho, com amor eterno. Com um amor muito maior do que todos os teus defeitos, do que todas as tuas faltas, do que todos os teus pecados.

Prostro-me diante de Ti e peço-Te:
Ajuda-me e ensina-me, Senhor, a reconhecer sempre o meu pecado, a reconhecer sempre como sou pecador.
Mas sobretudo, Senhor, ajuda-me e ensina-me a acreditar inabalavelmente no Teu amor e a confiar constantemente que em cada regresso à casa do Teu perdão, Tu fazes a festa do filho pródigo que a Ti regressa.

Obrigado, Senhor, agora e sempre, obrigado!

Marinha Grande, 6 de Março de 2016

Joaquim Mexia Alves na sua página no Facebook

São Josemaría Escrivá nesta data em 1967

“A vida cristã deve ser vida de oração constante, procurando estar na presença do Senhor de manhã até à noite e de noite até à manhã. O cristão nunca é um homem solitário, posto que vive numa conversa contínua com Deus, que está junto de nós e nos céus”, diz nesta data numa homilia que, depois, é publicada em Cristo que passa.

Bom Domingo do Senhor!

Imitemos o cego curado pelo Senhor de que nos fala o Evangelho de hoje (Jo 9, 1-41) e ajoelhemo-nos diante do Sacrário manifestando-lhe o nosso amor e reconhecimento em oração.

Graças e louvores se dêem a todo o momento ao Santíssimo Sacramento!

Bons ateus ou maus católicos?

Santo Padre discursando nas celebrações dos 60 anos
do Tratado da União Europeia
Há quem diga que “Francisco prefere bons ateus a maus católicos”, dando a entender que os católicos são maus por serem católicos e que, portanto, se deixassem de o ser, seriam bons, ou seja ateus…

Há muito boa gente que gosta muito de Francisco… apesar de ser Papa! Tão amigos são do Papa Francisco que até lhe fazem o favor de o pôr a dizer o que ele nunca disse, nem pode dizer, mas que eles, “bons ateus” ou “maus católicos”, muito gostariam que dissesse. Ou seja, para justificarem a sua particular devoção por Francisco, não obstante a solene embirração que têm pela Igreja Católica, convertem Francisco num antipapa, coisa que, obviamente, Francisco nunca foi nem, com a graça de Deus, será. Senão, vejamos.

Num texto de Bárbara Reis sobre “Oito razões a favor do Papa” (Público, 10-3-2017), é dito que Francisco “abriu a possibilidade de os católicos divorciados e recasados poderem receber a comunhão”. Na realidade não abriu, porque essa possibilidade sempre existiu e já tinha sido reconhecida explicitamente pelos papas Bento XVI e São João Paulo II. Francisco apenas acrescentou “um convite à misericórdia e ao discernimento pastoral perante situações que não correspondem ao que o Senhor nos propõe” (Amoris Laetitia, 2). Nada de novo, portanto e, por isso, nessa sua segunda Exortação Apostólica, o Papa Francisco criticou os que têm “o desejo desenfreado de mudar tudo” (AL, 2).

Tendo em conta que a indissolubilidade matrimonial é um ensinamento explícito de Cristo, como também o é a impossibilidade da comunhão eucarística para quem não reúna as condições necessárias para o efeito, nenhum papa pode permitir que algum fiel possa comungar em situação de pecado mortal, seja este o de adultério ou qualquer outro. Porém, nem tudo o que parece, é: “não é possível dizer que todos os que estão numa situação chamada ‘irregular’ vivem em estado de pecado mortal, privados da graça santificante” (AL, 301). Muito excepcionalmente, “é possível que uma pessoa, no meio de uma situação objectiva de pecado – mas de que subjectivamente não é culpável, ou não o é plenamente – possa viver na graça de Deus” (AL, 305).

Há quem não entenda isto e, por isso, conclua: “É caso para dizer: viva a confusão”. Mas não há lugar a nenhuma confusão porque, como “se não devia esperar do sínodo, ou desta exortação, uma nova normativa geral de tipo canónico, aplicável a todos os casos” (AL, 300), a Amoris Laetitia deve ser interpretada no sentido do anterior magistério eclesial e da tradição, como aliás fez o Cardeal Patriarca de Lisboa, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.

É verdade que “Francisco defende os refugiados muçulmanos todos os dias”, como também os seus antecessores na cátedra de Pedro foram defensores da paz e da liberdade religiosa em todo o mundo. Mas o Papa Francisco não ignora o carácter ofensivo de um sector radical do islamismo e tem apelado, repetidas vezes, a todos os responsáveis religiosos – cristãos incluídos! – para que não permitam que o nome de Deus seja invocado como fundamento da guerra, ou do terrorismo.

Apesar de o Papa Francisco ter sido o primeiro vigário de Cristo que subscreveu uma encíclica sobre a temática ecológica, a verdade é que a questão tinha sido já repetidas vezes referida pelos seus antecessores, nomeadamente São João Paulo II, que era um declarado amante da natureza. A paixão ecológica do Cristianismo não é recente: já São Francisco de Assis – de quem o actual pontífice romano tomou o nome – tinha cultivado esse mesmo amor religioso pelo mundo e por todas as suas criaturas.

Quando o Papa Francisco afirmou “Se uma pessoa procura Deus de boa vontade e é gay, quem sou eu para a julgar?” causou um tremendo sururu, como se a frase, tida por gay friendly, revogasse toda a doutrina moral sobre a matéria. É óbvio que este Papa é gay friendly, como foram os seus antecessores e são todos os bispos e fiéis dignos desse nome, porque a tanto obriga o mandamento novo da caridade. Mas essa exigência não contradiz o princípio da moral católica que exige reprovar o acto pecaminoso, mas sem condenar o sujeito, que só Deus pode julgar. Por isso, o Papa Francisco não se contradisse quando, não obstante o que afirmou sobre as pessoas com tendência homossexual, realçou que as uniões entre pessoas do mesmo sexo não podem ser equiparadas ao matrimónio (AL, 52).

É verdade que Francisco tem um estilo muito próprio e muito diferente da precisão teológica de Bento XVI. O Papa actual é, sobretudo, um pastor e, por isso, a sua linguagem é mais “do século”, ou do mundo, sem ser mundana. O Papa Francisco privilegia uma abordagem mais informal, que não é menos ortodoxa, embora escandalize os fundamentalistas e os que, de tão apegados à letra da lei, não compreendem o seu espírito.

É de um grande simplismo afirmar que “Francisco não acredita em muros e é o mais radical político anti-Trump”. As fronteiras, que outra coisa não são do que muros mais ou menos intransponíveis, são necessárias para definir o âmbito da soberania dos Estados: o Vaticano também as tem, por sinal muradas. Sugerir que o Papa Francisco é contra o presidente eleito de uma das maiores democracias do mundo poderia levar a crer que não é democrata, ou que é ‘político’ e, como tal, pretende intervir na política interna de um Estado, ignorando a separação evangélica entre o que é de Deus e o que é de César.

Há quem diga que “Francisco prefere bons ateus a maus católicos”, dando a entender que os católicos são maus, por serem católicos, e que portanto, se deixassem de o ser, converter-se-iam em bons, ou seja em ateus… O Papa Francisco reconhece que há ateus que, por excepção, são bons, como também não ignora que há católicos que, por excepção, são maus; mas também sabe que são meras excepções. A regra é que os católicos sejam bons, não por mérito próprio, mas pela graça dessa sua condição; quem a não tem pode ter alguma bondade, mas não tanta quanto teria se a tivesse. Caso contrário, para que serviria ser cristão?!

De facto, os maus católicos são melhores do que os bons ateus, não porque humanamente sejam mais perfeitos, mas porque, pela sua fé, não só alcançam a graça que os perdoa e liberta dos seus pecados, como também a alegria do amor de Deus.

Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada in Observador AQUI

A importância do milagre

Desde há séculos, a Igreja adoptou a norma, antes de declarar a santidade de alguém, de exigir a verificação dos homens e a aprovação de Deus. O crivo humano é o minucioso processo histórico, que reconstrói a biografia da pessoa, ouve as testemunhas e reúne toda a documentação possível. A aprovação de Deus manifesta-se em dois milagres claros, um antes da beatificação e o outro antes da canonização. Não se trata de procurar fenómenos surpreendentes. Os milagres expressam a aprovação divina porque alteram as leis da natureza num contexto em que se torna clara a actuação do Criador. De facto, só Deus é omnipotente e, assim como estabeleceu o curso normal da natureza, só Ele é capaz de o alterar.

Compreende-se a importância do milagre que foi aceite pelo Papa Francisco na passada quinta-feira, atribuído à intercessão de Francisco e da Jacinta, os dois mais novos pastorinhos de Fátima. Este milagre era a condição que faltava para a sua canonização e por isso muitos pensam que o Papa os vai canonizar no próximo dia 13 de Maio.

O processo da Irmã Lúcia, a terceira pastorinha de Fátima, deve demorar tempo, porque a documentação e os milagres têm de passar pelo escrutínio de várias comissões especializadas. Só depois de percorrer todas essas etapas é que o assunto chega ao Papa para a decisão final.

Carta manuscrita pela Irmã Lúcia sobre o 3º segredo de Fátima
Este ano do centenário das aparições de Nossa Senhora em Fátima é uma boa ocasião para perceber o que aconteceu. Uma fonte são as «memórias da Irmã Lúcia», uns cadernos que ela escreveu, cada vez que o Bispo lhe pedia um relatório mais específico sobre algum aspecto. Em geral, não lhe apetecia pegar na caneta, mas acabava sempre por escrever páginas cheias de pormenor. Encarava aquele exercício como longas cartas de resposta ao Bispo ou ao Reitor do Santuário, sem pensar que, no final, poderiam ser publicadas. Talvez porque as comunicações não eram fáceis naquele tempo, as «memórias» saíram em livro antes de lhe pedirem a opinião. Paciência! Não era bem a intenção da autora, mas já não havia nada a fazer.

Um dos pontos notáveis da história de Fátima é a reacção dos dois pastorinhos. Sendo ainda tão novos (a Jacinta tinha 7 anos e o Francisco 9), eles confiaram totalmente em Deus, com uma intensidade heróica. Fizeram-nos sofrer muito, suportaram ameaças gravíssimas, mas, em vez de ficarem abatidos, cada vez confiavam mais, com uma serenidade que contagiou multidões.

Um dia, o Administrador de Ourém, anti-clerical furioso, fechou as crianças num quarto prometendo que, a seguir, as ia queimar vivas. No momento em que estavam à espera do destino fatal, umas lágrimas correram pelas faces da Jacinta, de 7 anos: «Eu queria sequer ver a minha mãe!». «Então tu não queres oferecer este sacrifício pela conversão dos pecadores?», pergunta-lhe a prima. «Quero, quero!» e, com as lágrimas ainda a banharem-lhe as faces, faz o oferecimento. Os outros presos, que presenciaram a cena, comoveram-se. Quando os três pastorinhos começam a rezar o Terço, todos ajoelharam e alguns, que sabiam a oração, rezaram também. No final, para distrair as crianças ameaçadas de morte, os presos começaram a tocar harmónica, a cantar e a dançar. A Jacinta foi então o par de um pobre ladrão que, vendo-a tão pequenina, terminou a bailar com ela ao colo. A história de Fátima é um nunca mais acabar de emoções e de ternura.

Imagem de 13 de outubro de 1917 aquando do milagre do Sol
A propósito de ajoelhar, ouvi várias testemunhas presenciais contarem que, em Outubro, quando se deu o milagre, os mais devotos fecharam os guarda-chuvas e ajoelharam, apesar de o chão estar coberto de lama. No final, os que tinham ajoelhado estavam limpos e enxutos e os que se tinham protegido da chuva estavam encharcados…

Graças a Fátima, ajoelharam os peregrinos com fé, os ladrões de Ourém e até os intelectuais ateus. Quando se deu o milagre do Sol, Afonso Lopes Vieira saboreava o vento e o mar em S. Pedro de Moel, sem o mínimo interesse pelo que pudesse acontecer na Cova da Iria, a 40 km de distância. De repente, viu o Sol mudar de cor e mexer-se. Depois, veio a saber que o mesmo tinha acontecido em Fátima e converteu-se. Foi ele quem escreveu a letra do conhecido hino de Fátima.
José Maria C.S. André
26-III-2017
Spe Deus

“A defesa da família exige um projecto cultural de fundo”

Family and Media é um grupo de investigação internacional que analisa a informação dada pela comunicação social sobre a família e elabora propostas para dela dar um retrato mais fiel. O impulsionador desta iniciativa é Norberto González Gaitano, actual vice-reitor de Comunicação da Universidade Pontifícia da Santa Cruz (Roma) e antigo professor da Universidade de Navarra.

Ao estudarem a família, os media limitavam-se até há pouco tempo a investigar os efeitos da televisão nas crianças ou o modo como a imprensa tratava o problema da violência doméstica. Faltavam, no entanto, análises de fundo sobre o conceito de família nos meios de comunicação social.

Com este objectivo nasceu em Fevereiro de 2005 a Family and Media. Trata-se de um grupo de investigação ao qual já aderiram professores de Itália, de Espanha, da Argentina, do Chile, da Polónia e de Angola.

- Quais são os temas sobre a família hoje mais debatidos na opinião pública?
- Os movimentos pró-família usam cada vez menos metáforas muito gastas como a da "célula básica da sociedade". A ideia que está por detrás desta imagem continua válida, mas enriquece-se agora com outras perspectivas: a família como agente de mudança social (mais usada no espaço anglo-saxónico), como escola de humanidade ou como espaço de solidariedade inter-geracional.

"Entre os que não estão desse lado, não existe uma ideia clara sobre a família. O modelo de relação dominante são as uniões afectivas sem vínculos. Durante muito tempo, dizia-se que a "família estava em transformação". Esta expressão utilizava-se como arma retórica para impor um modelo de relação emotiva e sem compromisso.

A ideologia do género contribuiu para criar este estado de coisas, difundindo a ideia de que a família é uma construção cultural. As séries televisivas, as telenovelas e os talk-shows "domesticam" massivamente os seus públicos reformulando "novos modelos de família".

- Além de analisar as concepções de família nos meios de comunicação social, a equipa de investigação que dirige tem uma "finalidade operativa". Em que consiste e que passos estão a dar para a conseguir?
Conhecer como se caracteriza a família nos media tem um interesse operativo e não só descritivo. Utilizamos os resultados das análises empíricas para promover uma imagem verdadeira da família. Interessam-nos, sobretudo, os aspectos antropológicos e culturais que estão por detrás das representações da família.

Em segundo lugar, o nosso objectivo é fornecer argumentos às organizações que se dedicam à promoção da família, às associações de orientação familiar e às de ouvintes da rádio e telespectadores. Sem ideias nem argumentos não há acção eficaz. Acreditamos que assim melhoraremos o seu poder comunicativo nos media e o seu impacto na agenda política.

Por exemplo, estamos agora mesmo a terminar uma investigação sobre a gestão da comunicação por parte das associações que integram o Fórum das Famílias em Itália. Esses resultados serão também apresentados às outras associações pró-família de Itália, da América Latina e de Espanha.

- Nas sociedades ocidentais, o lobby gay conseguiu alterar as ideias sobres as práticas homossexuais. Que lições podem tirar aqueles que desejam promover abordagens favoráveis à família?
- Há que dizer, em nome da verdade, que nem todos os homossexuais estão de acordo com a ideologia gay. Convém além do mais recordar que o que este colectivo procura implicitamente alcançar é o reconhecimento social; a legalização do "casamento gay" é simplesmente um meio errado de o conseguir.

O nosso projecto é cultural, não ideológico. É um pequeno contributo para reconstruir o imaginário social sobre a família. É fundamental haver comunicação, porque isso obriga a pensar em termos estratégicos e não tácticos. Não chegam acções isoladas nem mobilizações, requer-se um projecto cultural de fundo que integre essas acções pontuais num programa a longo prazo.

- Há anos que os militantes pró-família dos Estados Unidos insistem em afirmar que o casamento não é uma simples relação afectiva entre dois adultos, mas sobretudo um bem social pensado para proteger as crianças. No seu entender, que mensagens sobre a família é necessário tentar transmitir hoje à opinião pública?
- Na minha opinião, hoje devemos pôr a tónica na educação dos filhos. A partir desta ideia, poderemos reconstruir o tecido das relações conjugais e paterno-filiais com as suas características específicas. É lógico que as associações pró-família façam finca-pé nesta ideia, a fim de fortalecer o casamento. Por exemplo, não é por acaso que muitas uniões de facto decidam oficializar a sua união quando chega o primeiro filho.

O vínculo conjugal pode dissolver-se. O que não se pode destruir é o vínculo com os filhos. Pode-se ser ex-mulher, ex-marido ou ex-companheiro. Mas não se pode ser ex-progenitor. Além do mais, hoje em dia temos de estar prevenidos para enfrentar a chantagem emocional que sofrem algumas crianças. Há pais e mães que tentam atrair afectivamente o filho para si ("se-ducere").

Aceprensa

Queremos, mas esquecemo-nos…*

Queremos reformar a Cúria Romana, queremos reformar os outros e esquecemo-nos da nossa própria reforma de vida…

Esquecemo-nos que só se pode ser realmente cristão num caminho de conversão e de santidade...

Esquecemo-nos da luta espiritual... e ignorámos o poder sedutor do mal dizendo que o Diabo não existia... Ora aí está ele, a esfregar as mãos de contente! Temos agora várias gerações de cristãos que não foram minimamente iniciados à vida cristã, à luta espiritual... Andaram dez anos na catequese para aprender que "Jesus é nosso amigo"... e basta. E depois admiramo-nos e escandalizamo-nos com o pecado... E as palavras de Jesus são muito claras:

«Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz à perdição, e são muitos os que entram por ela… e estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz à vida, e são poucos os que acertam com ela» (Mateus 7, 13-14).

Não há reforma sem conversão de vida…

Esta é uma verdade fundamental que, para nosso mal, está esquecida há meio século...

Quando vemos os irmãos cair apontamos o dedo… mas nós vamos pelo mesmo caminho…

De facto, continuamos a seguir cegamente as mesmas cartilhas ideológicas por onde estudaram aqueles que agora aparecem nas páginas dos jornais… padres, bispos, cardeais e outros cristãos, que pelos seus pecados são causa de escândalo… simplesmente porque se fascinaram com o “mundo”, e se esqueceram de que não há reforma sem conversão e santidade de vida...

Pe Fernando Antonio SJ

* título da responsabilidade do blogue

«Nós somos argila e Tu és o oleiro. Todos nós fomos modelados pelas tuas mãos» (Is 64,7)

Homilia escrita no norte de África no séc. V ou VI, erradamente atribuída a São Fulgêncio(467-532)
PL 65, 880


Aquele que «ao vir ao mundo, todo o homem ilumina» (Jo 1,9) é o verdadeiro espelho do Pai. Cristo vem ao mundo como imagem fiel do Pai (Heb1,3) e anula a cegueira dos que não vêem. Cristo, vindo dos céus, vem ao mundo para que toda a carne O veja […]; mas o cego não podia ver a Cristo, espelho do Pai […]. Cristo abriu essa prisão; descerrou as pálpebras do cego, que viu em Cristo o espelho do Pai […].

O primeiro homem havia sido criado como um ser luminoso; mas achou-se cego, depois que se afastou da serpente. Cego que veio a renascer quando passou a crer. […] O cego de nascença estava sentado […] sem pedir a nenhum médico uma pomada que lhe curasse os olhos. […] Chega o artesão do universo e reflecte a imagem no espelho. Vê a miséria do cego ali sentado, a pedir esmola. Que milagre é a força de Deus! Ela cura o que vê, ilumina quem visita […].

Ele, que criou o globo terrestre, abriu agora estes globos cegos […]. O oleiro que nos modelou (Gn 2,6; Is 67,7) viu estes olhos vazios […]; tocou neles, misturando a sua saliva com um pouco de terra, e, ao aplicar essa lama, formou os olhos do cego […]. O homem é feito de argila; a pomada, de lama […]; a matéria que primeiro servira para formar os olhos, veio depois a curá-los. Que prodígio é maior: criar o globo do sol ou recriar os olhos do cego de nascença? No seu trono, o Senhor fez brilhar o sol; ao percorrer as praças públicas da Terra, permitiu ao cego a visão. A luz veio sem ter sido pedida, e sem quaisquer súplicas o cego foi libertado da sua enfermidade de nascença.