Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sexta-feira, 8 de abril de 2016

"Não te metas com o Daniel Oliveira"

Quantas vezes não lhe chamaram comunista por ser de esquerda? Provavelmente, o mesmo número de vezes que me chamaram fundamentalista por ser cristão. Não tem grande sentido mas, claro, é só a minha opinião. Fico respeitosamente à espera da sua

“Não te metas com o Daniel Oliveira”, aconselhou-me um querido amigo tão de esquerda quanto o cronista do “Expresso”. “Tem mais anos e mais seguidores que tu; areia a mais para a tua camioneta”, continuou o meu amigo.

Ele é capaz de ter razão, contudo, eu não encaro o colunismo como uma luta de galos. O Daniel, que eu não conheço pessoalmente, tem o mérito de nunca se abster na troca de impressões com os seus leitores. Eu sei, porque sou um deles. E sou um deles porque, como o Daniel, sou do contra. Ele tem o contraditório da direita e eu tenho o contraditório da esquerda que ele tão bem simboliza.

Além disso, sei que ele é do contra porque o vejo constantemente na melhor pizzaria de Lisboa a comer um prato que não pizza. Desculpe, Daniel, sou um observador e quem escreve precisa de observar.

Pergunto-lhe então, ainda como leitor, sobre a sua crónica da última quarta-feira de março. O assunto não era política, porque aí somos os dois suspeitos, cada um de seu lado. Mais o Daniel, que até foi (ou ainda é?) dirigente partidário. O assunto é religioso, e aí só mesmo eu sou suspeito porque o Daniel é ateu.

Tendo em conta que é ativista político e analista político ao mesmo tempo, talvez também seja legítimo eu ser pessoa e filho de Deus ao mesmo tempo.

Em primeiro lugar, fiquei contente por vê-lo assumir-se contra a febre antirreligiosa. Esta não é boa para nenhum europeu, para nenhum migrante e para nenhuma religião. Fiquei, por outro lado, algo apreensivo com o desenrolar do resto do texto.

“Tal como o Islão, o cristianismo não promoveu ou promove a democracia e a liberdade.”

Imagino que por cada feito positivo que eu lhe apresentar, o Daniel vai apresentar-me uma lista de conivências com regimes ditatoriais e violações de direitos humanos desde a Inquisição. Nem eu nem a Igreja os negamos. Porém, nada disso deve apagar da história as contribuições que esta religião deu por todo o planeta.

Ao contrário do que foi dado a entender após o filme sobre o caso Spotlight, os dois últimos Sumos Pontífices tiveram papel ativo na condenação da pedofilia. E ainda bem que assim foi.

Já que o Daniel falou da sua atenção ao atual Santo Padre, falo-lhe eu do papel de João Paulo II contra o totalitarismo da União Soviética ou do papel do próprio Francisco contra as tecnocracias da União Europeia. Se isto não é tentar promover democracia e liberdade, por favor, vá ao Vaticano e ensine-lhes. O Papa foi a Cuba, o Daniel pode ir a São Pedro; de lá, pelo menos, não tem de sair a nado.

“Não alimento, no entanto, equívocos. Tal como o Islão, o cristianismo não respeita as mulheres, os direitos dos indivíduos à sua autodeterminação, ou os direitos dos homossexuais.”

Dizer que o cristianismo nunca promoveu a liberdade quando a doutrina da salvação depende do livre-arbítrio individual é, no mínimo, estranho.

Em 2015, a “National Geographic” considerou Nossa Senhora a mulher mais poderosa do mundo. Eu sei que dói, mas assim como S. Francisco de Assis foi ecologista antes do Greenpeace, os cristãos também foram os primeiros feministas.

O Daniel fala do “cristianismo” e dentro do cristianismo há tantas variações quanto dentro dos 14 movimentos que compõem o Syriza.

Fará sentido estigmatizar uma fé desta maneira? É como falar de uma esquerda como se ela não pudesse ser anárquica, autoritária ou democrática nas suas diferentes formas. Quantas vezes não lhe chamaram comunista por ser de esquerda? Provavelmente, o mesmo número de vezes que me chamaram fundamentalista por ser cristão. Não tem grande sentido mas, claro, é só a minha opinião. Fico respeitosamente à espera da sua.

P.S. Já que não experimenta Cristo, sugiro que experimente as tais pizzas. São mesmo boas; não alimentam equívocos.

Sebastião Bugalho

Ano Jubilar da misericórdia - Reflexão

O sorriso

O sorriso pode ser uma obra de misericórdia?

Sem mais... digo que sim.

Reparamos no que se passa à nossa volta, no rosto das pessoas que se cruzam connosco, partilham o mesmo transporte público, etc. e damo-nos conta que raramente se vê um sorriso, uma clara manifestação de boa disposição, bem ao
contrário, apresentam um ar ou preocupado, ou distante, alheado, quando não reflexo de uma tristeza interior real e concreta.

As pessoas perderam o hábito de sorrir, de cantarolar, de se manifestar alegres e bem-dispostas.

Talvez que a vida não nos apresente motivos de grandes alegrias mas antes de sérias preocupações e anseios. Pode ser.
Mas e a confiança no futuro?
A esperança em "dias melhores", a luta por ser solidário em vez de solitário, de ser activo em lugar de passivo? E... os outros?
Muito provavelmente tudo se deve a um excessivo preocupar-se consigo próprio, em considerar-se merecedor de todas as atenções, em prestar demasiada atenção ao Eu! 

Sim, é verdade! Examinemos se este não é o nosso caso. Talvez tenhamos alguma dificuldade em reconhecer que estamos muitas vezes na expectativa de receber de alguém uma atenção particular - que julgamos ter o direito de esperar - e quando tal não se verifica nos sentimos defraudados e frustrados.

Afinal... não querem saber de mim...

E, quase nunca isso é absolutamente verdade ou, pelo menos, é tão verdade como nós próprios queremos saber dos outros.

Faz o que queres que te façam!

É uma " máxima " recorrente mas que pode encerrar uma atitude estudada de fazer algo esperando retorno.
Sentir deste modo pode comprometer a bondade do nosso actuar que passa de natural e espontâneo, como deve ser, a interesseiro e calculista.

Por isso dizia que a verdadeira misericórdia tem - deve ter - uma característica fundamental e que poderia resumir numa outra "máxima" muito simples e pragmática: "faz o bem sem olhar a quem". [1]



[1]
(ama, Reflexão, Ano Jubilar da Misericórdia, 2016.01.31)

O Evangelho do dia 8 de abril de 2016

Depois disto, passou Jesus ao outro lado do mar da Galileia, isto é, de Tiberíades. Seguia-O uma grande multidão porque via os milagres que fazia em favor dos doentes. Jesus subiu a um monte e sentou-Se ali com os Seus discípulos. Ora a Páscoa, a festa dos judeus, estava próxima. Jesus, então, tendo levantado os olhos e visto que vinha ter com Ele uma grande multidão, disse a Filipe: «Onde compraremos pão para dar de comer a esta gente?». Dizia isto para o experimentar, porque sabia o que havia de fazer. Filipe respondeu-Lhe: «Duzentos denários de pão não bastam para que cada um receba um pequeno bocado». Um de Seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro, disse-Lhe: «Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixes, mas que é isso para tanta gente?». Jesus, porém, disse: «Mandai sentar essa gente». Havia naquele lugar muita relva. Sentaram-se, pois; os homens em número de cerca de cinco mil. Tomou, então, Jesus os pães e, tendo dado graças, distribuiu-os entre os que estavam sentados; e igualmente distribuiu os peixes, tanto quanto quiseram. Estando saciados, disse aos Seus discípulos: «Recolhei os pedaços que sobraram para que nada se perca». Eles os recolheram, e encheram doze cestos de pedaços dos cinco pães de cevada, que sobraram aos que tinham comido. Vendo então aqueles homens o milagre que Jesus fizera, diziam: «Este é verdadeiramente o profeta que deve vir ao mundo». Jesus, sabendo que O viriam arrebatar para O fazerem rei, retirou-Se de novo, Ele só, para o monte.

Jo 6, 1-15