Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

'A Varanda de Deus' de Joaquim Mexia Alves

Debruçado na varanda sobre o mundo, olhava, estupefacto com o que lhe era dado ver.

Tinha estado a rezar intensamente, pedindo a Deus que lhe desse compreensão para tantas coisas que aconteciam no mundo, e que ele não conseguia perceber.

Eram cataclismos, violências, guerras, ódios, crimes, enfim um nunca parar de coisas horrendas, pelas quais ele como tantos outros, perguntava amargurado:
- Meu Deus porquê? Porque permites tais coisas? Porque as deixas acontecer?

Deus respondeu-lhe então, numa voz muito audível ao seu coração, perguntando-lhe:
- Acreditas que eu fui o teu criador e o criador do mundo? E se acreditas nisso, acreditas que te criei em liberdade para que tu escolhas o teu caminho e a vida que queres viver?

Humildemente, baixou a cabeça e respondeu:
- Sim Senhor, acredito!

Foi então que se sentiu transportado para aquela varanda, podia chamar-lhe a “varanda de Deus”, porque tinha vista ao mesmo tempo sobre todo o mundo.

Deus disse-lhe suavemente, com a voz repassada de tristeza:
- Fica aqui por uns momentos, tantos quantos queiras, e vai reparando no que se passa no mundo, para que obtenhas respostas ao que me perguntaste.

Deixou-se então ali ficar, e começou a olhar, vendo o que se passava no mundo.

Era tudo tão nítido, tão perto, tão real, que tudo o que via o deixava verdadeiramente estupefacto, envergonhado, esmagado de tristeza.

Para todos os lados da terra para onde olhasse via homens a testarem armas, a prepararem-se para a guerra, a provocarem ódios e inimizades, e seguidamente a matarem-se “metodicamente” em batalhas que a nada levavam.

Via a homens a odiarem-se, a prepararem vinganças, a ofenderem-se, ferirem-se, a matarem-se, pelos motivos mais fúteis.

Via homens a exercerem violências inauditas sobre mulheres, sobre crianças, os mais fortes a dominarem os mais fracos.

Via gente cheia de tudo, gente a quem nada faltava e tudo sobrava, e mesmo ao lado gente faminta, nua, gente sem esperança.

Reparou em tantos homens e tantas mulheres, envolvidas em orgias de prazer mundano, depois reflectidas em profundas depressões.

Percebeu envergonhado na imensidade de grávidas que matavam os seus filhos no seu próprio ventre.

Via por todo o lado os homens de costas voltadas, os miseráveis pelo chão e ninguém se incomodar com eles.

Viu ainda tanta gente que andava pelo mundo á espera de uma palavra, de um sorriso, de um conforto, mas que afinal eram “transparentes”, aos olhos daqueles que por eles passavam.

Percebeu também, no meio de todo este horror, algumas ilhas de bondade, de uns poucos, no meio de tantos, que se preocupavam com tudo e queriam o bem de todos.

Não quis ver mais, porque a visão de tudo era insuportável aos seus olhos, ao seu coração, até porque sentia que também fazia parte de tudo aquilo.

Deus olhou para ele, com aqueles olhos imensos de amor eterno e perguntou-lhe:
- Não são todos criaturas minhas? Em alguma coisa os distingui entre os que fazem o bem e os que fazem o mal? Não são todos livres de fazerem a sua própria vontade?

Numa voz sumida e envergonhada apenas respondeu:
- Sim, Senhor.

Serenamente, Deus disse-lhe:
- Então que queres que Eu faça? Que lhes retire a liberdade? Que os obrigue a fazer a minha vontade? Para que lhes serve então a inteligência e a consciência que lhes dei?

Sem saber o que dizer, apenas abanava a cabeça, sem levantar os olhos para Deus.

Deus continuou:
- Se uns usam a liberdade que lhes dei para fazerem o bem, porque é que os outros não o fazem também?
Que têm feito os homens do mundo que lhes dei?
Não vês a destruição da natureza, da beleza da criação?
É vontade minha, por acaso?

Mas ele nada conseguia dizer, porque nada havia que protestar, ou contestar.

Deus disse-lhe então:
- Foi-te dado ver o que os homens fazem da liberdade que lhes dei. Foi-te dado perceber que uns a utilizam para o bem e outros para o mal.
Abre o meu Livro e perceberás que desde sempre peço ao homem para fazer a minha vontade, pois só assim encontrará a felicidade.
Até dei ao homem o Meu próprio Filho, para que lhe revelasse a minha vontade, mas torturaram-no e mataram-no!
Ressuscitou ao terceiro dia e deu provas da Sua Ressurreição e mesmo assim não acreditaram, não acreditam.
Ao longo dos tempos, e hoje ainda, sempre houve homens e mulheres testemunhas do bem e do amor, que viveram segundo a minha vontade, e também esses desprezaram e ainda desprezam, alguns até mataram e ainda matam.
Não sei castigar, apenas sei amar!
Que queres tu que Eu faça?

Humildemente, de cabeça baixa, disse:
- Que tenhas compaixão, Senhor!
Que continues a amar-nos com o Teu eterno amor!
Que nos perdoes quando Te perguntamos porque acontece isto ou aquilo, sabendo nós que a culpa é apenas nossa, é apenas da forma como usamos a liberdade que Tu mesmo nos deste.
E suscita, Senhor, mais homens e mulheres que levem a Tua Palavra, que falem da Tua vontade e que dêem testemunho da alegria e da felicidade que é a vida em Ti, conTigo e para Ti.

Deus abraçou-o então, e disse:
- Vai em paz meu filho. Uma coisa podes tu ter a certeza: faça o homem o que fizer, o meu amor por ele permanece inalterado, e os meus braços estarão sempre abertos para o receber.
A liberdade sempre a terá, porque essa é a prova mais pura do meu amor por ele.

Abriu os olhos, olhou em redor, e calmamente com uma grande paz no seu coração, deu graças a Deus.

Monte Real, 12 de Dezembro de 2010

Joaquim Mexia Alves
http://queeaverdade.blogspot.com/2010/12/varanda-de-deus.html

«Porque não lhe destes crédito?»

São Cirilo de Jerusalém (313-350), bispo de Jerusalém e doutor da Igreja 
Catequese baptismal 12, 6-8

Os profetas foram enviados com Moisés para curar Israel; mas cuidavam de Israel chorando, sem conseguirem dominar o mal, como disse um deles: «Ai de mim! Desapareceram da terra os justos» (Mq 7,1-2). [...] Grande era a ferida da humanidade; «desde a planta dos pés até ao alto da cabeça, não há nada de são em vós. Tudo são feridas, contusões, chagas vivas, que não foram curadas, nem ligadas, nem suavizadas com azeite» (Is 1,6). Os profetas, esgotados pelas lágrimas, diziam: «Quem dera que viesse de Sião a salvação de Israel!» (Sl 13,7) [...] E outro profeta suplicava nestes termos: «Senhor, abaixa os céus e desce» (Sl 143,5). As feridas da humanidade excedem os nossos remédios. «Derrubaram os Teus altares e assassinaram os Teus profetas.» (1R 19,10). A nossa miséria não pode ser curada por nós; é de Ti que necessitamos para nos reerguemos.

O Senhor satisfez a oração dos profetas. O Pai não desprezou a nossa raça mortificada; enviou do céu o Seu próprio Filho como médico. «O Senhor que procurais virá brevemente» disse um profeta. Onde? «No Seu santuário» (Ml3,1), onde apedrejastes o Seu profeta (2Cr 24,21). [...] O próprio Deus disse ainda: «Eis que Eu venho para morar no meio de ti, e muitas nações se unirão ao Senhor» (Zc 2,14-15). [...] Agora venho reunir todos os povos de todas as línguas, porque «veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam» (Jo 1,11).

Vens; e que dás Tu às nações? «Eu virei para reunir os povos e colocarei no meio deles um sinal» (Is 66,18-19). Com efeito, na sequência do Meu combate na cruz, cada um dos Meus soldados levará sobre a fronte o selo real (Ap 7,3). E outro profeta disse: «Inclinou os céus e desceu, com densas nuvens debaixo dos Seus pés». (Sl 17,10). Mas a Sua descida dos céus permaneceu desconhecida dos homens.

O Evangelho do dia 14 de dezembro de 2015

Tendo ido ao templo, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo aproximaram-se d'Ele, quando estava a ensinar, e disseram-Lhe: «Com que autoridade fazes estas coisas? E quem Te deu tal direito?». Jesus respondeu-lhes: «Também Eu vos farei uma pergunta; se Me responderdes, Eu vos direi com que direito faço estas coisas. Donde era o baptismo de João? Do céu ou dos homens?». Mas eles reflectiam consigo: «Se Lhe dissermos que é do céu, Ele dirá: “Então porque não crestes nele?”. Se Lhe dissermos que é dos homens, tememos o povo» ; porque todos tinham João como um profeta. Portanto, responderam a Jesus: «Não sabemos». Ele disse-lhes também: «Pois  então nem Eu vos digo com que autoridade faço estas coisas».

Mt 21, 23-27