Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

domingo, 5 de julho de 2015

Laura Antonelli, uma actriz destravada

Fiquei surpreendido de encontrar em jornais católicos, de Itália e de outros países, a notícia da morte de Laura Antonelli, no passado 22 de Junho. Não era uma actriz escandalosa?!

Bem, o mundo dá muitas voltas. A beleza de outrora perdera-se um pouco, por causa de uma operação plástica que correu mal, mas o interessante foi que trocou de amigos. Cortou com a pandilha dos anos frenéticos e ficaram outras pessoas, em quem ela não tinha reparado. Eram os da paróquia, a sua paróquia, nos arredores de Roma. Nos últimos anos, já não atendia mais ninguém, somente o pároco, o irmão que vive no Canadá, os amigos da paróquia e dois actores dos antigos tempos, também eles mudados. Laura Antonelli distribuiu a fortuna que lhe restava e vivia com o mínimo. Não tinha televisão, o seu contacto com o mundo exterior era apenas a Radio Maria.

A Radio Maria começou em 1987 como uma antena paroquial e, pouco a pouco, alargou o seu raio de acção, divulgando orações, programas de catequese e informações sobre a Igreja.

Um dos actores com quem manteve contacto depois dos tempos das filmagens foi Lino Banfi: «Laura era uma mulher que se dava com toda a gente, divertida, auto-irónica, sempre com a piadinha pronta, era uma grande amiga». «Metíamo-nos com ela: “não contas até 10 antes de te lançares a qualquer coisa, só até 3...”, era uma pessoa sem regras, fiava-se dos outros e muitas vezes era gente desastrosa». Os últimos anos de Laura foram de má saúde e dificuldades económicas. Banfi conta que no fim de uma das últimas visitas lhe deixou um pacotinho de notas: «Dois minutos depois vi que dava uma grande parte a uma rapariga que estava lá em casa. Disse-lhe: “Laura, eu dei-te esse dinheiro porque tens mesmo necessidade”. Respondeu-me que havia quem tivesse mais necessidade do que ela. Era assim a Laura».

Claudia Koll
O outro contacto com o antigo mundo do cinema era a Claudia Koll, também ela uma ex-actriz atrevida, que recorda: «Tínhamos muito em comum: ambas tínhamos sido actrizes, belas, e num certo período da nossa vida tínhamos encontrado Deus. A Laura tinha encontrado a Fé e rezava o dia todo, sintonizada com a Radio Maria. Ofereci-lhe um quadro de Cristo. Noutro momento, levei-lhe um calendário das nossas Missões em África». Por sugestão de Claudia, Laura tinha começado a escrever a história da sua conversão.

Aliás, o percurso da própria Claudia Koll também dava um livro. Actualmente, forma actores e promove espectáculos com intuitos de evangelização, mas dedica a maior parte do tempo a ajudar crianças com Sida, em África. Começou assim:

«Um dia, entrei numa igreja em Roma. Queria que Deus me ajudasse. Aproximou-se um padre e perguntou: “Que queres de Deus?” Eu respondi: “Nada, sou uma pecadora”. Fez-me o sinal da cruz e senti o coração transformar-se. Dobraram-se-me os joelhos, tive que me sentar, comecei a chorar... Era a resposta de Deus».

Poucos dias antes da morte de Laura Antonelli, a homilia do Papa Francisco tinha sido sobre guardar o coração para amar Deus com todas as forças. «Temos de estar atentos, para quando Deus passa pelo nosso coração», para isso é preciso «guardar o coração», «afastar todo aquele ruído que não vem do Senhor», ter «um coração livre das más paixões», «um coração guardado pela humildade, pela mansidão...», «um coração aberto ao Senhor que passa».

Lembrou-me aquela história contada por Mariano Fazio no livro que escreveu, de jacto, quando o Cardeal Bergoglio foi eleito (intitulado «O Papa Francisco – Chaves do seu pensamento»):

«Numa dessas visitas, quando lhe falei de um filme, contou-me que, há muitos anos, na véspera da festa de Nossa Senhora das Mercês, estava a ver televisão com outras pessoas quando apareceu um programa inconveniente. Naquele momento, prometeu a Nossa Senhora nunca mais ver televisão. Cumpriu a promessa e só via alguma notícia quando os seus colaboradores lhe diziam que era importante. Preferia informar-se pelos jornais».

José Maria C.S. André
«Correio dos Açores»,  «Verdadeiro Olhar»,  «ABC Portuguese Canadian Newspaper»,  «Spe Deus»
05-VII-2015

Os pais como primeiros catequistas na família

S. João Paulo II sublinhava a necessidade absoluta da catequese no âmbito da família, especialmente agora que «uma legislação antirreligiosa pretende até impedir a educação para a fé, e onde a incredulidade difundida ou o secularismo avassalador tornam praticamente impossível um verdadeiro crescimento religioso» [3].

Todos nos encontramos jubilosamente comprometidos nesta tarefa: com a confiança posta em Deus e com otimismo, sem nos deixarmos influenciar por nenhum ambiente adverso, nem pelas dificuldades objetivas que se possam apresentar. Olhai que a mão do Senhor não diminuiu para nos salvar, nem o Seu ouvido se endureceu para nos ouvir [4], diz-nos o profeta Isaías. Deus é o mesmo de sempre. Fazem falta homens de fé: e renovar-se-ão os prodígios que lemos na Sagrada Escritura [5].

Este trabalho no seio da família compete em primeiro lugar aos pais. Segundo a idade e as caraterísticas de cada um dos filhos, hão-de ensinar-lhes os significados profundos da fé e da caridade de Jesus Cristo. «Mediante o testemunho da sua vida, são os primeiros mensageiros do Evangelho junto dos filhos. Mais ainda: rezando com os filhos, dedicando-se com eles à leitura da Palavra de Deus e inserindo-os no íntimo do Corpo de Cristo, eucarístico e eclesial, pela iniciação cristã, tornam-se plenamente pais, progenitores não só da vida corporal, mas também daquela que, mediante a renovação do Espírito, brota da Cruz e da Ressurreição de Cristo» [6].

[3]. S. João Paulo II, Exort. Apost. Catechesi tradendae, 16-X-1979, n. 68.
[4]. Is 59, 1.
[5]. S. Josemaria, Caminho, n. 586.
[6]. S. João Paulo II, Exort. Apost. Familiaris consortio, 22-XI-1981, n. 39.

(D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei na carta do mês de julho de 2015)
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei

Bom Domingo do Senhor!

Não sejamos preconceituosos como aqueles nazarenos que escutavam o Senhor conforme nos narra o Evangelho de hoje (Mc 6, 1-6) e cheios de humildade e fé saibamos estar sempre atentos às Suas palavras e ao magistério da Sua e nossa amada Igreja.

Que Vossa Palavra, Senhor Jesus, nos seja alimento diário e permanente!

«NÃO É ELE O CARPINTEIRO…?» de Joaquim Mexia Alves

Ao ler e ouvir este versículo do Evangelho de Domingo (08.07.2012 - Mc 6, 1-6), não pude deixar de estabelecer um paralelo com frases que tantas vezes pronunciamos no nosso dia-a-dia, quando alguém nos chama a atenção para as nossas falhas, os nossos erros, as nossa fraquezas, as nossas atitudes.

“Quem é ele para me dar lições?”
“Era o que mais faltava, não aceito lições de qualquer um!”
“Mas quem é que ele se julga para me dar conselhos?”
“Essa é boa, então o sujeito é um zé-ninguém, e vem para aqui dar conselhos?”
“Coitado, não tem instrução e julga que sabe da vida!”

E podia repetir dezenas de frases idênticas, que eu já pensei ou pronunciei em tantas ocasiões, em que alguém me chamou a atenção para algum erro ou falha minha.

E porquê?
Porque verdadeiramente aqueles a quem dirigi tais frases, em pensamento ou vocalmente, não poderiam fazer-me tais reparos ou dar tais conselhos, ou porque o meu orgulho me impedia de os ouvir e me incomodava seriamente o que me estavam a dizer, por ser real e verdadeiro e exigir de mim uma mudança de atitude?

Seriamente, tenho que reconhecer que na esmagadora maioria das vezes em que tal aconteceu, os outros tinham razão em chamar-me a atenção e dar-me conselhos, para eu questionar as minhas atitudes e formas de proceder.

Mas se eu acredito que Deus está em mim e está no meu próximo, e se acredito que se Ele se serve de mim para dar testemunho, então tenho que acreditar que também se serve dos outros em relação a mim.

Eu acredito, sem dúvidas, que Deus me/nos fala de muitos modos, e que um deles é através dos nossos irmãos, sejam eles sacerdotes, ou leigos como eu.

E acredito também que, não fazendo Deus acepção de pessoas, se serve de todos, desde os mais simples aos mais instruídos, para nos fazer chegar a sua Palavra, a sua mensagem, a sua exortação.

Não eram os primeiros Apóstolos simples pescadores?
Não nos admiramos nós, por exemplo, com a sabedoria de vida dos mais velhos em tantas coisas, (como por exemplo a agricultura), e afinal muitos deles não têm nenhum “curso superior”, ou “instrução elevada”?

Quando não queremos ouvir, nem aceitar o que os outros nos dizem sobre os nossos comportamentos, (que interiormente sabemos estarem errados), não estamos a fazer mais do que estes de que nos fala o Evangelho:

Os numerosos ouvintes enchiam-se de espanto e diziam: «De onde é que isto lhe vem e que sabedoria é esta que lhe foi dada? Como se operam tão grandes milagres por suas mãos? Não é Ele o carpinteiro, o filho de Maria e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E as suas irmãs não estão aqui entre nós?» E isto parecia-lhes escandaloso. Mc 6, 2-3

Joaquim Mexia Alves AQUI

«Não é Ele o carpinteiro?»

São João Paulo II (1920-2005), papa
Exortação apostólica «Redemptoris custos», § 22


A expressão quotidiana do amor na vida da Família de Nazaré é o trabalho. […] Aquele que era designado como o «filho do carpinteiro» tinha aprendido o ofício de seu «pai» putativo. Se a Família de Nazaré, na ordem da salvação e da santidade, é exemplo e modelo para as famílias humanas, é-o analogamente também o trabalho de Jesus ao lado de José, o carpinteiro. […] O trabalho humano, em particular o trabalho manual, tem no Evangelho uma acentuação especial. Juntamente com a humanidade do Filho de Deus, ele foi acolhido no mistério da Incarnação e também foi como que redimido de maneira particular. Graças à sua oficina, na qual exercitava o próprio ofício juntamente com Jesus, José aproximou o trabalho humano do mistério da Redenção.

No crescimento humano de Jesus «em sabedoria, em estatura e em graça» teve uma parte notável a consciência profissional, dado que «o trabalho é um bem do homem», que «transforma a natureza» e torna o homem, «em certo sentido, mais homem».

A importância do trabalho na vida do homem exige que se conheçam e assimilem todos os seus conteúdos para ajudar os demais homens a aproximarem-se, através dele, de Deus, Criador e Redentor, e a participarem nos Seus desígnios salvíficos quanto ao homem e quanto ao mundo; e ainda, a aprofundarem a sua vida e amizade com Cristo tendo, mediante a fé vivida, uma participação no seu tríplice múnus: de Sacerdote, de Profeta e de Rei. Trata-se, em última análise, da santificação da vida quotidiana, na qual cada pessoa deve empenhar-se, segundo o próprio estado.