Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Carta do Santo Padre aos católicos do Médio Oriente

Queridos irmãos e irmãs,

«Bendito seja Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação! Ele nos consola em toda a nossa tribulação, para que também nós possamos consolar aqueles que estão em qualquer tribulação, mediante a consolação que nós mesmos recebemos de Deus» (2 Cor 1, 3-4).

Vieram-me à mente estas palavras do apóstolo Paulo, quando pensei em escrever-vos, irmãos cristãos do Médio Oriente. Faço-o às portas do Santo Natal, sabendo que, para muitos de vós, as notas dos cânticos natalícios serão entremeadas de lágrimas e suspiros. E todavia o nascimento do Filho de Deus na nossa carne humana é um mistério inefável de consolação: «Manifestou-se a graça de Deus, portadora de salvação para todos os homens» (Tt 2, 11).

A aflição e a tribulação não faltaram, infelizmente, no passado mesmo recente do Médio Oriente. Mas agravaram-se nos últimos meses por causa dos conflitos que atormentam a Região e, sobretudo, pela actuação duma organização terrorista mais recente e preocupante, de dimensões antes inconcebíveis, que comete toda a espécie de abusos e práticas indignas do homem, atingindo de forma particular alguns de vós que foram brutalmente expulsos das suas terras, onde os cristãos têm estado presentes desde a época apostólica.

Ao dirigir-me a vós, não posso esquecer também outros grupos religiosos e étnicos que sofrem de igual modo a perseguição e as consequências de tais conflitos. Acompanho dia-a-dia as notícias do sofrimento enorme de tantas pessoas no Médio Oriente. Penso especialmente nas crianças, nas mães, nos idosos, nos deslocados e nos refugiados, em quantos padecem a fome, naqueles que têm de enfrentar a dureza do Inverno sem um tecto para se protegerem. Este sofrimento brada a Deus e faz apelo ao compromisso de todos nós por meio da oração e de todo o tipo de iniciativa. Desejo exprimir a todos unidade e solidariedade, minha e da Igreja, e oferecer uma palavra de consolação e de esperança.

A nossa consolação e a nossa esperança, queridos irmãos e irmãs que dais corajosamente testemunho de Jesus na vossa terra abençoada pelo Senhor, é o próprio Cristo. Por isso, encorajo-vos a permanecer unidos a Ele, como ramos à videira, com a certeza de que nem a tribulação, nem a angústia, nem a perseguição vos pode separar d’Ele (cf. Rm 8, 35). Que a prova, que estais a atravessar, fortaleça a fé e a fidelidade de todos vós!

Rezo para que possais viver a comunhão fraterna segundo o exemplo da primitiva comunidade de Jerusalém. Nestes momentos difíceis, é mais necessária do que nunca a unidade desejada por Nosso Senhor; é um dom de Deus que interpela a nossa liberdade e aguarda pela nossa resposta. Que a palavra de Deus, os sacramentos, a oração, a fraternidade alimentem e renovem sem cessar as vossas comunidades.

A situação em que viveis constitui um forte apelo à santidade de vida, como o comprovam santos e mártires das mais diversas confissões eclesiais. Recordo com afecto e veneração os pastores e os fiéis, a quem foi pedido o sacrifício da vida, nos últimos tempos, muitas vezes pelo simples facto de serem cristãos. Penso também nas pessoas sequestradas, incluindo alguns bispos ortodoxos e sacerdotes de diferentes Ritos. Que elas possam, em breve, regressar sãs e salvas às suas casas e comunidades! Peço a Deus que tanto sofrimento, unido à cruz do Senhor, dê bons frutos para a Igreja e para os povos do Médio Oriente.

No meio das hostilidades e conflitos, a comunhão vivida entre vós em fraternidade e simplicidade é um sinal do Reino de Deus. Alegro-me com as boas relações e a colaboração entre os patriarcas das Igrejas Orientais católicas e ortodoxas, bem como entre os fiéis das diferentes Igrejas. Os sofrimentos padecidos pelos cristãos prestam uma contribuição inestimável à causa da unidade. É o ecumenismo do sangue, que requer confiante abandono à acção do Espírito Santo.

Que sempre possais dar testemunho de Jesus através das dificuldades! A vossa própria presença é preciosa para o Médio Oriente. Sois um pequeno rebanho, mas com uma grande responsabilidade na terra onde nasceu e donde irradiou o cristianismo. Sois como o fermento na massa. Acima mesmo das inumeráveis obras da Igreja nos sectores escolástico, sanitário ou assistencial, apreciadas por todos, a maior riqueza para a Região são os cristãos; sois vós. Obrigado pela vossa perseverança!

Outro sinal do Reino de Deus é o vosso esforço por colaborar com pessoas doutras religiões, com os judeus e com os muçulmanos. O diálogo inter-religioso torna-se tanto mais necessário, quanto mais difícil é a situação. Não há outra estrada. O diálogo baseado numa atitude de abertura, na verdade e no amor é também o melhor antídoto contra a tentação do fundamentalismo religioso, que é uma ameaça para os crentes de todas as religiões. Simultaneamente, o diálogo é um serviço à justiça e uma condição necessária para a tão desejada paz.

A maior parte de vós vive num ambiente de maioria muçulmana. Podeis ajudar os vossos concidadãos muçulmanos a apresentarem, com discernimento, uma imagem mais autêntica do Islão, como querem muitos deles que repetem que o Islão é uma religião de paz e pode conciliar-se com o respeito dos direitos humanos e promover a convivência entre todos. Será um bem para eles e para a sociedade inteira. A situação dramática, vivida pelos nossos irmãos cristãos no Iraque, mas também pelos yazidis e os membros de outras comunidades religiosas e étnicas, exige uma tomada de posição clara e corajosa por parte de todos os responsáveis religiosos que condene, de modo unânime e sem qualquer ambiguidade, tais crimes e denuncie a prática de invocar a religião para os justificar.

Caríssimos, quase todos vós sois cidadãos nativos dos vossos países e, por isso, tendes o dever e o direito de participar plenamente na vida e crescimento da vossa nação. Na Região, sois chamados a ser construtores de paz, reconciliação e desenvolvimento, a promover o diálogo, a construir pontes segundo o espírito das Bem-aventuranças (cf. Mt 5, 3-12), a proclamar o evangelho da paz, prontos a colaborar com todas as autoridades nacionais e internacionais.

Em particular, desejo exprimir a minha estima e a minha gratidão a vós, caríssimos irmãos patriarcas, bispos, sacerdotes, religiosos e irmãs religiosas, que acompanhais com solicitude o caminho das vossas comunidades. Como é preciosa a presença e a acção de quem se consagrou totalmente ao Senhor e O serve nos irmãos, sobretudo nos mais necessitados, testemunhando a sua grandeza e o seu amor infinito! Como é importante a presença dos pastores junto do seu rebanho, sobretudo nos momentos de dificuldade!

A vós, jovens, mando-vos um paterno abraço. Rezo pela vossa fé, pelo vosso crescimento humano e cristão, e para que os vossos melhores projectos se possam realizar. E repito-vos: «Não tenhais medo nem vergonha de ser cristãos. O relacionamento com Jesus tornar-vos-á disponíveis para colaborar sem reservas com vossos compatriotas, independentemente do seu credo religioso» (Bento XVI, Exort. ap. pós-sinodal Ecclesia in Medio Oriente, 63).

A vós, idosos, faço chegar os meus sentimentos de estima. Sois a memória dos vossos povos; espero que esta memória seja semente de crescimento para as novas gerações.

Quero encorajar a quantos de vós trabalham nas áreas muito importantes da caridade e da educação. Admiro o trabalho que estais a fazer, especialmente através das Cáritas e com a ajuda das organizações caritativas católicas de vários países, auxiliando a todos sem distinção. Através do testemunho da caridade, ofereceis o mais válido apoio à vida social e contribuis também para a paz de que a Região tem fome como de pão. Mas também no sector da educação está em jogo o futuro da sociedade. Como é importante a educação para a cultura do encontro, para o respeito pela dignidade da pessoa e pelo valor absoluto de cada ser humano!

Caríssimos, embora em número reduzido, sois protagonistas da vida da Igreja e dos países onde viveis. Toda a Igreja está solidária convosco e vos apoia com grande afecto e estima pelas vossas comunidades e a vossa missão. Continuaremos a ajudar-vos com a oração e com os outros meios à disposição.

Ao mesmo tempo, continuo a incitar a Comunidade Internacional para que acorra às vossas necessidades e às das outras minorias que sofrem, antes de mais nada promovendo a paz por meio da negociação e da actividade diplomática, procurando circunscrever e extinguir o mais depressa possível a violência que já causou muito dano. Reitero a mais firme deprecação dos tráficos de armas. Aquilo de que precisamos são projectos e iniciativas de paz a fim de promover uma solução global para os problemas da Região. Quanto tempo deverá ainda sofrer o Médio Oriente por carência de paz? Não podemos resignar-nos aos conflitos, como se não fosse possível uma mudança! No sulco da minha peregrinação à Terra Santa e sucessivo encontro de oração no Vaticano com os Presidentes israelita e palestiniano, convido-vos a continuar a rezar pela paz no Médio Oriente. Quem foi forçado a deixar as suas terras, possa regressar e viver nelas com dignidade e segurança. Que a assistência humanitária possa incrementar-se, sempre colocando no centro o bem da pessoa e de cada país no respeito pela sua identidade própria, sem lhe antepor outros interesses! Que a Igreja inteira e a Comunidade Internacional se tornem cada vez mais conscientes da importância da vossa presença na Região!

Queridas irmãs e irmãos cristãos do Médio Oriente, tendes uma grande responsabilidade e não estais sozinhos a enfrentá-la. Por isso quis escrever-vos para vos encorajar e dizer como são preciosas a vossa presença e a vossa missão nessa terra abençoada pelo Senhor. O vosso testemunho faz-me muito bem. Obrigado! Todos os dias rezo por vós e pelas vossas intenções. Agradeço-vos porque sei que, nos vossos sofrimentos, rezais por mim e pelo meu serviço à Igreja. Muito espero ter a graça de ir pessoalmente visitar-vos e confortar-vos. A Virgem Maria, a Toda Santa Mãe de Deus e nossa Mãe, vos acompanhe e proteja sempre com a sua ternura. A todos vós e às vossas famílias envio a Bênção Apostólica, com votos de que vivais o Santo Natal no amor e na paz de Cristo Salvador.

Come, thou long expected Jesus - Coro do 'St. John's College' Cambridge

«Quem virá a ser este menino?»

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África), doutor da Igreja 
Sermão para o nascimento de João Baptista; PLS 2, 497


Que maravilha! O mensageiro nasce antes daquele que o fez vir ao mundo. João é realmente a voz e Jesus o Verbo, a Palavra de Deus (cf Mt 3,3; Jo 1,1). […] A palavra nasce primeiro no espírito, e depois suscita a voz que a enuncia; a voz exprime-se pelos lábios e dá a conhecer a palavra aos que a escutam. Assim, Cristo permaneceu em seu Pai, por quem João foi criado, como todas as coisas, mas João saiu de uma mãe e deu Cristo a conhecer a todos os homens. Este era o Verbo que existia desde o princípio, antes que o mundo existisse; João foi a voz que precedeu a vinda do Verbo. A palavra nasce do pensamento; a voz sai do silêncio.

Assim, ao dar à luz a Cristo, Maria crê, ao passo que Zacarias, antes de gerar João, é castigado com a mudez. Um sai duma juventude em flor, o outro nasce duma mulher velha, enfraquecida. A Palavra habita o coração daquele que pensa; a voz expira no ouvido daquele que escuta. E talvez seja esse o sentido destas palavras de João: «Ele é que deve crescer e eu diminuir» (Jo 3,30). Pois as predições da Lei e dos profetas, surgidas antes de Cristo qual voz antes do Verbo, continuaram até João, em quem cessam as últimas prefigurações. Seguidamente, a graça do Evangelho e o anúncio do Reino dos Céus que não terá fim dão fruto e crescem em toda a terra.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 23 de dezembro de 2014

Completou-se para Isabel o tempo de dar à luz e deu à luz um filho. Os seus vizinhos e parentes ouviram falar da graça que o Senhor lhe tinha feito e congratulavam-se com ela. Aconteceu que, ao oitavo dia, foram circuncidar o menino e chamavam-lhe Zacarias, do nome do pai. Interveio, porém, sua mãe e disse: «Não; mas será chamado João». Disseram-lhe: «Ninguém há na tua família que tenha este nome». E perguntavam por acenos ao pai como queria que se chamasse. Ele, pedindo uma tabuinha, escreveu assim: «O seu nome é João». Todos ficaram admirados. E logo se abriu a sua boca, soltou-se a língua e falava bendizendo a Deus. O temor se apoderou de todos os seus vizinhos, e divulgaram-se todas estas maravilhas por todas as montanhas da Judeia. Todos os que as ouviram as ponderavam no seu coração, dizendo: «Quem virá a ser este menino?». Porque a mão do Senhor estava com ele.

Lc 1, 57-66