Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

domingo, 6 de abril de 2014

Homilia do Senhor D. António na entrada na Diocese do Porto


Sé Catedral do Porto, 6 de Abril de 2014

1. Olhar o tempo e a história com o olhar de Deus

Irmãos e Irmãs

Há dez anos fui chamado pelo Papa João Paulo II para servir a Igreja de Braga, como seu Bispo Auxiliar, atribuindo-me a Igreja titular de Meinedo, no território desta Igreja Portucalense. Passados dois anos, o Santo Padre Bento XVI enviou-me à Igreja Aveirense como seu Bispo. Agora, é o Papa Francisco que me chama a servir a Igreja do Porto.

Indiquei para dia da minha ordenação episcopal o dia 19 de Março, confiando o meu ministério aos cuidados de S. José e desejando aprender com ele as virtudes da simplicidade, da bondade e da disponibilidade.

Juntei a esta primeira intenção, ao escolher o dia do Pai, a evocação da memória abençoada de meu pai, que perdera lá longe no Brasil, quando eu tinha apenas quinze anos.

Via e vejo em S. José, que nesse dia a Igreja celebra, um homem tranquilo, respaldado na verdade da vida e na serenidade da consciência. Nele se unem, para mim, o recolhimento interior e a prontidão obediente diante do inesperado desafio da missão.

O projecto de Deus vai sobrepor-se aos seus planos pessoais. O sonho de Deus vai tomar a dianteira diante dos seus horizontes particulares. A ideia que ele tinha feito de uma vida discreta, simples e agradável, vivida na sua terra, é ultrapassada, porque se sente associado à aventura de Deus entre os homens. E aí começam os caminhos novos que o levam de Nazaré a Belém e de Belém ao Egipto, partilhando a sorte dos que não têm casa nem pátria, dos desenraizados e dos peregrinos.

No silêncio de José serão sepultadas todas as suas dores e interrogações. Acompanham-no apenas as responsabilidades da missão, as alegrias de seguir a voz de Deus e as esperanças de quem crê no Senhor e n’Ele coloca a sua confiança.

Propus-me, na hora da ordenação episcopal, envolvido pelo carinho das gentes de Lamego, a minha Igreja-Mãe, cuja ternura materna se espelhava no rosto sofrido da minha Mãe, a braços com grave e prolongada doença, colocar-me nas mãos de Deus – “In manus tuas”. Fiz desta decisão o meu lema episcopal.

2. O ministério da bondade e o magistério da proximidade

Nos evangelhos, os discípulos de Jesus aparecem como homens fortes, corajosos, trabalhadores, mas no seu íntimo sobressai uma grande ternura, que não é virtude dos fracos, antes pelo contrário denota fortaleza de ânimo e capacidade de solicitude e de compaixão. Não devemos ter medo da bondade. Só pela bondade aprenderemos a fazer do poder um serviço, da autoridade uma proximidade e do ministério uma paixão pela missão de anunciar a alegria do evangelho. O evangelho é tudo o que temos e somos.

As Igrejas Diocesanas que servi, mas sobretudo ultimamente a Igreja de Aveiro, acompanhar-me-ão sempre como bênção, de que preciso, e como renovado incentivo ao serviço humilde, concreto, rico de fé e cheio de alegria. Obrigado, Igreja de Aveiro! Obrigado Aveirenses!

A todos, nestas Igrejas Diocesanas procurei amar e servir. Sinto-me hoje acompanhado na amizade e na oração pelos sacerdotes, diáconos, consagrados e leigos, pelas autoridades locais e pelas gentes simples, cuja presença amiga e dedicada de todos, nesta Igreja Catedral, tanto me penhora e sensibiliza.

Assim quero, a partir de hoje, continuar na Igreja do Porto. Apenas quem serve com amor e ternura, que são as linhas do rosto de compaixão e de misericórdia de Deus, é capaz de cuidar, de proteger, de promover e de salvar o seu Povo. Por isso, irmãos e irmãs, ajudai-me a ser pastor ao jeito do coração de Deus e a seguir em todos os passos o exemplo de Cristo, o belo e bom Pastor.

3. Mensageiro da esperança:

O profeta Ezequiel, na primeira leitura da liturgia deste domingo, lembrava-nos que Deus oferece uma vida nova ao povo que se sentia sem futuro e sem esperança e coloca esse mesmo povo numa dinâmica que recria o seu coração e faz renascer a vida.

É esta a certeza confirmada pelo milagre da vida dada a Lázaro, testemunhada por familiares e amigos, que se abrem à fé em Jesus Cristo, como narra o texto do evangelho.

Na segunda leitura de hoje, S. Paulo dizia aos cristãos de Roma: “Se Cristo está em vós, o Espírito está vivo” (Rm 8, 8-1). É este Espírito de Deus que ressuscitou Jesus de entre os mortos que nos dá a vida, a ressurreição e a esperança.

A esperança que quero levar no horizonte dos caminhos da Igreja do Porto, que nos foram abertos por Jesus Cristo, é a forma que encontro de traduzir desde o Antuã ao Ave, desde o Mar ao Marão, “as boas notícias de Deus”.

Compreendereis, assim, que faça, também aqui, como fiz sempre e em todo o lado, das Bem-aventuranças do Reino o padrão do meu viver e o paradigma do meu ministério. Convoco-vos para sermos mensageiros e protagonistas das Bem-aventuranças numa linguagem serena, positiva e confiante, como expressão da voz de toda a Igreja do Porto.

Sabemo-nos filhos abençoados de Deus e discípulos felizes de Jesus, o Mestre das Bem-aventuranças. Nenhum de nós se imagine filho menor de Deus ou se considere filho esquecido da Igreja.

Merecem-me uma primeira palavra de comunhão e de gratidão, na alegria do acolhimento fraterno e da colaboração dedicada que me oferecem os irmãos Bispos D. Pio Alves, D. António Taipa e D. João Lavrador com quem vou trabalhar, os Bispos Eméritos que aqui vivem e os Bispos naturais da nossa Diocese.

Neles e com eles saúdo o senhor Núncio Apostólico, que nos vincula na comunhão e na unidade ao Santo Padre, o Papa Francisco, de quem recebi as Cartas Apostólicas. Saúdo o Senhor D. Jorge Ortiga, Arcebispo-Primaz de Braga e nosso Metropolita, o senhor D. António Marto, Vice-Presidente da Conferência Episcopal, e saúdo-vos, irmãos Bispos de Portugal, cuja presença me sensibiliza, ajuda e encoraja.

Saúdo com afecto cordial e comunhão fraterna os representantes de outras Confissões Cristãs que, com a Igreja do Porto e comigo, quisestes partilhar a alegria e a missão desta hora.

Neste momento de acrescida e nova missão, mais necessários e preciosos são os Irmãos. Sempre assim vi os sacerdotes. Assim vamos viver e trabalhar, caríssimos sacerdotes! Unidos no ministério e congregados na missão estaremos sempre na vanguarda da alegria do evangelho e da certeza da comunhão. Somos percursores e cireneus uns dos outros. Seremos sempre irmãos. Sejamos sempre, também, discípulos felizes de Jesus e por Ele enviados em missão para amar servir esta Igreja do Porto.

Quero caminhar convosco, caros diáconos permanentes, para agradecer a bênção que constituís para a Igreja e para vos ajudar a aprofundar o sentido da vossa missão e a valorizar o dom do vosso ministério.

Envio, através de cada um de vós, sacerdotes e diáconos, uma saudação de afecto e de presença a todos os presbíteros e diáconos da nossa Diocese, sobretudo aos idosos e doentes ou àqueles que vivem momentos de provação, para que nenhum deles fique privado deste gesto de bênção, que aqui celebramos, nem se sinta distante desta comunhão de irmãos no ministério ordenado, que a partir de agora vivenciamos e testemunhamos.

Quero saudar os seminaristas e ver neles sinais de esperança e certezas de futuro, marcado que estou pela experiência e pela alegria de que, se rezarmos e trabalharmos, nunca faltarão servidores generosos e felizes da Messe nesta Igreja do Porto.

Sei que são muitos os(as) consagrados (as) que, na nossa Diocese, vivem, a radicalidade da entrega a Deus e do serviço ao mundo, na vida contemplativa ou activa, de que tanto necessitamos. Caminhemos juntos. Mobilizemo-nos para a missão em frentes e periferias, tão próprias dos vossos carismas, onde a ousadia profética deve andar a par com o realismo dos desafios da Igreja, com as necessidades do mundo e com as urgências do nosso tempo.

Convosco, irmãs e irmãos, crianças, jovens, famílias, idosos e doentes, somos verdadeiro Povo de Deus. Quero, no belo e sempre actual dizer de Santo Agostinho, ser bispo para vós e irmão convosco. Aos pastores pede-se que nunca vos faltem com o estímulo e a alegria do Evangelho de Cristo e com a sua presença fraterna.

Sei como é imensa esta riqueza da vida laical, nos milhares de catequistas, colaboradores litúrgicos e agentes socio-caritativos, bem como de responsáveis por grupos e movimentos presentes e intervenientes na sociedade. A tudo e a todos quero atender, acompanhar e interligar cada vez mais, respeitando a índole própria de cada qual, neste trabalho em rede diocesana, vicarial e paroquial, qual mesa comum com lugar para todos.

A nossa Diocese do Porto vem de longe com uma bela história de caminho de leigos esclarecidos, conscientes e responsáveis, inseridos na vida e na cultura do nosso tempo e com uma reconhecida audácia de missão. Todos somos necessários e imprescindíveis!

4.No horizonte da missão

Não trago comigo planos prévios ou antecipados programas de acção. Eles surgirão à medida do sonho de Deus e da sua vontade divina para esta Igreja do Porto. Estaremos atentos ao que o Espírito de Deus nos inspirar. Saberemos ajoelhar diante de Deus em oração, para servir de pé, com passos serenos mas decididos, a Igreja e o mundo, como nos ensinou D. António Ferreira Gomes, generoso servidor desta Igreja, que partiu ao encontro de Deus faz agora vinte e cinco anos. Evoco a grata figura dos meus mais imediatos predecessores: D. Júlio Tavares Rebimbas e D. Armindo Lopes Coelho. Vinculo-me no caminho feito ao longo do tempo, generosa e sabiamente assumido por D. Manuel Clemente, e dedicadamente continuado por D. Pio Alves, Administrador Apostólico, e por D. António Taipa e D. João Lavrador, servidores incansáveis da Igreja do Porto, pelos dedicados Vigários Gerais, pelo Cabido da Catedral, pelo Clero, Consagrados e Leigos de toda a Diocese.

Na acção pastoral darei lugar determinante aos Órgãos eclesiais de participação e de corresponsabilidade que existem para fomentar a comunhão geral de quantos, nas paróquias, institutos religiosos e seculares, associações e movimentos, integram o corpo vivo que é a Igreja de Cristo, com toda a riqueza carismática e ministerial que o Espírito cria.

Desejo aprender, dia a dia, a história da Igreja do Porto, sentir os seus dinamismos, ler e reler o evangelho em chave de missão com o olhar colocado no horizonte do futuro, onde Deus nos precede. Procurarei acolher a bênção que constituiu para nós a “Missão 2010”, a vivência do “Ano da Fé” e tantos outros sinais presentes e impressos no coração disponível de mais de dois milhões de habitantes da nossa terra.

Temos todos nós características próprias de povo consistente e nortenho, consolidado por uma longa história de dificuldades e vitórias, em que preponderou a tenacidade e a criatividade das nossas gentes. A história e o trabalho deram ao Porto e à Comunidade humana que somos alguns traços de carácter que, sendo reconhecidos, são também motivo de esperança forte para o nosso futuro.

Tal se verifica, com admiração e surpresa, na grande quantidade e geral qualidade das suas instituições cívicas, culturais, académicas, hospitalares, desportivas e filantrópicas, onde gerações de homens e de mulheres dão o seu melhor, para que sejam atendidas as mais diversas necessidades e fomentadas as capacidades de ser e conviver.

O mesmo se revela na grande capacidade de criar, empreender e inovar, com que em tanto lado se tem conseguido resistir e até superar as grandes dificuldades que nos atingem nesta crise por demais arrastada. Muito em especial, por corresponderem com urgência a necessidades que não podem esperar, salientam-se as iniciativas que vão ao encontro de problemas imediatos, da alimentação à saúde, da habitação aos recursos mínimos. Em tudo isto, grande é a alma portuense, solidária e exemplar até para o todo nacional!

Nesta bela e nobre história da Diocese do Porto esteve sempre presente uma plena inserção na Terra que somos e na Sociedade que formamos. Saúdo as Autoridades presentes aos seus diferentes níveis. O diálogo será timbre do meu viver e caminho do meu encontro com todos.

O serviço da vida, a procura da bem comum, o valor da dignidade humana, o respeito pela liberdade e o esforço da coesão social serão, entre tantos outros, espaços de encontro e caminhos de vida feliz para as gentes da nossa Terra. Que não haja entre nós nenhum momento em que o bem comum seja proibido ou não seja procurado!

Sejamos ousados, criativos e decididos sempre mas sobretudo quando e onde estiverem em causa os frágeis, os pobres e os que sofrem. Esses devem ser os primeiros porque os pobres não podem esperar! Temos na história da Igreja do Porto “modelos de caridade” que nos podem guiar neste caminho.

Sei do valor das Escolas, das Universidades, da Comunicação Social e do seu imprescindível trabalho ao serviço do bem, da verdade, da cultura e da educação. O diálogo entre a razão e a fé merece e exige da Igreja lugar de escuta e tempo dado aos que procuram Deus.

Com tudo o que se lembra, igualmente se agradece a Deus o que a magnífica Diocese do Porto foi, é e continuará a ser, para a glória de Deus, como lugar de profecia de uma humanidade viva e de um mundo justo.

Também aqui a fé e o evangelho são a porta que nos abre para um caminho novo na Igreja e no mundo. Há uma conexão íntima entre a evangelização, a promoção humana e o desenvolvimento dos povos, de modo a que a verdadeira esperança cristã gere história, dê sentido à hora que vivemos e apresse um futuro melhor.

5. Da memória à profecia – a Alegria do evangelho

Reli a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, com o olhar voltado para o Porto e com o coração aberto à nova missão que o Papa Francisco me confia. Este texto histórico da Igreja tem de inspirar também o nosso caminho na Igreja do Porto.

É dever e urgência da Igreja trilhar caminhos de evangelização, com novos métodos e acrescido vigor. Desejo que todos sintam que Cristo pode preencher as nossas vidas com um novo esplendor e uma alegria profunda, mesmo no meio das provações (167).

Sintamo-nos convocados para a missão. Aprofundemos a dimensão espiritual do nosso viver. Sejamos evangelizadores com espírito, que rezam e trabalham, (262), motivados pelo amor que recebemos de Jesus (264).

Assim edificaremos comunidades vivas de fé, de amor e de dinamismo missionário, mobilizaremos e formaremos adequadamente os agentes da pastoral e renovaremos as estruturas pastorais desta amada Igreja do Porto.

Que Nossa Senhora da Assunção, Padroeira desta Catedral, Mãe de Deus e nossa Mãe, nos ensine, abençoe e proteja, para que saibamos que o seu exemplo, terno e materno, foi e será sempre nossa escola de vida, de fé e de missão. Ámen.

António, bispo do Porto

(Fonte: site da Diocese do Porto)

Eugénia Lima ofereceu ao Santuário de Fátima o acordeão que a acompanhou na sua carreira

A acordeonista portuguesa Eugénia Lima faleceu, aos 88 anos, a 4 de abril, na sua residência. Vai a enterrar hoje, 6 de abril, ao final da tarde, em Rio Maior.

Naqueles que foram os últimos dias da sua vida, encontrando-se hospitalizada, Eugénia Lima pediu aos seus familiares que entregassem ao Santuário de Fátima aquele que considerava o seu mais importante acordeão, o que a acompanhara ao longo da sua carreira, em Portugal e no estrangeiro.

O instrumento, que possui uma extraordinária afinação, resultado da mestria do pai da artista, foi entregue, ao início da tarde de 25 de março, ao Santuário de Fátima, na pessoa do diretor do Museu do Santuário, Marco Daniel Duarte, por uma delegação de cinco pessoas.

No momento da oferta, um dos elementos da comitiva, que integrava o sacerdote Aníbal Mota e um primo da artista, realizou uma chamada telefónica para Eugénia Lima na qual a acordeonista disse ao diretor do Museu do Santuário de Fátima que entregava a Nossa Senhora de Fátima o seu “mais importante tesouro”.

O Santuário de Fátima envia as mais sentidas condolências à família de Eugénia Lima.

BOLETIM INFORMATIVO DO SANTUÁRIO DE FÁTIMA - n.º 32/2014, de 6 de abril de 2014

Ele está à nossa espera junto do Pai

"Não há nenhum limite para a misericórdia de Deus" - repete-o Papa Francisco que, no Ângelus, recorda o genocídio de Ruanda, o terramoto de L'Aquila e o vírus Ébola do Congo.

Numa Praça de S. Pedro particularmente repleta de fiéis, o Papa Francisco na sua reflexão antes da oração mariana do Ângelus comentou o Evangelho deste quinto domingo da Quaresma que nos fala da ressurreição de Lázaro, o ponto mais alto dos "sinais" prodigiosos realizados por Jesus, um gesto demasiado grande, muito claramente divino para ser tolerado pelos sumos sacerdotes que, sabendo deste facto, tomaram a decisão de matar Jesus, disse o Papa, que em seguida acrescentou:
Lázaro estava morto havia três dias, quando Jesus chegou; e às irmãs Marta e Maria, Ele disse palavras que ficaram gravadas para sempre na memória da comunidade cristã: "Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo aquele que vive e crê em mim nunca mais morrerá ".

Seguindo a Palavra do Senhor, nós acreditamos que a vida daqueles que acreditam em Jesus e seguem o seu mandamento, depois da morte será transformada numa vida nova, plena e imortal. Como Jesus ressuscitou com o seu próprio corpo, mas não voltou à vida terrena, assim também nós ressuscitaremos com os nossos corpos que serão transfigurados em corpos gloriosos. Ele está à espera de nós junto do Pai, e a força do Espírito Santo, que o ressuscitou dos mortos, também ressuscitará aqueles que estão unidos a Ele. E sobre o significado desta ressurreição para a vida dos fiéis o Papa sublinou: Diante do túmulo lacrado do amigo, Jesus "bradou com voz forte: " Lázaro, sai para fora!". O morto saiu, com os pés e as mãos enfaixados com ligaduras, e o rosto envolvido num sudário ". Este grito peremptório é dirigido a cada homem, porque todos nós somos marcados pela morte; é a voz d'Aquele que é o senhor da vida e quer que todos "a tenham em abundância". Cristo não se resigna aos túmulos que construímos para nós com as nossas opções do mal e da morte. Ele nos convida , quase nos ordena, a sair do túmulo em que os nossos pecados nos afundaram. Chama-nos com insistência para sairmos da escuridão da prisão em que nos fechamos, para nos contentarmos com uma vida falsa, egoísta, medíocre.

Ao grito do Senhor "Sai para fora!" – continuou o Papa - deixemo-nos, pois, agarrar por estas palavras que Jesus hoje repete a cada um de nós. Deixemo-nos libertar das “faixas” do orgulho. A nossa ressurreição começa daqui: quando decidimos obedecer à ordem de Jesus, vindo à luz , à vida; quando da nossa face caem as máscaras e reavemos a coragem da nossa face original, criada à imagem e semelhança de Deus. O gesto de Jesus que ressuscita Lázaro mostra até onde pode chegar a força da graça de Deus, e portanto até onde pode chegar a nossa conversão, a nossa mudança. E a este ponto o Papa convidou aos presentes a repetirem com ele:
“não há nenhum limite para a misericórdia de Deus oferecida a todos!”, tendo concluído a dizer que o Senhor está sempre pronto a levantar a pedra tumbal dos nossos pecados, que nos separa dele, luz dos viventes.

Após o Ângelus o Santo Padre anunciou que terá lugar amanhã em Ruanda a comemoração do XX aniversário do início do genocídio perpetrado contra os Tutsis em 1994, e disse: Por esta ocasião, quero exprimir a minha paterna proximidade para o povo de Ruanda, encorajando-o a continuar com determinação e esperança, o processo de reconciliação que já manifestou os seus frutos, e o empenho de reconstrução humana e espiritual do País. A todos digo: Não tenhais medo! Sobre a rocha do Evangelho construí a vossa sociedade, no amor e na concórdia, porque só assim se cria uma paz duradoura! Invoco sobre toda a amada nação de Ruanda a materna protecção de Nossa Senhora de Kibeho.

E depois de recordar os Bispos de Ruanda que estiveram em Roma durante a semana passada para a visita “ad limina apostolorum” o Papa convidou aos presentes a rezar uma “Ave Maria” a Nossa Senhora de Kibeho pela nação e povo do Ruanda. Em seguida o Papa Francisco saudou a todos os peregrinos presentes, e em particular aos participantes ao Congresso do Movimento do Empenho Educativo da Ação Católica Italiana, os fiéis de Madrid e Menorca, o grupo brasileiro “Fraternidade e tráfico humano” vários estudantes do Canadá, Austrália e Bélgica, assim como os meninos que receberam ou se preparam para receber o Crisma.

À população de Aquila, que sofreu um terrível terramo há exactamente cinco anos, o Papa dirigiu palavras de conforto:
Passaram exactamente cinco anos após o terremoto que atingiu L'Aquila e o seu território. Neste momento, queremos unir-nos àquela comunidade que tanto sofreu, e que ainda sofre, luta e espera, com muita confiança em Deus e na Virgem Maria. Rezemos por todas as vítimas: para vivam para sempre na paz do Senhor. E rezemos pelo caminho de ressurreição do povo de L'Aquila: a solidariedade e o renascimento espiritual sejam a força da reconstrução de material.

E Papa Francisco convidou também aos presentes a rezar pelas vítimas do vírus Ébola que surgiu na Guiné e nos Países limítrofes. O Senhor sustente os esforços para combater este inicio de epidemia e para garantir cuidados e assistência a todos os necessitados – disse.

E por último, o Papa anunciou a iniciativa da distribuição do livrinho do Evangelho de bolso aos presentes na Praça de S. Pedro: Nos últimos Domingos, sugeri para cada qual procurar para si um pequeno evangelho para trazer consigo durante o dia e lê-lo muitas vezes. Depois pensei numa antiga tradição da Igreja, durante a Quaresma, de entregar o Evangelho aos catecúmenos, aqueles que se preparam para o baptismo. E assim hoje quero oferecer a vós que estais na Praça - mas como um sinal para todos - um Evangelho de bolso. Vos será distribuído gratuitamente. Levai-o, levai-o convosco para o lerdes todos os dias: é Jesus que vos fala!

E acrescentou: De graça recebestes, de graça dai! Em troca deste presente, fazei um acto de caridade, um gesto de amor gratuito. Hoje pode-se ler o Evangelho também com muitas ferramentas tecnológicas. Pode-se trazer consigo toda a Bíblia num telefone celular, num tablet. O importante é ler a Palavra de Deus, com todos os meios, e acolhê-la com o coração aberto. E então a boa semente dá fruto!

E de todos se despediu com a habitual saudação: Bom Domingo e bom almoço.

(Fonte: 'news.va')

Vídeo da ocasião em italiano

Bom Domingo do Senhor!

Tenhamos também nós a doçura de coração do Senhor imitando-o, sempre que for o caso, chorando pelos que nos são caros como Ele fez pelo Seu amigo Lázaro (Jo 11, 1-45). As nossas lágrimas não serão de desespero ou revolta, mas de amor certos do Seu Reino.

Que o Senhor nos dê a Paz e a Vida Eterna!

A mensagem de São Josemaría resumida em sete minutos (vídeo em espanhol)

«Então Jesus começou a chorar»

São Pedro Crisólogo (406 ?-450), bispo de Ravena, Doutor da Igreja 
Sermão 64, PL 52, 379 (a partir da trad. da col. Ichtus, vol. 12, p. 279 rev.)

«Ao ver Maria chorar, e os judeus que a acompanhavam a chorar também, Jesus suspirou profundamente e comoveu-Se». Maria chora, choram os judeus, o próprio Cristo chora. Crês tu que sentem todos a mesma tristeza? Maria, irmã do morto, chora porque não pôde conservar o seu irmão nem afastar a morte; por mais que estivesse convencida da ressurreição, a perda do seu único amparo e a ideia da sua cruel ausência, mais a tristeza da separação inevitável, fazem-na desfazer-se em lágrimas que ela não consegue suster. Por muito grande que seja a nossa fé, a implacável ideia da morte não pode deixar de tocar-nos e transtornar-nos; por isso, choravam também os judeus, porque se lembravam da sua condição mortal e desesperavam da eternidade. Nenhum mortal pode deixar de chorar perante a morte.

Mas qual destas tristezas foi a de Cristo? Nenhuma? Então porque chora Ele, que dissera: «Lázaro morreu, [...] e Eu estou contente»? E eis que derrama lágrimas como os mortais Aquele que, ao mesmo tempo, derrama sobre eles uma vez mais o Espírito que dá a vida! Assim é o homem, irmãos, que tanto sob o efeito da alegria, como da tristeza, desata em lágrimas. Cristo não chorou por causa da desolação da morte, mas por causa da lembrança da alegria, Ele a cuja palavra, à Sua palavra, ressuscitarão os mortos para a vida eterna (Jo 12, 48). Como podia Cristo chorar por fraqueza humana, quando o Pai que está nos céus chora o filho pródigo, não quando ele sai de casa, mas quando regressa (Lc 15, 20)? É por isso que Ele permite que Lázaro morra, para que, ao ressuscitá-lo, se manifeste a Sua glória; permitiu que o Seu amigo descesse à mansão dos mortos para que Deus aparecesse e o resgatasse dos infernos.