Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A humildade engrandece-nos

"Não sou um santo, a menos que vejam um santo como um pecador que continua a tentar."


Nelson Mandela

'Natal' poema do Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada

Há dois mil anos, nos arredores de Belém,
veio ao mundo o Deus encarnado, Jesus,
tão só na companhia de São José e sua Mãe
ao mundo das trevas veio Deus, a Luz da Luz.

É Cristo, o Rei dos Reis e Imperador
como Senhor Deus que é omnipotente
e apesar de ser do mundo grande Senhor
nasce pobre, desvalido e indigente.

Não há p’ra Ele lugar na fraca pousada
e não há outra casa para o albergar
Ele, que todas as coisas tirou do nada,
E que veio ao mundo para todos salvar!

Na fria solidão daquela amargura
apenas um estábulo encontrou José
onde só velhas tábuas e palha dura
servem de mísero berço ao Autor da fé.

No doce coração puríssimo de Maria
uma chama de amor vivo resplandece,
luz que brilha e faz da noite claro dia,
fogo que arde ao som de humilde prece:

- Meu divino Filho, meu Jesus, meu amor,
que agora vejo em provação tão atroz
confesso-Vos contudo meu Deus e Senhor
e peço-Vos que tenhais piedade de nós!

Perdoai, Senhor nosso, esta manjedoura,
o estábulo que vos serve de morada
e também a pobreza tão confrangedora
qual é a desta vossa humilde criada!

Nas palhinhas deitado, o Menino sorriu
e assim disse à Virgem Imaculada:
- Bendita aquela que a voz de Deus ouviu
e, sendo alta Rainha, se fez escrava!

Quanta riqueza, Senhora, não vale nada
se comparada com a pobreza de quem tem,
em noite escura, numa gruta gelada,
o tesouro do doce sorriso de sua Mãe!

P. Gonçalo Portocarrero de Almada

Dispensa palavras

O que diz o Evangelho de Judas? - Respondem os especialistas da Universidade de Navarra

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“Sem Ele nada podemos”

Quando sentires o orgulho que ferve dentro de ti – a soberba! –, que faz com que te consideres um super-homem, chegou o momento de exclamar: – Não! E, assim, saborearás a alegria do bom filho de Deus, que passa pela terra com erros, mas fazendo o bem. (Forja, 1054)

Vedes como é necessário conhecer Jesus, observar amorosamente a sua vida? Muitas vezes fui à procura da definição da biografia de Jesus na Sagrada Escritura. Encontrei-a lendo aquela que o Espírito Santo faz em duas palavras: pertransiit benefaciendo. Todos os dias de Jesus Cristo na terra, desde o seu nascimento até à morte, pertransiit benefaciendo, foram preenchidos fazendo o bem. Como, noutro lugar, a Escritura também diz: bene omnia fecit, fez tudo bem, terminou bem todas as coisas, não fez senão o bem.

E tu? E eu? Lancemos um olhar para ver se temos alguma coisa que emendar. Eu, sim, encontro em mim muito que fazer. Como me vejo incapaz, só por mim, de fazer o bem e, como o próprio Jesus nos disse que sem Ele nada podemos, vamos tu e eu implorar ao Senhor a sua assistência, por meio de sua Mãe, neste colóquio íntimo, próprio das almas que amam a Deus. Não acrescento mais nada, porque é cada um de vós que tem de falar, segundo a sua particular necessidade. Por dentro, e sem ruído de palavras, neste mesmo momento em que vos dou estes conselhos, aplico esta doutrina à minha própria miséria. (Cristo que passa, 16)

São Josemaría Escrivá

O Papa aos adolescentes da Ação Católica Itália: nenhuma desilusão da amizade com Jesus

Como é tradição, o Santo Padre recebeu um grupo de algumas dezenas de crianças e adolescentes da Ação Católica Italiana, para a apresentação de boas festas de Natal. Bento XVI dirigiu-lhes palavras de grande afeto, encorajando-os a viver como verdadeiros cristãos dando testemunho de fé e caridade aos companheiros da sua idade:


“fazei como Jesus, que não deixava ninguém sozinho com os seus problemas, mas acolhia sempre cada um, partilhando as suas dificuldades, ajudando-o e dando-lhe a força e a paz de Deus”.


Evocando o primeiro momento de cada dia, quando têm que se levantar para ir para a escola… momento nem sempre fácil de enfrentar… o Papa convidou os jovenzinhos da Ação Católica Italiana a viverem esse momento do início da jornada, vendo aí uma chamada muito especial… de alguém que nos quer bem…


“há uma chamada de Deus à vida, a serdes rapazes e moças cristãos, a iniciar cada novo dia como um seu grande dom para encontrar tantos amigos, como vós, para aprender novas coisas, para fazer o bem e ainda para dizer a Jesus: obrigado por tudo o que me dás”.


A primeira chamada – considerou o Papa – recebe-a cada um com o dom da vida… “Estai sempre atentos a este grande dom (pediu Bento XVI), apreciai-o, sede reconhecidos ao Senhor por ele, pedi-lhe que dê a cada rapaz e rapariga do mundo uma vida alegre: que todos sejam respeitados, sempre, e nunca falte a nenhum o necessário para viver”.


Quase a concluir o encontro com os adolescentes da Ação Católica Italiana, o Santo Padre pediu-lhes que levem aos companheiros este belo convite “levanta, estão-te a chamar”.


“Dizei-lhes: olha que eu já respondi à chamada de Jesus e estou contente por ter encontrado n’Ele um grande Amigo, que encontro na oração, que vejo entre os meus amigos, que escuto no Evangelho”.


Rádio Vaticano

O Angelus do dia 18 de Dezembro de 2011 (versão original e integral)

Indignação hipócrita

O primeiro-ministro à laia de informação aos professores não colocados, afirmou ter conhecimento que Angola e o Brasil procurariam professores para as suas escolas e que esta poderia ser uma alternativa para aqueles que desejassem continuar a leccionar.

Não vale a pena ser-se honesto a julgar pelo caudal de críticas que se levantaram, incluindo o ilustre comentador televisivo ‘sabe tudo’, Prof. Marcelo Rebelo de Sousa.

Lestos na crítica, mas desonestos e ignorantes na substância, pois um país que tem a mais baixa taxa de natalidade da União Europeia e uma das mais baixas de todo o mundo, não consegue repor entrada de alunos no ensino em relação aos que o terminam ou abandonam. Mas isso pouco lhes interessa, pois a maioria dos hipocritamente indignados são defensores acérrimos do aborto e de todas as políticas que conduzam ao controlo de nascimentos, pois do alto do seu básico e ignorante egoísmo, pensarão quanto menos melhor. Os sindicatos, porque pensam que assim salvaguardam-se os postos de trabalho dos mais velhos, os políticos e os comentadores, porque assim não aparecerão movimentos inorgânicos de jovens que não conseguem controlar.

Haja decoro, o primeiro-ministro apenas foi honesto, ou, se calhar, prefeririam alguém que prometesse o que não poderia cumprir, a esses sugerir-lhes-ia que emigrassem para Paris e se juntassem a quem era especialista em passes de ilusão, já aos mais radicais que fugissem para a Coreia do Norte e participassem nas exéquias do seu “querido” líder Kim-Jong-il.


João Paulo Reis

Conto de Natal

"Não percebo como é que consegues ser assim!" "Assim como?", respondeu André enquanto pousava o tabuleiro do almoço diante do Pedro, na mesa da cantina da empresa.
"És incrível! Tivestes uns bons cinco minutos a conversar com a velha da caixa como se nada estivesse a acontecer."
"Que mal tem conversar com a dona Adélia? O neto tem estado doente e ela fica contente por falar dele. Felizmente já está melhor. De que é que te queixas?"
"Esta empresa está a ir por água abaixo e tu tens cabeça para o neto da velha! Estamos a ser chamados, um a um, à administração para saber o que nos espera. Se nos reduzem o ordenado ficamos felizes, porque ainda o temos. Isto deixa-me maluco. E fico mais furioso ao ver que põem ali o Presépio, como se tudo estivesse bem. Bandidos!"
Os dois amigos comeram a sopa em silêncio alguns minutos, até que André disse: "Queres saber o segredo da minha calma? Queres saber como consigo não ficar desesperado? É que o meu Pai é dono disto!"
"O teu pai? Tás maluco. A empresa foi comprada por um fundo alemão que não tem nada a ver com a tua família. Não gozes!"
"Não estás a perceber. Não me estou a referir à empresa, nem falo do meu falecido pai. Estou a referir-me Àquele a quem digo todos os dias 'Pai Nosso', que é dono de tudo o que tenho e sou, de tudo o que vejo e existe no universo. Nada me preocupa porque Deus é dono da minha vida. A confiança em Deus é a melhor coisa da existência."
"Pode ser, mas isso não te livra de ires para a rua, porque a administração não deve rezar o Pai Nosso."
"Provavelmente, mas se isso acontecer, a vontade de Deus permanece e a minha confiança n'Ele não me deixará ter um segundo de medo ou zanga. Confesso que nem sempre tenho esta atitude e frequentemente me irrito e apavoro. Mas isso deve magoar muito a Nosso Senhor, porque é duvidar da Sua Providência e do carinho com que nos acompanha a cada momento."
Depois de um silêncio, continuou: "Sabes, esta crise tem me feito muito bem. Ao princípio assustou-me, mas um dia percebi que acima dela está Deus, que quer dar-nos o melhor mesmo assim. E desde que Lhe entreguei, mais uma vez, a minha vida senti uma liberdade e alegria profundas, que não dependem do que me acontecer. 'Tudo concorre para o bem dos que amam a Deus' (Rm 8, 28)."
"Quer dizer que se fores para a rua, e os teus filhos tiverem fome, ficas contente?"
"Se for para a rua perguntarei que aventura maravilhosa o Senhor prepara para mim. Se perder o que tenho direi 'Saí nu do ventre da minha mãe e nu a ele voltarei. O Senhor mo deu, o Senhor mo tirou; bendito seja o nome do Senhor! (...) Se recebemos os bens da mão de Deus, não aceitaremos também os males?' (Job 1, 21; 2, 10). Aliás é bastante provável que venham aí tempos bem difíceis. Mas se ao Seu Filho Deus deixou que nós O crucificássemos, tudo o que eu sofrer é pouco. 'Estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem as potestades, nem a altura, nem o abismo, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus que está em Cristo Jesus, Senhor nosso' (Rm 8, 38-39). No fim ressuscitarei!"
"Devias dizer isso ao Matias. Ele, que se diz cristão, é o mais assustado e furioso de todos nós."
"Já falei muito com o Matias. Mas nunca lhe disse isto assim. Vou tentar. Mas quem me preocupa é o Ernesto."
"O Ernesto? Esse está óptimo. Vai ser promovido e anda na maior."
"Por isso mesmo. O pobre Ernesto só tem a carreira. Vive para o emprego e só depende disso. Já destruiu dois casamentos e está cada vez mais só. É o mais miserável de todos nós. Mas não sei como abordá-lo."
"O tipo é espantoso", riu Pedro. "Imagina que ontem, quando eu protestava por terem posto aquele Presépio hipócrita, respondeu que se deveria ter aproveitado para colocar lá publicidade. Imagina! Publicidade no Presépio! O tipo é incrível!"
"A sério? Ele disse isso? Ora aí está uma oportunidade para eu lhe falar."
"O quê! Vais falar-lhe da publicidade no Presépio?"
"Não, vou falar-lhe do burro do Presépio."

João César das Neves in DN online

O Presépio da Basílica Pontifícia de São Miguel em Madrid (locução em espanhol, mas de tão bonito que é vale a pena só olhar)

Fazer jus ao significado das palavras

"Amar significa amar o que é difícil de ser amado, de contrário não seria virtude alguma; perdoar significa perdoar o imperdoável, de contrário não seria virtude alguma; fé significa crer no inacreditável, de contrário não seria virtude alguma. E esperar significa esperar quando já não há esperança, de contrário não seria virtude alguma.”


Gilbert Keith Chesterton

UM MAL MAIOR CONTRA O BEM DO MENOR por Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada

A adopção não natural versus a adopção natural

Os defensores da adopção por casais do mesmo sexo entendem que é preconceituosa a exigência de que os adoptantes sejam homem e mulher: uma «ideia antiga», ainda agrilhoada à «reprodução biológica». E acham também que, para o menor, é benéfica a sua eventual adopção por dois homens ou duas mulheres, sobretudo se a alternativa for a sua permanência numa instituição.
Na realidade, só há dois modelos para a adopção: o natural e o que, por ser o seu contrário, é não natural. Só um homem e uma mulher podem «ser» pai e mãe, mas não dois homens ou duas mulheres: podem «ter» uma criança, mas não ser seus pais. O modelo natural está pensado na perspectiva do adoptado e do seu direito a uma família. O modelo não natural está pensado na perspectiva dos adoptantes e do seu pretenso direito a um complemento da sua relação. É razoável que um homem e uma mulher casados tenham a faculdade de adoptar, porque a sua união naturalmente os capacita para a geração e, portanto, também para a adopção. Já não é razoável que tenham direito à paternidade ou à maternidade adoptiva os que, tendo livremente optado por um relacionamento naturalmente infecundo, excluíram a possibilidade de uma eventual descendência comum.
Se a adopção tem por modelo a família natural, é portanto lógico que esteja limitada aos casais heterossexuais, mas se não assenta na «reprodução biológica», ou seja, no fundamento natural da família, então tanto dá que o menor seja entregue a duas pessoas do mesmo sexo, a três ou mesmo a uma entidade social.
Note-se que a suposição de que é salutar para uma criança crescer numa família é também uma «ideia antiga» mas, pelos vistos, não indigna os partidários da adopção por dois parceiros do mesmo sexo. E o facto, afinal, destas uniões estarem formadas por duas pessoas e não mais, está logicamente inspirado na «reprodução biológica», mas esse antecedente também não os aflige. Portanto, ao contrário do que pretendem fazer crer, nem todas as ideias antigas são más…
Se se entende que se deve proporcionar ao menor uma família análoga à que o gerou, é evidente que só um casal constituído por um homem e uma mulher pode adoptar. Se o que se pretende é dar um menor a uns quaisquer indivíduos, nada obsta à adopção por duas pessoas do mesmo sexo. Mas, neste caso, por que razão a adopção teria que ser realizada por dois sujeitos e não três ou quatro?! Uma vez perdida a referência à «reprodução biológica», que motivo impediria a adopção por um clube de futebol, por um rancho folclórico ou por uma esquadra da PSP?!
De facto, de se admitir legalmente a adopção não natural, não haveria grande diferença entre a entidade adoptante e uma instituição, que são análogas na medida em que nenhuma é, em sentido natural, uma família. E que vantagem haveria, nesse caso, para o adoptado procedente de uma instituição, se nunca experimentaria a realidade natural de uma verdadeira família? 
É habitual dizer-se que uma criança pode ser maltratada por um casal constituído por um homem e uma mulher, mesmo sendo os seus verdadeiros pais, e que, pelo contrário, poderia receber mais afecto de duas pessoas do mesmo sexo. Certo. Mas também é verdade que uma criança pode ser mais amada numa instituição, do que por duas pessoas do mesmo sexo... A questão não pode ser equacionada em termos casuísticos ou sentimentais, mas em função do fim a que tende a adopção: facultar uma verdadeira família à criança desvalida.    
Os defensores da adopção não natural entendem ainda que é a competência parental que conta e não a consanguinidade. Mas então, assim sendo, também o filho do casal natural, pai e mãe «à antiga portuguesa», não deveria ser dado aos seus progenitores, mas entregue aos que provassem ser os «pais» mais aptos. Deste jeito, todos os cidadãos portugueses que quisessem «ter» geração, mas não «ser» pais, deveriam provar as suas aptidões parentais em exames nacionais e ser-lhes-iam depois dadas, consoante as suas qualificações, as crianças disponíveis.
Os filhos têm direito à família de que e em que nasceram: ao pai e à mãe que os geraram. Só a sua inexistência, ou manifesta incapacidade, pode legitimar a sua substituição por pais adoptivos. Mas nunca dois «pais» ou duas «mães», porque uma mãe não é outro pai, nem o pai uma outra mãe.
A adopção não natural é um mal maior, contrário ao bem do menor, que é o superior interesse que a lei deve tutelar. Se o não fizer, a questão já não será saber, como advertiu o Duque de Bragança, na sua mensagem do 1º de Dezembro, que país vamos deixar aos nossos filhos, mas a que filhos vamos deixar Portugal.

Gonçalo Portocarrero de Almada

‘Catholics come home’ lança uma nova campanha televisiva nos EUA (vídeos em espanhol e inglês)

A ilusão egoísta

Infelizmente e muitas vezes, para não dizer quase sempre, de uma forma inconsciente o mundo que nos rodeia vive do e para o ‘optimismo’, dando-se conta do logro com a velhice, se de tal forem capazes e tiverem a humildade suficiente para o fazer, a este ‘optimismo’ eu permito-me chamar ilusão egoísta.

Em contra-partida, a esperança cristã, que assenta na fé e no conhecimento do Reino dos Céus, conduz-nos até à morte física na certeza altruísta da bondade e misericórdia de Deus e consequentemente seguros que seremos chamados a compartilhar a alegria do Reino de Deus para sempre.

Sejamos, cada um à sua maneira, capazes de anunciar aos nossos irmãos essa felicidade, conscientes que é uma tarefa árdua, mas Jesus Cristo, os Apóstolos e muitos Santos tiveram de dar a vida por fazê-lo, pelo que cada insucesso nosso seja tido apenas como mais um pequeno obstáculo na nossa caminhada.

JPR

S. Josemaría Escrivá nesta data em 1937

“Dia 19 de Dezembro. “O que devo eu a Deus, como cristão! A minha falta de correspondência a essa dívida tem-me feito chorar de dor: de dor de Amor. Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa!...”, anota durante o retiro que faz em Pamplona.


(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)

Conduzidos pelo Verbo

“Aquele que é o Verbo assume Ele próprio um corpo, vem de Deus como homem e atrai a si toda a existência humana, conduzindo-a dentro da palavra de Deus”.


(Bento XVI - Angelus do dia 19.XII.2010)

Canto Ambrosiano - Ecce quam bonum et jocundum

«Não temas, Zacarias: a tua súplica foi atendida»

Foi a oração e não o desejo sexual que levou à concepção de João Baptista. O seio de Isabel tinha passado a idade de dar vida, o seu corpo tinha perdido a esperança de conceber; apesar destas condições de desesperança, a oração de Zacarias permitiu a esse corpo envelhecido germinar ainda: foi a graça e não a natureza concebeu João. Este filho, cujo nascimento vem menos do abraço do que da oração, só poderia ser santo.


Apesar de tudo, não devemos espantar-nos por João ter merecido nascimento tão glorioso. O nascimento do precursor de Cristo, daquele que Lhe abriu o caminho, devia apresentar uma semelhança com o do Senhor, nosso Salvador. Se, portanto, o Senhor nasceu de uma virgem, João foi concebido por uma mulher velha e estéril. [...] Não admiramos menos Isabel, que concebeu na sua velhice, do que Maria, que teve um Filho na sua virgindade.


Aqui parece-me já haver um símbolo: João representava o Antigo Testamento e nasceu do sangue já arrefecido de uma mulher idosa, enquanto o Senhor, que anuncia a Boa Nova do Reino dos céus, é fruto duma juventude plena de seiva. Maria, consciente da sua virgindade, admira a criança gerada nas suas entranhas. Isabel, consciente da sua idade avançada, cora ao ver o seu ventre pesado pela gravidez; o evangelista diz, com efeito: «durante cinco meses permaneceu oculta». Temos de admirar também o facto de ser o mesmo arcanjo Gabriel a anunciar os dois nascimentos: traz uma consolação a Zacarias, que permanece incrédulo; e encoraja Maria, que encontra confiante (Lc 1,26s). O primeiro, por ter duvidado, perdeu a voz; a segunda, por ter acreditado imediatamente, concebeu o Verbo Salvador.


São Máximo de Turim (?-c. 420), bispo
CC Sermão 5; PL 57, 863


(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 19 de Dezembro de 2011

Houve no tempo de Herodes, rei da Judeia, um sacerdote chamado Zacarias, da turma de Abias; a sua mulher era da descendência de Aarão e chamava-se Isabel. Ambos eram justos diante de Deus, caminhando irrepreensivelmente em todos os mandamentos e preceitos do Senhor. Não tinham filhos, porque Isabel era estéril e ambos se achavam em idade avançada. Sucedeu que, exercendo Zacarias as funções de sacerdote diante de Deus na ordem do seu turno, segundo o costume sacerdotal, tocou-lhe por sorte entrar no templo do Senhor a oferecer o incenso. Toda a multidão do povo estava a fazer oração da parte de fora, à hora do incenso. Apareceu-lhe um anjo do Senhor, de pé ao lado direito do altar do incenso. Zacarias, ao vê-lo, ficou perturbado e o temor o assaltou. Mas o anjo disse-lhe: «Não temas, Zacarias, porque foi ouvida a tua oração; tua mulher Isabel dar-te-á um filho, ao qual porás o nome de João. Será para ti motivo de júbilo e de alegria, e muitos se alegrarão no seu nascimento; porque ele será grande diante do Senhor; não beberá vinho nem outra bebida inebriante; será cheio do Espírito Santo desde o ventre da sua mãe; e converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus. Irá adiante de Deus com o espírito e a fortaleza de Elias, “a fim de reconduzir os corações dos pais para os filhos”, e os rebeldes à prudência dos justos, para preparar ao Senhor um povo bem disposto». Zacarias disse ao anjo: «Como hei-de verificar isso? Porque eu sou velho e a minha mulher está avançada em anos». O anjo respondeu-lhe: «Eu sou Gabriel que estou diante de Deus; fui enviado para te falar e te dar esta boa nova. Eis que ficarás mudo e não poderás falar até ao dia em que estas coisas sucedam, visto que não acreditaste nas minhas palavras, que se hão-de cumprir a seu tempo». Entretanto, o povo esperava Zacarias e admirava-se de ver que ele se demorava tanto no templo. Quando saiu, não lhes podia falar, e compreenderam que tinha tido alguma visão no templo, o que lhes dava a entender por acenos; e ficou mudo. Aconteceu que, depois de terem acabado os dias do seu ministério, retirou-se para a sua casa. Alguns dias depois, Isabel, sua mulher, concebeu, e durante cinco meses esteve escondida, dizendo: «Isto é uma graça que me fez o Senhor nos dias em que me olhou para tirar o meu opróbrio de entre os homens».


Lc 1, 5-25